RÁDIO GASOSA

A Rádio Gasosa fazia parte do programa de reabilitação desenvolvido pelo Sanatório (de Maracanaú). O técnico de laboratório Raimundo Guimarães Ribeiro (que trabalhou no Sanatório, depois Hospital Municipal de Maracanaú, no período de 1981 a 2003) nos relata como surgiu e como funcionava a Rádio Gasosa:
A Rádio Gasosa surgiu por iniciativa dos próprios pacientes que participavam do curso de rádio técnico que existia no Sanatório. Havia uma grande necessidade de comunicação entre os pacientes e por isso montaram a Rádio. Quem implantou essa Rádio foi um paciente conhecido por "Deca". Funcionava no terceiro andar do prédio e apresentava as mesmas características das rádios da época: oferecimento de músicas, recados, transmitia um programa educativo que falava dos cuidados para saúde, organizavam show ao vivo. Nesse período, tivemos como convidados a cantora Aíla (Ayla) Maria, Moacir Franco, Irapuan Lima e o "Rei do Baião" Luiz Gonzaga. O nome "Gasosa" foi devido a um exame (tratamento) muito comum na época,chamado de pneumotórax, que consistia em encher o pulmão (espaço pleural) de ar. Os pacientes sempre diziam: "Tá cheio de gás". "Já vai tomar uma gasosa". Como o "Deca" que trabalhava na Rádio fazia sempre esse exame, daí a origem do nome Rádio Gasosa (RIBEIRO, R., 2003).
Quando cheguei no Sanatório, a Rádio Gasosa já estava sendo desativada. Isso porque, antes, o paciente passava muito tempo hospitalizado, e assim, oferecia condições para cuidar do seu funcionamento. Com a descoberta de drogas mais eficientes para o tratamento da tuberculose, a permanência hospitalar diminuiu, e a Rádio Gasosa foi se desfazendo, em razão da alta dos pacientes que a idealizaram e a mantinham em funcionamento. A rotatividade dos pacientes internados aumentou e, com isso, a Rádio Gasosa foi aos poucos deixando de funcionar (CARDOSO, N.). Os grifos são meus.
Fonte:
Hospital Municipal de Maracanaú: reflexos das políticas nacionais de saúde em meio século de história / [Maria Abreu Barbosa (Coord.) et al.]. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 298 p.:il. color. – (Série I. História da Saúde no Brasil) ISBN 85-334-0844-7

O DIRETÓRIO ACADÊMICO XII DE MAIO

Em uma casa na Rua Alexandre Baraúna, bem perto do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), no bairro Rodolfo Teófilo, funcionava o Diretório Acadêmico XII de Maio (print screen do vídeo Faculdade de Medicina - 75 anos!). Era o local em que os acadêmicos da Faculdade de Medicina, nas décadas de 1960 e 70, se reuniam com finalidades sociais, esportivas, culturais e políticas.
Em 12 de maio de 1948, foi quando o Prof. Alfredo Monteiro, Diretor da Faculdade Nacional de Medicina, proferiu a aula de sapiência, ao ensejo da instalação da Faculdade de Medicina, então mantida pelo Instituto de Ensino Médico. E a lembrança dessa data deu o nome ao Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFC.
Tendo sido aluno da Faculdade de Medicina, de 1966 a 1971, o período em que também frequentei o Diretório Acadêmico, por ora não disponho de informações consistentes sobre por quanto tempo mais esta entidade continuou a existir. Uma página no Facebook de um Centro Acadêmico XII de Maio (v. logo CA), a entidade que atualmente representa os estudantes de Medicina da UFC, leva-me a concluir que o Centro tenha sucedido ao Diretório.
O Diretório mantinha um curso pré-vestibular (cursinho) dos mais acreditados em Fortaleza. Todos os seus professores eram alunos dos anos mais adiantados da Faculdade de Medicina. Em 1965, quando fui aluno deste cursinho, lecionavam nele o Valter Justa, o Dalgimar Menezes, o Sombra e o Martinho, entre outros. As aulas eram dadas em salas temporariamente ociosas da Faculdade, e acredito que o Diretório Acadêmico auferia uma boa renda com o funcionamento do seu cursinho.
Em 1966, o meu colega Paulo Cid, que passara a dirigir o curso pré-vestibular, convidou-me a substituir o professor de Química do cursinho, o que fiz durante um mês.
No artigo "Os 'cursinhos' pré-vestibulares do nosso tempo" (texto inédito?), ao se reportar sobre o caso do cursinho da Medicina, o médico e escritor Marcelo Gurgel comenta: 
"Ao que parece, o êxito dos primeiros tempos, exemplificado pelo ‘cursinho’ da Medicina da década de 1960, mantido pelo então Diretório Acadêmico XII de Maio, já não foi mais colhido na década de 1970, porque boa vontade e dedicação não eram suficientes para superar as carências de recursos materiais que enfrentavam." 
No Diretório Acadêmico XII de Maio havia jogos de salão (xadrez, dominó e tênis de mesa) e uma vitrola com uma coleção de discos de vinil. Geraldo Vandré, Chico Buarque, Edu Lobo e Sérgio Ricardo eram os compositores/cantores dos "bolachões" mais requisitados. Em raras ocasiões, acontecia uma festa regada a bebidas alcoólicas (cerveja e rum), de padrão bem comportado em comparação com o que é visto numa rave de hoje.
Um rapaz de nome Gerôncio era quem cuidava da casa. Ele tocava um violão meio "quadrado", aplicando vigorosas batidas em suas cordas de aço.
O psiquiatra Josué de Castro, em artigo (link inativo) no Diário do Nordeste, escreveu que o Diretório Acadêmico realizava magníficos congressos nos Clubes Náutico e Líbano, promovendo uma extraordinária integração dos estudantes e professores com a sociedade.

