UMA PROVA ORAL DO BOÊMIO PAULA NEI

Falando sobre boemia, não se pode deixar de falar sobre Paula Nei, que foi seguramente maior boêmio que o Brasil conheceu, até os dias de hoje.
Nasceu em 1858 em Aracati, Ceará. Fez os estudos primários e secundário nos Educandários de Fortaleza e Recife, onde já começara a ficar conhecido como "blaguer" incomparável e orador primoroso.
Em 1876 embarcou para o Rio, para a Corte Imperial, trazendo pouco dinheiro, mas uma tremenda inteligência. Tinha 18 anos. Em 1877 requereu e obteve matrícula na Faculdade de Medicina.
Nos dois primeiros anos de Faculdade, ainda levava a sério os estudos, porém como a mesada enviada por seu pai era escassa, resolveu também dedicar-se ao jornalismo, para ganhar algum dinheiro extra que o ajudasse a manter-se. Conseguiu um lugar de repórter na GAZETA DE NOTÍCIAS, onde também trabalhava como redator José do Patrocínio, que mais tarde ficou conhecido como "O tigre da abolição".
Aqui começa praticamente a vida boemia de Paula Nei. Começou a frequentar as rodas boemias da época que se reuniam nos cafés e bares localizados na Rua do Ouvidor, como a "Pascoal,", "Castelões", "Deroche", isto de dia e à noite na "Maison Moderna" e "Coblentz", e mais tarde na Confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias.
Agora vejamos quem eram seus companheiros de boêmia do dia a dia e noite a noite! Olavo Bilac, o principe dos poetas brasileiros, Coelho Neto, Guimarães Passos, Artur da Azevedo, Aluizio de Azevedo, Luiz Murad, todos grandes escritores e teatrólogos, e ainda o fabuloso trocadilhista Emílio de Menezes e outros.
Com essa vida boêmia que levava, começou a relaxar nos estudos de medicina. Ia às aulas uma vez por semana e olhe lá. Na época de provas contava com sua inteligência fora do comum para safar-se. Vejam agora, para vocês terem ideia do que acabo de escrever, uma das grandes pilhérias de Paula Nei.
Visconde de Saboia (WIKI)
Época de provas. Como sempre a sala cheia, e as galerias também, pois quando Paula Nei ia fazer provas ninguém queria perder o espetáculo pois sabia-se que ia sair alguma "blague".
O professor, o Visconde de Saboia (cearense de Sobral), chamou Paula Nei, e mandou que ele retirasse o ponto, a fim de que ele dissertasse sobre a matéria. Paula Nei, levantou-se foi na banca examinadora e retirou o ponto. Abriu-o e viu logo que estava fraquíssimo naquela matéria. Verbo fácil, invejável dicção, começou: — "Nos mares procelosos da ciência humana, às vezes as mais lúcidas inteligências se debatem e vão ao fundo..."
Aí, o Visconde de Saboia, interrompeu-o e perguntou-lhe: — "Sr. Paula Nei, já que o Sr. quer fazer dissertação literária extra-ponto, diga-me uma coisa, e faça-me o favor de dizer o que seria da ignorância se a inteligência naufraga?"
Rápido como um relâmpago, Pauta Nei, fulminou o professor com essa resposta à queima-roupa:
—"ESSA BOIA, senhor Visconde!"
O professor, Visconde de Saboia, deu-lhe um tremendo ZERO, e mandou-o retirar-se da sala, enquanto explodia pela sala uma tremenda gargalhada de todos os presentes.
Fonte: “Estória de Boemios e Outras Estórias” - 1978
Autor: Helio de Oliveira Santos

ONDE ESTÃO OS BOTECOS DE FORTALEZA?

Dr. Paulo,
Cadê os botecos de Fortaleza tipo POMBO CHEIO, CIRANDINHA e, verdadeira panaceia para bebedeira, a sopa de peixe do ALFREDO etc? Confesso que um dos meus favoritos era a BOATE E CHURRASCARIA MADRUGADA (cabia no meu orçamento), um som muito louco, mulherada muito animada e fácil além da singularidade de ser um dos raros ambientes realmente democráticos à época em Fortaleza: encontrava-se de tudo (T U D O) de cidadãos de boa nomeada a trabalhadores braçais e reparem: nos anos 60/70, quando muita gente repudiava imiscuir-se (ou misturar-se como diziam) com pessoas mais humildes, um verdadeiro Templo do BENZETACIL para os mais afoitos. Achava mais divertido o bar do "seu" Chico, perto de casa onde após 22h a bebedeira estava no seu auge, portas trancadas e violões afinados, repertório e seresta programada até que um abestado colega de farra inventou de ganhar na Loto e comprou o boteco. Quebrou em 3 meses. Abaixo uma ODE AOS BOTECOS DE SÃO PAULO que meu amigo e vizinho de Bairro, Breno Augusto dos Santos, me enviou e uma belíssima "trinklied" (La Traviata) ou música de bebedeira.
Jaime Nogueira
1 - 'Rainha dos Aperitivos', A JURITI é boteco de verdade com petiscos-raiz desde 1957, por Marcos Nogueira (02/12/2021)
Estacionado no tempo, bar é instituição no Cambuci com batidas, linguiça na brasa e rã à milanesa.
Onde: R. Amarante, 31, Cambuci, região central
Contato: Tel. (11) 3207-3908
[...] Quem traz tudo isso à mesa (rã, ostra, mexilhão, pastel, chouriço, ovos de codorna, picles, torresmo, lula, manjuba, ricota defumada, gorgonzola, frango a passarinho, coxinha, azeitonas e roll mops, que são sardinhas em escabeche com cebola) é o Gibinha, é o Zé, são funcionários com história quase tão longa quanto o próprio bar. O garçom Bigode, querido pelos clientes, não resistiu à Covid: sua morte gerou justa comoção entre os frequentadores.
Também na pandemia, disseram que A Juriti tinha fechado de vez. Era fake news, felizmente.
A Juriti está aberta, mas não até muito tarde. É um bar velho, de velhos, com garçons velhos e comida antiquada, o aviso está dado. Vá cedo.
E não se ofenda quando começarem a empilhar as mesas e baixar a porta de enrolar enquanto você ainda tem o copo cheio. A noite pode ser uma criança, mas A Juriti não é.
2 - LA TRAVIATA
Jaime,
A noite em Fortaleza continua sendo uma criança, mas eu não. Ainda que eu vá escapando da sina de virar uma juriti de canto triste. "Libiamo ne lieti calici".
Paulo Gurgel

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DE BENÍCIO

Ontem à noite, meu neto Benício Viana Gurgel, filho de Érico e Aline, teve o seu primeiro ano de  existência comemorado no salão de festas do edifício em que eles moram.
Abaixo inseri duas fotos da sessão de smash the cake - - - uma prévia do aniversário.

