JOSÉ DE ANCHIETA

"Santo: requestes a cruz na selva escura;
herói: plantaste nossa velha aldeia;
mestre: ensinaste a doutrina pura;
poeta: escrevestes versos sobre a areia."
Guilherme de Almeida
São José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, na ilha de Tenerife, arquipélago das Canárias, 19 de março de 1534 — Reritiba, 9 de junho de 1597) foi um padre jesuíta espanhol, santo da Igreja Católica e um dos fundadores da cidade brasileira de São Paulo.
Canonizado em 2014 pelo papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país.
Missões
Desde jovem, Anchieta padecia de tuberculose óssea, que lhe causou uma escoliose, agravada durante o noviciado na Companhia de Jesus. Este fato foi determinante para que deixasse os estudos religiosos e viajasse para o Brasil. Aportou em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos em 13 de Julho de 1553, com menos de vinte anos de idade. Anchieta ficou menos de três meses em Salvador, partindo em outubro para a Capitania de São Vicente, onde conheceria Manuel da Nóbrega e permaneceria por doze anos. Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendendo a língua tupi e catequizando os índios.
Sabe-se que a data da fundação de São Paulo é o dia 25 de Janeiro, por causa de uma carta de Anchieta a seus superiores da Companhia de Jesus, com a citação:
"A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!"
O religioso cuidava não apenas de educar e catequizar os indígenas, como também de defendê-los dos abusos dos colonizadores portugueses que queriam não raro escravizá-los. Esteve em Itanhaém e Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, em missão de preparo para o Armistício com os Tupinambás de Ubatuba (Armistício de Iperoig). Nesse período, em 1563, intermediou as negociações entre os portugueses e os indígenas reunidos na Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos tamoios em Iperoig.
Lutou contra os franceses estabelecidos na França Antártica, na baía da Guanabara. Foi companheiro de Estácio de Sá, a quem assistiu em seus últimos momentos. Em 1566, foi enviado à Capitania da Bahia com o encargo de informar ao governador Mem de Sá sobre o andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época, foi ordenado sacerdote aos 32 anos de idade.
Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. Em 1569, fundou a povoação de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. Em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo substituído em 1587 a seu próprio pedido. Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de dirigir o Colégio do Jesuítas em Vitória, no Espírito Santo. Em 1595, obteve dispensa dessas funções e conseguiu retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, sendo sepultado em Vitória.
Obras escritas
Segundo a "Brasiliana da Biblioteca Nacional" (2001), o Apóstolo do Brasil, missionário e fundador de cidades, foi gramático, poeta, teatrólogo e historiador, que compunha seus textos em quatro línguas: português, castelhano, latim e tupi.
Duas das suas principais obras foram publicadas ainda durante sua vida:
"De gestis Mendi de Saa" ("Os feitos de Mem de Sá"), impressa em Coimbra em 1563, que retrata a luta dos portugueses, chefiados pelo governador-geral Mem de Sá, para expulsar os franceses da baía da Guanabara onde Nicolas Durand de Villegagnon fundara a França Antártica. Esta epopeia renascentista, escrita em latim e anterior à edição de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, é o primeiro poema épico da América.
"Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil", impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi. Constituindo-se em sua segunda obra publicada, é, ainda, a segunda obra dedicada a línguas indígenas, uma vez que, em 1571, já surgira, no México, a "Arte de la lengua mexicana y castellana" de frei Alonso de Molina.
Durante o tempo em que passou entre os gentios, compôs também o "Poema à Virgem". Segundo uma tradição, teria escrito o poema nas areias da praia de Iperoig, memorizando-o  e, apenas mais tarde, em São Vicente, o teria trasladado para o papel.
"O Poema de Anchieta", Benedito Calixto (1910)
Homenagens a Anchieta
- Rodovia Anchieta, que liga São Paulo a Santos. Foi inaugurada na década de 1940.
- Palácio Anchieta, o nome da sede do governo do Estado do Espírito Santo, no centro de Vitória.
- Cidade de Anchieta (ES), o nome atual da antiga Reritiba onde Anchieta viveu seus últimos anos.
- Santuário Nacional de São José de Anchieta, na cidade de Anchieta (ES).
- Passos de Anchieta. A sua disposição em caminhar levava a que percorresse, duas vezes por mês, a trilha litorânea entre a então Reritiba (atual Anchieta) e a ilha de Vitória, com pequenas paradas para pregação e repouso em Guarapari e outras localidades. Modernamente, esse percurso, com cerca de 105 quilômetros, vem sendo percorrido a pé por turistas e peregrinos, à semelhança do Caminho de Santiago, na Espanha.
- Monumento ao Padre José de Anchieta, na cidade de San Cristóbal de La Laguna, em Tenerife. Uma imponente estátua de bronze em sua homenagem, trabalho do artista brasileiro Bruno Giorgi.
- Instituto Padre Anchieta, [1] [2] educandário em Fortaleza, nas décadas de 1940 e 1950, fundado e dirigido pelo Prof. Luiz Carlos da Silva.
Referências
José de Anchieta, Wiki
Por que Anchieta é retratado escrevendo na areia?, Editora Cleofas
O Poema de Anchieta, Enciclopédia Itaú Cultural

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