ESTORIL RESTAURANTE

Construída pelo pernambucano José Magalhães Porto e sua esposa, Francisca Frota Porto, apelidada "Morena", às vésperas dos anos 20, na Praia do Peixe, a Vila Morena serviu de residência durante muitos anos, conservando em redor lindo jardim onde também eram criadas algumas aves. Localiza-se na Rua dos Tabajaras nº 406, na Praia de Iracema.
Veio a Segunda Guerra Mundial e com ela os estrangeiros que aqui aportaram, principalmente os soldados americanos que tinham base no Pará, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte e alugaram a Vila Morena para ser o United States Office - USO, em 1943, quando a Praia do Peixe já era Praia de Iracema, nome dado pela cronista Adília de Albuquerque, esposa do jornalista Tancredo Moraes.
Após a Guerra, dois portugueses alugaram a casa e colocaram um restaurante com especialidade em pratos portugueses. Em 1952, Zé Pequeno assumiu a direção da casa que passou a receber a boêmia de Fortaleza composta principalmente por intelectuais. Surgia assim o "Estoril".
Apesar de várias crônicas alertaram à municipalidade do perigo que corria a casa que aos poucos se deteriorava, nada foi feito pela Prefeitura que simplesmente deixou que ele ruísse em 1992, para depois reconstruí-la em concreto armado, quando a casa original era de taipa.
A casa era de taipa - paredes armadas de madeira (varas) com barro e pedaços de tijolos e pedras - tinha portas e janelas com vidros importados, duas escadas "caracol", "frades de pedra" na frente, calçadas em pedra cristal em preto e branco tendo no centro as iniciais JMP que também eram usadas nos portais, vitrais coloridos com a inscrição "Vila Morena" no alto da torre.
A primeira foto é do tempo do United States Office - USO e a segunda é do primeiro Estoril.
A partir da administração do prefeito Antônio Cambraia, em 1994, a casa foi reconstruída e passou a ser administrada pela municipalidade, sendo hoje, além do Estoril Restaurante, a Vila Morena, um local de encontros culturais, com exposições de fotografias, pinturas, esculturas, lançamento de livros etc. Grande pé de castanhola à sua frente, cobre parcialmente sua fachada na foto atual colhida por Osmar Onofre.
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Estoril, nas décadas de 1970/80
Habituées: Airton Monte, Rodger Rogério, Chico Pio, Diassis Martins, Francis Vale, Claudio Castro, Antonio Girão, Bisão, Alano Freitas, Rogaciano Leite Filho, Carlos Augusto Viana, Lucíola Rabelo, Márcio Catunda, Maurício (da Física), Luciano Maia, Diogo Fontenelle, Mário Mamede, Hélio Rola, Rosemberg Cariry e outros, muitos outros.
Garçons: Sitônio (irmão do Zé Pequeno), Alemão e Baleia, recordo-me destes três.
Luisinho fotografava. Juarez Leitão escreveria um livro sobre o Estoril.
Neste local,  conheci Carlos Vaz, O CARIMBADOR POETA. Que as musas o tenham!

