LUIZ SÉRGIO BEZERRA DE MORAIS

Conheci Luiz Sérgio em um sarau no gabinete odontógico do meu amigo Aquino. Não estou brincando, era em seu gabinete de trabalho que essas reuniões aconteciam. Nas noites das segundas-feiras, após retirar-se o último cliente, Aquino abria o consultório para receber os amigos. E nós - um pequeno grupo formado pelo anfitrião, que tocava uma sanfona de botão, os médicos Wilson Medeiros, Emanuel Melo, Lucíola Rabelo, Sônia Almeida e por mim, que comparecia com o violão-, ali nos reuníamos para cultivar a boa música brasileira.
Por vezes, tivemos convidados. Como o pianista e compositor cearense Petrúcio Maia, o matemático Oswald de Souza e o violonista e compositor Luiz Sergio. O Petrúcio havia sido meu colega no Colégio Batista, era irmão do LPM Maia, um consagrado autor de livros escolares de Física, e criara canções belíssimas como "Dorothy Lamour" (c/ Fausto Nilo), "Cebola Cortada" (c/ Clodo), "Lupiscínica" (c/ Augusto Pontes), entre outras. O Oswald de Souza era o celebérrimo Oswald de Souza do programa "Fantástico", o homem que calculava as probabilidades de acertos na loteria esportiva.
Na noite com Oswald, o grupo mudou o local da reunião para o "Anísio", na Beira-Mar. Tendo como cicerone em Fortaleza o colega Emanuel, o matemático foi logo declarando-se fã de Fagner e Belchior. Pena que o "Assum Preto" (cuja presença no "Anísio" era de alta probabilidade) não tivesse aparecido para reforçar a "canja" que foi dada.
Encantou-me, desde minha primeira escuta, Luiz Sérgio com a beleza de suas composições. Algum tempo depois, ao encontrar-me com ele no restaurante "Caminho â Saúde", falou-me que estava preparando um show e pediu-me sugestões sobre músicos que poderiam acompanhá-lo. Coloquei o violonista Claudio Costa na jogada. Em seu show, Luiz Sergio fez questão de dar um espaço para "estes dois grandes músicos da terra": Claudio Costa e Jorge Helder, baixista que acompanha Chico Buarque há muitos anos. Pensem na sessão de improviso que estas duas feras criaram no palco do Theatro José de Alencar.
Luiz Sérgio, que era apelidado de "Pato Rouco" devido ao timbre da voz, em data não identificada cantou o seu bem-humorado xote "Saúde de Ferro" no programa "Empório Brasileiro", de Rolando Boldrin (vídeo disponível no YouTube). 
No "III Festival Credimus da Canção", realizado no Ginásio Coberto do SESC, em julho de 1980, ele concorreu com "Rio Coração", "Noite Feliz" e "Flor da Idade"(2.º lugar). Também participei desse Festival com a música "Angra de Desejos", com letra de Airton Monte e Idalina Cordeiro. Acho que foi a última vez que estive com Luiz Sérgio.
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2012/09/memoria-o-parceiro-airton-monte.html
Ouviu-se uma história de que Luiz Sérgio foi prejudicado por uma flauta que desafinou em sua apresentação. Na hora que ouviu a flauta, o Alceu tirou o headphone e deu zero para música, que acabou ficando a um ponto de diferença do Quinteto Agreste, que ganhou o 1.º lugar (com "Seu doutô me conhece?", um poema de Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa de Assaré, musicado por Mesquita Neto). O Abel Silva, por exemplo, não se conformou com o que aconteceu. Quanto ao Fagner, que presidia o Festival, ele disse que a melhor música era "Flor da Idade".
Em 1981, sua canção "Rio Coração" foi gravada pela cantora potiguar Terezinha de Jesus (vídeo). 


Tenho no peito guardado / um lago fundo, imenso. / Tudo que eu sinto e que penso / some na escuridão / das águas que vem de um rio / que se chama coração.  / É um lugar encantado; / nada triste, nada feio. / O poço está quase cheio / de saudade e de paixão / que vêm nas águas de um rio / que se chama coração. / Tem dias de calmaria / e outros de grande enchente / que é quando o meu peito sente. / E sangram pelos meus olhos, / choram numa canção / as águas que vêm de um lago. / Um lago feito de um rio / que se chama coração.
Completando este breve perfil de Luiz Sérgio, transcrevo abaixo uma nota que Israel Batista postou em seu blogue:
Luis Sergio Bezerra de Morais, ou Sergio Piau como era conhecido, foi um dos grandes artistas que nossa terra já produziu pro mundo, tocava um violão com maestria que nos encantava de uma forma incrível. Filho de Pedro Alves de Morais (Pedro Piau) e Iracy Bezerra de Morais. Foi casado com a jovem Cleyre Menezes e com ela teve uma filha por nome Luciana. Eu no livreto que fiz em sua homenagem compus o seguinte poema [...] . http://artemisia-palavraspalavras.blogspot.com/2011/08/luiz-sergio-rio-coracao.html
Não resisto a uma comparação de Luiz Sérgio com Sidney Miller - na música e na vida. Ambos foram músicos/letristas inspirados e, no esplendor de suas existências, partiram deste mundo por decisões que tomaram.

A ÁRVORE SÍMBOLO DE FORTALEZA

O ipê-amarelo foi escolhido, através de uma consulta pública no ano passado, como a árvore símbolo da cidade de Fortaleza.
Esta árvore nativa, cujo nome científico é Tabebuia aurea, possui um porte de médio a alto, podendo alcançar uma altura de até 20 metros. 
Apresenta sua floração amarela nos meses de setembro e outubro. 
O ipê-amarelo é também a árvore símbolo do Estado de Alagoas desde 1985.

