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MEMÓRIAS DA CIDADE: REPRESENTAÇÕES DE FORTALEZA NO MUSEU DO CEARÁ
por Natália Maia Sousa
Vê-se, na figura acima, a primeira planta da cidade – desenho atribuído ao capitão-mor Manuel Francês –, oriunda de 1726, coincidindo com a instalação da Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Os traços do desenho da vila, sem a qualidade técnica que denota o trabalho de um profissional, apontam, entretanto, as construções mais importantes da época. Mostram-se, dentre outros elementos, as edificações destinadas a usos religiosos e político-administrativos, localizadas nas imediações do Forte de Nossa Senhora da Assunção, evidenciando a influência da edificação militar na disposição dos prédios e no crescimento urbano. No entorno do Forte estão localizadas, por exemplo: a igreja matriz, o pelourinho, a casa de câmara e cadeia, a forca etc.A primeira planta da cidade aparece como importante representação simbólica do núcleo urbano, pois expressa de forma direta, a partir da disposição dos edifícios e equipamentos da época, os lugares do
poder militar, político, administrativo e religioso, mostrando como o controle colonial se impunha diante da vila. Sobre isso, é importante ressaltar que, contrariamente a diversas outras vilas do Ceará, a vila de Nossa Senhora da Assunção não nasceu de uma missão religiosa e sim a partir de uma função estratégico-militar, com a fixação de um forte para proteção e defesa do território.
Assim, pode-se ver como a ordem urbana era fixada pela metrópole, por meio de marcos no espaço físico. No entorno do forte, estavam o local da ideologia cristã, representada pela igreja matriz, a sede do poder político local, representada pela casa de câmara e cadeia, a autoridade local materializada na violência e força, representada pela forca, e o símbolo da emancipação local, representada pelo pelourinho. Assim, as principais instituições públicas da época concentravam-se ao redor do forte, configurando um núcleo que definia os lugares de exercício do poder, além de assegurar a ordem urbana.
Extraído de: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6376/1/2011-DIS-NMSOUSA.pdf
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