O Jardim Japonês de Fortaleza, ou Praça Jusaku Fujita, homenageia o primeiro japonês que fixou residência em nossa cidade e, por extensão, a colônia local de origem japonesa. Ocupando uma área de cerca de 1.900 m2, na avenida Beira-Mar, a obra foi inaugurado em 2010 pela Prefeita Louisianne Lins. Toda uma simbologia da cultura japonesa está presente na nova praça: nascente d´água, cascata, rochas, luminárias, tótens, quiosque, esculturas etc.
Jusaku Fujita, o principal homenageado, nasceu em 1907 e chegou ao Ceará em 1923. Rebatizado como Francisco Guilherme Fujita, ocupou-se inicialmente de horticultura, comercializando os seus produtos numa banca do Mercado Central. Do casamento de Francisco Guilherme com a cearense Cosma Moreira, apelidada Neném, emergiu localmente o clã Fujita.
O casal teve 14 filhos, dos quais seis chegaram à vida adulta: Luzia (dentista), Edmar (médico, já falecido), Francisco (dentista, já falecido), João Batista (empresário), Nisabro (engenheiro) e Maria José (professora). Hoje, os Fujita somam cerca de 50 integrantes, entre filhos, netos e bisnetos.
Grande parte de sua vida, Francisco Guilherme dedicou-se ao cultivo e à venda das flores de seu "Jardim Japonês", gleba que possuía na rua Juvenal Galeno (atual avenida Bezerra de Menezes), em Otávio Bonfim.
Ele faleceu em 1997, quando completaria 90 anos.
Para finalizar, transcrevo os trechos finais desta opinião/crônica da jornalista Adísia Sá:
"Com a mulher (Jusaku) trabalhou naquilo que é marca de seu povo: a terra e da terra colheu flores e com flores embelezou e perfumou Fortaleza. Naquela casa todos cuidavam do jardim e vendiam o produto de sua labuta.(...) Vá ao Jardim Japonês (no Meireles) e abra os olhos da alma: Juzaku e Nenen estão cuidando das flores..."
Referências
http://dapraianet.blogspot.com/2008_05_27_archive.html
http://www.eujafui.com.br/3399415-fortaleza/24827-jardim-japones/
http://fortalezaemfotos.blogspot.com/2011/04/jardim-japones-jusaku-fujita.html
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=510211
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/06/14/noticiaopiniaojornal,2256198/jardim-japones.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_japon%C3%AAs
Vídeo
Sobre a família Gurgel Carlos, os bairros de Otávio Bonfim e Cocó, em Fortaleza, as cidades de Acarape, Redenção e Senador Pompeu, no Estado do Ceará, a Faculdade de Medicina (UFC), minhas caminhadas e viagens, assuntos culturais e artísticos notadamente locais, memórias e fatos pitorescos.
O BURACO DO REITOR
Carlos José Holanda Gurgel
Acredito que todo aluno da Universidade Federal do Ceará das últimas três décadas conheceu o Buraco do Reitor. Se não frequentou, ao menos de nome e de fama ouviu falar desse boteco. Se o estudante era "enturmado" e gostava de beber uma cachacinha no final das aulas, com certeza conheceu o Buraco do Reitor. É um daqueles lugares que surgem sem que ninguém possa explica como pode um local sem qualquer graça ser tão conhecido e frequentado.Tem tudo para não ser nem ao menos lembrado. Fica numa ruazinha transversal, entre duas grandes avenidas quase no centro da cidade (Av. da Universidade e Av. Carapinima). O prédio da mercearia, ou melhor, da bodega do “Seu Manel” é velho, mal conservado e sem a mínima estrutura para abrigar um bar. Pois o Buraco do Reitor fica numa pequena divisão do imóvel, espremido entre a mercearia do seu Manel e uma residência. São duas portas e um balcão de cimento e uma velha prateleira de madeira quase caindo e com umas poucas garrafas de bebida, a maioria cachaça. Cadeiras apenas umas três, reservadas para os frequentadores mais graduados, no caso os que bebem diariamente e em grande quantidade. No mais, apenas cadeiras improvisadas com caixotes ou os chamados tamboretes. A grande maioria fica mesmo é em pé no balcão ou encostado nas paredes, pois o espaço entre o balcão e as estreitas portas da rua é mínimo. Quem desejar alguma privacidade pode ficar na parte dos fundos, em uma pequena divisão atrás das prateleiras. Mas a maioria não interessa ficar isolada nos fundos pois além de perder a conversa e as piadas o reservado fica numa parte escura, úmida e próximo do mictório improvisado e mal-cheiroso. O bom mesmo é beber ao pé do balcão e ficar circulando entre os biriteiros frequentadores.