ABNER CAVALCANTE BRASIL

Com profundo pesar, informo o falecimento do médico pneumologista Abner Cavalcante Brasil (foto), no dia 14, ao meio-dia.
Dr, Abner atuava em Fortaleza e Maracanaú, tendo sido presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) entre 1980 e 1982.
Conheci-o em 1977, em seu segundo periodo de chefia da Documentação Científica do Hospital de Messejana. Sucedi-o nesse cargo, quando ele se afastou para assumir o de Secretário de Saude do Estado do Piauí.
No período de 1983 a 84, ele dirigiu com dinamismo o Sanatório de Maracanaú, que é hoje o Hospital Municipal João Elísio de Holanda. 
Posteriormente, Dr. Abner foi secretário de Saúde (1989 - 1993) e secretário de Desenvolvimento Social (1997 - 1998) do município de Fortaleza.
Ao longo de sua vida profissional, dedicou-se com afinco às ações de controle da tuberculose no Brasil. Destacou-se também, nos cursos e congressos da especialidade, como um notável conferencista.
Nossa cidade o homenageia pela escolha de seu nome para designar uma de suas unidades básicas: o Posto de Saúde Abner Cavalcante Brasil, no Bom Jardim.

O "CAUSEUR" MARCELO GURGEL (2)

Na língua de Victor Hugo, "causeur" é "qui sait causer agréablement et avec esprit" (quem sabe conversar agradavelmente e com sabedoria).
Em bom português, causeur é um contador de casos. Ou, melhor, um contador de causos, já que esta segunda acepção relaciona "etimologicamente" o "causer" com seus causos.
Mas afinal o que é causo?
Trata-se, no dizer de Juarez Leitão, "de um episódio supostamente verídico, que pode sofrer acréscimos ou supressões, dependendo de seu contador, em função de melhor efeito de humor que pode provocar. Assim como as três outras modalidades de situações hilariantes (piada, anedota e estória), é mister que a história seja rápida, contenha as palavras exatas para uma caprichada evolução e termine com um disparo que provoque o riso".
Seguindo os passos de Leota (Leonardo Mota), Eduardo Campos, Plautus Cunha (filho do poeta e repentista Quintino), Hilário Gaspar, Narcélio Limaverde e o maranhense Catulo da Paixão Cearense, Marcelo Gurgel tem levado a bom termo o empreendimento de transpor para a literatura os causos que ele, após garimpá-los árdua e prazeirosamente nos veios da oralidade, lapidou-os e expôs em nove bons livros.
1. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Contando causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011. 112p.
2. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. (org.). Portal de memórias. Fortaleza: Expressão, 2011. 200p.
3. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Medicina, meu humor! Contando causos médicos. Fortaleza: Edição do autor, 2012. 120p.
4. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da (org.). Meia-volta, volver! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2014. 112p.
5. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da (org.). Ordinário, marche! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2015. 112p.
6. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da (org.). Ombro, arma! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2018. 112p.
7. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Ridendo castigat mores! Contando causos. Fortaleza: Expressão, 2019. 112p.
8. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Contando causos da mídia. Fortaleza. Expressão,2020. 108p.
9. SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da (org.). Fora de Forma Médicos contam causos da caserna. Fortaleza. Expressão,2020. 108p.
Caminhos cruzados
Fui informante de treze causos (dois do livro 1, 10 do livro 2 e um do livro 3). Estive entre os colaboradores dos livros 4, 5, 6 e 9 que compõem a "tetralogia da caserna" que ele organizou. E, no "Ridendo castigat mores!", três dos causos deste livro (7) foram inspirados em notas que publiquei no blog EntreMentes. A saber:
FURA ELE... AQUI NÂO É JERUSALÉM (p.38-40)
https://blogdopg.blogspot.com/2012/04/paixao-de-cristo-encenada-no-ceara.html
UM PILATOS AFETADO (p.40-41)
https://blogdopg.blogspot.com/2011/04/nova-jerusalem-no-ceara.html (do colaborador Fernando Gurgel Filho)
DE LAGARTIXA NO HAVAÍ A CALANGO NO CEARÁ (p.71-72)
https://blogdopg.blogspot.com/2019/02/chamadas-silenciosas.html
Atualizado em 15/12/2020

ONDE NASCE O RIO JAGUARIBE

O Rio Jaguaribe é o maior rio do Ceará. Trata-se de um rio efêmero, possivelmente o maior "oued" (rio efêmero) do globo. Nos documentos oficiais, consta que suas nascentes se situam no Município de Tauá, na Serra da Joaninha, mas essa localização ainda é motivo de controvérsias. Uma expedição científica foi realizada ao alto curso do rio, fazendo uso de computadores, geomática, modelos digitais de elevação e drenagem, instrumentos de exploração e realização de cálculos com precisão topográfica e geodésica através de técnicas de sensores remotos, aerofotogrametria com drones e sistemas de posicionamentos globais por satélites do tipo GPS e GLOSNAS, e precisaram que a nascente principal (isto é, a de maior distância até a foz) se situa na verdade na divisa entre os muncípios de Tauá, Pedra Branca e Independência, na Serra das Pipocas, a partir da nascente do Riacho Carrapateiras. Essa descoberta geográfica deve a partir de agora ser homologada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisas do Ceará – IPECE e publicações escolares.