PEQUENAS BORBOLETAS AMARELAS

Nas viagens a trabalho que faço de Fortaleza a Itapiúna tenho observado, nas últimas semanas, grande número de borboletas às margens das estradas. São pequenas borboletas amarelas que, com seus adejos incessantes, conferem à mataria uma beleza adicional.
Elas borboleteiam à frente do meu carro, mudando bruscamente de rumo ao pressentiram que podem bater nele. Quanto a mim, também faço a minha parte: dirigindo o carro a uma velocidade mais baixa. O que, infelizmente, não evita que algumas delas encontrem a morte certa no para-brisas do veículo.
É sempre uma tarefa triste, aquela que faço no fim de cada viagem. Quando vou remover do carro os frágeis corpos desses seres que enfeitam e alegram a natureza.
Em seu poema infantil "As Borboletas", Vinicius de Moraes, já consagrado pelo Rancho das Flores, usou a sua paleta de cores novamente. Desta vez para descrever essas, digamos assim, "flores com autopropulsão":
"Borboletas brancas / São alegres e francas.
Borboletas azuis / Gostam de muita luz.
As amarelinhas / São tão bonitinhas!
E as pretas, então / Oh, que escuridão!"
E, tocado (fisicamente inclusive) por uma delas, Rubem Braga escreveu "A Borboleta Amarela". Essa crônica, publicada em três pequenas partes de 30 linhas cada uma, em 1952, no Correio da Manhã, no Rio. deu também nome a um de seus livros, de 1955, em que Rubem Braga republicou esta e outras crônicas escritas para o jornal.
Leia a crônica dele na íntegra, aqui.

A FAMÍLIA GOURGUES

Em 18 de fevereiro de 2011, publiquei no blog EM a nota Gurgel. Especulações sobre a origem do sobrenome, acrescida de outras e graciosas especulações que me foram à época enviadas pelo colega Winston Graça.
A "história oficial" diz que a família Gurgel começou no Brasil em 1595, com a chegada do corsário francês Tous-Saint Gurgel ao Rio de Janeiro. Na citada nota, Winston e eu divagamos ludicamente sobre as possíveis origens deste meu sobrenome.
Em janeiro de 2016, recebi uma mensagem do leitor João Pedro Paixão em que ele peremptoriamente diz:  Gurgel nada mais é que a tradução do nome francês Gourgues!
Na internet, onde as pesquisas começam (Google) e prosseguem (Wikipedia), eu costumo recorrer a estas fontes ditas não primárias. E, neste caso, encontro o que pode ser um ponto de partida, ou de apoio, quem sabe, para a proposição do leitor.
Famille de Gourgues
Gourgues ou Gourgue é o nome de uma antiga família da Gasconha. Os membros desta família ocuparam cargos importantes no governo, no clero e na ciência da França, da Baixa Idade Média ao final do século 19.
O nome da família Gourgues parece encontrar a sua origem etimológica na língua occitana (langue d'oc), onde a palavra se referia a "uma fonte de água de profundidade suficiente".
O documento mais antigo que traz o nome desta família data de 1146, ano em que o nome e a assinatura de Peter Gourgue aparecem na Carta de Mont-de-Marsan. Em 1285, encontramos Geoffrey de Gourgue, também fundador da vila de Gourgue, como conselheiro do rei Filipe IV, em Bordeaux. Esta cidade também teria sido habitada pela família por vários séculos. Em 1318, Philippe de Gourgue casa-se com Cecilia Pélagrue, uma sobrinha do Papa Clemente V.
No século 16, os colonos franceses na Florida eram sistematicamente trucidados por tropas espanholas. Em abril de 1568, um dos mais famosos membros da família, Dominique de Gourgues, liderou uma força francesa que atacou, capturou e queimou o Fort Caroline. Em seguida, ele matou os prisioneiros espanhóis para vingar um massacre sofrido pelos franceses em 1565.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES



Singela igreja do Octávio Bonfim,
Da estação de trem e do mercado,
Do belo altar cheirando a jasmim,
Das infâncias pelo sonho azulado.

FONTENELLE, Diogo. Encantares. Fortaleza: Gráfica e Editora Imprece,  p.122, 2015. ISBN: 978-85-8126-091-4

Ilustração: Torre do relógio da Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Otávio Bonfim. Reprodução de um desenho com bico de pena feito pelo artista Tarcísio Garcia

IN ILLO TEMPORE

O MANGUE QUE SE FEZ PARQUE

Notícia institucional da SEMACE em que esta comunica a inauguração do Centro de Referência Ambiental do Parque do Cocó a 20/12/2010:
Ir para http://www.semace.ce.gov.br/2010/12/centro-de-referencia-ambiental-e-inaugurado-no-parque-do-coco/
A exposição FLORA ainda se encontra na entrada do Centro. Fotografei os pôsteres e, em seguida, digitalizei os textos para publicá-los.
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Ao contrário do que muitos imaginam, os manguezais fazem parte dos ecossistemas mais complexos no planeta, sendo um dos mais produtivos ecossistemas costeiros das regiões tropicais e subtropicais do mundo todo, essenciais para a vida animal marinha e para a qualidade da água.Além disso, os mangues oferecem muitos benefícios ambientais, não só para a fauna mas para toda a população que se beneficia deste que é o berçário da vida marinha. Pescadores e marisqueiros dependem destes locais que são responsáveis por pelo menos 80 por cento dos recursos pesqueiros, direta ou indiretamente. E não é só isso, os mangues controlam as erosões, as enchentes, estabilizam a linha costeira e os bancos dos rios. Ainda, eles têm a incrível habilidade de sequestrar carbono da atmosfera, servindo como fonte e reposição de nutrientes e sedimentos para outros habitats costeiros tais como recifes de coral e leitos de algas marinhas.
2
O ecossistema de manguezal ocorre em regiões costeiras tropicais, estando associado a margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro das águas de rios com as do mar. No passado, este foi considerado como "terras baldias" e muitos já quiseram transformá-lo em terras "úteis e produtivas". Dessa forma, muito deste ecossistema foi devastado, dando lugar a áreas urbanizadas e pastos. E, ainda hoje, é grande a pressão que este ecossistema sofre.
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Os manguezais possuem uma vegetação típica, adaptada aos substratos pouco oxigenados, salinos e com frequentes inundações provocadas pelas marés.
No Parque do Cocó, encontram-se 4 espécies de mangue: mangue branco (Laguncularia racemosa), mangue preto (Avicenia germinans), mangue vermelho (Rhizopora mangle) e mangue botão (Conocarpus erectus). Eles formam grandes áreas de florestas de manguezal, contrastando com o ambiente urbano de seu entorno. Além disso, outras espécies podem também ser encontradas como as samambaias do mangue (Acrosticum aureum), a papoula do mangue (Hibiscus sp.) e algumas gramíneas comuns de áreas de manguezais.
'Do rio com o mar nasceu o mangue que se fez Parque"