HOSPITAL DE MARACANAÚ (E SUA "ESTAÇÃO DE RÁDIO")

O Hospital de Maracanaú foi fundado em 4 de junho de 1952 como Sanatório de Tuberculose, vinculado ao Ministério da Saúde. Em 1982, passou à condição de hospital geral e, na década de 1990, assumiu o nome de Hospital Municipal de Maracanaú. Em 2000, foi municipalizado e, em 2008, em homenagem a um ex-diretor, seu nome passou a ser Hospital Municipal Doutor João Elísio de Holanda. Ele é uma unidade integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), classificado como uma unidade pública de médio porte e nível de complexidade secundária. Entre os anos de 2000 a 2010, os serviços hospitalares foram ampliados para ambulatoriais, também de nível secundário de assistência, com as unidades: Centro Integrado de Reabilitação (CIR), Policlínica de Maracanaú e Centro de Testagem e Aconselhamento Sorológico em DST/AIDS (CETAS). Dessa expansão, veio o nome Complexo Hospitalar e Ambulatorial de Maracanaú Doutor João Elísio de Holanda (foto 1).
Disponível em: http://www.maracanau.ce.gov.br/hospital-municipal-joao-elisio-de-holanda/. Acesso em: fev.2024.
No período de 17 de janeiro a 23 de fevereiro de 1972, fiz uma pós-graduação em Pneumologia (incompleta), no Sanatório de Maracanaú, em convênio com o Serviço Nacional de Tuberculose. Éramos quatro os participantes desta atividade sob regime de residência: Tarcísio Diniz, Geraldo Madeira, Elenita Maria e eu.
Lembro-me de que, todos os dias, uma kombi bem cedo nos levava de Fortaleza a Maracanaú. À tarde, pegávamos o trem na estação que fica em frente ao Sanatório (bendito aquele que um dia teve a ideia de construir o ramal ferroviário para Maracanaú) e voltávamos para a capital. Quanto a mim, descia na estação ferroviária de Otávio Bonfim, que ficava bem perto da minha residência. A tempo de pegar um ônibus que me levasse à Casa de Saúde São Raimundo, onde eu acompanhava o Prof. Paulo Marcelo em suas atividades clínicas. 
Em 27 de fevereiro, após desligar-me do curso, viajei para o Rio de Janeiro-GB com a finalidade de iniciar o meu Curso de Formação de Oficial Médico.
Nos anos seguintes, trabalhei nas seguintes instituições militares: Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro-GB, Hospital de Guarnição de Tabatinga, em Benjamin Constant-AM e Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Certo dia, recebi um convite do Dr. Abelardo Soares, então diretor do Sanatório de Maracanaú, para atuar em sua administração como médico substituto. Fazendo ambulatório e enfermaria, participando como vogal da junta médica e dando plantões de 24 horas no HGF, não tinha tempo disponível. E declinei do convite.
Nas décadas de 1980 e 1990, estive por diversas vezes no Sanatório de Maracanaú para participar de suas reuniões clínicas. Eram realizadas aos sábados e contavam com uma palestra inicial no auditório, seguida de uma agradável confraternização e churrasco em um espaçoso caramanchão. No período de 5 de maio a 2 de junho de 1987, estive outras vezes no Sanatório, a convite do diretor Dr. Luiz Carlos Saraiva, para ministrar o curso "Reorganização da Seção de Arquivo Médico e Estatística" aos funcionários do setor.
Em seu discurso de posse na direção do Sanatório, a minha companheira (de profissão e de poesia), Dra. Lucíola Rabelo, fez esta citação:
O deserto por palmilhar.
Mas o que é o deserto senão a orla de um oásis?
Irei convosco, pois. Seremos dromômanos, manos sob o olhar complacente dos djins de fogo. Suportaremos manos, nós, o peso das mochilas, fardos da temporalidade. E deixaremos profundas, fundas pegadas na vastidão arenosa, que o vento, acumpliciando conosco, por certo não as apagará.
Assim, saberão os pósteros que estivemos aqui, ali / & ontem, hoje / em busca do poema, seus mananciais.
Porque amanhã em Aldebarã, a estrela.
É a última parte do meu poema "Proemial", que entrou de prefácio no Livro "Em busca de poesia", do médico e escritor Dr. Dalgimar Menezes. Quanta honra, Lucíola! (agradeci-lhe naquele festivo dia do discurso). Pois bem, Dra. Lucíola tomou posse, administrou a instituição e, algum tempo depois, transferiu-se para o Distrito Federal. Desde então, não tivemos novos contatos.
A propósito de amizades, foi em Maracanaú que conheci: Drs. Alarico Leite (meu confrade em "Verdeversos"), Abelardo Soares e Ana Margarida, viúva do renomado Prof. José Rosemberg, e até hoje uma grande amiga. Outros, como os Drs. Amauri Teófilo, seu primo Abner Brasil, Ana Maria Dantas, Elizabeth, Tânia Brígido, Memória Júnior e Glauco Lobo (Filho), vim a conhecê-los no Hospital de Messejana, embora fossem também do corpo clínico do Hospital de Maracanaú.
Um fato curioso no Hospital de Maracanaú foi ter surgido por lá a Rádio Gasosa. Uma iniciativa dos próprios pacientes, que participavam de um curso de rádio técnico que existia no Sanatório. Havia uma grande necessidade de comunicação entre eles e, por isso, montaram sua "estação de rádio" (foto 2). Funcionava no terceiro andar do prédio e apresentava as mesmas características das rádios da época: oferecimento de músicas, recados, transmissão de programas educativos em saúde e até mesmo ao organizar shows presenciais com Moacir Franco, Ayla Maria, Irapuan Lima e Luiz Gonzaga. Sobre esse nome, "Gasosa", foi devido a um tratamento muito comum na época, o pneumotórax terapêutico, que consistia em encher o espaço pleural de ar a fim colapsar o pulmão afetado pela tuberculose.
Referências
BARBOSA, Maria Abreu (coord.) et al. Hospital Municipal de Maracanaú: reflexos das políticas nacionais de saúde em meio século de história. Brasília, Ministério da Saúde, 2004. ISBN 85-334-0844-7
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/07/radio-gasosa.html

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