Em 1945, Lauro Maia empregou-se na firma Irmãos Vitale, [1] editora de músicas e revendedora de artigos musicais. Na loja da editora, Lauro tocava ao piano as músicas escritas nas partituras ali editadas, como forma de divulgação ao público que, entusiasmado com a execução do pianista, comprava imediatamente as cópias das músicas. Ao voltar para casa nem todo mundo conseguia reproduzir as músicas ao piano com a mesma beleza da execução de Lauro Maia.
Certa vez, um dos irmãos Vitale solicitou com urgência um retrato de Lauro Maia. Era comum a editora colocar as fotos dos compositores nas partituras, porém Lauro não dispunha de alguma foto. Mas a solução estava por perto: Chiquinho, que era muito parecido com Lauro (até no bigode que cultivava). Diz o seresteiro Otávio Santiago que a edição saiu com uma foto do Chiquinho como se fosse do Lauro.
Um dia, Chiquinho chegou para o Dr. Joacy Teixeira, médico, irmão de Humberto Teixeira, e mostrando-lhe uma amostra de escarro com sangue pediu-lhe que fizesse um exame, pois queria saber se estava com tuberculose. Após o exame, o médico concluiu que Chiquinho estava com tuberculose e propôs levá-lo para tirar uma chapa de Raio-X.
Chiquinho, porém, terminou por confessar que o escarro não era dele e sim de Lauro Maia, que escondera durante dois anos a doença. Na época, o tratamento da tuberculose já existia embora fosse muito precário.
Batida a chapa do verdadeiro paciente, constatou-se que os pulmões de Lauro Maia já se encontravam muito comprometidos. e ele foi internado no Hospital Santa Maria, em Jacarepaguá. Ironicamente um dos maiores êxitos do conjunto Vocalistas Tropicais, naquele ano, foi uma marcha intitulada Jacarepaguá. [2]
No dia 5 de janeiro de 1950, a menos de dois meses após a data de seu 36º aniversário e por coincidência o dia do 35º aniversário de Humberto Teixeira, às 20 horas e meia, Lauro Maia faleceu, deixando viúva Djanira Teixeira Maia e, órfãos, os filhos Eva Maria Teixeira Maia, com 6 anos e Lauro Maia Filho, com 5 anos.
O enterro aconteceu no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Em março de 1955, os restos mortais de Lauro Maia Teles foram transportados para Fortaleza, onde repousam, no túmulo da família, no Cemitério São João Batista.
[1] Fundada em São Paulo, em 1923, a Editora Irmãos Vitale se mantém nestes mais de 90 anos como uma grande parceira de alguns dos maiores nomes da nossa história musical. Em seu acervo figuram mais de 25 mil músicas, de um total de 9 mil autores ou herdeiros. Criada pelos irmãos Emílio, Vicente, Affonso, José e João Vitale, hoje ela é administrada pela segunda geração da família, pelos também irmãos Fernando, Sérgio e Luiz, tanto na matriz, em São Paulo, como na filial, no Rio de Janeiro, existente há mais de 60 anos.
http://edicoes.vitale.com.br/
[2] Composta por Paquito, Romeu Gentil e Marino Pinto, baseada na melodia de "El Cumbanchero", rumba de Rafael Hernández.
https://youtu.be/qE4KVDH_5ok
Fontes
"O balanceio de Lauro Maia", por Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez). Ceará, 1991 (edição do Autor)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000012.pdf
"Lauro Maia - Um poeta que também é rua", por José Maria Chaves. Blog Sobrames Nacional
http://sobramesnacional2017.blogspot.com/2017/02/lauro-maia-um-poeta-que-tambem-e-rua.html
Vídeo "PERFIL: Lauro Maia" produzido pelo Núcleo de Documentários da TV Assembleia Ceará.
https://youtu.be/s_ljbn5lFMI
Vídeo "OS CEARENSES (14) - Lauro Maia", Fundação Demócrito Rocha, postado em 11/12/2016.
https://youtu.be/P1oZTj1kKe0
Curiosidade - A marcha "Boneca", de Lauro Maia, tem letra de Turbay Barreira, ex-presidente do Centro Médico Cearense.
https://youtu.be/s_ljbn5lFMI
https://youtu.be/P1oZTj1kKe0
José Maria Chaves
ResponderExcluir19/11/2018, 16:47
Para mim:
Meu muito estimado, e tão ilustre quão ilustrado Paulo, boa madrugada, bom dia , boa tarde. Estes três instantes pretendem mostrar que comecei a ver o seu blog às três e meia da manhã, obriguei-me a interrompê-lo para os meus afazeres matinais (incluindo a visita à editora Expressão Gráfica, para ultimar a Revista/Livro número 2 da ACEMES e os respectivos Convites para a festa do lançamento em 29 vindouro), retomei o prazer (quase orgásmico) do seu discorrer sobre o brilhante Lauro Maia, e, novamente fiz uma parada para o almoço, para concluir a sua "obra". Neste momento (são 16 horas).
Cada vez mais, sinto a sua ausência entre nós da Academia Cearense de Médicos Escritores.
Mas... fazer o quê? Somente lamentar... e muito. Todavia, gostaria de um encontro com "vosmecê", para uma Palestra Magistral (dentre as quatro que programamos como atividades literárias exponenciais no calendário anual). Estimaria sobejamente, que você não se recusasse, Faça de conta que é um pedido do Frei Theodoro. Certo? Aguardo uma sua resposta. com um abraço fraternal do
José Maria Chaves (por e-mail).