A fama do local é mesmo inexplicável e o nome deve-se particularmente à sua proximidade do prédio da Reitoria e do campus universitário da UFC. Era no passado uma das poucas mercearias que vendia pinga e tira-gosto na área e ficava escondido num beco de pouco trânsito de pedestres e de carros. A discrição era seu maior atrativo, já que não ficava bem para a imagem dos futuros doutores serem vistos bebendo cachaça em botequim de esquina. Com a mudança de parte da Universidade para o novo Campus do Pici a maioria da clientela de estudantes sumiu. O acelerado crescimento da cidade e as mudanças culturais contribuíram para reduzir a frequência do local. Seu atual proprietário é o Andrade, uma figura impagável. Baixinho, cara fechada e não gosta de dar um bom-dia e não tem nenhuma delicadeza com os clientes. No que pese a sua falta de trato com os fregueses, é respeitado e reverenciado por todos, em especial pelos clientes mais assíduos e chegados ao copo, os chamados "papudinhos". O que diferencia e o que mais chama atenção no Buraco do Reitor é o elevado nível social e cultural dos seus fiéis frequentadores, considerando tratar-se de uma minúscula bodega cravada num bequinho estreito e sem nenhum atrativo. Até mesmo para estacionar o carro no local é complicado. Bebericando no boteco podem ser encontrados médicos, engenheiros, advogados, professores da UFC, funcionários públicos graduados e até militares de folga. Também é reduto de aposentados, pequenos comerciantes locais e vendedores. Uma clientela eclética e que mistura sem qualquer separação ou discriminação todas as classes sociais e profissionais. Uma única restrição: mulheres não frequentam o Buraco. Um destaque: a grande maioria dos fregueses se conhece e o tratamento, como não poderia deixar de ser, é por apelidos. Alguns hilários, outros bizarros e sem explicação, contudo sem nenhuma ofensa ou sentido pejorativo. Pateta, Jabão (meu primo), Coró, Moi de Chifre, Filé de Borboleta, são alguns dos apelidos dos fregueses mais conhecidos. Qualquer insinuação de preconceito ou de humilhação de algum cliente, em especial dos assíduos e fieis "papudinhos", será prontamente rebatida e o autor convidado a se retirar.
O espaço é totalmente democrático e festivo. Discute-se de tudo, prevalecendo logicamente a política e o futebol. Mas o grande mote são os casos amorosos, as conquistas e particularmente as traições. Nesse ponto é onde surgem as melhores piadas e as maiores discussões. Amores, traições, adultérios e tudo que são fatos e histórias envolvendo o tema estão sempre em evidência e é fonte inesgotável de piadas e gozações. Masculinidade, impotência e desempenho sexual completam a pauta. Todos são envolvidos nas histórias e brincadeiras, porém sempre de maneira cômica e sem ofensas. Às vezes, os presentes elegem um pra "Cristo" e tome piada e gozação em cima do pobre coitado. As discussões se acirram, o tom de voz se eleva, entretanto no final termina tudo em gargalhadas e muita bebida. Um fato pitoresco e que chama muito atenção é a maneira original como o proprietário acompanha as doses de bebida servida. Ao invés da tradicional caderneta ou livro, as doses são anotadas por traços na madeira das prateleiras ou até no balcão
com um pedaço de giz. Somente os clientes vip possuem anotações da conta em pedacinhos de papel que ficam literalmente pendurados em um pegador coberto de ferrugem e na vista de todos. Ter crédito no Buraco do Reitor não é para qualquer um e ficar "na pendura" é motivo de orgulho. O variado tira-gosto, que sempre vem de fora, pois o Buraco não tem cozinha, é uma atração à parte. Não pela qualidade, mas pela maneira como é generosamente compartilhado. Pode ser uma simples laranja ou mesmo um limão cortado em pedaços, algumas siriguelas, um bife trinchado ou um frango à passarinha.