PARCEIROS CEARENSES DE LUIZ GONZAGA

Nascido em Exu, município pernambucano limítrofe com Crato, Luiz Gonzaga guardava muitas recordações das coisas do Ceará. Nos tempos de menino, acompanhava o pai Januário na famosa feira de Crato, onde Januário fazia pequenos negócios. Na adolescência, fugindo de casa, pegou um trem, rumo à Fortaleza, na antiga estação ferroviária do Crato. Entre 1930 e 1931, morou em Fortaleza, servindo o exército (era o corneteiro do quartel) no 23.º Batalhão de Caçadores.
São frequentes as citações de pessoas ("padim" Padre Cícero, Padre Vieira) e lugares (Crato, Juazeiro, Canindé, Várzea Alegre) do Ceará em suas canções. E vários de seus parceiros são cearenses.
Humberto Teixeira, cearense de Iguatu:
A procura por um letrista levou Gonzaga a Lauro Maia, que recusou o convite e encaminhou-o ao cunhado Humberto Teixeira. Em agosto de 1945, cruzavam-se os caminhos destes dois. Juntos (foto), trabalhariam em 133 canções, incluindo "Asa Branca", que era uma canção de trabalho. Luiz levou o tema para Humberto, que criou a letra. Num novo encontro, nasceria "Baião", com a intenção didática de ensinar o público a dançar esse gênero musical. "Assum preto", "Baião de dois", "Estrada de Canindé", "Juazeiro", "Légua tirana", "Lorota boa", "Mangaratiba", "No meu pé de serra", "Paraíba", "Qui nem jiló", "Respeita Januário" e "Xanduzinha" são também composições da dupla, entre outras. A importância desta parceria de Gonzaga com o "Doutor do Baião" só é possível comparar com o de sua parceria com Zé Dantas, médico pernambucano, com o qual LG compôs: "A letra I", "A volta da asa branca", "ABC do sertão", "Acauã", "Cintura de pilão", "Paulo Afonso", "Riacho do Navio", "Sabiá", "Treze de dezembro", "Vozes da seca" e "Xote das meninas", entre outras.
José Clementino, cearense de Várzea Alegre:
"Apologia do jumento", "Capim novo", Contrastes de Várzea", "O jumento é nosso irmão", "Xeêm" e "Xote dos cabeludos". Luiz Gonzaga também gravou "Sou do banco", de José Clementino e Hildelito Parente e "Bandinha de Fé", do cratense Hildelito Parente.
José Jatahy, cearense de Fortaleza:
"Eu vou pro Crato" e "Desse jeito, sim".
Chico Anysio, cearense de Maranguape:
"Quadrilha chorona" (uma quadrilha junina com a marcação feita pelo Professor Raimundo, personagem do Chico).
Além disso, Luiz Gonzaga gravou a "Triste Partida" e "Vaca Estrela e boi Fubá", composições de Patativa do Assaré, e dois LPs com Raimundo Fagner. No disco "Veredas Nordestinas", de Dominguinhos, colocou sua voz em "O Juazeiro e a sombra", do cearense Fausto Nilo, a última gravação em estúdio de Luiz Gonzaga.
Webgrafia
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/metro/morre-jose-clementino-parceiro-de-luiz-gonzaga-1.267025
http://pcb.org.br/portal2/2888/um-personagem-comunista-do-pcb-no-ceara/
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/verso/parceiros-e-cidades-do-ceara-na-trajetoria-do-rei-do-baiao-1.2130505
http://sintoniahp.blogspot.com/2009/08/20-anos-sem-luiz-gonzaga-asa-branca.html

A CARNAUBEIRA

"Corria nos cavalos feitos de talos de carnaúba. De carnaúba era a cadeira, a mesa, as cordas da rede. A casa tinha travejamento, caibros e ripas de carnaúba. Esteiras de carnaúba substituíam os tapetes. Na cabeça, o chapéu de palha de carnaúba. De tarde, batia-me com outros batalhões de meninos, todos armados com facões de carnaúba." ~ Luís da Câmara Cascudo
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/04/exposicao-em-homenagem-carnauba-no.html
A carnaúba (Copernicia prunifera), também chamada de carnaubeira, é uma palmeira, da família Arecaceae, endêmica do semiárido da Região Nordeste do Brasil.
Da planta se aproveita tudo. O Brasil é o único exportador da cera que, depois de retirada do pó de suas folhas, é muito utilizada na fabricação de cosméticos, cápsulas de remédios e outros produtos. A carnaubeira é a árvore representativa do Estado do Ceará.
http://blogdopg.blogspot.com/2015/09/o-dia-da-arvore.html
NAS PALMAS DA CARNAÚBA (arranjo Orlando Leite)
Autores: Antonio Gondim – Pierre Luz
Álbum: Coral do Estado do Ceará – Cancioneiro do Ceará
Ano: 1981 (estúdio Rozenblit)

Vídeo postado no YouTube por Luciano Hortencio, um dos tenores do Coral à época da edição do disco.
http://jornalggn.com.br/memoria/o-coral-do-estado-do-ceara-e-seu-cancioneiro/

ARENINHA DO PARQUE DO COCÓ

O Parque Estadual do Cocó recebeu a mais nova Areninha de Fortaleza. A iniciativa resulta do projeto "Juntos por Fortaleza", que reúne esforços municipal e estadual em prol da implantação de melhorias nos espaços públicos da Capital. A inauguração ocorreu na noite de 16 de dezembro e contou com a presença do governador Camilo Santana, do prefeito Roberto Cláudio e do secretário do Meio Ambiente (Sema) Artur Bruno.
O equipamento, que fica próximo ao anfiteatro do Parque (av. Padre Antônio Tomás, S/N) teve investimento de R$ 1.218.952,19 do Tesouro estadual, com a contrapartida de R$ 794.934,31 da Prefeitura de Fortaleza.
"Trata-se de mais uma opção de esporte e lazer à disposição da população fortalezense", explicou o titular da Sema, Artur Bruno. "A área de intervenção da obra tomou 4.080m² com campo de futebol "society" (84m x 40m), grama sintética, arquibancada, alambrados, iluminação por torres de LED, além de reforma e adequação dos banheiros."
Foto: PGCS
Na ocasião, foi autorizada a construção de mais 30 Areninhas em Fortaleza, oito delas no Parque a serem distribuídas desde o Conjunto Palmeiras até a foz do rio Cocó, entre Caça e Pesca e Sabiaguaba. Ressaltou o prefeito Roberto Claudio que "essa iniciativa, mesclando educação e esporte, é uma das formas de prevenir a criminalidade".
Ao final da inauguração, o governador Camilo Santana anunciou que todos os 184 municípios do Estado do Ceará terão suas Areninhas.

