Em comum, além de o fato de sermos irmãos, abraçamos a mesma profissão: a Medicina. Pertenço à safra de 71, da Universidade Federal do Ceará; Marcelo, à de 77. Uma diferença de seis anos, o tempo entre o rito de iniciação, um quase escalpo sob as mangueiras de Porangabuçu, e o direito ao canudo de papel, recebido com pompa e circunstância na Concha Acústica da Universidade. No tempo em questão, cabendo nele sem folga, o tal Curso de Medicina.
Um tempo cumprido com galhardia por Marcelo nos anfiteatros, laboratórios e enfermarias da Faculdade de Medicina. Nos primeiros anos de sua graduação, raro pude estar com ele. Tangido para outras freguesias pelos sopros de minha profissão. Ao retornar, deparei-me com o aluno exemplar. Sobraçando “tijolões” , varando plantões. Naqueles, para buscar conhecimentos teóricos; nestes, para ajustá-los à dimensão da dor humana.
Discípulo grato, em seu oratório entronizava os grandes mestes da Faculdade de Medicina. Lembro-me de quanto admirava (com reciprocidade, ao que tudo indica) os mestres Dr. Haroldo Juaçaba, Dr. José Carlos Ribeiro e Dr. Paulo Marcelo Martins Rodrigues... Dr. Ribeiro, este encaminhava-lhe os acadêmicos confusos sobre as escolhas de “créditos” para que Marcelo, alçado na condição de um especialista no assunto, mostrasse-lhes o norte magnético.
E lembro-me também de que gostava de espairecer-se da Medicina estudando... a História da Medicina.
Um dia saiu da História para entrar na Vida. Vida de médico formado. Mas, ao intuir que “médicos nunca se formam” , tornou a ser aluno. Em seguida, de aluno a professor, e vice-versa. Hoje, nesse movimento pendular, que é Marcelo no exato momento? Alguém que lê, escreve, leciona, pesquisa, revisa, planeja, aprende, publica, orienta... Em sua azáfama profissional e científica, é Marcelo daqueles que seguem à risca o preceito de que nada resiste ao trabalho. E o seu dia parece dispor de horas adicionais, que não badalam para os outros mortais.
Sem arroubos de minha parte, Marcelo é hoje uma legenda pulsante da Medicina cearense. Pelo conhecimento científico, cultura humanística, dedicação profissional, caráter impoluto, comportamento ético. E, fazendo juntada a esses predicados, o entusiasmo. O inesgotável entusiasmo com que se lança em todas as suas ações. Pondo-lhes os devidos remates em quaisquer circunstâncias.
(Orgulho-me de me apresentar como seu irmão. Aliás, não dispenso o gênico detalhe. Apesar de que ele cavilosamente já tentou me usurpar a primogenitura. Alegando que alguma vez eu a cedi por um prato de lentilhas. Nego peremptoriamente.)
Convocado por Elsie, integro-me aqui aos que rendem homenagens a Marcelo. Por suas virtudes emolduradas pelo ouro da simplicidade. Por seus defeitos desbastados pelo diamante da consciência. Por seus pensamentos, palavras & sobras. E, ainda assim, não estou a preitear as reverências bastantes ao irmão-colega. Daí, para completar a louvação, eu louvar-me também em Bertold Brecht:
“Há homens que lutam um dia, e são bons.
Há homens que lutam um ano, e são melhores.
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons.
Porém há os que lutam por toda a vida.
Estes são imprescindíveis.”
Um destes homens, com certeza, é o ser humano chamado Marcelo. O qual, na razão inversa de não se pretender perfeito, a quase tem chegado.
Um tempo cumprido com galhardia por Marcelo nos anfiteatros, laboratórios e enfermarias da Faculdade de Medicina. Nos primeiros anos de sua graduação, raro pude estar com ele. Tangido para outras freguesias pelos sopros de minha profissão. Ao retornar, deparei-me com o aluno exemplar. Sobraçando “tijolões” , varando plantões. Naqueles, para buscar conhecimentos teóricos; nestes, para ajustá-los à dimensão da dor humana.
Discípulo grato, em seu oratório entronizava os grandes mestes da Faculdade de Medicina. Lembro-me de quanto admirava (com reciprocidade, ao que tudo indica) os mestres Dr. Haroldo Juaçaba, Dr. José Carlos Ribeiro e Dr. Paulo Marcelo Martins Rodrigues... Dr. Ribeiro, este encaminhava-lhe os acadêmicos confusos sobre as escolhas de “créditos” para que Marcelo, alçado na condição de um especialista no assunto, mostrasse-lhes o norte magnético.
E lembro-me também de que gostava de espairecer-se da Medicina estudando... a História da Medicina.
Um dia saiu da História para entrar na Vida. Vida de médico formado. Mas, ao intuir que “médicos nunca se formam” , tornou a ser aluno. Em seguida, de aluno a professor, e vice-versa. Hoje, nesse movimento pendular, que é Marcelo no exato momento? Alguém que lê, escreve, leciona, pesquisa, revisa, planeja, aprende, publica, orienta... Em sua azáfama profissional e científica, é Marcelo daqueles que seguem à risca o preceito de que nada resiste ao trabalho. E o seu dia parece dispor de horas adicionais, que não badalam para os outros mortais.
Sem arroubos de minha parte, Marcelo é hoje uma legenda pulsante da Medicina cearense. Pelo conhecimento científico, cultura humanística, dedicação profissional, caráter impoluto, comportamento ético. E, fazendo juntada a esses predicados, o entusiasmo. O inesgotável entusiasmo com que se lança em todas as suas ações. Pondo-lhes os devidos remates em quaisquer circunstâncias.
(Orgulho-me de me apresentar como seu irmão. Aliás, não dispenso o gênico detalhe. Apesar de que ele cavilosamente já tentou me usurpar a primogenitura. Alegando que alguma vez eu a cedi por um prato de lentilhas. Nego peremptoriamente.)
Convocado por Elsie, integro-me aqui aos que rendem homenagens a Marcelo. Por suas virtudes emolduradas pelo ouro da simplicidade. Por seus defeitos desbastados pelo diamante da consciência. Por seus pensamentos, palavras & sobras. E, ainda assim, não estou a preitear as reverências bastantes ao irmão-colega. Daí, para completar a louvação, eu louvar-me também em Bertold Brecht:
“Há homens que lutam um dia, e são bons.
Há homens que lutam um ano, e são melhores.
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons.
Porém há os que lutam por toda a vida.
Estes são imprescindíveis.”
Um destes homens, com certeza, é o ser humano chamado Marcelo. O qual, na razão inversa de não se pretender perfeito, a quase tem chegado.
Paulo Gurgel Carlos da Silva
In: "Marcelo Gurgel em Verso e Anverso"
P.S. - Livro organizado por Elsie Studart, Adbeel Goes e Cristine Studart de Santana em edição comemorativa do duplo Jubileu de Prata de Marcelo Gurgel: 25 ANOS DE MAGISTÉRIO E FORMATURA EM MEDICINA, 1977 - 2002.
De emocionar, essa homenagem!
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