Tudo é colocado em cima do balcão e todos os biriteiros podem se servir diretamente. Com as mãos, com palitinhos e até com garfos, qualquer um pode beliscar o tira-gosto. E o melhor, quase sempre apenas um dos presentes patrocina espontaneamente o tira-gosto.
Outro fato pitoresco do local é o encontro anual dos clientes mais assíduos, os imperdíveis EBAN - Encontro Anual dos Biriteiros do Andrade, promovido pelos fieis frequentadores e que já se encontra na sua trigésima edição. O evento, um grande almoço, é organizado pelos fiéis clientes e é realizado em algum restaurante ou churrascaria da cidade. Participa do encontro quase sempre o mesmo grupo e toda despesa é “rachada” entre os participantes. A reunião é toda fotografada e as fotos dos encontros são reveladas e circulam meses entre os membros dessa original confraria. Um grande pôster com a melhor foto dos participantes é confeccionado e fixado nas velhas paredes do Buraco. Eu estou lá, na foto do XXI EBAN realizado em dezembro de 2001, para a posteridade. Por conta dessa longa tradição, uma das brincadeiras do local é acompanhar pelas fotos os companheiros que já “partiram” e tentar adivinhar quem será o próximo. Pode até parecer macabro ou “de mau gosto”, mas até a morte gloriosa dos “papudinhos” é motivo de piadas e muita gozação. Toda vez que passo nas proximidades me recordo das brincadeiras e de algumas das impagáveis figuras que circulam no local.
Somente quem já tomou umas e outras no Buraco do Reitor consegue entender como um local tão simples e modesto pode atrair tão seleta clientela.
DEÍFILO GURGEL (1926-2012)
Num encontro familiar acabo de saber da morte de Deífilo Gurgel (foto). Através de meu irmão Luciano Gurgel, funcionário do Banco do Brasil, que, recém retornado do Rio Grande do Norte, me repassou a notícia.
Deífilo Gurgel, além de poeta e historiador, era um dos maiores folcloristas brasileiros e, no momento, se preparava para o lançamento de um novo livro, "O Romanceiro Potiguar", agendado para março de 2012. Esta obra era considerada a mais complexa do autor, que dedicou 10 anos de pesquisa, registrando 300 romances potiguares entre 1985 e 1995, além de outros mais recentes, e realizando também mais de 100 entrevistas.
O falecimento, aos 85 anos, deste grande mestre da cultura popular se deu na manhã do dia 6. Não o conheci pessoalmente, mas sei de quão importante ele foi para o estudo e a divulgação dos múltiplos aspectos da cultura nordestina. Segundo o historiador e genealogista Ormuz Simonetti, poucas pessoas foram tão apaixonadas por sua terra e suas tradições quanto Deífilo Gurgel.
Deífilo Gurgel, além de poeta e historiador, era um dos maiores folcloristas brasileiros e, no momento, se preparava para o lançamento de um novo livro, "O Romanceiro Potiguar", agendado para março de 2012. Esta obra era considerada a mais complexa do autor, que dedicou 10 anos de pesquisa, registrando 300 romances potiguares entre 1985 e 1995, além de outros mais recentes, e realizando também mais de 100 entrevistas.
