CANAÃ DA LIBERDADE

O movimento abolicionista no Ceará inspirou um grupo de moradores de Redenção (na época Villa do Acarape) a se organizarem para libertar seus escravos. Foram então fundadas duas associações: a "Sociedade Libertadora Acarapense" e a "Sociedade Libertadora Artística Cearense".
A "Sociedade Libertadora Acarapense" era composta dos Srs. Presidente: Cel. Gil Ferreira Gomes de Maria; Vice-dito: Cel. Antonio Silva Matos; Tesoureiro: Padre Luis Bezerra da Rocha; 1.º Secretário: Tenente Henrique Pinheiro Teixeira; 2.º dito: Francisco Hermano Gomes Carneiro e Orador: Diocleciano Ribeiro de Menezes. A "Sociedade Artística Libertadora Acarapense" foi assim organizada: Presidente: José Raimundo Carvalho; Vice-dito: Procurador Benigno Gonçalves Glória; Tesoureiro: Luiz Martins; 1.º Secretário: João Alberto de Melo; 2.º dito: Joaquim Agostinho Fraga e Oradores: Diocleciano Ribeiro de Menezes e Aleixo Anastácio Gomes. Era, a bem dizer, a flor social do Acarape.
Em novembro de 1882, uma comissão formada por João Cordeiro, Almino Affonso, Antônio Martins, Frederico Borges e José Marrocos fez uma visita ao município com o propósito de apoiar o movimento abolicionista que aqui se formava. Eles foram recebidos pelo Pe. Luis Bezerra da Rocha e Deocleciano Ribeiro de Menezes, na residência do Sr. Antônio da Silva Matos, que para dar credibilidade ao movimento entregou a carta de alforria a um escravo.
No mês de dezembro, uma representação da Sociedade Redentora Acarapense viajou para Fortaleza a fim de solicitar apoio e colaboração monetária para a compra das alforrias , já que os fazendeiros aceitavam alforriar seus escravos, desde que fossem indenizados. Na época José do Patrocínio se encontrava no Ceará e junto com a Sociedade Libertadora Cearense participou do movimento para arrecadar o valor estipulado. O grande tribuno negro fez conferencias no teatro São Luís, as entradas eram pagas e a arrecadação se destinava às alforrias dos escravos da Villa do Acarape. O jornal Libertador fez campanha e abriu uma lista de arrecadação na capital em que houve contribuição. E a população da Villa do Acarape também contribuiu com 300$000.
Com a arrecadação concluída só faltava marcar o dia da celebração. Foi escolhido o dia 1.º de janeiro de 1883 para a grande festa. Uma comitiva saiu de Fortaleza nos vagões da locomotiva a vapor denominada Sinimbu. Aqui foram recebidos em festa, e a sessão foi presidida por Liberato Barroso. A multidão aplaudia os oradores, José do Patrocínio fez um discurso inflamado. Justiniano de Serpa assim se pronunciou: "Estamos na Canaã da Liberdade". A vibração dos oradores durou até a entrega das alforrias a todos os escravos. À tarde, a comitiva retornou a Fortaleza, sendo recebida com festa e levada à redação do "Jornal Libertador", onde as manifestações duraram até a meia-noite. (fonte: Raimundo Girão - A Abolição no Ceará e Museu Histórico e Memorial da Liberdade).
Por conta dessa história protagonizada e celebrada pelos redencionistas, o ex- presidente Luís Inácio da Silva, com o aval do Governador Cid Gomes, escolheu Redenção para sediar a 2.ª Universidade Federal do Ceará, a Unilab - Universidade Internacional da Integração Afro-Brasileira. O compromisso da Unilab é gerar conhecimentos científicos e tecnológicos necessários à prosperidade dos brasileiros como também dos países lusófonos. Assim como aqueles que promoveram a libertação dos escravos, todos que se empenharam pela implantação dessa universidade estão escrevendo uma nova página de sucesso, de libertação educacional, cultural, econômica e social, dando oportunidades não só aos moradores dessa região, também do Ceará e dos países envolvidos. As oportunidades estão surgindo, era quase impossível, por exemplo, o filho de um agricultor que mora na zona rural das diversas localidades do maciço de Baturité entrar numa universidade.
Webgrafia
http://museumemorialdaliberdade.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/redencao/historico
http://historiaedidatica.blogspot.com/2012_12_20_archive.html

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