12/11 - domingo
Por volta das 8 horas, a guia turística Miriam nos apanhou no lobby do Hotel Leonardo da Vinci. Tendo passado por outros hotéis, o ônibus em que embarcamos para um
city tour em Santiago já estava com a maioria dos assentos ocupados por turistas, todos eles brasileiros. O passeio turístico teve como sua primeira parada o Parque Metropolitano. Um local ótimo para caminhar, tirar fotos (com flamingos brigões ao fundo) e ver "panoramicamente" o Cerro San Cristóbal de onde se tem, no dizer da guia, uma vista privilegiada da cidade.
Após percorrermos a Costanera, fizemos outra parada em "Piedras Australes", onde cada turista foi recebido com um drinque de
pisco sour, o equivalente chileno da brasileiríssima caipirinha. O drinque é feito de pisco, uma aguardente de uva, ao qual são acrescentados limão, açúcar, gelo e clara de ovo. Ao degustá-lo, me lembrei de que no passado andei comprando, por curiosidade, uma garrafa de pisco peruano. Era uma garrafa preta, com a forma de uma figura inca, cujo conteúdo jamais experimentei. Já o
pisco sour chileno, este pelo menos tive a satisfação de prová-lo, e confesso que gostei.
Existe uma diferença histórica entre o Peru e o Chile sobre a exclusividade de se usar o nome "pisco". Enquanto o Peru defende que "pisco" é uma denominação de origem (similar a Champagne, por exemplo) e que somente pode usar o termo "pisco" aquele produzido no Peru, o Chile defende que "pisco" é um nome genérico (como vinho ou uísque).
Quanto à "Piedras Australes", é uma loja especializada em produtos artisticamente elaborados de prata, cobre e lápis-lazúli. O cobre é a maior fonte de divisas do Chile e o lápis-lazúli (também extraído no Afeganistão e Minas Gerais) é a pedra nacional do país.
Acima, apareço numa fotografia tirada na loja, junto a uma estátua de cobre que representa um mineiro do cobre, obviamente.
Elba, observando um mostruário da "Piedras Australes"
Em seguida, fomos levados ao centro histórico de Santiago, onde podemos apreciar importantes pontos da arquitetura colonial e da história do Chile: Plaza de Armas, Catedral, Museo Histórico Nacional, Correo Central e o Palácio de La Moneda, ou simplesmente La Moneda, que fica entre duas praças. Projetado para cunhar moedas (daí o nome), em 1845 o palácio foi convertido em sede da Presidência da República do Chile.
Durante o golpe de estado de 1973, em que foi deposto e morto o presidente Salvador Allende, o Palácio de La Moneda foi duramente bombardeado. Depois de três horas de bombardeio do edifício com aviões da força aérea, foi este tomado pelo exercito comandado por Pinochet. O efeito dos explosivos, adicionados ao incêndio que se propagou a seguir, destruíram não só parte do prédio como documentos e tesouros inestimáveis. Por exemplo, a Ata de Independência do Chile, de 1818, foi irremediavelmente perdida.
Almoçamos no restaurante
El Galeón, no Mercado Central de Santiago. O mercado é reconhecido por vender peixes, mariscos e produtos de artesanato, e também por abrigar um polo gastronômico. E o restaurante foi-nos indicado principalmente por servir
centollas, uns caranguejos gigantes pescados na Patagônia. No entanto, com poucas chances de que eu viesse a pedi-las,
porque no me gustan los cangrejos. Além disso, lia-se no cardápio que as
centollas não tinham preços amigáveis. Uma "jumbo" (para quatro pessoas), por exemplo, custava 159 mil pesos chilenos (cerca de 1.100 reais) afora a
propina. Decidimos pedir salmão frito, lasanha bolonhesa e água mineral.
A centolla é um crustáceo que habita o leito marinho das águas frias do sul da América do Sul. A captura deste animal é um recurso lucrativo para as cidades de terra do arquipélago de fogo. Isto levou a um incidente, em agosto de 1967, quando a escuna argentina Cruz del Sur pescava a uns quatrocentos metros da ilha de Gable (hoje sob a soberania da Argentina), foi ordenada a afastar-se pela patrulha chilena Marinero Fuentealba. Este evento, juntamente com vários outros, levou à tensão do conflito de Beagle, na década de 1970.
Findo o
city tour, voltamos ao hotel pelo metrô, seguindo um roteiro construído por informantes anônimos: Linha 2, no sentido de La Cisterna, da estação de Puente Cal y Canto até Los Heroes, em combinação com a Linha 1, no sentido de Los Domínicos, de Los Heroes até a estação Escuela Militar. Desta última, caminhamos cerca de meio quilômetro em que tivemos de passar por um túnel sob a avenida Apoquindo.
À noite, fomos ao restaurante Giratório: não sabíamos que fechava aos domingos. A solução para que comemorássemos o aniversário de Elba estava nas proximidades com o nome de
La Piccola Itália, onde comemos pasteis e risotos. Fomos de Uber (2500 pesos) e retornamos de táxi (5500 pesos). O restaurante não tinha como o hotel o
wi-fi para acessarmos o Uber.
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