SOBRE A ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS

A Academia Cearense de Letras foi fundada no dia 15 de Agosto de 1894, em sessão solene realizada no salão nobre da "Fênix Caixeiral", então com o nome de Academia Cearense.
É a mais antiga de todas as academias de letras do Brasil.
Foi somente a partir de 1922 que passou a se chamar Academia Cearense de Letras (ACL).
Seu lema é "Forti nihil difficile".
O Palácio da Luz, um majestoso prédio construído na época do Brasil Colônia, é a sede da Academia Cearense de Letras e "serviu de sede oficial do Governo do Ceará de 1814 até 1970", conforme registra o livro "A Academia Cearense de Letras e o Palácio da Luz", de autoria de José Murilo Martins e Regina Pamplona Fiúza.
No Palácio da Luz, dirigiram os destinos do Estado mais de 90 governantes, entre capitães-mores do Ceará Colônia, presidentes da província no período do Império e presidentes, governadores e interventores nos anos da República. O Palácio por si só, como disse Gustavo Barroso, representa uma peregrinação ao passado.
Além do Palácio do Governo, ali já funcionou a Biblioteca Pública do Ceará e a Casa de Cultura Raimundo Cela. Mas foi somente em 1989 que o então presidente da ACL, acadêmico Cláudio Martins, conseguiu do governador Tasso Jereissati o Palácio da Luz para ser a sede da academia.
A Academia é constituída de um Quadro de Acadêmicos Titulares, em número de quarenta, além de Acadêmicos Honorários e Acadêmicos Correspondentes sem limitação de número. Dentre os atuais Acadêmicos Titulares, quatro são médicos: José Murilo Martins, Lúcio Gonçalo de Alcântara (que preside a ACL), Francisco Flávio Leitão de Carvalho e Marcelo Gurgel Carlos da Silva (cuja posse como membro titular aconteceu há três dias).
Foto: Jornal do Médico
Minibio
Marcelo Gurgel, 69, é médico, economista e professor universitário. Dirigiu o Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará em seus primeiros seis anos de existência (do ingresso à colação de grau de sua Turma Prima). Polígrafo laureado, com mais de uma centena de livros publicados, Marcelo é membro também da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Ceará (da qual foi diretor por dois períodos), do Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico e da Academia Cearense de Medicina, além de outros sodalícios.
Ver também: A solenidade de posse descrita pelo novel Acadêmico

A POSSE DE MARCELO GURGEL NA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS

Congratulo-me com meu irmão Marcelo Gurgel Carlos da Silva pela almejada e merecida admissão como membro titular da cadeira 25 da Academia Cearense de Letras. Estarei logo mais (com Elba)  em sua solenidade de posse na ACL, nesta que é a mais antiga de todas as academias de letras do Brasil.

ZÉ MENEZES, O CRAQUE DAS CORDAS

José Menezes de França nasceu em 06/09/1921, em Jardim-CE. Compositor, arranjador e multiinstrumentista, dominava o cavaquinho, o bandolim, o banjo, o violão tenor, o violão de 6, 7 e 10 cordas, a guitarra e o contrabaixo.
Iniciou a carreira artística aos 8 anos em cidades do Cariri cearense. Aos 9 anos de idade, apresentou-se para o padre Cícero Romão Batista, executando um choro de sua autoria denominado "Meus oito anos". Aos 11 anos já era membro da Banda Municipal de Juazeiro.
Em 1943, foi levado pelo radialista César Ladeira para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Trabalhou no Hotel Quitandinha, Rádio Globo, Boate Casablanca.
Em 1947, foi contratado pela Rádio Nacional e passou a atuar ao lado de Garoto e a participar de orquestras, além de acompanhar os grandes artistas da época.
Em 1948, teve sua primeira composição gravada, o samba "Nova ilusão", parceria com Luiz Bittencourt, lançado pelo grupo "Os Cariocas", na gravadora Continental. Esse samba, inclusive, acabou se tornando o prefixo das apresentações do referido grupo.
Na década de 1960, gravou com o grupo "Os Velhinhos Transviados" uma série de 13 LPs que alcançaram grande sucesso.
De 1970 a 1992, integrou a a Orquestra da Rede Globo de Televisão como primeiro guitarrista. Nessa emissora, compôs o tema de abertura do programa "Os Trapalhões" e as vinhetas dos programas "Chico City" e "Viva o Gordo".
Faleceu em 31/07/2012, aos 93 anos, na cidade serrana de Teresópolis.

