1.
Étienne Bézout (Nemours, 31 de março de 1730 — Avon, 27 de setembro de 1783) foi um matemático francês.
Em 1758 Bézout foi eleito adjunto em mecânica da
Académie des Sciences. Dentre diversos outros trabalhos, escreveu
"Théorie générale des équations algébriques", publicado em Paris, em 1779. Seu livro didático se tornou referência a ponto de os professores da época usarem a expressão "vou dar explicação como o Bézout". A expressão foi transformada, aos poucos, em "vou dar o Bézout". Especialmente em escolas militares, é comum usar-se o termo "bizu", que tem exatamente essa origem.
2.
Quando a Família Real veio para o Brasil, trouxe, em sua comitiva, diversos professores de Coimbra. Esses docentes foram colocados na Real Academia Militar.
As aulas de Matemática eram o terror dos alunos, até descobrirem que os mestres usavam, como base das aulas e provas, um livro de um autor francês chamado Etienne Bezout.
Assim, corria pelos alunos a informação de que ter o livro do Bezout era fundamental para ter sucesso na matéria.
Ter o Bezout era o diferencial e todos queriam o Bezout, que passava de mão em mão.
Essa é a origem do termo "bizu".
3.
Lembro-me do sargento Valdenor. "Bizu" e "bizurar" eram gírias que andavam na boca do saudoso colega. Na boca e... nos gestos. Pois, ao pronunciar essas palavras, ele fazia o gesto de juntar três polpas digitais da mão direita, esperando que o colega viesse de lá com o mesmo gesto. Trocados os "cumprimentos", ele explodia numa sonora gargalhada.
Francisco Valdenor Barbosa, nosso colega de turma na Faculdade de Medicina, a quem também chamávamos de "Sarja", certamente foi o tipo mais popular de nossa turma. Por vezes, soltava umas bravatas, porém estas não incomodavam. Ao contrário, nos divertiam.
A par de suas obrigações de sargento no Colégio Militar de Fortaleza (CMF), ele fez o curso de graduação conosco, tendo-o concluído em 1971.
Em 1972, fez também o Curso de Formação de Oficial Médico (CFOM) da Escola de Saúde do Exército no Rio de Janeiro. Estagiou no Hospital Miguel Couto, no serviço de ortopedia do Dr. Lídio Toledo, médico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e que parecia gostar muito dele.
Dividimos, por alguns meses, um quitinete alugado no Edifício Corumbá, em Copacabana. Gostava de se olhar no espelho interno de um guarda-roupa do quitinete. Com ele, quase sempre de cuecas, túnica verde-oliva 4A e quépi. Nesses momentos, prometia em voz alta o enquadramento de um certo sargento do CMF quando voltasse a Fortaleza (mentira, nunca faria isso).
E terminava a narcísica sessão com uma caprichada continência. Que o espelho simultaneamente respondia.
Ao concluir o CFOM, recebeu a patente de 1.º Tenente Médico e seguiu para Brasília. Nossos contatos se tornaram raros a partir de então.
Por essa foto que eu encontrei na internet, descobri que ele entrou para a Maçonaria.
Legenda:
-
Grão-Mestre Francisco Valdenor Barbosa
-
Grande Loja Maçônica do Distrito Federal
-
20/08/1981 a 20/08/1984
Hoje o bom e velho "Sarja" deve estar trocando bizus no Céu.