TIBÚRCIO GURGEL, UM PATRIARCA DO OESTE POTIGUAR

Olá, Paulo!
Me chamo Lucianno e sou descendente da família Gurgel. Toda a minha família é de Mossoró-RN e tem ligação com o Coronel Gurgel, conhecido por ter sido refém de Lampião. Estou interessado em ver se os nomes dos meus avós, tios e da minha mãe constam nesse documento que você tem guardado.
Aguardo seu retorno.
Abraço.
Att,
Lucianno Gurgel
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Retorno
Fonte: NA TRILHA DO PASSADO, de Aldysio Gurgel do Amaral
BLOCO 18 (páginas 213 - 223)
TIBÚRCIO VALERIANO GURGEL DO AMARAL, n. 14/04/1843, na "Fazenda Porteiras", em Aracati, Ceará. Emigrou para o Oeste Potiguar onde fundou a propriedade Brejo do Apodi, encravada no atual município Felipe Guerra. Cc. s/ sobrinha CAETANA GESUMIRA GURGEL DE OLIVEIRA; são pais de:
F. 1 - MARIA GURGEL DO AMARAL
F. 2 - JOSÉ GURGEL DO AMARAL
F. 3 - ANTONIO (VALERIANO) GURGEL DO AMARAL, n. 12/12/1872, em Caraúbas, RN. Foi comerciante, prefeito em Natal (a confirmar por outras fontes) e também proprietário rural no Oeste Potiguar. Viajando de Mossoró para Caraúbas e Brejo do Apodi foi aprisionado por Lampião em 12/06/1927 e mantido refém por 17 dias. Quando foi solto recebeu 2 moedas de ouro oferecidas por Lampião para sua neta YOLANDA GURGEL GUEDES. Cc. s/ prima MARIA AMELIA DE OLIVEIRA; são pais de:
-------N. 1 - RAIMUNDO FERNANDES DE OLIVEIRA GURGEL, n. 30/05/1898. Cc. s/ prima SEBASTIANA BRITO GURGEL; são pais de: ZULEIDE, ISNARDO, MARIA ISABEL, PAULO, JOSÉ CARLOS E GRAZIELA
-------N. 2 - HELENA OLIVEIRA GURGEL. Cc. JAIME GUEDES, funcionário do Banco do Brasil, em Mossoró. Ocupava a função de gerente quando do ataque de Lampião àquela cidade. Tomou providências para salvaguarda do numerário e elaborou extenso e bem redigido relatório à direção central do Banco. Referido documento constitui hoje acervo do Documentário Histórico do Banco do Brasil. O casal deixou cinco filhos (não citados na fonte).
-------N. 3 - MARIO DE OLIVEIRA GURGEL, n. 1901. Cc. s/ prima ADALGISA GURGEL; são pais de EDUARDO ANTONIO GURGEL
F. 4 - PAULO GURGEL DO AMARAL
F. 5 - JOEL GURGEL DO AMARAL
F. 6 - QUITÉRIA GURGEL DO AMARAL
F. 7 - TILON GURGEL DO AMARAL
F. 8 - ALCIDES GURGEL DO AMARAL
F. 9 - TIBURCIO GURGEL FILHO
F. 10 - FAUSTO GURGEL DO AMARAL
F. 11 - CLOTILDE GURGEL DO AMARAL
F. 12 - FRANCISCO GURGEL DO AMARAL
F. 13 - FILOMENA GURGEL DO AMARAL
F. 14 - CAETANA GURGEL DO AMARAL