O falecimento, aos 85 anos, deste grande mestre da cultura popular se deu na manhã do dia 6. Não o conheci pessoalmente, mas sei de quão importante ele foi para o estudo e a divulgação dos múltiplos aspectos da cultura nordestina. Segundo o historiador e genealogista Ormuz Simonetti, poucas pessoas foram tão apaixonadas por sua terra e suas tradições quanto Deífilo Gurgel.
EPITÁFIO
Este foi um homem feliz.
Trabalhou em silêncio,
sua ração cotidiana,
de humildes aleg(o)rias.
Nunca o seduziu a glória dos humanos
nem a eternidade dos deuses.
Fez o que tinha de fazer:
repartiu o seu pão entre os humildes,
defendeu como pôde os ofendidos,
semeou esperança entre os justos
e partiu, como tinha de partir:
feliz com sua vida e sua morte.
(Deífilo Gurgel – 27/09/1994)
CONCLUDENTES DE MEDICINA DA UFC EM 1971. ANIVERSÁRIOS
Revirando os alfarrábios dos tempos universitários, encontrei esta preciosidade. Façam bom uso dela.
Auxiliadora Barroso
Janeiro
José Luiz ► 5 / Clovis ► 6 / Célia, Queiroz ► 15 / Daniel ►28 / Getúlio ► 30Fevereiro
Sonia ► 1 / Vilani ► 3 / Miguel ► 4 / Artur Pereira ► 15 / Tarcísio ► 20 / Nilo ► 24Março
Otoni ► 5 / Colares ► 7 / Lúcia ► 12 / Lery ► 13 / Batista, Haroldo ► 15 / Cecília ► 19 / Tocantins ► 23 / Imeuda, Luciano ► 28 / Jorge ► 29Abril
José Wilson ► 17 / Afrânio ► 20 / Misici ► 21 / Adriana, Hugo ► 25 / César ► 28Maio
Regina Alice ► 3 / Maria Regina ► 4 / Núbia, Luna ► 6 / Noelma ► 8 / Sheila ► 9 / Aline, Eleonora ► 10 / Fátima ► 19 / Casanovas ► 26 / Paulo Cid ► 28Junho
Paulo Gurgel ► 6 / José Pereira ► 9 / Timbó ► 17 / Portela ► 20 / Otaviano ► 25 / Leni ► 29Julho
Rocélio ► 4 / Vileimar ► 6 / Arnaldo ► 11 / Diana ► 16 / Hildebrando ►21 / Lages ► 25 / Maureen ► 28 / Carlos Alberto ► 31Agosto
Marialice ► 4 / Elenita ► 6 / Maria José ► 8 / Roberto Marques ► 11 / Silvio ► 13 / Anamaria ► 17 / Artur Wagner, Álvaro, Joaquim ► 20 / Ercílio, Fred ► 22Setembro
Margarete ► 11 / Ary ► 23Outubro
Edson ► 1 / Auxiliadora ► 2 / Nelson ► 4 / Zélia ► 10 / Sisvilan ► 25 / Socorro Madeiro ► 29Novembro
Mario ► 7 / José Leite ► 17 / Socorro Barbosa ► 19 / Emanuel ► 20 / Roberto Bruno ► 29Dezembro
Vera ► 2 / Meireles ► 9 / Jucionou ► 10 / Maria Tereza ► 11 / Ozildo ► 12 / Nilce ►28 / Lustosa, Maura ► 30
O PAI DO VENTO
Deslizador - era assim chamado o pequeno barco com motor de popa, usado à larga pela população do Alto Solimões. Havia também o batelão, mas este era um barco bem maior e equipado com um motor de centro.
Os deslizadores, em comparação com os batelões, eram bem mais velozes. Por isso, havia quem os chamasse de voadeiras, o que representava um certo exagero.
Pois bem, com qualquer nome que fosse designado, o pequeno barco sempre proporcionava um passeio bastante agradável. Numa viagem entre o distrito de Tabatinga e a sede do município, Benjamim Constant, o passageiro do deslizador podia apreciar as cenas da floresta, com os borrifos da água do rio Solimões a lhe refrescar o rosto... E até desejando não chegar logo ao local de destino, o que acontecia com cerca de meia hora de viagem.
