DIONÍSIA E A PRESENÇA DE ACOPIARA NA SIQUEIRA GURGEL

por JB Serra e Gurgel
(jornalista e escritor em Brasília)
João Francisco de Souza nasceu no Icó em 24 de junho de 1897, filho de Antonio Francisco de Souza e Ana do Rosário de Souza. Dionísia Gurgel Valente nasceu em Quixeramobim em 1900, filha de Henrique Gurgel do Amaral Valente e Joana Gondim, tendo como irmãos Francisco, Almerinda, Minervina, Mariinha, Francisca, Antonia, Lídia, Eduardo, Perpétua e Raimundo. Em 1908, Henrique, que fornecia secos e molhados para os trabalhadores da estrada ferro, em construção, chegou com a família a Afonso Pena, depois Acopiara. A estrada foi inaugurada em 1909.
No final da década de 1910, João de Souza chegou a Afonso Pena e, através de seu futuro sogro, Henrique, conseguiu emprego na prefeitura, sendo responsável pelo plantio de árvores e manutenção da praça Monsenhor Coelho, onde fica a igreja matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, principal referência de Acopiara. Nas horas vagas, era seresteiro festejado.
Em 6 de maio de 1972, João de Souza casou-se com Dionísia. O casal teve os seguintes filhos: Fernando, (*) nascido às 21 horas de 29 de janeiro de 23; Agenor, às 8 horas de 1º. de fevereiro de 24; Valmir, às 14 horas de 27 de julho de 25; Aldemir, às 21 horas de 30 de julho de 26; Terezinha, às 13 horas de 23 de dezembro de 29; Almir, às 19 horas de 23 de dezembro de 31; Henrique, às 4 horas de 23 de abril de 34; Maria Otília às 15 horas de 17 de dezembro de 35; Zélia, às 21 horas de 22 de dezembro de 37; Mariinha, às 2 horas de 18 fevereiro de 40; Nair, às 14 horas de 23 de outubro de 41 e Clarice, às 3 horas de 23 de agosto de 43.
João e Dionísia viveram modestamente em Acopiara até 1942, quando incentivados por Waldizar Brasil, então chefe da estação da EFB, depois RVC, cunhado de Dionísia, casado com sua irmã, Francisca, mudaram se para Fortaleza, em 27 de julho, obtendo emprego na Siqueira Gurgel, empresa fundada em 1925 por seu tio Theophilo, irmão de seu avô Henrique, com a família Diogo Siqueira. Waldizar trabalhava na RVC e foi chefe da estação de Acopiara, Senador Pompeu, Otávio Bonfim e Engenheiro João Felipe, em Fortaleza. João e Dionísia, inicialmente moraram na Bezerra de Menezes, 223, em casa que fora de Theophilo, indo mais tarde para a casa onde morou Afonso Carvalhedo, dentro da Siqueira Gurgel, na José Bastos.
Os filhos de Theophilo Gurgel, especialmente José Teófilo, com seu primo José Gurgel, filho de Maria, sua irmã e que casara com Odir Diogo, filha de Antonio Diogo de Siqueira, primos de Dionísia tocavam a empresa e foram acolhedores com os primos. João de Souza foi tudo no chão da fábrica, de chefe de pessoal a fiscal geral. Mesmo se aposentando pelo INPS, em 27 de fevereiro de 1962, trabalhou até 27 de julho de 1972, mais 10 anos. Os filhos por lá passaram, até encontrar seus caminhos: Fernando, casa de força, Agenor, setor de óleo e gordura vegetal, Valmir, produção, Aldemir, escritório, trabalhou até o fechamento da empresa, Almir, eletricista, Terezinha, Henrique, fresador, Maria Otilia, controladora de entrada e saída de mercadorias, Zelia a substituiu na mesma função. Uma irmã de Dionísia, Perpétua, foi acolhida, com seus filhos Rui e Ayrton, outros sobrinhos, como João, filho de Eduardo.
