45 ANOS DO HOSPITAL SÃO JOSÉ

O Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), da rede pública do Governo do Estado do Ceará, no próximo dia 31 de março completará seus 45 anos de existência.
Desde a sua inauguração, em 1970, o hospital tem sido o protagonista da luta contra as principais doenças infecciosas endêmicas e epidêmicas do Estado, como tétano, raiva humana, difteria, coqueluche, febre tifóide, meningite, dengue, tuberculose e hepatites virais. Na década de1980, quando surgiram os primeiros casos da AIDS no Ceará, o HSJ passou também a se destacar no atendimento aos portadores de HIV/AIDS.
Atualmente, o Hospital São José conta com 120 leitos, cinco unidades de internamento, entre elas uma exclusivamente pediátrica, e, através do ambulatório da instituição, acompanha mais de cinco mil pacientes externos por mês com atendimento, distribuição de medicamentos e realização de exames. Além de ser referência estadual no tratamento de doenças infecciosas, o HSJ também é destaque como unidade de ensino e pesquisa, formando médicos infectologistas para o País.
E os avanços prosseguem "deixando este hospital de 45 anos com um perfil de vanguarda", como afirma o seu atual diretor, Dr. Roberto da Justa Pires Neto. Ainda no primeiro semestre de 2015 será inaugurado no HSJ o setor de tomografia. Também estão previstas, para este ano, a reforma e a ampliação do serviço de emergência e o início da construção do novo ambulatório. E o número de leitos do hospital também será ampliado dos atuais 120 para 180 leitos
Programação
26 de março
8h – Alvorada no pátio do Hospital São José, na Rua Nestor Barbosa, 315, Parquelândia
10h – Inauguração da galeria de ex-diretores com a presença dos ex-gestores da unidade.
12h às 17 h – Feira de Artes dos funcionários do Hospital São José
27 de março
15h – Sessão solene na Assembleia Legislativa do Ceará, na Avenida Desembargador Moreira, 2807, Dionísio Torres
30 de março
9h – Sessão solene na Câmara Municipal de Fortaleza, na Rua Thompson Bulcão, 830, Patriolino Ribeiro
31 de março – Data oficial dos 45 anos do Hospital São José de Doenças Infecciosas
19h30 – Solenidade e confraternização com funcionários, autoridades do Governo do Estado, parceiros do HSJ.
Local – Auditório Castelo Branco (Reitoria UFC), na Avenida da Universidade, 2853, Benfica
Apresentação da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho e show com a cantora Lorena Nunes.
Assessoria de Comunicação do Hospital São José
Franciane Amaral, (85) 3101.2371 e 8770.3090
Clique aqui para ler uma entrevista que dei sobre os primórdios do Hospital São José. Essa entrevista, conduzida pelo meu irmão Marcelo Gurgel, foi originalmente publicada no livro "PORTAL DE MEMÓRIAS - Paulo Gurgel, um médico de letras".

EMENDA com POEMA

No dia 25 de março (hoje) comemora-se o fim da escravidão no Ceará.
A Emenda Constitucional nº. 73, que transformou o dia em Data Magna do Estado, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Ceará, em 1º. de dezembro de 2011, sendo publicada no Diário Oficial do Estado em 6 de dezembro de 2011.
QUEM É DE COR?
(escrito por uma criança angolana)
Quando nasci, era preto.
Quando cresci, era preto.
Quando pego sol, fico preto.
Quando sinto frio, continuo preto.
Quando estou assustado, também fico preto.
Quando estou doente, preto.
E, quando eu morrer continuarei preto!
E tu, cara branco.
Quando nasce, é rosa.
Quando cresce, é branco.
Quando pega sol, fica vermelho.
Quando sente frio, fica roxo.
Quando se assusta, fica amarelo.
Quando está doente, fica verde.
Quando morrer, ficará cinzento.
E vem me chamar de homem de cor?
Sudeste e Sul, mais conservadores
O Nordeste foi a região que mais apoiou a abolição. O Sudeste, a que mais lutou contra. Entre 1879 e 1881, dos 11 deputados que mais defendiam reformas contra o escravismo, dez eram do Norte e do Nordeste. Apenas um era de Minas. José do Patrocínio sintetizou: "O norte, muito mais benévolo para o escravo, desfez-se da hedionda mercadoria quanto pôde (…) O sul, ambicioso, obstinado, aristocrático, bárbaro e cruel para o escravo, embriagado pelo jogo do café, foi comprando a fatal mercadoria a todo custo". Criou-se um fundo para a emancipação. Conseguia-se arbitrar preços exorbitantes para velhos escravos e, com os ganhos, comprar escravos jovens.
Juremir Machado da Silva, Correio do Povo
Dos arquivos de Linha do Tempo
REDENÇÃO (inclui o soneto homônimo de Luiz Carlos da Silva), A SENZALA DO NEGRO LIBERTO e A DATA MAGNA DO CEARÁ

FREI LAURO, O LUZEIRO JUVENIL

Diogo Fontenelle
(para o poeta Paulo Gurgel Carlos da Silva)
Era uma vez... um frade franciscano alemão
Do sonhar florido, do olhar tão enternecido,
Do coração-menino ao sol de sempre-verão
A soprar esperanças pelo viver mais sofrido
Da juventude privada de gentileza e cortesia.
Frei Lauro tangia a ruidosa bandinha juvenil,
Os campeonatos de futebol, a tão doce folia!
Frei Lauro cultivou as sementes de azul-abril
Pelo cinza horizonte daqueles sem cidadania!
Frei Lauro, era o mais risonho companheiro
Dos jovens a empinar sonhares azul-melodia
Nos telhados do Otávio Bonfim tão festeiro,
Pelos azuis do céu feito madrigal de Poesia!
N. do E.
Nos anos 60/70, Frei Lauro Schwarte teve uma marcante passagem na Paróquia de N. Sra. das Dores, no Bairro de Otávio Bonfim, por seu carisma pessoal e forte espírito de liderança. Em tributo à memória dele, Marcelo Gurgel e Elsie Studart organizaram, em 2004, o livro "Frei Lauro Schwarte e os anos iluminados do Otávio Bonfim".


