9.ª EDIÇÃO DO DICIONARIO DE GÍRIA, DE JB SERRA E GURGEL

Foto: DN
A 9.ª edição do Dicionário de Gíria contem 34.268 verbetes contra 33.000, da 8.ª edição,  de todos os estados brasileiros, além de 1.171 gírias de Portugal, do passado e do presente, 247 de Angola e 211 de Moçambique, com gírias de todas as tribos ou grupos, sendo a maioria do Rio de Janeiro com 2.613. Pela 1.ª vez, o prof. JB Serra e Gurgel (foto) incluiu gírias das redes sociais, muitas em inglês, ressaltando que desde 1912, quando se publicou o primeiro Dicionário de Gíria, do Brasil – Gíria dos Gatunos Cariocas, de Elysio de Carvalho, foram incorporadas gírias de argentinos, italianos e espanhóis.
Há muita discussão sobre efeitos das gírias das redes sociais língua portuguesa, mas o prof. JB Serra e Gurgel descarta que produzam efeitos nefastos sobre a língua. O que está acontecendo é outra coisa, afirmou: "cada vez mais os brasileiros leem menos e isto contribui para redução do seu equipamento linguístico. Este processo está se agravando dia a dia e nada, rigorosamente nada, é feito pelos que teriam obrigação de defender a língua portuguesa, seja no Brasil ou em Portugal. As redes sociais tendem a simplificar, a racionalizar e a efetivar uma intensa transplantação cultural. Há muito tempo que observamos esta transmigração que, com as redes sociais, foi intensificada levando alguns especialistas a inferir que teremos uma degradação da língua no curto prazo".
A língua portuguesa continua muito rica, seja a viva ou a morta, com um patrimônio de mais de 500 mil verbetes. Os Dicionários da língua viva beiram os 250 mil verbetes.
A gíria, neste processo, atua como modismo linguístico, gerando novas palavras que vão se incorporando à língua falada e, mais tarde, à língua escrita. O modismo agrupa as expressões usadas por grupos fechados ou abertos. No Brasil, é muito densa as contribuições do regionalismo, que segue forte, vindo a seguir os modismos dos grupos abertos – malandros, sambistas, grafiteiros, surfistas, punkeiros, rappers, funkeiros etc e, nos nossos dias, os modismos das redes sociais, os universais em inglês, e as reduções, contrações e aglutinações etc.
O Dicionário tem 2.613 verbetes do Rio de Janeiro, 656 do Ceará, 403 de São Paulo, 252 do Distrito Federal, 206 de Minas Gerais, 206 da Bahia, 191 do Amazonas, 110 de Paraná, 109 do Pará, 103 de Goiás, 55 do Maranhão, 46 de Rondônia, 39 de Pernambuco, 37 do Espirito Santo, 32 da Paraíba, Roraima 7 , Amapá, 5 de Alagoas e 5 do Acre. Há ressaltar que muitas das expressões do Ceará são comuns no Nordeste
Entre os verbetes mais fortes estão os relativos a mulheres – 1645; mulheres bonitas – 125; mulheres feias – 122; malandros – 1.265; mané – 156; vagabundo – 222; dinheiro - 755; futebol – 556; corrupção – 1.201; propina – 44; corrupto – 84; ladrão – 194; corno – 479; chifre – 132; marido traído – 184; homens – 422;, morro – 148; policias – 177; bandidos – 163; prisão – 29; traidor – 25; delator – 66; bêbado – 263; bebum - 40; sogra – 28; safado – 71; cheques – 169; funk – 222; rapper – 91; surfista 82; redes sociais – 185 e homossexual – 329.
O prof. JB Serra e Gurgel revela que "o politicamente correto" não influi no processo de dicionarização, que está bem acima de contexto restrito, com viés de censura. No tempo da Inquisição, em Portugal, um sem número de expressões foram banidas da língua portuguesa e viraram as "Infermidades" ou enfermidades da língua. “O politicamente correto está neste mesmo plano de censura, processo inaceitável para quem trabalha com linguística, patrimônio imaterial de povos e nações. Não é sem razão que o Dicionário contém muitas expressões "pesadas e palavrões ou, como se diz em Portugal, muitos calões".
JB Serra e Gurgel nasceu em Acopiara/CE, estudou no Crato, no Seminário, e em Fortaleza, no Colégio Lourenço Filho e no Liceu, foi para o Rio de Janeiro e graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em Fortaleza, fez jornalismo na Gazeta de Notícias, em O Estado e na Radio Dragão do Mar. No Rio, trabalhou na Ultima Hora, na sucursal do Diário de São Paulo, com Ibrahim Sued em O Globo e na TV Globo. Trabalhou no IBC, na EMBRATUR e no INSS antes de entrar para o Ministério da Previdência e Assistência Social. Em Brasília, foi professor de Comunicação da UNB e assessor de 15 ministros de Estado e trabalhou com dois Presidentes da República no Palácio do Planalto. Começou a elaborar o Dicionário de Gíria em 1990 e não parou mais.
Serviço
O Dicionário, com 820 paginas, pode ser adquirido por e-mail:
serraegurgel@gmail.com ou gurgel@cruiser.com.br
Custo R$ 75,00 com frete incluso, informando por e-mail depósito ou transferência e endereço do comprador.

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