MEMÓRIA. AÇUDE DO CEDRO E SERRA DO ESTÊVÃO

Em julho de 1997, viajamos a passeio para Quixadá. Após percorrermos a sede do município, fomos conhecer o Açude do Cedro, localizado a 6 quilômetros de distância.
É um belo reservatório de água, esta obra que resultou de uma ordem de construção dada por D. Pedro II, porém que só saiu do papel nos primeiros governos republicanos do Brasil, entre os anos de 1890 e 1906.
Um detalhe que desperta a curiosidade dos visitantes é a vista proporcionado pela pedra da Galinha Choca. Elba e nossos filhos Érico e Natália ficaram encantados com aquele imenso monólito que evoca a imagem de uma enorme galinha no choco.
No pequeno restaurante à beira do açude, saboreamos uma vistosa tilápia assada com baião de dois e  refrigerantes. E o calor já começava a ficar insuportável.
Foto de Fábio Barros (free for all use). Parede principal do Açude do Cedro e Pedra da Galinha Choca, Quixadá, Ceará, Brasil.
À tarde, nós tomamos o rumo da Serra do Estêvão. Uma pequena cadeia montanhosa, com aproximadamente 24 km de comprimento por 10 km de largura, que se distribui pelos territórios de Quixadá e Choró (principalmente no primeiro município). É nesta serra que se localiza o ponto culminante do município de Quixadá, com 755 m de altitude.
A 20 km de Quixadá, no distrito de Dom Maurício, estivemos visitando a Casa de Repouso São José. Funcionando anexo ao Mosteiro de Santa Cruz, a Casa de Repouso tinha um mobiliário modesto (com quartinhas no criado-mudo) e adotava rigorosas regras de silêncio.
Como o tempo não estava nem um pouco ameno por lá, nossa viagem prosseguiu em busca do frio de Guaramiranga.
(vídeo recente)


Atualização ...
Em dezembro de 2021 (18), a edição impressa do jornal "O Povo" publicou esta reportagem de capa:
Açude do Cedro: o primeiro reservatório do Brasil está seco
Sem água, o açude não sangra desde 1989. O chão rachado abriga um "cemitério de peixes", que morreram quando as águas do açude secaram. Há mais de 10 anos, o Açude do Cedro já não disponibiliza suas águas para o abastecimento de Quixadá. As águas que chegam ao município são transportadas do Açude Pedra Branca, localizado a 37 km da sede municipal. Apesar de sua importância histórica, o reservatório perdeu a relevância hídrica.
Foto: Julio Caesar

CASAMENTO DE ROBERTA E RENAN

A cerimônia de casamento de Roberta e Renan, ela - filha de Francisco Ronaldo de Albuquerque Lima Filho e Denise Maria Macedo Pinto, e ele - filho de Geraldo Lopes da Silva e Maria de Fátima Lopes da Silva, será realizada hoje (5), às 16 horas, no Buffet La Maison, Av. Eng. Luís Vieira, 555, Papicu, Fortaleza, Ceará.
Após a cerimônia, os convidados serão recepcionados no local.
06/12/2021 - Atualizando a postagem com a inserção desta fotografia:

O DIABO A QUATRO

Fazer o diabo a quatro significa fazer coisas espantosas, causar grande confusão, provocar balbúrdia etc. Origina-se essa locução dos autos medievais quando, para atemorizar ao máximo os espectadores, ao invés de um só personagem fazendo o papel do diabo, vinham quatro. Fiquemos acertados sobre o seguinte:
Se as diabruras eram pequenas, dois deles em cena já bastavam. Mas, para se criar um completo pandemônio, aí só com quatro diabos.

Em italiano: fare il diavolo a quattro; em francês: faisaient le diable à quatre.
Blog EM, 12/02/2010
Em 22/11/2021, Ana Margarida Arruda Rosemberg disse...
Parabéns, pela postagem!
Para ilustrar compartilho um depoimento oral do tio Ananias. Entrevista concedida ao papai, Miguel Edgy, no final da década de 1970.
Abro aspas para o tio Ananias:
"Eurico Arruda fundou um jornal com o Júlio Severiano - o jornal "O momento" . Tive a ideia de fundar um jornal católico. Fui ao monsenhor Manoel Cândido que falou da tipografia do Joaquim Matoso, do antigo jornal "O município". Disse que ia conseguir a tipografia emprestada. A VERDADE foi fundada em abril de 1917".
Obs: segundo outras fontes, o nome do Jornal de Eurico Arruda era: "O DIABO A QUATRO.

OS ARRUDAS DE BATURITÉ arquivo PDF (p.106)

A JANGADA ESMERALDA

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?
(José de Alencar, in: "Iracema")

Minha jangada de vela
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra
Ou queres vento do mar?

(Juvenal Galeno, in: "A Jangada")


Descrição da jangada
Uma base em granito preto correspondendo às tábuas de uma jangada. Numa de suas bordas está escrito com letras brancas: FORTALEZA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (1).
Sobre a base da jangada, assentam-se:
- Um triângulo escaleno de acrílico na cor verde, o qual representa de um modo estilizado a vela de uma jangada. O triângulo ostenta as fotos em preto e branco de 95 dos formandos de medicina (2) do ano de 1971, vestidos de beca e com boina. No vértice mais elevado do triângulo há também uma imagem do bastão de Esculápio, o símbololo da medicina.(3)
- Uma estatueta em bronze, a qual reproduz a célebre cena do médico abraçado a um paciente a protegê-lo da ceifadora de vidas.
- Uma placa de cor grafite, na qual está escrito verticalmente com letras brancas vazadas: MÉDICOS DE 1971.
(1) algumas das palavras estão abreviadas;
(2) supõe-se que 2 colegas não providenciaram as fotografias a tempo;
(3) uma cobra enrolada a um bastão ou cajado é o símbolo da medicina, que nos remete ao semideus grego Asclépio (Esculápio, entre os romanos). Na Grécia antiga, ele tinha templos em sua homenagem onde os doentes eram levados para serem tratados. E cobras ficavam em torno desses templos por serem consideradas benéficas aos doentes.
Confeccionada em 1971 para a nossa colação de grau, a jangada acompanhou a turma de médicos em alguns de nossos encontros nos últimos 50 anos. Mas não esteve presente no encontro de 2021 devido à deterioração então alcançada pelo objeto. Foi nesse encontro, em palestra dedicada aos colegas inesquecíveis, que fiz uma comparação da nossa jangada com o navio de Teseu. 
Por séculos mantido como um troféu no porto de Atenas, o navio de Teseu fazia uma navegação anual para Creta a fim de reencenar a viagem vitoriosa. Quando o tempo começou a corroer a embarcação, seus componentes foram substituídos um por um - novas pranchas, remos, velas - até que nenhuma peça original permanecesse. A ponto de Plutarco perguntar se ainda era o mesmo navio.
E deste escriba também perguntar: se ainda é a mesma jangada? Com algumas tábuas a menos, por não haver como substituir aquelas que foram perdidas no enfrentamento às vagas impetuosas, ainda é mesma jangada da vela esmeralda que continua a singrar, não as águas do mediterrâneo Egeu, mas os verdes mares bravios da nossa terra natal, etecétera e tal.