UM SACO DE GATOS E OUTRO

O livro "Um saco de gatos" é o resultado da compilação de escritos publicados em um site chamado "Saco de Gato", que ficou no ar de 2006 a 2008 e, posteriormente, dos posts de um blog homônimo hospedado no Blogger, de 2008 até a presente data. Publicado em 2014, reúne uma série de pensamentos, crônicas, resenhas e críticas ora organizadas, ora escritas pelo médico Winston Graça.
Em 2016, o autor retornou com "Outro saco de gatos". onde se tem acesso a poesias, crônicas, críticas, comentários, impressões de viagens, haicais, aforismos e pensamentos, acrescidos de posts mais recentes do seu blog e das redes sociais, que o autor julgou merecedores de serem repassados em livro.
Os escritos do segundo livro obviamente dão continuidade a outros de mesmo estilo do primeiro livro.
Em 1º de junho de 2012, dediquei a nota Saco de gatos a Winston Graça, o meu colega que tanto cultiva esta expressão idiomática.
Saco de gatos
É o mesmo que balaio de caranguejos.
Diz-se de governo, partido político, ou sociedade em que ninguém se entende e todos se hostilizam.
Exemplo:
"Quando cheira a poder aparecem todos juntos, para logo a seguir voltarem a ser um saco de gatos."
Bichanos, quando estão confinados (num saco, por exemplo), ficam muitos estressados. E distribuem a esmo unhadas e dentadas.
Daí, certamente para melhorar a convivência entre eles, foi que alguém teve a estupenda ideia de criar um... rack de gatos.
Blog EntreMentes
Rodapost
Em 2007, iniciei uma jornada inversa à do colega Winston. Ao criar o Preblog, destinado a divulgar em meio eletrônico os meus textos literários escritos nas décadas de 1980 e 90. Inicialmente, postando os textos que eu havia publicado em livros, revistas e jornais e, na sequência, os textos inéditos e os novos textos que fui escrevendo a partir de anotações arquivadas. Atualmente, na referida página eletrônica, publico mensalmente uma compilação de notas metidas a literárias, originalmente postadas em EntreMentes e Linha do Tempo.
Em 2009, o colega Lúcio Alcântara lançou o livro "Blog de Papel", um registro em papel dos textos que ele publicou em quase dois anos de seu Blog.

A CAPITAL DA RAPADURA

A cidade de Pindoretama é também conhecida com a Capital da Rapadura. Nas margens da CE-040, no trecho da rodovia que atravessa o município, as pessoas que trafegam entre Fortaleza e as praias do litoral leste do Ceará se deparam com um grande número de engenhos.
Um deles é o Complexo Tradição, que fica no Km 48 da rodovia, o qual foi motivo de reportagem ao fazer em 2013 "a maior rapadura do mundo". (*)
O Portal de Messejana (vídeo) informou que essa rapadura gigante foi produzida a partir de 60 toneladas de cana. Obtendo-se do processamento dessa cana uma rapadura com 4 metros de comprimento, 2 metros de largura e 30 centímetros de altura, e que pesou 4,5 toneladas.

Os engenhos de rapadura, ao que tudo indica, originaram-se nas Ilhas Canárias e existem no Nordeste brasileiro desde o século 17. No Ceará, destacam-se os das regiões do Cariri e da Serra do Ibiapaba. Em Pernambuco, os engenhos de rapadura se concentram no Sertão, sendo os municípios de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde os maiores produtores. Na Paraíba, os dois grandes polos são a região do Brejo e o Sertão.
No início, suas moendas eram de madeira e movidas a água ou tração animal (cavalos e bois). No século XIX, surgiram as moendas de ferro, usando-se ainda o mesmo tipo de tração. Depois os engenhos evoluíram passando a ser movidos a vapor, óleo diesel e finalmente a eletricidade.
O Matraqueando dá a receita da rapadura:
Primeiro, a cana é moída e depois levada ao fogo. Os tachos borbulham por horas. O caldo dourado é remexido sem parar até atingir o ponto ideal de "mel", quando então é transferido para um panelão, onde cozinha mais um pouco até começar a se soltar do caldeirão. A finalização tem que ser rápida para que a "massa" não endureça antes do tempo. Formas de madeira recebem o doce que, em pouco mais de 15 minutos, está pronto para o consumo.
Em seu livro "Sociologia do Açúcar", Câmara Cascudo diz que "a rapadura foi o doce das crianças pobres, dos homens simples, regalo para escravos,cangaceiros, vaqueiros e soldados".
A rapadura está presente na mesa do sertanejo. É o adoçante do café, do leite, da coalhada. É consumida com farinha, mungunzá, carne de sol, paçoca, cuscuz, milho cozido. Não há casa sertaneja sem farinha e rapadura.
Apesar disso, uma empresa alemã (sem qualquer tradição no ramo) chegou a registrar, algum tempo atrás, nos escritórios de marcas e patentes da Alemanha e dos Estados Unidos, a marca "rapadura". Mas depois, graças à firme intervenção do governo brasileiro, a empresa desistiu de reclamar a propriedade do termo genérico deste produto que é tipicamente nordestino.
(*) Este título em poder de Pindoretama é contestado por Santa Cruz da Baixa Verde, em Pernambuco, onde fizeram uma rapadura de 5 toneladas, em 2009.
Fontes
http://www.matraqueando.com.br/tag/engenho-tradicao-pindoretama
https://youtu.be/xV9f_RgcNp8  4,5 ton 2013
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&id=263
http://extra.globo.com/noticias/economia/empresa-alema-retira-registro-da-marca-rapadura-547185.html
https://youtu.be/esgdvkT4jVY