LISBOA (STOPOVER)

27/09, quarta-feira
Chegamos ao aeroporto de Lisboa às 9h50.
Nesta cidade, tendo Natália e Rodrigo que pegar a conexão para Roma dentro de poucas horas, optaram por transformar a espera em momentos de descanso e relaxamento num dos lounges do aeroporto. Enquanto Elba e eu, que esperaríamos por um prazo maior (cerca de onze horas) para o voo que nos levaria a Roma, aproveitamos para um stopover na cidade.
Assim, tomamos um táxi para visitar o Centro Histórico de Lisboa.
- Elevador de Santa Justa
- Praça dos Restauradores
- Praça do Comércio.
Neste último logradouro contratamos um tuk tuk (pequeno veículo adaptado à moda tailandesa para o transporte de turistas) dirigido por um brasileiro de Tocantins, que nos levou por ruas, largos e miradouros (dentre os quais o de Senhora do Monte, que apresenta a vista mais bonita da cidade, além de ser bastante sombreado).
O passeio com guia terminou no Museu do Fado, uma visita que recomendamos.
Atendidos por um garçom nepalês, almoçamos bacalhau num restaurante de Almofala. E retornamos de táxi para o Aeroporto Humberto Delgado ao anoitecer.

ITÁLIA E SUÍÇA

Conhecer importantes cidades da Itália foi um projeto de turismo que não realizamos em 2021. No período de 5 a 13 de dezembro, Natália e Rodrigo, o neto Renan, nossos consogros Henrique e Eveline, e Elba e eu (Paulo), iríamos ao país europeu em voos da Air Europa (ida) e da TAP (volta). Visitaríamos Roma (Vaticano), Veneza e Milão.
Contudo, fomos impedidos pelo vilão da pandemia.
Mas, estamos de volta com o projeto que sofreu alterações. Será posto em prática, entre 26 de setembro e 9 de outubro, por mim e Elba, e até até 12 de outubro, por Natália, Rodrigo e Renan, que passarão 4 dias nos Alpes Suíços e mais 1 dia em Milão. 
(Houve a desistência do casal Henrique e Eveline, pais de Rodrigo.)
Eis as cidades do novo roteiro:
Roma (Vaticano) (4 dias)
Florença (1 dia)
Veneza (3 dias)
-- com excursão a Liubliana, na Eslovênia (por mim e Rodrigo)
Milão (2 dias)
Genebra, na Suíça francófona (2 dias), de onde Elba e eu voltaremos a Fortaleza.
-- com excursão a Annecy, na França.
Alpes Suíços: Zermatt e Interlaken (Natália, Rodrigo e Renan) (4 dias) e Milão (1 dia), de onde os três voltarão para Fortaleza
Os voos internacionais serão pela TAP e as conexões entre as cidades do roteiro serão feitas por trens e ônibus.

NORDESTE DE ANTIGAMENTE: O GALÃO

Ref.: UM IMPROVISO DE LOURIVAL BATISTA

Paulo Gurgel,
Conheço um improviso de outro violeiro que, na hora da "louvação" ao dono da casa, este (ao ver chegar um tenente) disse ao cantador: "Queria ver mais um galão no ombro do tenente..." Que replicou: "Não gosto de adulação!" Aí, o violeiro explicou: "Esse galão é um galão diferente, é um pau com duas latas, uma atrás e a outra na frente."

Francisco Barroso,
Eu tinha uma vaga lembrança de que "galão" também pudesse ter esta acepção no Nordeste. Fui pesquisar e encontrei a seguinte informação no Blog do Cícero Lajes:
"No Nordeste, galão não significa somente galo grande, é também uma forma de transportar água. Trata-se de um pau mais ou menos reto (de preferência de caraúba), de mais ou menos um 1,30 m, com um pedaço de ferro, corrente ou corda em cada extremidade; e a ponta do ferro ou corrente é dobrada para encaixar-se no grampo colocado nos baldes ou latas. Antigamente eram usados os baldes de zinco, depois, as latas de tinta, e mais recentemente os baldes de plástico. Quando o local da água era um olho d'água em lugar remoto, os jumentos transportavam a água em barris. Com a construção das cisternas pelo Governo Federal e o Programa Carro Pipa, os galões foram perdendo a serventia de levar água das cacimbas, barreiros e açudes para as casas. Hoje o galão é usado mais para levar o comer dos porcos, uma vez que os chiqueiros ficam mais afastados das casas devido ao mau cheiro."
Comunidade Salgadinho, Lajes-RN

LANTERNINHAS DE CINEMA

Assim em Fortaleza, assim no Brasil. 
O lanterninha de cinema era um profissional que, utilizando-se de uma lanterna, tinha a função de acompanhar as pessoas que chegavam atrasadas a uma sessão de cinema para lhes mostrar onde havia poltronas vagas. 
Como as luzes do interior do cinema já estavam apagadas para a projeção do filme, os lanterninhas usavam as referidas lanternas. E, devido a esse intermitente apagar e acender de seu instrumento de trabalho, eram também chamados de vaga-lumes.
Quando alguém desejava ir ao banheiro também ofereciam ajuda indicando o caminho. 
Aos casais mais afoitos, dispostos a incensar o altar de Vênus, usavam o facho para baixar o facho dos que se atreviam.
Aos palradores, o rigor do silêncio. Caso contrário, seriam de imediato postos para fora.
E cumpriam também o trabalho de um "juizado de menores". Com os menores de idade que, tendo um pouco antes ludibriado o porteiro, não podiam na sequência lhes fazer "vista grossa".
Hoje, esses acomodadores de cinemas e teatros foram substituídos pela iluminação nos degraus que levam às poltronas. E a disciplina? Bem, fica por conta da consciência dos espectadores.
Uma exceção: 
No Cine Familiar, da minha adolescência em Otávio Bonfim, não havia os lanterninhas. E da moral e dos bons costumes, supervisionava a observância o próprio Frei Teodoro.