MEDROSO DE AMOR

Na bela Paris, em algum dia do ano de 1894, o pianista cearense Alberto Nepomuceno (1864 -- 1920) musicou o poema "Medroso de Amor", de seu conterrâneo, o poeta e folclorista Juvenal Galeno (1836 --1931). Na união das competências de dois nacionalistas o resultado não poderia ser outro: a brasilidade da obra.
No poema aparentemente ingênuo, até brejeiro, Juvenal Galeno, realça as virtudes de um tipo genuinamente brasileiro - a moreninha - que habitava o imaginário popular da época com seu poder de seduzir, definitivamente, pelo sorriso meigo e olhar apaixonado. 
Embora fosse músico erudito, Nepomuceno defendia com unhas e dentes a língua portuguesa. Ficou famosa uma frase supostamente a ele atribuída - "Não tem pátria um povo que não canta em sua língua"."Medroso de Amor" se destaca na vasta obra de Nepomuceno por ser uma de suas primeiras incursões no universo popular.
Nesta obra o músico cearense parece ir buscar elementos rítmico-melódicos da modinha, estilo musical romântico bastante popular no Brasil na metade do século XVIII e que teve como grande nome Domingos Caldas Barbosa, um descendente de escravo que fez grande sucesso na corte portuguesa do século 18. A música chegou a merecer análise de Mário de Andrade em "Ensaio Sobre a Música Brasileira".
http://www.drzem.com.br/2013/02/belos-poemas-que-viraram-musicas.html
Em 1968, Nara Leão gravou "Medroso de Amor", apoiada em arranjos de Regis Duprat, uma versão modernizada, sem as impostações líricas da maioria das versões interpretadas por sopranos:

Em 2008, "Medroso de Amor" foi interpretada pela soprano Patrícia Endo com o aconpanhamento do pianista Dante Pignatari:

O VESTIBULAR EM QUE CAIU CECÍLIA MEIRELES

O vestibular que nos levou à admissão na Faculdade de Medicina da UFC constou de cinco provas aplicadas em dias separados: 
Física, Química, Biologia, Português e Inglês.
Cada candidato, portanto, teria que matar cinco leões. De olho no desempenho geral dos gladiadores, pois havia cerca de oitocentos candidatos para as cem vagas da Medicina.
Surpreendendo os candidatos com o poema SURPRESA, o processo seletivo de 1966 ficou conhecido como "O vestibular da Cecília Meireles". Não era frequente em competições do tipo a escolha de uma poeta da Segunda Geração do Modernismo (*) para a análise literária pelos candidatos.

SURPRESA

Trago os cabelos crespos de vento
e o cheiro das rosas nos meus vestidos.
O céu instala no meu pensamento
aos seus altos azuis estremecidos.

Águas borbulhantes, árvores tranqüilas
vão adormentando meus tempos chorados.
E a tarde oferece às minhas pupilas
nuvens de flores por todos os lados.

Ó verdes sombras, claridades verdes,
que esmeraldas sensíveis hei nutrido,
para sobre o meu coração verterdes
mirra de primaveras e de olvidos?

Ó céus, ó terra que de tal maneira
ardente e amarga tenho atravessado,
por que agora pensais com tão fino cuidado
vossa mansa,calada, ferida prisioneira?

Cecília Meireles
In: Mar absoluto (1945)

OU ISTO (a poeta-surpresa na prova de Português) OU AQUILO (o grau de dificuldade das questões formuladas no vestibular), digamos que os dois: os fatores concorrenciais para que apenas um terço das vagas disponíveis fossem inicialmente preenchidas. Seguiram-se: revisões de provas, um segundo certame e novas revisões a fim de que todas as vagas ofertadas fossem finalmente preenchidas.
As listas com os nomes dos aprovados foram afixadas num saguão da Reitoria. Na lista da Agronomia, um deles saiu com nome e apelido (Titico). Com o tempo, seríamos apresentados por um amigo comum, o violão.

(*) Destaques da 2.ª Geração: Carlos Drummond, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Mario Quintana e Cecília Meireles.

COMPLEXO CULTURAL ESTAÇÃO DAS ARTES

No Twitter, em 26/10/2021:
Um dos maiores artistas da história do nosso Ceará e do país, o cantor e compositor Belchior completaria hoje 75 anos. Como homenagem a este ícone da MPB, sancionei a lei que batiza o Complexo Cultural Estação das Artes, no Centro de Fortaleza, de "Antônio Carlos Gomes Belchior".
Um justo reconhecimento a quem tanto contribuiu para a música do país. O Estação das Artes Belchior, que terá 67.000 m², está sendo construído na área da antiga Estação Ferroviária João Felipe e contará com o Mercado das Artes, a Pinacoteca do Estado, mercado gastronômico salas de exposição, biblioteca, museu, cinemas e as sedes da Secult e do Iphan.
O empreendimento vai garantir uma importante reocupação do Centro da Cidade, estimular a economia e tornar a arte mais acessível para a população.
Antiga Estação Central de Fortaleza, este prédio foi inaugurada em 1873 pela Estrada de Ferro de Baturité. Em 1946 passou a se chamar Professor João Felipe, nome de um engenheiro ferroviário cearense. Desta estação partiam duas linhas de trens: a linha sul até Crato e a linha norte (que passava por Sobral, a terra natal de Belchior) até Oiticica. PGCS

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No Twitter, em 30/03/22:
A noite desta quarta-feira foi histórica para a Cultura do nosso Estado. Inauguramos o Complexo Cultural Estação das Artes Belchior, na antiga Estação João Felipe, em Fortaleza. A área, de 67 mil m2, passou por restauração estrutural e modernização. O equipamento conta com Mercado das Artes, Pinacoteca do Estado, mercado gastronômico, salas de exposição, biblioteca, museu e as sedes da Secult e do Iphan, além de urbanização do entorno. Aproveitem esse belíssimo espaço cultural de nossa capital.

CALARAM-SE AS LÍNGUAS

Em outubro do corrente ano, a Turma Carlos Chagas (Andreas Vesalius) de médicos diplomados pela Universidade Federal do Ceará, em dezembro de 1971, celebrou o seu cinquentenário de formatura. No bojo da programação comemorativa traçada por essa turma, da qual fazem parte quatro ilustres membros da Academia Cearense de Medicina (ACM), os doutores Adriana Costa, Lúcia Alcântara, Roberto Bruno Filho e Roberto Misici, foi incluída uma sessão de fortes lembranças, quando o Dr. Paulo Gurgel, em nome dos colegas, prestou homenagem póstuma a 17 companheiros de jornada que partiram, antecipadamente, ao encontro do Pai.
Dentre os falecidos pranteados, está o Prof. Dr. Carlos Maurício de Castro Costa, o "Mauricinho", que deixou esse mundo menor ainda menor, com a sua inopinada partida, em 15/03/2010, minado por uma doença traiçoeira, contra a qual lutou, obstinadamente, durante um ano, sem demonstrar abatimento ou revolta, mas tocando, com denodo, os seus muitos afazeres acadêmicos, tanto na assistência, no Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, como na pesquisa, no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC.
Dele, além das lembranças de um passado que remonta à minha meninice, como catecúmeno e membro da “Cruzadinha” da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no bairro Otávio Bonfim, passando pelos trabalhos que em conjunto executamos na feitura de cursos, congressos e concursos, guardarei na memória os registros dos nossos dois últimos encontros, ocorridos em 26 e 27 de fevereiro de 2010, quando ele esteve hospitalizado no ICC. No dia 26/02/2010, sexta-feira, ao saber do seu internamento, fui visitá-lo, colocando-me à sua disposição, caso tivesse alguma necessidade, e entabulamos uma agradável conversa, sobre assuntos variados, o que dava a entender que, para ele, o internamento era uma mera intercorrência de sua enfermidade, a ser superada, à custa dos cuidados médicos, visto que perseguia o cumprimento de suas tarefas, tendo me indagado sobre a publicação de um livro que eu organizava, e para o qual contribuía com um texto. Notei que sobre o criado-mudo, junto ao leito, repousavam três livros que trouxera para leitura: eram dois de gramática árabe e um de gramática japonesa, todos escritos em francês. Aproveitei o momento, para brindá-lo com o livro "Smile: tributo à memória do Prof. Eilson Goes", lançado em outubro do pretérito ano de 2009.
Na manhã do sábado, dia 27/02/2010, voltei ao hospital do Instituto do Câncer do Ceará, para revê-lo e saber como passara a noite. Ele disse-me que tivera uma noite tranquila, e lera boa parte do "Smile", acusando ter feito isso com muito gosto. Os sinais de emaciação em seu corpo, frutos da doença consumptiva, eram já evidentes; porém, o seu espírito destemido e a sua vontade inquebrantável não pareciam fraquejar, aguardando a alta, para esse mesmo dia, enquanto confessava e planejava suas ações de trabalho para os meses vindouros.
Desse nosso encontro, que não esperava ser o último, saí esperançoso, porém preocupado, e até lembrando a "fase da barganha", de Elizabeth Kübler-Ross, imaginei, cá com os meus botões, o seguinte: Por que Deus não o deixa entre nós, até que ele aprenda o basco? Isso, por certo, seria uma boa negociação, porque há uma lenda que Deus, para castigar o diabo, determinou que o "anjo decaído" estudasse a língua basca durante sete longos anos; alguns dizem que o "demo", apesar do tempo despendido, não teria conseguido aprendê-la.
Para o Carlos Maurício, dada à sua extrema facilidade em aprender idiomas, talvez tivéssemos, com tal acordo vantajoso, a garantia de tê-lo conosco, quiçá, por mais uns três anos, enquanto perdurasse o aprendizado do "euskera".
Com efeito, Mauricinho era um dos maiores poliglotas do Ceará, sendo fluente em espanhol, francês, inglês, italiano, alemão, holandês, russo e sueco; o latim e o grego clássico, religiosamente estudados nos seus tempos de seminarista diocesano, lia e escrevia razoavelmente; e ainda compreendia o árabe e o japonês.
Munido desse arsenal linguístico, quem sabe não terá ele chegado aos páramos celestiais e, diante de Pedro, ter repetido as mesmas palavras atribuídas a Rui Barbosa, na II Conferência da Paz, ocorrida em Haia em 1907: Em que língua quereis que vos fale?
Como reconhecimento póstumo a tão excepcional figura humana, a ACM, em Sessão Solene acontecida em 14 de maio de 2010, conferiu ao Dr. Carlos Maurício de Castro Costa o título de Acadêmico Honorário in memoriam.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
(da Academia Cearense de Medicina)

