PADARIA ESPIRITUAL

Fernando Gurgel Filho
Em 30 de maio de 1892, 30 anos antes da Semana de Arte Moderna, um grupo de intelectuais cearenses criou a Padaria Espiritual.
Mais do que uma agremiação literária, a Padaria Espiritual foi um breve, mas produtivo, movimento cultural que destacava o nacionalismo, a irreverência e a criatividade de uma parcela de intelectuais que, através do humor e da crítica social, produziu "um movimento literário modernista que antecedeu em muitos anos a Semana de Arte Moderna. Fariam história." (In: "Breve História da Padaria Intelectual")
Na Padaria Espiritual, não se via algo parecido com a antropofagia, pois na capitania de Siará Grande não se admitia essas coisas entre os curumins. Estes buscavam a convivência lúdica, saudável e civilizada das cunhãs e cunhatãs, nos lugares apropriados, ou seja, nas alcovas, praças, cinemas, praias, pé de serra, caatinga, ribeirões, açudes e Cine São Luiz (sic).
Em suma, em qualquer lugar onde havia uma cabrita saltitando de paixão, quase implorando para ser o prato principal das canetas antropófagas dos curupiras transformados em Padeiros.
Os Padeiros da Padaria Espiritual eram modernistas muito tempo antes de 1922 e os modernistas de 1922 foram Padeiros de um pão meio dormido, mas a fornada de seus pães foi muito mais abrangente e cosmopolita.
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Interregno: O PÃO
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Sem ufanismos tolos, o Ceará é pioneiro em tanta coisa que, um dia, algum historiador mais sério vai acabar provando que o Brasil somente foi descoberto quando os invasores portugueses avistaram os "verdes mares bravios onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba", ainda que existam registros históricos sobre os tais invasores aportarem - mesmo sem ter porto - em Porto Seguro e Cabrália.
Maiores informações sobre a Padaria Espiritual podem ser obtidas no livro "Breve História da Padaria Espiritual", do escritor Sânzio de Azevedo, professor da Universidade Federal do Ceará e membro da Academia Cearense de Letras – ACL. Este livro foi publicado pela Editora da Universidade Federal do Ceará. FGF
(blog EM, 02/06/2012)

A CIDADANIA AFETIVA DO PARQUE ARAXÁ

Diogo Fontenelle
À beira dos dez anos, vivo no bairro Meireles à Beira Mar. Mas de fato, eu sobrevivo no bairro Parque Araxá a sonhar fardado do Ginásio Agapito dos Santos e do Colégio Julia Jorge a reluzirem o meu olhar-menino aprendiz de pequeno poeta.
Obviamente sou grato aos quase dez anos de Meireles-Beira Mar, seria injusto e antipoético não me comover todos os dias com o azul-sereno do céu do Meireles a beijar o azul-revolto do mar. Contudo, é o Parque Araxá que doura de poesia maior o meu caminho-caminhar.
O Parque Araxá tinha três outros nomes a escolher feito mudança de estação, ou seja: Octávio Bonfim, São Gerardo e Parquelândia que foi o batismo mais recente dos quatro nomes. Eu escolhi como nome o Parque Araxá por me lembrar os casarios ajardinados com biqueira em forma de jacaré a jorrar chuva tão desejada. Realmente, o Parque Araxá era mesmo assim com casarios ajardinados e poços da melhor água de Fortaleza, todos queriam beber água do Parque Araxá. Lá, só faltava a Dona Beja, a Feiticeira do Araxá das Minas Gerais.
Assim, rolaram as águas do Meu Parque Araxá entre as divisas das avenidas Bezerra de Menezes e Jovita Feitosa. Foram tantos carnavais, festas juninas, desfiles de Sete de Setembro e Quermesses das Igrejas Senhora das dores e São Gerardo. Tudo era folia familiar, tudo era alegria em sinfonia!
Com a avassaladora partida da minha mãezinha Carmelita Fontenelle para o Azul Mais Alto tão longe de mim, eu voltei de vez para o Parque Araxá adoçado por lembrares azuis vividos e revividos em sonhares. Uma vez, a médica perguntou a mãezinha já meio desmemoriada: Onde a senhora mora? E a mãezinha olhando para o mar do Meireles disse: Mas a senhora não vê da janela que eu moro no Parque Araxá? A médica sorriu encantada, mãezinha via com o coração o Parque Araxá amado e não o Meireles.
Com licença do Meireles, é com a minha cidadania afetiva Parque Araxaense a transbordar que eu digo o mesmo da janela no Meireles-Beira Mar: Eu moro no Parque Araxá que não saiu de mim a empinar arraias de sonho no meu olhar de sempre-menino aprendiz de poeta.

