REMÉDIOS DA VOVÓ

Minha avó Almerinda, que alcançou uma idade provecta, recorria amiúde a alguns remédios para amenizar seus males. Um deles eram as tais "pílulas do mato", que ela me pedia para ir comprar na bodega do "seu" Edmundo, em Otávio Bonfim. Eu não sabia (nunca perguntei) para que sintomas ela tomava esse medicamento. Tempos depois, médico blogueiro, resolvi averiguar e acabei escrevendo uma nota sobre a medicação fitoterápica que o eminente cirurgião Dr. Mattos havia inventado. E o que mais descubro? A panaceia, apesar de proibida pela Anvisa, tem um fã-clube maior do que o Raul Seixas.
Ela também costumava usar um remédio chamado "Gets-it". Uma solução que ela aplicava em suas joanetes, periodicamente. Após pincelado, o transparente líquido fazia com que se desprendesse uma crosta da joanete, dando-lhe alívio por algum tempo. Isto, com mais detalhes, já foi descrito por mim aqui. Pobre vovó! Viver naquele tempo em que a medicina ainda não oferecia, pelo menos em Fortaleza, uma solução eficaz para o seu problema ortopédico.
Havia também o "Lavolho". Um colírio que, por falta de registro, teve a fabricação suspensa pela Anvisa. Não é que vovó fosse uma contumaz burladora das resoluções da Anvisa, a proibição é do ano de 2010 (portaria 1146), quando ela já não mais habitava este Vale de Lágrimas. E a tal solução, à base de cloreto de sódio a 0,9%, lembro-me também de que vinha num frasco junto com um pequeno copo de plástico. Utilizando-se deste acessório, vovó fazia abluções no olho glaucomatoso.
Contudo, minha avó não era só uma praticante da automedicação. Havia também os médicos a que ela recorria como os Drs. Abu-Marrul (de quem recordo as prescrições de sais de ouro para o tratamento da artrite de tia Elza), Ricardo Gouveia, Narcélio (que atendia os funcionários da Siqueira Gurgel) e vários outros, cujas receitas depois de formuladas eram fielmente seguidas por Almerinda.

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