DIPLOMA DE MÉRITO ÉTICO-PROFISSIONAL

Bom dia, Dr. PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA,
Estamos enviando-lhe o convite formal para a homenagem DIPLOMA DE MÉRITO ÉTICO-PROFISSIONAL.
Segue o link de acesso ao evento, que pode ser compartilhado com os familiares, caso desejado.
Hora: 18/10/2021
Horário: 19h30
Plataforma Zoom:
https://us02web.zoom.us/j/82028847617?pwd=ZkZqbjVCQi8yUVZSekRrTG5ndkhPZz09
CREMEC
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O Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará realizará hoje (Dia do Médico), às 19h30, a outorga das Medalhas de Honra ao Mérito Profissional e dos Diplomas de Mérito Ético-Profissional, em solenidade pela web, com a transmissão aberta aos homenageados, seus familiares, à classe médica e demais interessados. O formato on-line decorre da necessidade de cumprir as medidas sanitárias relativas à pandemia.
O Diploma de Mérito Ético-Profissional foi instituído pela Resolução CREMECN.º 20/1999 com o propósito de reverenciar médicos com 50 anos de profissão sem qualquer sanção ética e, assim, estimular o exemplo entre aqueles que se iniciam ou estão na atividade.

DA MILANO A FORTALEZA

Obra de estreia do milanese-fortalezense Roberto Misici no mundo da arte literária.
No dizer do colega Pedro Henrique Saraiva Leão, o autor "sobre ser um excelente coloproctologista, possui dois corações, um na Itália e um no Brasil (e o daqui também pertence à Academia Cearense de Medicina)".
A apresentação oral deste livro por mim (Paulo Gurgel) acontecerá na tarde de sábado (16), logo após a minha exposição UMA HOMENAGEM EM 2021 AOS COLEGAS INESQUECÍVEIS, no XI Encontro da Turma Andreas Vesalius / Carlos Chagas, a realizar-se no Hotel Dom Pedro Laguna, em Aquiraz.
Conteúdo
Prefácio, por Marcelo Gurgel
Parte I - Ensaios (3)
Parte II - Discursos e Crônicas (4)
Parte III - Homenagens e Entrevistas (4) 
Ficha técnica
Título: Da Milano a Fortaleza (De Milão para Fortaleza)
Organização e revisão por Marcelo Gurgel
Capa: cores das bandeiras nacionais da Itália e do Brasil (modificadas); imagens desfocadas das catedrais de Milão (Duomo di Milano) e de Fortaleza; abas com depoimentos de amigos (6)
Diagramação, impressão e acabamento pela Expressão Gráfica, uma editora em Fortaleza
Tiragem: 400 exemplares
144 páginas, ilustrado
ISBN: 978-65-5556-258-3

UMA HOMENAGEM EM 2021 AOS COLEGAS INESQUECÍVEIS

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." Guimarães Rosa, in "Grande Sertão: Veredas"

"Nenhum homem é uma ilha, cada homem é uma partícula do continente, uma parte da Terra. Se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio. A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti." John Donne, 1624

"Saudade é um elogio ao passado." Mario Rigatto

MÉDICOS FORMADOS PELA UFC. ENCONTROS DA TURMA DE 1971

(n = 11)
Anos e locais
1981 (10 anos) - Jantar dançante no Ideal Clube, em Fortaleza. Churrasco em um sítio na AM de Fortaleza.
1986 (15 anos) - Jantar no restaurante do Náutico Atlético Clube, em Fortaleza.
1991 (20 anos) - Coquetel (quinta-feira) na residência de Roberto e Sônia Lôbo, em Fortaleza. Fim de semana no Hotel Praia das Fontes, em Beberibe-CE.
1996 (25 anos) - Fim de semana (13 a 15 de dezembro) no Ytacaranha Hotel de Serra, em Meruoca-CE.
2001 (30 anos) - Jantar dançante (13 de dezembro, quinta-feira) no Alice's Buffet, na Cidade dos Funcionários, em Fortaleza. Almoço na casa do colega Nilo Dourado, na Praia das Fontes, em Beberibe-CE.
2011 (40 anos) - Fim de semana (11 a 13 de novembro) no Porto d'Aldeia Resort, em Sabiaguaba, Fortaleza.
2013 (42 anos) - Fim de semana (15 a 17 de novembro) no Hotel Dom Pedro Laguna, em Aquiraz-CE.
2015 (44 anos) - Fim de semana (13 a 15 de novembro) no Carnaubinha Praia Resort, em Luís Correia-PI.
2016 (45 anos) - Fim de semana (20 a 23 de outubro) no Vila Galé, em Cumbuco, Caucaia-CE.
2018 (47 anos) - Fim de semana (11 a 14 de outubro) no Hotel Luzeiros, em São Luís-MA.
2021 (50 anos) - Fim de semana (15 a 17 de outubro) no Hotel Dom Pedro Laguna, em Aquiraz-CE. Homenagem prestada pelo CREMEC no Dia do Médico (18).