MEMÓRIA. RESENDE E ITATIAIA

Nos dias 13 e 14 de agosto de 2003, estive nestas duas cidades fluminenses. Tendo viajado da capital paulista (rodoviária Tietê) pela movimentada Nova Dutra até Resende, onde me hospedei por dois dias. A cidade em questão é cortada pela Rodovia Presidente Dutra e considerada a mais importante estrada brasileira. 
O município de Resende, no sudoeste do Estado do Rio de Janeiro, é um importante polo industrial, automotivo, metalúrgico e turístico, e sede do segundo maior complexo militar do mundo, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, que o Google traduz por "Um Homem").
Em Resende, tive a oportunidade de assistir a um show ao ar livre da banda da Academia Militar das Agulhas Negras. A banda tocou um repertório de músicas brasileiras e internacionais.
À noite, jantei trutas em molho de alho. As trutas são destaques no cardápio da região.
No segundo dia, fui conhecer Itatiaia (a 15 km de Resende) e Penedo. O Paço Municipal ocupa as instalações do antigo Hospital de Convalescentes de Itatiaia. Quanto a Penedo, é um distrito de Itatiaia.
Conhecido como "Pequena Finlândia", Penedo começou com a chegada de imigrantes finlandeses na região, em 1929. Quando a ideia de viver somente da terra começou a ser inviável, a solução dos colonos foi transformar suas casas em pousadas para receber visitantes. E abriram restaurantes e lojas de artesanato. Se hoje são poucos os descendentes diretos de finlandeses que moram em Penedo, no entanto o distrito realmente abraçou essa cultura, não sendo estranho ver lojas, restaurantes e pousadas com nomes finlandeses.
No dia 15, voltei a São Paulo para participar da Jornada Paulista de Doenças Ambientais e Ocupacionais, da SBPT, que foi realizada no Blue Tree Convention Plaza, no dia 16 de agosto. Hospedei-me no Hotel Excelsior. Em meu tempo livre, aproveitei para conhecer: Santa Ifigênia, Largos Paissandu e do Arouche, Parque Ibirapuera, Anhangabaú, Viaduto do Chá, Theatro Municipal e... este famoso cruzamento de Sampa:

OS GURGEL DE SENADOR POMPEU, CEARÁ

"O sabiá no sertão, quando canta me comove, passa três meses cantando, e sem cantar passa nove, porque tem a obrigação, de só cantar quando chove!"
- "Chover (ou Invocação para um Dia Líquido)", do Cordel do Fogo Encantado
A principal referência dos Gurgel de Senador Pompeu, município do sertão central do Ceará, é o Sítio Catolé. Neste sítio, situado na zona rural de Senador Pompeu, viveu José Tristão Gurgel do Amaral, casado com a prima Maria Gurgel Valente, ambos oriundos de Aracati.
O casal teve sete filhos:
Francisco (1892), Antonio (1894), Claucídia (1896), Almerinda (1897), José (1900), Olímpia (1904) e Raimundo (1906) - com o sobrenome Valente Gurgel do Amaral.
F1 - Francisco Valente Gurgel do Amaral, que casou com a prima Dulce Nogueira Riquet, que teve quatro filhos: Adélia,  Flávio, Fernando e Fernanda - com o sobrenome Riquet Gurgel.
Fernando, que foi fundador e proprietário da Mecesa, tem o perfil descrito aqui.
F2 - Antonio Valente Gurgel do Amaral, que casou com Emilia Mesquita, que teve dois filhos: Geraldo e Maria de Lourdes (Mesquitinha); e depois com Maria Sindeaux, que teve Tarcísio.
Geraldo Mesquita Gurgel casou com Antonieta (Tieta), deixando descendentes. Tarcísio Sindeaux Gurgel casou com Branca, deixando descendentes.
F3 - Claucídia Valente Gurgel do Amaral, que casou com Leopoldo Pinheiro, deixando descendentes.
F4 - Almerinda Valente Gurgel do Amaral, que casou com Paulo Pimenta Coelho.
O casal teve seis filhos: Elza (f.), Elda (f.), Maria Elma, Edson, Edmar e Espedito (f.) - com o sobrenome Gurgel Coelho.
Elza, sem descendentes.
Elda, que casou com Luiz Carlos da Silva, sendo a matriarca do ramo Gurgel Carlos da família, do qual sou o primogênito: Paulo, Lúcia (f.), Marta (f.), Márcia, Marcelo, Sérgio, Meuris, Luciano, Germano, Magna, José, Mirna e Luiz (f.).
Maria Elma, que casou com José Alci Mota e teve sete filhos. Edson, que casou com Elvani, que teve três filhos.
Edmar, que casou com a prima Marta Gurgel (de Acopiara), que teve cinco filhos; e depois com Liduína, que teve um filho.
Espedito, que casou com Lúcia, que teve quatro filhos.
F5 - José Valente Gurgel do Amaral, que casou com sua prima Guiomar, filha de José Teófilo. Tio José Gurgel tem o perfil descrito aqui, e o casal adotou uma filha.
F6 - Olimpia Valente Gurgel do Amaral, solteira, sem descendentes.
F7 - Raimundo (Raimundinho) Gurgel, solteiro, sem descendentes.
Fontes: Aldysio Gurgel do Amaral (in: “Nas Trilhas do Passado”), Edmar Gurgel Coelho e Francisco Edilmo Gomes Gurgel (9 9984 4408).Data desta atualização: 21/06/2022
Notas:
Raimundinho e Olímpia, auxiliadas pela preta Ventura, administraram o Sítio Catolé nas décadas de 1950, 60, 70 e possivelmente 80. Após as mortes destes meus tios-avós, o então proprietário maior da gleba, José Valente Gurgel do Amaral, vendeu o Sítio Catolé a Fernando Riquet (Nogueira) Gurgel, que o transferiu a um dos herdeiros, Geraldo Mesquita Gurgel. O sítio fica a 2 km da sede de Senador Pompeu, na CE 166, na saída para Encantado, distrito de Quixeramobim.
(f.) = falecido(a)
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O VESTIBULAR DA CECÍLIA MEIRELES

