¡HASTA LUEGO, COMPAÑEROS!”

"Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar." (trecho de letra e música de Paulinho da Viola)
Parece que foi ontem. No dia 09.05.1979, garotão de 21 anos, recém-formado em Ciências Econômicas, fazendo o caminho inverso dos migrantes, saí da Metrópole (Fortaleza) para a cidadezinha do interior (Senador Pompeu), situada no Sertão Central do Ceará, em plena região do semi-árido, achando que iria só passar uma chuva, com o pensamento focado em seguir carreira acadêmica... fazer mestrado, doutorado, especialização etc. Saí do conforto do lar e do aconchego da matriarca direto para a República dos Bancários...
Ah, antes que esqueça: fui presidente da república (dos bancários de Senador Pompeu) e fui logo introduzido no ambiente bancário. Era bem remunerado e "carne nova" na praça, sendo, portanto, bastante assediado pelas"cocotas" do lugar.
Após 2 anos e meio, consegui transferência para Fortaleza, precisamente, o CESEC Castelão, e passados poucos anos, contraí núpcias com D. Elsa e, com 3 anos de casados, já era detentor de uma boa prole: Lia, Marina e Diana, estas 2 últimas, assim como eu, são gêmeas univitelinas. Como ninguém é de ferro e a grana já era curta, a carreira de reprodutor foi encerrada com as 3 meninas.
"O Tempo é senhor da razão", já dizia o filósofo e, como quem chega do nada, o Banco foi se instalando tal qual posseiro em minha vida e, com o passar dos anos, com muita dedicação pessoal e apoio dos colegas, fui galgando novas posições e acumulando funções na empresa, até que em março de 2001, fui nomeado analista no NUSEG Fortaleza, e abracei a causa da Segurança. Pode se dizer que eu labutava com prazer. Não tinha hora nem tempo para bater "perna" na jurisdição. Era comum passar metade dos dias do mês, fazendo vistorias, realizando palestras, interagindo com a vasta legião de funcionários espalhados neste mundão de meu Deus. As estradas eram minhas confidentes em longos trajetos solitários.... mas como eu gostava.
A partir de meados de 2005, como um sonho, entrei nos quadros da Educadoria, inicialmente, ministrava o curso AILD - Análise de Indícios de Lavagem de Dinheiro e, logo a seguir, o SPA - Segurança de Pessoas e Ambientes. Passei a ser, modéstia à parte, um dos educadores mais requisitados. O Brasil era meu limite, assim sendo, ministrei nestes 11 anos, aproximadamente 65 cursos. Creio que eu tenha sido, como na fábula de Betinho, o passarinho que tenha levado algumas gotinhas de água para debelar o incêndio na floresta.
"Mas é chegada a hora de escrever, cantar (e partir) talvez as derradeiras noites de luar" parodiando o poeta Gilberto Gil (música Lunik 9), como num turbilhão, fomos (os Reropianos) tragados pela onda inexorável das mudanças e da nova ordem administrativa que grassa no segmento bancário, que é a Centralização, que implica em redução e extinção da grande maioria dos Órgãos Regionais - em absoluto, não sou reacionário, até acho que as empresas tem que adequar à realidade e aos fatos econômicos. De pronto, assumi o compromisso de ser o comandante batavo que é o último a abandonar o navio nas intempéries.
Hoje(09.12.2016), após 40 anos e 2 meses, dos quais 37 anos e 7 meses no Banco do Brasil, sinto um homem realizado, por ter cumprido tão longeva jornada com decência, sempre pautando pelos princípios éticos, acreditando que tenha contribuído, mesmo que só um pouquinho, pelo engrandecimento do Banco e rogo que as novas gerações, que estão cada vez mais assumindo as rédeas/comando tenham discernimento e zelo por esta Casa, que vem sendo construída e lapidada há 208 anos.
Aos velhos companheiros de lutas e labores, é sempre bom lembrar a máxima de Saint-Exupéry, em "O Pequeno Príncipe": "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", coloco-me, antecipadamente, à disposição e destaco que a minha casa é a sua guarida, e na esperança de que logo logo nos encontraremos nas sendas da vida.
Quanto a mim, o velho contador de "causos" o que o futuro aguarda? Bem, ainda não parei para refletir, ou como diz o jargão popular: "A ficha não caiu". Talvez faça alguma especialização nas áreas de Humanas e Sociais (Ciências Políticas, Relações Socioambientais, Geografia, História etc), ou talvez me inscreva em um "cursinho" para exame da OAB, ou até mesmo me envolva de forma mais intensa em ações de voluntariado na minha Paróquia... A verdade é que eu ainda estou "encantado" e este rio continua a passar.
Luciano Gurgel Carlos da Silva

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