RETROSPECTIVA DE MINHA PARTICIPAÇÃO EM "CAUSOS DA CASERNA"


Paulo Gurgel Carlos da Silva
Portal de Memórias, 2011
Parte II: "Causos do Paulo" (p.49-66).
Dez causos originalmente publicados no blog EM, depois de copidescados por Marcelo Gurgel para o livro "Portal de Memórias". Destes relatos, três se referem a fatos ocorridos em hospitais do Exército: "Recebendo a carga", "O Pai do Vento" e "A nova receita para uma vida saudável".
ISBN 978-85-901655-4-5

Meia-Volta Volver!, 2013
"O corneteiro de Pirajá" e "Pium e carapanã", juntamente com os três causos acima citados (depois de revertidos às formas originais). Além disso, constou do meu capítulo no livro a "Fraseologia militar", uma compilação de frases típicas da vida castrense (p.81-89)
ISBN 978-85-420-0289-8

Ordinário, Marche!, 2015
"O índio nu", "O índio e o português" e "Os índios mateiros" (p.92-94).
Três curtas histórias sobre a presença dos índios no Exército brasileiro, que me foram contadas pelo "Capitão Lima" (posto e nome de guerra colocados entre aspas, para fazer o tempo parar no tempo em que trabalhamos no Hospital Geral de Fortaleza). Estas histórias aconteceram na área do Comando de Fronteira do Solimões, no Amazonas, onde ambos prestamos serviços em épocas diferentes.
ISBN 978-85-420-0549-3

Ombro, Arma!, 2018
Nove cases militares (p.79-88). Marcelo Gurgel selecionou-os dentre as minhas postagens no blog EM. Não aconteceram no Brasil.
ISBN 978-85-420-1300-9

Fora de Forma!, 2020
Mais oito cases militares ocorridos fora do Brasil, anteriormente  postados no blog EM (p.74-84), e dois textos que constam do capítulo "Biografias"; "Antônio Sales e sua época" e "Wilson da Silva Bóia, o polímata" (p.106-110). Para finalizar, em "Memórias", estão cinco crônicas que remontam ao período que vivi na região do Alto Solimões/AM:  "Voos amazônicos 1974-75", "Benjamin Constant, Tabatinga e Letícia", "Iquitos", "A Pérola do Javari" e "A Islândia sulamericana" (p.111-125). Embora se desviem dos padrões geralmente aceitos para os causos, escrevi-os com o espírito de um "causeur".
ISBN 978-65-5556-107-4
Post scriptum
A partitura abaixo representa o toque de descansar pela corneta durante uma formatura (ou ordem unida). Há cerca de 35 toques da corneta no EB. Os favoritos (desde que Adão era cadete) são: "descansar", "à vontade", "fora de forma", "avançar rancho" e "término de expediente". Com a escolha da expressão "Fora de forma" para título do livro, o meu "Descansar" não pôde ir para a capa. Foi uma pena, pois a partitura está na íntegra.


Nota
Conheci na caserna muitos militares dignos, honrados e patriotas. Meu interesse pelo registro destes causos é um reconhecimento tardio à boa convivência que tive com eles. Não deve ser visto como um endosso àqueles que, nos momentos difíceis da vida nacional (1964, 2016), atuaram fora do Estado Democrático de Direito.

RAIMUNDO PEREIRA DE QUEIROZ FILHO

Conheci-o  quando iniciamos o curso de Medicina da UFC, no ano de 1966. Discreto, reservado, mais do que colegas, somos amigos.
Muitas vezes, geralmente às vésperas de provas importantes na Faculdade, reuníamo-nos para estudos em sua casa na Rua Lauro Maia. Era casado com a Sra. Adelaide Lima Queiroz.
Raimundo Queiroz teve uma vida de muita luta e sacrifícios quando precisou conciliar os estudos na Faculdade de Medicina com as obrigações de sargento da Aeronáutica e, como esposo e pai extremoso, dedicar-se também à família. Lembro-me de que acompanhava os filhos (Lídia Maria, Hermeto Luís, Herialdo e Helder) em seus deveres escolares, além de levá-los de casa para a escola e trazê-los de volta.
No segundo semestre do sexto ano de Medicina, fomos aprovados no concurso da Escola de Saúde do Exército. Concludentes da Faculdade de Medicina em 1971, fizemos parte da turma de 1972 da Escola de Saúde, juntamente com os colegas Valdenor e Ozildo. Findo o Curso de Formação de Oficial Médico, Queiroz veio servir em Fortaleza . Quanto a mim, permaneci na Guanabara, lotado no Hospital Central do Exército (onde havia realizado no ano anterior meu estágio técnico-profissional).
Em 1975, o destino nos reuniu no HGeF, o Hospital Geral de Fortaleza. Tínhamos concluído nossos períodos de serviço em áreas consideradas especiais: no meu caso, em Benjamin Constant-AM, por doze meses; e Queiroz, em Imperatriz-MA, por dezoito meses.
Fomos promovidos a capitães médicos no HGeF. Adiante, com o meu desligamento a pedido do Exército em 1977, nossos contatos tornaram-se escassos, sendo esta a última ocasião em que estivemos juntos:
Raimundo Queiroz (atrás: um de seus filhos) e Paulo Gurgel (atrás: Elba, minha esposa). Recorte de uma fotografia panorâmica realizada por Leocácio Ferreira, em 21 de dezembro de 1986, no Náutico, por ocasião da comemoração dos 15 anos de formatura dos médicos da turma de 1971 da Faculdade de Medicina da UFC.
Lembro-me também de Queiroz organizando seu consultório médico em Maracanaú, entusiasmado com a ideia de assistir as pessoas do município. Depois de sua passagem para a reserva do Exército, seria em Maracanaú onde ele daria continuidade à sua carreira profissional, prestando relevantes serviços na área da Saúde como médico, diretor e secretário.
Quando atuava à frente do Departamento Administrativo da Secretaria de Saúde, Raimundo Queiroz participou da implantação da Estratégia de Saúde da Família em Maracanaú (Revista Brasileira Saúde da Família, p. 23-37) e ajudou a organizar o atendimento nos postos durante a epidemia de cólera, ocorrida em 1993. Ele foi ainda um grande incentivador do Projeto Farmácia Viva.
Como reconhecimento de seus serviços profissionais e e de seu trabalho em prol da emancipação do município em 1983, foi-lhe outorgada em 2007 a Medalha Almir Dutra pela Câmara Municipal de Maracanaú.
P.S.
Atualmente sob assistência médica domiciliar, Raimundo Queiroz vive em seu antigo endereço no bairro de Fátima, em Fortaleza (estas últimas informações foram prestadas, em 22/09/2021, pelo filho Hermeto Luís).
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Linha do Tempo de RPQF
  • Sargento da Aeronáutica
  • FMUFC (1966-1971)
  • Escola de Saúde do Exército (1972 Guanabara-RJ)
  • GO Fortaleza
  • Imperatriz-MA (18 meses)
  • HGeF
  • Maracanaú (1977-2009)
  • Pernambuco (?)
  • Medalha Almir Dutra (2017)
  • Esposa: Adelaide († 2020). Filhos: Lídia Maria, Hermeto Luís, Heraldo e Hélder

A 19.ª TURMA DE MÉDICOS DA UFC (1971)

