(José de Alencar, in: "Iracema")
Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra
Ou queres vento do mar?
(Juvenal Galeno, in: "A Jangada")
Descrição da jangada
Uma base em granito preto correspondendo às tábuas de uma jangada. Numa de suas bordas está escrito com letras brancas: FORTALEZA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (1).
Sobre a base da jangada, assentam-se:
- Um triângulo escaleno de acrílico na cor verde, o qual representa de um modo estilizado a vela de uma jangada. O triângulo ostenta as fotos em preto e branco de 95 dos formandos de medicina (2) do ano de 1971, vestidos de beca e com boina. No vértice mais elevado do triângulo há também uma imagem do bastão de Esculápio, o símbololo da medicina.(3)
- Uma estatueta em bronze, a qual reproduz a célebre cena do médico abraçado a um paciente a protegê-lo da ceifadora de vidas.
- Uma placa de cor grafite, na qual está escrito verticalmente com letras brancas vazadas: MÉDICOS DE 1971.
(1) algumas das palavras estão abreviadas;Confeccionada em 1971 para a nossa colação de grau, a jangada acompanhou a turma de médicos em alguns de nossos encontros nos últimos 50 anos. Mas não esteve presente no encontro de 2021 devido à deterioração então alcançada pelo objeto. Foi nesse encontro, em palestra dedicada aos colegas inesquecíveis, que fiz uma comparação da nossa jangada com o navio de Teseu.
(2) supõe-se que 2 colegas não providenciaram as fotografias a tempo;
(3) uma cobra enrolada a um bastão ou cajado é o símbolo da medicina, que nos remete ao semideus grego Asclépio (Esculápio, entre os romanos). Na Grécia antiga, ele tinha templos em sua homenagem onde os doentes eram levados para serem tratados. E cobras ficavam em torno desses templos por serem consideradas benéficas aos doentes.
Por séculos mantido como um troféu no porto de Atenas, o navio de Teseu fazia uma navegação anual para Creta a fim de reencenar a viagem vitoriosa. Quando o tempo começou a corroer a embarcação, seus componentes foram substituídos um por um - novas pranchas, remos, velas - até que nenhuma peça original permanecesse. A ponto de Plutarco perguntar se ainda era o mesmo navio.
E deste escriba também perguntar: se ainda é a mesma jangada? Com algumas tábuas a menos, por não haver como substituir aquelas que foram perdidas no enfrentamento às vagas impetuosas, ainda é mesma jangada da vela esmeralda que continua a singrar, não as águas do mediterrâneo Egeu, mas os verdes mares bravios da nossa terra natal, etecétera e tal.
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