Em minha casa (que eu reconstruía, lembram-se?) no Cambeba, tive que solucionar diversos problemas. Um deles era a pouca iluminação natural que havia na sala principal. Dependia quase que exclusivamente da luz solar que entrava no recinto por uma abertura que existia no teto. A finalidade dessa abertura era permitir o acesso à laje da casa, o que se conseguia fazer após subir por uma escada de ferro em espiral.
Cogitei em fazer uma segunda abertura, na parede do fundo da sala, com a finalidade de corrigir a má iluminação. Só que, por haver um banheiro do outro lado da parede, o plano não pôde ser executado. Optei, então, por criar essa nova abertura no próprio teto, onde coloquei uma espécie de pergolado. A seguir, mandei revestir a tal parede (que eu não podia demolir) com seixos rolados de cor marrom. E com grama e mudas que plantei no chão a casa ganhou o seu jardim-de-inverno.
Vieram as chuvas. Só a primeira delas já danificou completamente a pintura das paredes laterais desse jardim interior. Poupou os seixos rolados (milhões de anos no fundo dos rios deram-lhes tarimba para enfrentar as águas). E o jeito foi chamar o pintor para novamente pintar as paredes. Serviço concluído, uma nova chuvarada fez o jardim-de-inverno retornar ao status quo ante, quer dizer, à situação de pintura estragada.
O pintor admitiu que a causa do problema era a massa corrida. Aplicada nas paredes, para deixá-las bem lisas antes de pintá-las, essa massa, como disse o pintor, "não podia ver água". Sabendo disso, autorizei-o a não usá-la mais. Apenas lixasse as paredes e aplicasse, em seguida, duas ou mais camadas de tinta sobre elas.
Não ficou o mais apurado dos serviços, mas o problema foi resolvido. E olhe que São José do Equinócio mandou fortes chuvas em 1988 e 89, a ponto de, num destes anos, a estação chuvosa ir ao encontro das chuvas do caju.
O que continuava sem solução era outro tipo de problema. Representado pela água das chuvas que se infiltrava na laje e ia pingar no interior do casa através dos pontos de luz - um tormento! Nem pensar em impermeabilizar a placa eu podia, pois o mestre de obras estava a construir sobre ela a Sé de Braga. Enquanto ele não a concluía, eu só podia assuntar o céu, rezar para que não chovesse e, com a leitura de um livro de auto-ajuda, tentar aloprar o menos possível.
Foi essa incômoda realidade que me inspirou a escrever, com a pena da galhofa, a "Goteira d'água". Uma paródia da canção "Gota d'água", do Chico Buarque.
Ora, que o Chico não vá achar isso ruim, porque aí eu mudo a música da "Goteira d'água" (a letra já é mesmo minha), e ele não vai ter mais nenhuma razão para se queixar.
Sobre a família Gurgel Carlos, os bairros de Otávio Bonfim e Cocó, em Fortaleza, as cidades de Acarape, Redenção e Senador Pompeu, no Estado do Ceará, a Faculdade de Medicina (UFC), minhas caminhadas e viagens, assuntos culturais e artísticos notadamente locais, memórias e fatos pitorescos.
A ARTE DAS GARRAFAS DE AREIAS COLORIDAS
Em seu blog História e Genealogia, Ormuz Simonetti, que preside o Instituto Norte-Riograndense de Genealogia, publicou, em 09/04/11, A ARTE DA CICLOGRAVURA, um interessante artigo sobre o artesanato das garrafas de areias coloridas.
O artigo, por sua riqueza de informações, passa a ser uma referência indispensável a quem queira se aprofundar no assunto.
Destaco os seus tópicos mais importantes:
- Esta forma de arte é bastante difundida no Nordeste brasileiro, principalmente no Rio Grande do Norte e Ceará, berço de seu criador, onde diversos artesãos ganham seu sustento com a produção e venda dessas peças.
- A confecção de gravuras em garrafas utilizando areias coloridas é também denominada de ciclogravura e surgiu, na década de 1950, na praia de Majorlândia, no Ceará, onde existia uma senhora de nome Joana Carneiro, que enchia garrafas com areias de diversas cores colhidas nos morros da região. E, ao enchê-las, dispunha as cores em formas circulares, com espaços em torno de dois centímetros para cada porção de areia colocada.
- Certa vez, ela enchia um litro com as tais areias quando, momentos antes de concluir o trabalho, o litro virou. Como o recipiente ainda não estava completamente cheio, as areias se projetaram para o lado e, acidentalmente, formou-se um desenho que, aos olhos de um filho presente na ocasião, pareceu uma paisagem.
- O filho dessa senhora se chamava Antônio Eduardo Carneiro que, tempos depois, ficaria conhecido como “Toinho da Areia Colorida” por sua habilidade em "desenhar com areias". Foi o responsável pela criação das primeiras paisagens em garrafas utilizando areias coloridas.
- Apesar da denominação de "garrafas de areias coloridas", outros recipientes também são utilizados na sua confecção como: cálices, tulipas, bojos e vários outros tipos e formas de invólucros, desde que de vidro transparente e sem cor, para que as cores das areias sejam apreciadas com toda fidelidade.
- A grande maioria das areias que são utilizadas nesse trabalho tem sua coloração feita pela natureza. Somente a cor verde e azul é produzida a partir da areia de cor branca, com adição de corantes. Os tons mais claros ou escuros são obtidos a partir da mistura das cores já existentes.