O vestibular que nos levou em 1966 à admissão na Faculdade de Medicina da UFC constou de cinco provas aplicadas em dias separados:
Física, Química, Biologia, Português e Inglês.
Para ser aprovado, o Concurso de Habilitação (leia-se: Exame Vestibular) exigia como nota mínima o 5 para Biologia e a Química; e o 4 para a Física, o Português e o Inglês.
Cada candidato, portanto, teria que matar cinco leões. Além disso, tinha que estar de olho no desempenho dos outros gladiadores, pois havia cerca de oitocentos candidatos para as cem vagas que estavam sendo disputadas.
A pontuação máxima foi obtida pelo colega Otoni Cardoso do Vale que fez 35, e coube-lhe o 1.º lugar da Medicina.
Surpreendendo os candidatos com o poema SURPRESA, o processo seletivo de 1966 ficou conhecido como "O vestibular da Cecília Meireles". Não era frequente em competições do tipo a escolha de uma poeta da Segunda Geração do Modernismo (*) para a análise literária pelos candidatos.

SURPRESA

Trago os cabelos crespos de vento
e o cheiro das rosas nos meus vestidos.
O céu instala no meu pensamento
aos seus altos azuis estremecidos.

Águas borbulhantes, árvores tranqüilas
vão adormentando meus tempos chorados.
E a tarde oferece às minhas pupilas
nuvens de flores por todos os lados.

Ó verdes sombras, claridades verdes,
que esmeraldas sensíveis hei nutrido,
para sobre o meu coração verterdes
mirra de primaveras e de olvidos?

Ó céus, ó terra que de tal maneira
ardente e amarga tenho atravessado,
por que agora pensais com tão fino cuidado
vossa mansa,calada, ferida prisioneira?

Cecília Meireles
In: Mar absoluto (1945)

OU ISTO (a poeta-surpresa na prova de Português) OU AQUILO (o grau de dificuldade das questões formuladas no Concurso de Habilitação), digamos que ambos, foram os fatores concorrenciais para que apenas 47 das 100 vagas disponíveis fossem inicialmente preenchidas.
E seguiu-se um segundo certame (com as respectivas revisões) a fim de que todas as vagas ofertadas fossem finalmente preenchidas.
As listas com os nomes dos aprovados foram afixadas num saguão da Reitoria.
Na lista da Agronomia, um deles saiu com nome e apelido (Titico). Com o tempo, seríamos apresentados por um amigo comum, o violão.

(*) Foram destaques da 2.ª Geração do Modernismo: Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Mario Quintana e Cecília Meireles.