Mr. Screen 
A estátua de um recepcionista de cinema do escultor Vincent Browne, que fica do lado de fora do Screen Cinema em Dublin, Irlanda, no cruzamento da Hawkins Street com a Townsend Street
O prestativo acomodador usa como uniforme um elegante casaco com dragonas e um chapéu estiloso, e gesticula com sua laterna para direcionar o público para seus assentos no escuro.
Mas...
Seu olhar malicioso revela seu amor pelas trevas – com todas as suas oportunidades e tudo o que elas escondem.

10/12/2023 - Pessoas com luz própria
- fotógrafos de estúdio;
- trabalhadores de minas;
- observadores de animais noturnos;
- lanterninhas de cinema (em extinção).

UM IMPROVISO DE LOURIVAL BATISTA

Rogaciano Leite - Crônica publicada no Jornal O ESTADO - Fortaleza, 01 de abril de 1945 - Edição nº 2528 - Via Facebook Centenário Rogaciano Leite

Esta facilidade de improvisar de que é dotado Lourival Batista, parece, muitas vezes, incrível. De outra feita, em Campina Grande, Lourival manejava sua viola cercado de intelectuais que foram curiosamente saber se era ou não justa a fama a que fazia jus o repentista. Como é de praxe e tradição nas cantorias dos violeiros, havia no meio da sala um centro onde uma bandeja enfeitada era o receptáculo das notas com que os ouvintes gratificavam os repentistas. No momento em que todos se aproximavam para deixar-lhes a sua remuneração, um 3.º sargento do Exército levou à bandeja 2 cédulas de 10 cruzeiros, gesto franco e despretensioso que Lourival agradeceu incontinenti:

"As notas deste sargento
Eu gostei de recebê-la...
Deus queira que estas três fitas
Transformem-se em três estrelas,
Dos braços passem pros ombros
E eu seja vivo pra vê-las."
E assim, deixo aqui patente que, por estes sertões afora perdem-se, anonimamente, valores que poderiam encher de fulgor as páginas de nossa poesia sertaneja.

FRANCIS VALE (1945 - 2017)

Francis Gomes Vale (foto) foi cineasta, compositor, escritor e produtor cultural.
Paraense de nascimento, mas de família cearense com raízes em Crateús, Francis Vale, desde muito jovem, integrou-se às lutas do movimento estudantil. E, mesmo depois de graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, deu continuidade à sua atuação política, com riscos para a própria vida, liberdade e estabilidade financeira, em seus embates contra o regime ditatorial de 1964.
Conheci-o nas rodas boêmias de Fortaleza. Tempos depois, soube que ele era irmão de Euclea Vale, destacada enfermeira do Hospital de Messejana.
De 1979 a 2016, dirigiu nove filmes, sendo estes em maior parte documentários, além de participar de um filme como ator. Deu entrevistas e depoimentos em quatro vídeos. E escreveu muitos artigos para jornais cearenses.
É também autor do livro "Cinema Cearense – Algumas Histórias", onde narra vivências e lutas em favor da Sétima Arte.
Em 1988, lançou com Alano Freitas o disco "Liberado", uma produção independente com 13 faixas. O título do LP é uma alusão à resistência contra a ditadura militar, com sua censura e sua "liberação", ou não, de canções. Uma destas, "Apaixonadamente" (c/ Stelio Valle), foi depois gravada por Fátima Santos, no CD "No Ceará é assim" (1995) e por Fagner, no CD "Fagner" (1996). Com Neo Pi Neo, compôs "Camelô erótico", que foi gravada pelo parceiro no CD "O Pinto" (2005).
Assim é que virou verbete do Dicionário Cravo Albin da MPB.
Presença constante nos points de Fortaleza (Estoril, Anysio etc.) e nos shows dos artistas da terra, Francis teve ainda o seu período de dono de restaurante. Com o "Tempero da Terra", que ele abriu em uma casa espaçosa no início da Avenida Beira-Mar - "para receber os amigos". Uma iniciativa que, por razões particulares, não deu continuidade.
Em panegírico a respeito dele, Ivan Lima Verde escreveu:
"Na verdade, o Francis valeu e continua valendo pela saudade e pelo legado deixado a todos nós que tivemos o privilégio de com ele conviver até sua partida, tristemente ocorrida em 8 de dezembro de 2017."
Fontes:
https://www.blogdolauriberto.com/2017/12/morre-francis-vale.html (Artigo de Paulo Verlaine)
https://dicionariompb.com.br/artista/francis-vale/
https://www.francisvale.com/ (Acervo de Francis Vale)