USINA CEARÁ, MEU PRIMEIRO E ÚNICO CLUBE NO CEARÁ

por JB Serra e Gurgel (*)
Paulo Gurgel resgatou a história do Usina Ceará e publicou em capítulos no seu blog Linha do Tempo, um excelente blog, com o seu perfeccionismo, talento, cultura, cearensidade e gurgelidade, que é compromisso com a família Gurgel, no qual estamos entranhados.
Em agosto de 2013 publicou um post informando:
"Usina Ceará Atlético Clube
Este time foi fundado em 1º de setembro de 1949 pelos funcionários da Indústria Têxtil Siqueira Gurgel Companhia Limitada, que ficava no Bairro de Otávio Bonfim, Fortaleza/CE, e tinha como cores oficiais o azul e o branco.
A sua função era promover atividades desportivas entre os funcionários da Siqueira Gurgel, em especial o futebol.
O time disputou o Campeonato Cearense, entre os anos de 1953 e 1964, sempre com boas campanhas. Por pouco não conquistou um título - foi vice-campeão em quatro ocasiões (1956,1957, 1961 e 1962)."
Em outubro de 2013 lhe mandei mensagem que postou:
"O jornalista e escritor JB Serra e Gurgel escreve que a sede social do Usina Ceará, cujo presidente eterno foi Adelmir Gurgel de Souza, era na Bezerra de Menezes, ao lado da casa de Zequinha (José) Gurgel. E o local em que os seus jogadores treinavam era o Estádio Theophilo Gurgel, no começo da Duque de Caxias. O Usina Ceará, junto com Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Nacional, Calouros do Ar, América, Gentilândia e Maguary, fazia parte da Primeira Divisão do futebol cearense."
Publicou mais quatro posts contando histórias, resgatando fatos.
Mais tarde lhe mandei outra mensagem que postou:
"Caro Paulo,
Atualizei-me com sua Linha do Tempo hoje, com seus escritos, com os do Marcelo, com os do Fernando e de tantos outros.
As histórias do Usina Ceará acolho-as com atenção.
Explico porquê:
Em Fortaleza, só torci pelo Usina Ceará.
Não tenho nenhuma afeição pelo Ceará e pelo Fortaleza, clubes das multidões cearenses. Não gosto da forma como o futebol é conduzido pelos cearenses.
Técnicos e jogadores não têm nenhuma identidade com os dois clubes, daí a agonia que estes padecem nos campeonatos nacionais.
Além do que geralmente param nos clubes de Fortaleza técnicos vencidos (no prazo, no tempo, sem história, sem ter bagagem) e jogadores rodados que acabam se envolvendo com cachaça e rapariga, dois infortúnios dos jogadores de futebol.
No passado, tinha o campeonato de seleções e eu torcia pela seleção do Ceará.
Há 52 anos fora do Ceará, só torço pelo América, do Rio de Janeiro, clube das pequenas multidões, que tem o melhor hino de autoria do Lamartine Babo, que também escreveu hinos de outros clubes.
O do América é o mais bonito.
Sofro muito por ser americano, clube sempre roubado pela corja de apitadores do futebol inclusive ***  que é torcedor fanático do Fluminense e que já roubou o América em diversas partidas."
Acredito que está claro o fundamento da minha ligação afetiva com o Usina Ceará.
Frequentei a sede, lá brinquei o carnaval de 1962, assisti muitos treinos e jogos no Estádio Theófilo Gurgel Valente, que ficava na José Bastos com a Duque de Caxias, em frente ao Conjunto Gurgel. Muitas vezes fui ao Estádio Presidente Vargas no caminhão que levava o time de futebol, convivendo com os jogadores Adir, Luis Garapeiro, Doca, Cicero, Viana, Veras, Franciné. Se não me engano o técnico era o Dengoso. Ganhando ou perdendo voltávamos no mesmo caminhão. A gloria do Usina coincidiu com minha presença em Fortaleza tendo se sagrado vice-campeao cearense em 1961 e 1962.
Indo para o Rio de Janeiro em 1963, abracei no Rio de Janeiro definitivamente o América, tornando-me sócio e frequentador da sede da Rua Campos Sales, na Tijuca. Não vi jogos em Campos Sales mas assisti muitos jogos no Andaraí, muito depois do Dandon.
Minha opção pelo America nasceu em Acopiara; Meu pai comprava a revista "Sport Ilustrado" e eu acompanhava o América que tinha então um goleiro chamado Pompeia, o voador.
Voltando ao Ceará, desliguei-me do futebol, Não vi o Gentilândia e o Maguary jogarem. Vi o America, o Nacional e o Calouros do Ar. Ceará, Fortaleza e Ferroviário seguem vivos, mas é um futebol difícil, cheio de rolos, de paixões, de negócios. No passado, tudo isso existia mas era abafado. Para mim, pode parecer estranho, o futebol do Ceará acabou, quando acabou o Usina # falei.
(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.
Artigo originalmente publicado no jornal "Ceará em Brasília", ano XXX - Ed. 320 de fevereiro de 2019. Disponível em www.casadoceara.org.br
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