Na casa de Dionísia, hospedaram-se Janete, Rosemarie, Adelaide e Teó, filhos de Nenem e Janete, Alzemira e Maria Gurgel, filhos de Eduardo. Era reduto da "Gurgelândia", na busca de oportunidades em Fortaleza. A Siqueira Gurgel foi o primeiro emprego e a sobrevivência de muitos Gurgel que trocaram Acopiara por Fortaleza. Muitos ganharam casa na Vila Gurgel, construída por Theophilo para a família dos trabalhadores, no começo da Duque de Caxias, em frente ao Estádio Theophilo Gurgel, do Usina Ceará, clube de futebol da 1ª. Divisão do futebol cearense, junto com Ceará, Fortaleza e Ferroviário, Nacional, Calouros do Ar, América, Gentilândia e Maguary, e cuja sede social era na casa que foi de Theophilo, na Bezerra de Menezes ao lado da casa de Zequinha Gurgel, e cujo presidente eterno foi o Ademir Gurgel.
Tia Dionísia viveu para a família, não só os 12 filhos, que criou e buscaram outros caminhos.
Hoje são falecidos seus filhos Agenor e Fernando,que moraram em Brasília, cujos filhos cá estão, Henrique, que morou no Rio de Janeiro, Fortaleza e Juazeiro do Norte, Terezinha e Zélia, que criaram seus filhos, Mariinha e Nair, que tiveram poucos anos de vida. Em Fortaleza, vivem Valmir, que se aposentou como ex-combatente pela Marinha, Aldemir, Almir, Maria Otilia, e Clarice. Tocam a vida com dignidade. Os centenários de João de Souza, em 1997, e de Dionísia, em 2000, foram discretamente lembrados.
No fim dos anos 90, a Siqueira Gurgel foi vendida para o empresário Ernani Queiroz Viana e as instalações transferidas para Caucaia. Ele manteve a marca. O terreno do Otávio Bonfim foi vendido para os supermercados Bompreço, hoje Walmart. O progresso desfigurou tudo: a fabrica, o estádio, a vila. Os Gurgel de Acopiara migraram para outros quadrantes de Fortaleza.
Os produtos da Siqueira Gurgel foram populares entre os cearenses. Os nomes dos produtos fabricados, tais como: o sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão. O sabão Pavão carregava na publicidade: Sabão Pavão, o melhor sabão do Brasil, ”uma mão lava a outra com perfeição, e as duas lavam a roupa com o sabão Pavão” Já a Neguinha do Pajeú, imagem de uma negra na embalagem amarela do óleo Pajeú, deu força de venda ao produto e se transformou-se em uma expressão muito usada pelos cearenses.
(*) Fernando Gurgel de Souza é pai de Fernando Gurgel Filho, colaborador dos blogs EntreMentes e Linha do Tempo.

2 comentários:

  1. Transcrevo esta mensagem recebida:
    Caro Paulo Gurgel,
    Acabo de ler a postagem no Linha do Tempo.
    Grato.
    Otávio Bonfim , sem duvida, foi o nosso reduto.
    Eu morei com meus pais em frente à Siqueira Gurgel, na José Bastos, onde meus mais residiram, ao lado da casa do tio Nestor Holanda Gurgel, as duas ao lado da Serraria Mota. Tio Nestor tinha o deposito Humaitá, na Rua Dom
    Jerônimo 399, onde hoje está plantado um espigão.
    Meu tio Luis Holanda Gurgel teve mercearia na José Bastos antes do terreno do Estadio Theophilo Gurgel.
    O Parque Araxá no começo teve muitos acopiarenses, especialmente na rua José Sombra.
    Forte abraço.
    JB Serra e Gurgel

    ResponderExcluir
  2. Abraço ao meu amigo e conterrâneo JB Serra e Gurgel, vizinho de infância a umas três casas em Acopiara que fica bem ali.- Não entendi o fato de dona Dionísia ter casado em 1972.

    ResponderExcluir