MEDROSO DE AMOR

Na bela Paris, em algum dia do ano de 1894, o pianista cearense Alberto Nepomuceno (1864 -- 1920) musicou o poema "Medroso de Amor", de seu conterrâneo, o poeta e folclorista Juvenal Galeno (1836 --1931). Na união das competências de dois nacionalistas o resultado não poderia ser outro: a brasilidade da obra.
No poema aparentemente ingênuo, até brejeiro, Juvenal Galeno, realça as virtudes de um tipo genuinamente brasileiro - a moreninha - que habitava o imaginário popular da época com seu poder de seduzir, definitivamente, pelo sorriso meigo e olhar apaixonado. 
Embora fosse músico erudito, Nepomuceno defendia com unhas e dentes a língua portuguesa. Ficou famosa uma frase supostamente a ele atribuída - "Não tem pátria um povo que não canta em sua língua"."Medroso de Amor" se destaca na vasta obra de Nepomuceno por ser uma de suas primeiras incursões no universo popular.
Nesta obra o músico cearense parece ir buscar elementos rítmico-melódicos da modinha, estilo musical romântico bastante popular no Brasil na metade do século XVIII e que teve como grande nome Domingos Caldas Barbosa, um descendente de escravo que fez grande sucesso na corte portuguesa do século 18. A música chegou a merecer análise de Mário de Andrade em "Ensaio Sobre a Música Brasileira".
http://www.drzem.com.br/2013/02/belos-poemas-que-viraram-musicas.html
Em 1968, Nara Leão gravou "Medroso de Amor", apoiada em arranjos de Regis Duprat, uma versão modernizada, sem as impostações líricas da maioria das versões interpretadas por sopranos:

Em 2008, "Medroso de Amor" foi interpretada pela soprano Patrícia Endo com o aconpanhamento do pianista Dante Pignatari:

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