Presume-se que esse tipo de desfrute não tenha acontecido ao Coronel Paxiúba. Homem bilioso, arrogante e sempre de mal com a vida, o militar estava chegando ao Hospital de Guarnição de Tabatinga para uma visita de inspeção.
Trazido por “Seu” Chico, cuja principal característica era chegar mudo e sair calado, o funcionário que era encarregado de pilotar os deslizadores do hospital.
Uma cena para não esquecer jamais. O coronel, assim que a embarcação encostou na margem fluvial, no que ele procurou pisar em terra firme... um dos pés mergulhou nas águas barrentas do rio. E sendo esse incidente justamente o fermento que faltava para fazer crescer o mau-humor do coronel.
Na ribanceira, onde nos encontrávamos para recebê-lo, passamos todos a temer pelo pior. Antes de chegar o coronel, que também era médico, já ali sabíamos de sua reputação de ser um chato de coturnos. Paxiúba era alguém cujo único prazer consistia em atazanar o próximo. Com a hierarquia em seu favor, imagine os dissabores por que passaríamos no hospital militar, logo mais.
Correspondendo à fama, a fera esquadrinhou cada canto do hospital em busca de sujeira, testou cada peça do centro cirúrgico a ver se funcionava, abriu e fechou torneiras, clicou interruptores, analisou portas e paredes. Sempre aos resmungos, e sem dizer em que ele poderia nos ajudar em sua esfera de competência.
Como não há mal que sempre dure, o coronel deu por encerrada a inspeção e foi embora.
Soubemos depois, em Manaus, algo mais a respeito do Coronel Paxiúba. A história de que, tempos atrás, ele andara espalhando, no Comando Militar, a informação de que a esposa estava grávida. Tudo falso, porém. E, por não passar de um caso de flatulência, esseflato fato apenas lhe rendera o apelido de Pai do Vento.
Por conta desse desfecho, é que ríamos muito no Hospital de Guarnição de Tabatinga a cada vez que o nome do mau-humorado coronel era lembrado.
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ALTO SOLIMÕES, QUARTO DE EMPREGADA E PIUM E CARAPANÃ.
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Pois bem, com qualquer nome que fosse designado, o pequeno barco sempre proporcionava um passeio bastante agradável. Numa viagem entre o distrito de Tabatinga e a sede do município, Benjamim Constant, o passageiro do deslizador podia apreciar as cenas da floresta, com os borrifos da água do rio Solimões a lhe refrescar o rosto... E até desejando não chegar logo ao local de destino, o que acontecia com cerca de meia hora de viagem.
Presume-se que esse tipo de desfrute não tenha acontecido ao Coronel Paxiúba. Homem bilioso, arrogante e sempre de mal com a vida, o militar estava chegando ao Hospital de Guarnição de Tabatinga para uma visita de inspeção.
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Uma cena para não esquecer jamais. O coronel, assim que a embarcação encostou na margem fluvial, no que ele procurou pisar em terra firme... um dos pés mergulhou nas águas barrentas do rio. E sendo esse incidente justamente o fermento que faltava para fazer crescer o mau-humor do coronel.
Na ribanceira, onde nos encontrávamos para recebê-lo, passamos todos a temer pelo pior. Antes de chegar o coronel, que também era médico, já ali sabíamos de sua reputação de ser um chato de coturnos. Paxiúba era alguém cujo único prazer consistia em atazanar o próximo. Com a hierarquia em seu favor, imagine os dissabores por que passaríamos no hospital militar, logo mais.
Correspondendo à fama, a fera esquadrinhou cada canto do hospital em busca de sujeira, testou cada peça do centro cirúrgico a ver se funcionava, abriu e fechou torneiras, clicou interruptores, analisou portas e paredes. Sempre aos resmungos, e sem dizer em que ele poderia nos ajudar em sua esfera de competência.
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