Depois de quatro anos dirigindo essa instituição, ele recebeu um convite para ir trabalhar na região amazônica - no Amapá. Naquele território à época não existia psiquiatra. "Eu era o melhor e o pior, porque só tinha eu" (risos), comentou Hildebrando em entrevista à "Sustentação" (uma revista do COSSEMS). Os pacientes eram levados de barco, navegavam entre 24 e 36 horas amarrados no porão e eram internados na Colônia Juliano Moreira, em Belém do Pará.
Desde que chegou ao Amapá, ele cultivava a ideia de criar uma clínica psiquiátrica que funcionasse dentro de um hospital geral. Depois de muita esforço, conseguiu concretizar esse desejo ao inaugurar uma enfermaria com 14 leitos, nos padrões de um pequeno hospital. Mas, em seguida, começou a questionar até que ponto aquela enfermaria se manteria eficaz para a comunidade. Devido ao risco de, por estar funcionando dentro de um hospital, vir a ser uma espécie de microasilo.
Vivenciando o início da Reforma Psiquiátrica, Hildebrando candidatou-se e foi selecionado, em 1982, para cumprir Residência Médica em Psiquiatria Social pelo Ministério da Saúde, em convênio com a OPAS e a Fiocruz, na Colônia de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Na época, o Brasil começava a ter uma certa abertura política, o que propiciava o surgimento de projetos reformistas na área da Psiquiatria.
O modelo "hospitalocêntrico" x o modelo "capsolocêntrico"
http://www.cosemsce.org.br/revista/sustentacao-21.pdf
Houve várias Conferências até chegar ao Projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado e à Lei Estadual do Deputado Mário Mamede. Com a progressiva desativação dos leitos psiquiáticos no país, o modelo hospitalar para o tratamento da doença mental foi perdendo a sua prevalência (como aconteceu com outras doenças estigmatizantes como a tuberculose e a hanseníase), ao tempo em que os CAPS foram sendo implantados por todo o território nacional.
Admirador declarado do Projeto Quatro Varas, uma comunidade terapêutica em Fortaleza-CE, Dr. Hildebrando Montenegro ainda teve a oportunidade de aplicar o modelo social da Psiquiatria, do qual foi indubitavelmente um adepto, em Cruz e no Marco, municípios do interior do Ceará.
Admirador declarado do Projeto Quatro Varas, uma comunidade terapêutica em Fortaleza-CE, Dr. Hildebrando Montenegro ainda teve a oportunidade de aplicar o modelo social da Psiquiatria, do qual foi indubitavelmente um adepto, em Cruz e no Marco, municípios do interior do Ceará.
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Ele faleceu em 02/02/2023. Homenageio-o com o presente texto, que preserva o espírito da entrevista que José Hildebrando Guedes Montenegro concedeu à revista "Sustentação" n.º. 21 (edição do 1.º quadrimeste de 2008).http://www.cosemsce.org.br/revista/sustentacao-21.pdf
Blog LT, em 03/02 - Os familiares de JOSÉ HILDEBRANDO GUEDES MONTENEGRO comunicam o seu falecimento ontem (2) e convidam parentes e amigos para estes atos de fé cristã e solidariedade:
ResponderExcluirVelório Ternura (sala Esperança), na Rua Padre Valdevino, 2255: Início às 7h de 03/02. Missa de corpo presente às 15h30. Em seguida, recolhimento do corpo ao crematório do Cemitério Parque Anjo da Guarda.
Ana Margarida, médica pneumologista e historiadora, comentou em 04/02:
ResponderExcluir"Parabéns pela bela homenagem ao colega de turma. Esses desbravadores foram heróis."
Diana Barreira, Célia Ciarlini e Carlos Soares, colegas de turma do Hildebrando, enviaram mensagens diretas em 05/02.
ResponderExcluirO CRM-AP lamentou o falecimento do Dr. Jose Hildebrando Guedes Montenegro, CRM: 109 – AP, acrescentando:
ResponderExcluir"O médico faleceu ontem (02/02), no Ceará, onde morava.
Dr. Hildebrando tinha 79 anos. Nasceu em Parnaíba, Piauí. Formou-se pela Universidade Federal do Ceará em 1971. Em 1976 mudou-se para o Amapá, onde ajudou a implantar o serviço de psiquiatria do Hospital Geral, atualmente Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima.
O CRM-AP expressa condolências aos familiares e amigos. Que Deus console a todos neste momento."
Socorro Bezerra, também da turma de 1971 na Faculdade de Medicina da UFC, comentou em áudio que ela fez com Hildebrando um curso de pós-graduação em Medicina do Trabalho.
ResponderExcluirJosé Tarcísio Diniz, da Turma de Medicina de 1971, comentou no Face:
ResponderExcluir"Perdemos sua alegria, Hidel, mas o céu saiu ganhando, com a sua presença."