No início do ano letivo de 1966, após selecionados pelo Concurso de Habilitação da Universidade Federal do Ceará (UFC), (1) estávamos reunidos em um auditório da Faculdade de Medicina para a aula inaugural de nosso curso de graduação.
Éramos 100 alunos, em maior parte nascidos no Ceará, jovens e com a predominância numérica do gênero masculino. Começávamos ali a dar os primeiros passos de um projeto comum que nos conduziria à profissão médica.
Como estava previsto, escolhemos os representantes da turma para as várias cadeiras ou disciplinas do primeiro ano (Anatomia, Embriologia e Histologia, Bioquímica e Estatística) e também o nome pelo qual a nossa turma seria designada. Por aclamação, foi escolhido o nome Andreas Vesalius, que era o nome de Andries van Wezel em sua forma latinizada.
Vesalius, o médico belga que é considerado o "pai da anatomia moderna", foi o autor de "De Humani Corporis Fabrica", um atlas de anatomia humana publicado em 1543. Sobre a escolha de seu nome para a designação da turma, aparentemente pesou a circunstância de ser a Anatomia, dentre as cadeiras da grade do primeiro ano, justamente a que mais empolgava os novatos da Faculdade de Medicina. (2)
O médico de Bruxelas foi, sem dúvida, merecedor àquele momento de nossa homenagem. Seu nome contribuiu para manter a coesão da 19.ª Turma de Medicina da UFC, em torno de algumas propostas que foram surgindo. Como, por exemplo, fazer uma grande excursão em ônibus fretado, por seis Estados brasileiros até o Uruguai e a Argentina. (3)
Foram longos anos de estudos em que procuramos aprender com afinco as 39 disciplinas que os mestres nos ensinaram.
Quando chegamos ao internato, ao ensejo da preparação do convite de formatura, deliberou-se pela adoção do nome Prof. Carlos Chagas, como forma de prestigiar o renomado médico e cientista brasileiro.
Em dezembro de 1971, recebemos o grau de médico pela UFC. Devido a inclusões e exclusões de colegas por motivos diversos ao longo da graduação, contávamos 97 em nossa formatura. (4)
Notas ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
(1) O Concurso constou de cinco provas: Física, Química, Biologia, Português e Inglês. Surpreendendo os candidatos com o poema "Surpresa", o processo seletivo de 1966 ficou conhecido como o "Vestibular da Cecília Meireles".
(2) Outros "pais" como o histologista Malpighi, o bioquímico Krebs e o estatístico Gauss não eram páreos.
(3) A excursão foi realizada no término do quarto ano. Ao que parece, fomos a primeira turma da Faculdade "a passar ainda além de Taprobana".
(4) Data de colação de grau: 18/12/1971. Reitor: Dr. Walter de Moura Cantídio. Diretor: Dr. Walder Bezerra de Sá. Patrono: Prof. João Barbosa Pires de Paula Pessoa. Paraninfo: Prof. Raimundo Porfírio Sampaio Neto.
Web/Bibliografia---------------------------------------------------------------------------------------------------
http://www.ufc.br/memoria-da-ufc
http://www.ufc.br/noticias/noticias-de-2013/3587-historia-e-homenagens-abrem-comemoracoes-dos-65-anos-da-faculdade-de-medicina
http://www.medicina.ufc.br/wp-content/uploads/2019/10/alunos-egressos-1953-20171-min.pdf
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/07/medicos-formados-pela-ufc-em-1971-turma.html
Martins, JM. Faculdade de Medicina da UFC - Professores e Médicos Graduados. Edição do Cinquentenário (vol. III). Fortaleza: Imprensa Universitária, 2000. 304p.
Silva, MGCS (org.). Portal de memórias: Paulo Gurgel, um médico de letras. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2011. 200p. il. ISBN978-85-901665-4-5

A PORTA ESTREITA

"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que por ela entram. E quão estreita é a porta, quão apertado é o caminho que leva à vida e quão poucos a encontram!" (Mateus 7: 13,14)
A porta do Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, que abre para o refeitório tem 32 cm de largura por 2 m de altura. Por quê?
Diz a lenda que essa foi a maneira de controlar o peso dos monges. Quem não passasse pela porta ficava sem comer até atingir o peso ideal que lhe permitisse entrar no refeitório. A história é repetida pelos guias turísticos e diverte os visitantes desse belíssimo mosteiro do século XII. A verdade, porém, é que essa porta, que dava para a rua, era para entregar refeições aos pobres evitando que os monges saíssem ou que outras pessoas entrassem. André Luiz, no Face
Comentários
Para passar a comida para fora bastava um postigo.  A versão do controle do peso/volume dos monges faz todo o sentido! (Helena Fragôso)
A ideia foi boa, dava para os dois casos. (António Manuel Coelho)
Na ideia de que um moderno problema requer uma solução medieval, foi onde OSMAR DO CAMARÃO foi buscar inspiração? Ou foi só uma coincidência? (Paulo Gurgel)

PAREIDOLIAS E ASSUNTOS CORRELATOS

Miniconferência a ser proferida hoje, segunda-feira (6), às 8 horas, no XXVIII Congresso Brasileiro de Médicos Escritores (Sobrames).

RESUMO (*)

SLIDESHOW

VÍDEO (online)

(*) Também nos Anais do Congresso

XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE MÉDICOS ESCRITORES (SOBRAMES)


Este ano o evento será realizado no formato 100% digital, de 4 a 7 de setembro. O congresso terá programação interativa com lançamento de livros, cursos, palestras, concurso literário e muitas outras atividades com grandes nomes da literatura e cultura nacional. O congresso conta com a presidência do médico e escritor Dr. Arruda Bastos, que preside ainda a gestão nacional e regional Ceará da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames).
SOBRAMES/CONGRESSO (inscrições)

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"LINHA DO TEMPO" ULTRAPASSOU A MARCA DAS 500 MIL VISUALIZAÇÕES

DESTRUIÇÃO E RESTAURAÇÃO DA "MULHER RENDEIRA"

Instalada desde 1966 no pequeno jardim da agência do Banco do Brasil, localizada na Praça do Carmo, Centro de Fortaleza, a escultura "Mulher Rendeira", obra do artista pernambucano Corbiniano Lins (1924-2018), foi reduzida a pedaços. Em 29 de maio de 2020, operários de uma empresa de engenharia contratada pelo Banco para uma reforma, desmembraram-na a golpes de marretas.
O fato foi inicialmente denunciado por Davi Lopes, leitor do Diário do Nordeste. Ao tomar conhecimento do caso, o educador de arte José Viana deslocou-se até o local onde os destroços da escultura se encontravam e impediu que virassem entulho.
José Hortencio fez um voto de louvor no Jornal GGN a este "cidadão fortalezense José Viana da Silva Neto, que, por esforço próprio, impediu fosse a estátua MULHER RENDEIRA perdida para sempre".
Com isso, a estátua feita de alumínio cozido foi enviada a Recife para restauração por Chico Lins, filho do escultor pernambucano. E, cerca de ano depois do episódio de destruição da escultura "Mulher Rendeira", a cidade de Fortaleza recebeu de volta o seu símbolo cultural restaurado.
Foto: PGCS, 25/08/2021
http://twitter.com/EntreMentes/status/1268030693310902272
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/quase-um-ano-apos-ser-destruida-escultura-da-mulher-rendeira-retorna-a-fortaleza-restaurada-1.3085306
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2013/05/a-renda-de-bilros.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2020/04/mulher-rendeira.html

VIOLONISTAS CEARENSES

(página em construção)
Allan Sales
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/11/celebrando.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/03/allan-sales-talento-e-criatividade.html
Amaro Penna (Peninha)