- O preço das peças varia de acordo com o tamanho do recipiente, e também com a complexidade do desenho. Quanto mais elaborado, maior o seu preço. As peças menores custam em torno de R$ 10,00 por unidade. Quanto às maiores, podem chegar a custar até R$ 1.000,00, ou mais.
AGONIA DO CIRCO
Opinião do jornalista Eduardo Fontes ao constatar a falta de espaços públicos, em nossa cidade (sufocada pelo crescimento imobiliário), para a instalação de circos, parques de diversões ou outras atividades congêneres:
"A Fortaleza passada reservava espaços para a instalação de grandes circos, como o Merino, Garcia, Orlando Orfeu e outros. No final da Avenida Duque de Caxias, no Otávio Bonfim, existia amplo espaço para a instalação de grandes circos, os quais atraiam grande afluência de público, diferentemente de hoje, quando rareiam os espaços e, consequentemente, os espetáculos circenses."
Agonia do circo. In: Diário do Nordeste, 07/04/2011
HOMENAGEADOS DO DIA DA IMPRENSA NO CEARÁ
Márcia Gurgel |
A homenagem conjunta da Câmara Municipal de Fortaleza e da Assembléia Legislativa aconteceu no plenário da Câmara. A indicação dos nomes foi do Sindicato dos Jornalitas Profissionais do Ceará.
No final, Márcia agradeceu em nome dos cinco homenageados e foi servido um coquetel.
Homenageados (da esquerda para a direita): Frederico Fontenele, Márcia Gurgel, Emília Augusta, Gumercindo Gomes e Paulo Verlaine. |
CONTANDO CAUSOS: DE MÉDICOS E MESTRES
É o título do 59º livro do médico e professor Marcelo Gurgel Carlos da Silva. A obra foi lançada na Unicred Fortaleza, em 01/04/11, com a renda revertida para as ações culturais da Academia Cearense de Medicina, da qual ele é um dos membros.
Uma das muitas histórias contadas nesse livro é a que se encontra abaixo transcrita.
PGCS
CONDUTA CTA
O Professor Geraldo Gonçalves, regente da disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina, era também o responsável pelo Ambulatório dessa especialidade, no Hospital das Clínicas da UFC.
Suas aulas práticas eram muito concorridas, mercê da sua competência e bem-querência, associada ao trato humanitário que dava aos sofridos pacientes que ali chegavam.
Em 1969, Paulo Gurgel, aluno do quarto ano, estreava nesse ambulatório, um serviço caracterizado pela agilidade no atendimento e pelo aprendizado propiciado a vários acadêmicos, simultaneamente, sob a direta orientação do Prof. Geraldo.
Certa vez, depois que o acadêmico Paulo fez a anamnese, o paciente foi examinado pelo professor, sob os olhares atentos dos seus alunos. Concluso o exame físico, o docente indaga ao estudante Paulo:
- Enfim, qual é a sua impressão diagnóstica?
- Penso que, de acordo com a história clínica e também com os achados do exame físico, esse senhor tem artrite reumatóide - respondeu Paulo.
- Parabéns! O seu diagnóstico está correto. Mas qual será a sua conduta nesse caso, meu rapaz?
- Acho que devo prescrever antiinflamatórios e corticóides - explica o estudante.
- Você está no rumo certo; porém, o mais apropriado é a "Conduta CTA" - estimula o professor.
- "Conduta CTA"? Desconheço tal conduta, mestre. É algo novo que ainda não está em nosso livro-texto?
- Isso não é teórico, meu filho; mas, uma questão prática, bem adequada à nossa realidade.
Nisso, o Prof. Geraldo Gonçalves levanta-se e vai até o armário para retirar algumas amostras para entregar ao paciente, e pontifica com toda a sua espirituosidade:
- "Conduta CTA" significa "Conforme Tenha no Armário".
Para bem guardar na lembrança, o querido mestre juntava as amostras grátis, recebidas dos propagandistas de remédios, que, com regularidade, o visitavam em sua clínica particular, para suprir o seu precioso armário do Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas, os quais eram dispensados aos enfermos despossuídos. Não era ele um Robin Hood, tirando dos ricos para dar os pobres, mas, movidos por seus caros princípios da caridade cristã, guardava para distribuir com quem nada tinha, o que vinha às suas mãos, de graça e sem nenhum favor.
Marcelo Gurgel
MARÇO DE 2011
- O aniversário natalício de Marcelo Gurgel (dia 13) foi comemorado pela família no restaurante Primo Piato.
- De 18 a 20, Marcelo esteve em Quixadá participando da VI Jornada Interiorana da Sobrames - CE, na qual apresentou três trabalhos. O local do evento foi o Hotel Belas Artes.
- Às 20 horas do dia 25, aconteceu nos jardins da Reitoria da UFC o lançamento do livro “HAROLDO JUAÇABA E SEUS ESCRITOS”. Esta obra, que reúne cinquenta textos não-científicos escritos pelo notável cirurgião, no período de 1948 a 2001, foi editada por Marcelo Gurgel.
- Fortaleza esteve no roteiro da viagem de férias do casal Nelson Cunha e Conchita. Ele, que é médico oftalmologista em João Monlevade - MG, é um dos colaboradores do blog EntreMentes.
- Aniversariantes de ABRIL: (2) Marcela, filha de Sérgio e Solange, (17) Matheus, neto de Paulo e Elba, (18) Mirna e (21) Raíssa, esposa de Érico.
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