BOAS-VINDAS A RENAN


"Um bebê nasce com a necessidade de ser amado - e nunca supera isso." - Frank A. Clark
20/05/2020 8:00
Nasceu hoje na Maternidade Saúde da Criança, em Belém-PA, Renan Macedo Soares, filho do casal Natália–Rodrigo e nosso 2.º neto.
Mensagem dos avós maternos:
Este pequenino junta-se a vocês dois, e o que era ótimo será melhor. Estamos em júbilo pela chegada do Renan.
– Elba e Paulo Gurgel, de Fortaleza
22/05/2020 - O voo dos avoengos
O acesso à aeronave que nos levou a Belém se deu pelo Terminal de Táxi Aéreo (o Pinto Martins antigo), na Praça do Vaqueiro. Esta é uma das fotos de quando estávamos prestes a embarcar no Embraer Phenom 300, do empresário Francisco Moacir Pinto Filho, a quem agradecemos por nos ter franqueado este jatinho de sua propriedade.
Elba, Paulo, Eveline e Henrique
Pilotada pelos prestimosos José Marcelo e Rafael, a aeronave aterrissou no Val-de-Cãs uma hora e quarenta minutos depois. No aeroporto de Belém, Rodrigo já esperava para nos levar ao apartamento do casal, no bairro Umarizal.
Outros registros desta viagem de curta permanência na cidade de destino:
 O quarto do bebê ficou muito bem mobiliado e decorado, traduzindo o bom-gosto de Natália.
Circulou um retrato de quando Rodrigo era recém-nascido. Renan, de fato, puxou ao pai.
 Natália amamenta o filho com as dificuldades inerentes a quem, apenas dois dias atrás, submeteu-se a uma operação cesariana.
 Almoçamos no próprio apartamento. Comida boa solicitada por aplicativo.
 Acertamos o voo de volta para "depois da chuva das quinze horas".
 Elba ficou na capital paraense com a nobre missão de ajudar nos cuidados com Natália e Renan.

GUIA DE BOAS MANEIRAS

Recordo-me de que, na década de 1960, havia um exemplar do "Guia de Boas Maneiras" na casa em que minhas tias Francisca, Eugênia, Maria e Rita moravam em Jacarecanga. Talvez aquele livro pertencesse a tia Fransquinha, que lecionava Corte e Costura na Escola Agnes Junes Leith.
Muitas vezes, por mera curiosidade, percorri as páginas daquele exemplar que me trazia informações de um mundo distante. Obtida na internet, eis uma reprodução da imagem da 1.ª capa do livro (ao lado).
Antônio Marcelino de Carvalho (São Paulo, 1905 – 1978), o autor do livro (e de outros do gênero), foi jornalista, escritor, cronista e um mestre de etiqueta na década de 1950, tendo seus livros permanecido clássicos nas décadas seguintes.
Era filho de Antonio Marcelino de Carvalho e Brasília Machado de Carvalho. Criador da crônica social no Brasil. Apresentava na TV Record, à época emissora de sua família, o programa "Domingo com Marcelino". Residiu no emblemático Edifício Esther, na Praça da República, zona central da capital de São Paulo, em um apartamento de cobertura, e chegou a morar na Avenida Paulista. Foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
Seu "Guia de boas maneiras" aborda "as boas e corretas normas de conduta na vida em sociedade". Dividido em capítulos que se subdividem em apresentação, saudação, convites, recepções e tudo o que se refere à mesa (etiqueta, maneira de convidar, arrumação da mesa, entre outros), passando pelo casamento, nascimento, primeira comunhão, presentes e conversas.
A Escola Agnes Junes Leith, também designada de Escola de Visitação Alimentar do Ceará e que funcionou em Fortaleza entre 1944 e 1966, formava visitadoras de alimentação, profissionais cujo trabalho era voltado à educação alimentar de trabalhadores, escolares e da população em geral.
Webgrafia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelino_de_Carvalho
http://www.editora.ufc.br/catalogo/63-nutricao/508-visitadoras-de-alimentacao-legado-da-escola-agnes-june-leith

CAATINGA: BIOMA QUE SÓ EXISTE NO NORDESTE

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, cerca de 11% do território nacional. Os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais fazem parte do bioma.
A caatinga é lar de 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas.
"Ao longo do tempo, a ocupação humana começou a degradar a vegetação da caatinga, ou seja, as pessoas usavam a madeira para fazer cercados, para ter energia em seu fogão caseiro. E isso foi destruindo a vegetação que estava adaptada para a região. Como ela não tem uma capacidade de reprodução e espalhamento muito grande, a velocidade com que o homem foi utilizando esse material e, principalmente, o crescimento do rebanho de caprinos, das cabras, promoveu a destruição das folhagens novas", afirma o engenheiro ambiental e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) David Zeeprofessor, ao site Sputnik Brasil.
O processo de desertificação, acrescenta o professor da UERJ, pode representar uma "quebra no ciclo natural" do bioma e causar o desaparecimento de espécies. "A preservação é extremamente importante para a viabilidade não só ambiental da região, mas principalmente social".

Ler também:
AS CAATINGAS por Nilo Bernardes