Carlinhos Patriolino
http://blogdopg.blogspot.com/2009/01/rhuinas.html
Claudio Costa (Claudio Castro)
http://blogdopg.blogspot.com/2007/01/velho-palhao.html
http://blogdopg.blogspot.com/2007/04/um-show-que-no-acabou.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2009/06/comigo-sim-violao.html
http://blogdopg.blogspot.com/2009/07/louco-de-dar-do.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2010/12/memoria-recitais-de-claudio-costa.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2013/06/o-pombo-cheio.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2013/12/proezas-nao-tenho.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2015/06/dozinho-da-gia.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/01/um-violao-no-sertao-central.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/10/violonistas-cearenses-vilamar-lucia-e.html
http://preblog-pg.blogspot.com/2010/11/o-violonista-maior-claudio-costa.html
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2023/04/caninha-seresteira.html
Claudio Costa: foto do Jornal Parque Araxá
Eugênio Leandro
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2020/08/canoa-quebrada.html
Evaldo Gouveia
http://blogdopg.blogspot.com/2011/03/tributo-evaldo-gouveia.html
http://blogdopg.blogspot.com/2019/03/tributo-evaldo-gouveia-2.html
http://blogdopg.blogspot.com/2020/05/tributo-evaldo-gouveia-3.html
Índios Tabajaras
http://blogdopg.blogspot.com/2009/05/indios-tabajaras.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2019/05/indios-tabajaras.html
Joãozinho
https://blogdopg.blogspot.com/2007/05/nesse-bar-pequenino.html
José Mário
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2021/07/violonista-jose-mario.html
José Menezes
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2022/07/ze-menezes-o-craque-das-cordas.html
José Renato
http://blogdopg.blogspot.com/2010/04/adeus-jose-renato.html
José Wilson Cirino
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2022/09/wilson-cirino-entre-velas-e-tubaroes.html
Lúcia Arruda
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/10/violonistas-cearenses-vilamar-lucia-e.html
Luiz Sérgio (Pato Rouco)
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2021/03/luiz-sergio-bezerra-de-morais.html
Manassés
http://blogdopg.blogspot.com/2007/12/pssaro-vermelho-1.html
Nonato Luís
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/07/paracuru-e-muito-mais-que-o-azul-de.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2019/11/sia-mariquinha.html
Sátiro Bilhar
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2016/01/o-musico-cearense-satiro-bilhar.html
Tarcísio Sardinha
http://twitter.com/EntreMentes/status/1606417407777677314
Tony
http://blogdopg.blogspot.com/2009/04/fenix.html
Vilamar Damasceno
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/10/violonistas-cearenses-vilamar-lucia-e.html
Zivaldo
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/10/canhoto-da-paraiba-e-zivaldo-maia-no.html
Outros
Afonso Aires; Alberto Lima (médico); Alê Ferreira (Fuxiko Beer); Aleardo Freitas (criador do ritmo Balanceio); Calé; Expedito (7 cordas); Francisco Gadelha (médico); Francisco Soares (erudito); Guerreiro; João Lima; José Carlos (médico); Luciano; Márcio Ramalho (7 cordas); Miranda Golignac (erudito); Nenem "Macaco"; Mamede, Wôlmer e Oscar Cirino (erudito); Moreira Filho; Pedro Ventura (7 cordas); Raimundinho; Ribamar (7 cordas); Rodger Rogério (ator); Silvio Duarte; Stélio Valle (compositor); Titico (agrônomo).

FUMAÇA NOS OLHOS

Marcava o início e o término das sessões do Cine Familiar, em Otávio Bonfim, a versão instrumental de "Smoke gets on your eyes", um fox standard da canção popular norte-americana. Acho que a única vez em que tal não aconteceu, foi quando Frei Hildebrando Kruthaup (foto) requisitou o cinema para dar uma demonstração para o bairro, mas não para o mundo, de suas finas habilidades na técnica da hipnose.
Inicialmente, Hildebrando comandou uma preliminar de hipnose coletiva. Não era ainda o filme principal do Guardião do Convento. Naquele momento, o hipnotizador cuidava de fazer a triagem que selecionava as pessoas mais sugestionáveis para a demonstração que viria.
Bem, nada que pudesse ajudá-lo aconteceu comigo.
Vi subirem ao palco algumas pessoas, em cujas mãos Hildebrando espetou longas agulhas sem que essas pessoas referissem qualquer dor. 
Um brouhaha percorreu o recinto.
Naquela noite, aprendi que a hipnose, ao contrário do que o menino suspeitava, não devia constar do Index Librorum Prohibitorum. E pude sem remorsos, uns dez anos depois na Guanabara, frequentar um curso e comprar um robusto livro sobre hipnose médica e odontológica. 
Nas noites em que não ocorria desvio de função, o cinema mantinha a programação normal. Aventuras do Tarzan, comédias protagonizadas por Zé Trindade, "Marcelino Pão e Vinho" e , na Sexta-feira Santa, a "Paixão de Cristo" passando de hora em hora.
Filmes que atentassem contra os princípios da tradicional família cristã não tinham vez no Familiar. Apenas os que respeitassem a moral e os bons costumes e, assim mesmo, depois de subtraídos das cenas picantes pela tesoura de quem o projetava, o Vavá. Além disso, caso o bom Vavá se mostrasse tolerante nos cortes, ainda podia entrar em ação a censura presencial de algum franciscano frade. Com este pondo a mão à frente do projetor pelo tempo que fosse necessário.
Mas um dia...
Que dia, meus leitores! A censura do Cine Familiar deixou passar um filme que o menino quase não acreditou. Com Cleópatra sendo entregue nua ao imperador romano embrulhada num tapete (o Sedex da época). Mas acho que isso só aconteceu por que era na cena final.
O bonequinho viu e aplaudiu. 
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2009/09/no-escurinho-do-cinema.html
htts://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/08/in-illo-tempore.html
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2012/10/mudou-o-nazare-ou-mudou-vava.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2012/11/o-muro-das-fornicacoes.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2013/02/o-muro-das-fornicacoes-2.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/12/o-cinema-de-arte-no-familiar.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2019/01/driblando-censura-do-familiar.html


Algumas palavras sobre a canção temática do Familiar a que nos reportamos no início desta crônica:
"Smoke gets on your eyes", assinada por Jerome Kern e Otto Harbach. No Brasil, a letra recebeu uma versão de Nazareno de Brito, cantada por Tito Madi  e que foi lançada pela "Continental" em junho de 1959.Há ainda outras letras brazucas de "Fumaça nos olhos", assinadas por Nélson Motta e Jayro Aguiar.

http://youtu.be/GPrhgp7LSDg

NOTA DE PESAR POR JOSÉ FREIRE CASTELO

É com muito pesar que comunico o falecimento de José Freire  Castelo, professor aposentado da Universidade Estadual do Ceará. Ele faleceu aos 81 anos, de causas naturais, na noite de quarta-feira, 4, em Fortaleza.
Era filho do governador cearense Plácido Aderaldo Castelo com Joana Freire (Netinha) e casado com Margarida Maria Fernandes Macedo. 
Conheci-o na década de 1980, e dele recordarei a lhaneza, o respeito, a lealdade e o companheirismo, entre os muitos predicados. José Castelo estava sempre disposto a compartilhar com os amigos os saberes que acumulara em sua extraordinária experiência de vida.
Foi velado na quinta-feira, 5, no Jardim Metropolitano, com missa de corpo presente às 16 horas. Seu sepulmento ocorreu logo após a celebração desta missa no cemitério do Eusébio.
Meus pêsames a seus familiares. Saibamos todos que a saudade eterniza a presença daquele que nos deixa.