CANAÃ DA LIBERDADE

O movimento abolicionista no Ceará inspirou um grupo de moradores de Redenção (na época Villa do Acarape) a se organizarem para libertar seus escravos. Foram então fundadas duas associações: a "Sociedade Libertadora Acarapense" e a "Sociedade Libertadora Artística Cearense".
A "Sociedade Libertadora Acarapense" era composta dos Srs. Presidente: Cel. Gil Ferreira Gomes de Maria; Vice-dito: Cel. Antonio Silva Matos; Tesoureiro: Padre Luis Bezerra da Rocha; 1.º Secretário: Tenente Henrique Pinheiro Teixeira; 2.º dito: Francisco Hermano Gomes Carneiro e Orador: Diocleciano Ribeiro de Menezes. A "Sociedade Artística Libertadora Acarapense" foi assim organizada: Presidente: José Raimundo Carvalho; Vice-dito: Procurador Benigno Gonçalves Glória; Tesoureiro: Luiz Martins; 1.º Secretário: João Alberto de Melo; 2.º dito: Joaquim Agostinho Fraga e Oradores: Diocleciano Ribeiro de Menezes e Aleixo Anastácio Gomes. Era, a bem dizer, a flor social do Acarape.
Em novembro de 1882, uma comissão formada por João Cordeiro, Almino Affonso, Antônio Martins, Frederico Borges e José Marrocos fez uma visita ao município com o propósito de apoiar o movimento abolicionista que aqui se formava. Eles foram recebidos pelo Pe. Luis Bezerra da Rocha e Deocleciano Ribeiro de Menezes, na residência do Sr. Antônio da Silva Matos, que para dar credibilidade ao movimento entregou a carta de alforria a um escravo.
No mês de dezembro, uma representação da Sociedade Redentora Acarapense viajou para Fortaleza a fim de solicitar apoio e colaboração monetária para a compra das alforrias , já que os fazendeiros aceitavam alforriar seus escravos, desde que fossem indenizados. Na época José do Patrocínio se encontrava no Ceará e junto com a Sociedade Libertadora Cearense participou do movimento para arrecadar o valor estipulado. O grande tribuno negro fez conferencias no teatro São Luís, as entradas eram pagas e a arrecadação se destinava às alforrias dos escravos da Villa do Acarape. O jornal Libertador fez campanha e abriu uma lista de arrecadação na capital em que houve contribuição. E a população da Villa do Acarape também contribuiu com 300$000.
Com a arrecadação concluída só faltava marcar o dia da celebração. Foi escolhido o dia 1.º de janeiro de 1883 para a grande festa. Uma comitiva saiu de Fortaleza nos vagões da locomotiva a vapor denominada Sinimbu. Aqui foram recebidos em festa, e a sessão foi presidida por Liberato Barroso. A multidão aplaudia os oradores, José do Patrocínio fez um discurso inflamado. Justiniano de Serpa assim se pronunciou: "Estamos na Canaã da Liberdade". A vibração dos oradores durou até a entrega das alforrias a todos os escravos. À tarde, a comitiva retornou a Fortaleza, sendo recebida com festa e levada à redação do "Jornal Libertador", onde as manifestações duraram até a meia-noite. (fonte: Raimundo Girão - A Abolição no Ceará e Museu Histórico e Memorial da Liberdade).
Por conta dessa história protagonizada e celebrada pelos redencionistas, o ex- presidente Luís Inácio da Silva, com o aval do Governador Cid Gomes, escolheu Redenção para sediar a 2.ª Universidade Federal do Ceará, a Unilab - Universidade Internacional da Integração Afro-Brasileira. O compromisso da Unilab é gerar conhecimentos científicos e tecnológicos necessários à prosperidade dos brasileiros como também dos países lusófonos. Assim como aqueles que promoveram a libertação dos escravos, todos que se empenharam pela implantação dessa universidade estão escrevendo uma nova página de sucesso, de libertação educacional, cultural, econômica e social, dando oportunidades não só aos moradores dessa região, também do Ceará e dos países envolvidos. As oportunidades estão surgindo, era quase impossível, por exemplo, o filho de um agricultor que mora na zona rural das diversas localidades do maciço de Baturité entrar numa universidade.
Webgrafia
http://museumemorialdaliberdade.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/redencao/historico
http://historiaedidatica.blogspot.com/2012_12_20_archive.html