PEQUENO CADERNO DE PAISAGENS

É o título do último livro do poeta Manoel César (foto). Publicado em 2014, pela Premius Editora, "Pequeno Caderno de Paisagens – Antologia Pessoal", reúne as viagens nas janelas da poesia "desse menino triste do Otávio Bonfim", admirador declarado de Manuel Bandeira, Mário Quintana, Carlos Drummond e Artur Eduardo Benevides.
Sobre o autor e suas obras
Manoel César Ferreira e Silva nasceu em Fortaleza-Ce, em 4 de maio de 1948. É Procurador Federal do INSS, aposentado. Escreveu os livros: "A Poesia Ainda Existe" (1983), "Sintagmas da Solidão" (1985), "Mágicas Palavras" (1988), "Detalhes do Tempo" (2010), que constitui sua obra reunida para a nova geração que não teve acesso aos seus três primeiros livros, "Juazeiro, Magia e Poesia" (2011), com Nilze Costa e Silva, "Micropoemas, Metapoemas e Etc" (2012) e "Pequeno Caderno de Paisagens" (2014). Participou das seguintes antologias: "O Talento Cearense em Poesia" (1996), pela Editora Maltese, de São Paulo, "Poetas Pela Paz e Justiça Social", lançada em 2007 na Feira do Livro de Porto Alegre, "Policromias", nº 4 e nº 5 . Foi também um dos fundadores do grupo "Poemas Violados", em 2001. Atualmente, faz parte da "Associação de Servidores Aposentados da Previdência Social e Saúde" (ASPAC) e integra o coral "Previdência em Canto".
Sobre o seu fazer literário
Na apresentação de seu "Pequeno Caderno de Paisagens", a escritora Nilze Costa e Silva assim se expressou:
"As recém-nascidas poesias logo vão para o papel da forma mais simples: ele as escreve a caneta em uma agenda diária. Lá, vai deixando seus versos, como sementes ao vento, que depois recolhe e as deposita num livro. Neste Pequeno Caderno de Paisagens, logo alerta: "Faço poemas por não saber pintar paisagens".

QUIMOEIROS

Crédito da imagem:
laprovitera.blogspot.com.br
Antigamente, quando Fortaleza não possuía esgotos, era comum em muitas residências, recolher os resíduos fecais em barris de madeira, conhecidos por quimoas (foto), para depois despejá-los no mar.
A tarefa era feita pelos quimoeiros, que levavam na cabeça a fétida carga e era certo que, ao transitarem com ela, todos fugiam deles. E o serviço só era suportado pelo carregador porque ele ia parando nas bodegas para tomar alguns tragos.
Acidentes, por vezes, aconteciam durante o carreto. Itamar Espíndola relata dois desses desastres:
Um dos quimoeiros mais conhecidos era "Pisa-macio". Um dia, foi infeliz com o carreto. Quando passava pelo prédio da Santa Casa de Misericórdia, a tampa do fundo da quimoa, estando muito velha, deslocou-se do lugar. A cabeça de "Pisa-macio" e o pescoço ficaram cobertos pela barrica. Foi aquele desastre. Uma freira assistiu ao evento. levou o quimoeiro para dentro do hospital e mandou dar-lhe banho. Mas, três dias depois, a vítima faleceu.
Outro fato desagradável, neste mesmo campo, ocorreu com o jornalista Vicente Roque, pai do Rui Simões. Vicente foi visitar um casal amigo. Na ocasião, um quimoeiro ia saindo da casa visitada. De repente, escorregou. Lá se foi o material anti-higiênico pelo chão, atingindo a roupa do jornalista. Foi aquele corre-corre, tendo o visitante necessitado de banhar-se na casa alheia.
De onde quer que viessem, passavam defronte à Santa Casa, desciam o calçamento do velho gasômetro, rumo à praia, onde a fedorenta carga era jogada ao mar. Depois de lavado o barril, o quimoeiro voltava pela antiga Rua Formosa, atual Rua Barão do Rio Branco.
Projetado por João Felipe, em 1911, o primeiro sistema de esgoto de Fortaleza começou a funcionar a partir de 1927 e cobria apenas o pequeno centro da cidade.
Leitura recomendada
Fortaleza Descalça (1980), Otacílio de Azevedo
AS ARTIMANHAS DO CORPO; O COTIDIANO DOS TRABALHADORES DAS RUAS DA CIDADE DE FORTALEZA (1880–1910), por Daniel Camurça Correia. Revista Ágora
Vinhetas, coluna de Itamar Espíndola. Caderno "Fame", Jornal "O Povo" (sem data identificada)
Origem de uma expressão: sem dizer água vai
Esta locução é antiga e sua explicação é conhecida. Ela provém dos tempos em que não havia esgotos nas cidades. Os moradores lançavam normalmente a água usada pelas janelas, usando sempre o indispensável grito de alerta aos transeuntes:
Água vai!...
É compreensível a intolerância que se tinha às pessoas que costumavam lançar seus dejetos à rua sem o costumeiro grito. Com a implantação do sistema de esgotos nas cidades, o velho costume desapareceu, a expressão ainda guardou o seu significado por algum tempo até finalmente cair em desuso.