REVISTA SARAU

Saiu a primeira edição da Revista Sarau, do editor Nonato Nogueira, grande cearense e Mestre em História e Culturas (UECE).
É uma revista de música, poesia, contos, crônicas e artes visuais de publicação trimestral e distribuição gratuita (on-line). 
Pode ser lida no site: http://www.resistenciamandacaru.com/revista-sarau
Obs. Clicando sobre o título dos textos no sumário o leitor tem acesso direto à página do texto.
Fernando Gurgel*
Canal no YouTube

EDITORIAL
"Era uma vez um homem e o seu tempo". Assim anunciava, numa de suas composições, Antônio Carlos Belchior que, ao mesmo tempo, vociferava: “Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!” Certo é que o bardo sobralense, com sua arte, com suas letras, tornou-se uma voz de seu tempo, de seu povo e não só do nordeste, mas uma voz nacional, enfim.
A arte, sabe-se, acompanha a humanidade desde as mais remotas eras. Ela é a voz e o registro de um tempo, de um povo, de uma civilização. A arte é também libertária. Desse modo, o homem, a quem ela humaniza e harmoniza, também a persegue em tempos de tirania. Nesse sentido, vivemos tempos difíceis, em que o obscurantismo emerge e o autoritarismo avança e ameaça manifestações literárias e artísticas em geral. Ao mesmo tempo, porém, vemos aqueles outrora relegados ao apagamento ressurgirem e retomarem espaços. É o caso de Maria Firmina dos Reis e do crescente surto de valorização da nordestinidade sob as mais diversificadas formas.
É nesse contexto que surge a Revista Sarau, cujo intuito é a partir das diferentes vozes de seus colaboradores, através de suas contribuições com artes visuais, contos, crônicas e poemas, constituir um espaço para a difusão e valorização da arte e da literatura produzidas na região Nordeste. Nesta primeira edição, homenageamos o já mencionado Belchior, que foi poeta, músico, artista plástico, intelectual e um dos maiores compositores que nosso país produziu.
Caro(a) leitor(a), desejamos-lhe uma boa leitura e que, ao final desta, você possa dizer-se como o fez nosso homenageado:
"Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou das nações dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!"


* Neste número Fernando Gurgel colabora com o texto "Autoridades" (p.46)

SEU VICENTE, O JARDINEIRO DA CASA VELHA DA PONTE

Um dia os Meninos Verdes apareceram no quintal da Casa Velha da Ponte.
SEU VICENTE: E agora, Dona Cora, o que é que se faz com esses serezinhos estranhos? São gente, bicho ou salta-caminho?
Videobook disponível no YouTube.
Imagem - "Os Meninos Verdes", de Cora Coralina, numa adaptação para o teatro de bonecos.
Vovó Cora conta a seus netos o que ela chama de acontecido e não de uma história.
De repente, seu Vicente, o jardineiro da Casa Velha da Ponte, deparou com uma situação incomum: no quintal, entre as plantas que nascem lá, boas e más, apareceram duas plantas diferentes. Quis arrancá-las, mas vovó Cora disse que as deixasse crescer. Depois de um tempo, sob as duas plantas, seu Vicente e vovó Cora, surpresos, encontraram seres vivos, com todas as formas de crianças em miniatura. O que fazer? Destruí-los? Escondê-los? Cuidar deles?
A postura sem preconceito e compromissada de vovó Cora em relação à estranha realidade nos ensina a encarar com naturalidade situações inusitadas, a respeitar diferenças e a agir com responsabilidade e consciência.
Ver também:
MOCHILEIRO DO CERRADO - 1
MOCHILEIRO DO CERRADO - 2
O CASTIGO DO COLAR DE CACOS
MARIA GRAMPINHO

VIOLONISTA JOSÉ MÁRIO

José Mário de Araújo nasceu na cidade de Acaraú – CE, no dia 13 de outubro de 1939. Com base nas informações prestadas numa entrevista por Maria Cleomar Vasconcelos de Araújo (esposa de JMA), afirma o pesquisador Eddy Lincoln que, desde a primeira infância, ele foi criado pelos avós, e viveu até a sua juventude em uma fazenda. A constituição do gosto pelo violão veio desse período de tempo, quando ele ainda construía imitações do instrumento, sem imaginar que ali seria o início de algo maior, que lhe conferiria uma profissão, um reconhecimento por parte da sociedade que se estenderia mesmo após a sua morte.
Ainda de acordo com a entrevistada, "[...] ele começou tocando lá no interior, mas assim, sem ser por música, só de ouvido mesmo. Quando ele veio pra cá já tocava, e veio com a vontade de estudar com um professor."
No ano de 1956, aos 17 anos, veio morar em Fortaleza. Com o mesmo intuito de muitos que nascem no interior; José Mário veio tentar novas possibilidades na capital, estudar e trabalhar. Sobre esse momento, Maria Cleomar Vasconcelos de Araújo relatou também, em sua entrevista para o pesquisador, Eddy Lincoln, que, na ocasião, ele teve na ocasião a influência de um primo, o qual já residia na capital e estava trabalhando no Hotel Fortaleza. Foi nesse hotel que José Maria conseguiu o seu primeiro emprego. Ele cumpria o seu horário de trabalho durante o dia e, à noite, cursava o supletivo no Colégio Fênix Caixeral.
O início do estudo sistemático de violão ocorreu com o professor Oscar Cirino, que adiante orientou-o a procurar o Conservatório de Música Alberto Nepomuceno (CMAN).
Seu ingresso no Conservatório para fazer o Curso Fundamental se deu em 1959. Com a duração de oito anos, o Curso envolvia o estudo de teoria e canto coral, e sua formatura aconteceu em1967.
O título obtido possibilitou que ele fosse contratado para ministrar aulas de violão no CMAN (à época, dirigido pelo maestro Orlando Leite). 
É possível afirmar que o professor José Mário de Araújo foi o principal agente legitimador do campo de ensino do violão em Fortaleza - CE.
JOSÉ MÁRIO DE ARAÚJO: MEMÓRIA E TRAJETÓRIA NA CONSTITUIÇÃO DO CAMPO DE ENSINO DO VIOLÃO NO CEARÁ
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de doutor em Educação, por Eddy Lincoln Freitas de Souza. Orientador: Prof. Dr. Pedro Rogério.
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/38269/3/2018_tese_elfsouza.pdf
JMS ministra uma aula de violão no CMAN. Print screen de uma foto (p.113)
José Mário morou na Justiniano de Serpa (rua em que eu nasci). Pela porta aberta de sua casa, ao transitar na calçada, por diversas vezes vi este seguidor de Tárrega absorto em seus estudos violonísticos. Certa vez, convidado pelo maestro Orlando Leite, ele acompanhou ao violão o Coral Universitário (do qual fiz parte) em um recital.

UM ANO SEM DONA ZAÍRA

Preito de gratidão à Sra. Zaíra Macedo Pinto, escrito por Antonio Pinto Macêdo em nome dos filhos da saudosa matriarca.
Arquivo: http://gurgel-carlos.blogspot.com/2020/07/pesar-pelo-falecimento-de-zaira-macedo.html

NOS TEMPOS HEROICOS DAS APRESENTAÇÕES ORAIS

Dizem as más línguas que os médicos vão aos congressos para rever os colegas, exibir as novas esposas e passar os velhos slides.
Os velhos slides não são mais prestigiados. Mas é preciso dizer do trabalho que se tinha para fazê-los nos tempos heroicos das apresentações orais.
Inicialmente, o conferencista tinha que levar a um datilógrafo os textos que constariam dos slides. (Se possível, um que possuísse uma máquina de escrever elétrica). 
Com o material já datilografado, toca a juntar: a documentação fotográfica, os livros e as revistas que continham as tabelas e os diagramas de interesse, as radiografias... Então, com mil recomendações, passava-se tudo às mãos do fotógrafo responsável pela confecção dos slides.
As radiografias eram um caso à parte. O fotógrafo precisava ter em seu ateliê um negatoscópio (para iluminar por trás as radiografias). Na Faculdade de Medicina da UFC, um único fotógrafo, o Sr. Milton, fazia os slides para todos os professores e alunos da instituição.
Não eram baratos, e pagava-se à vista.
Chegava o o momento da apresentação. Um pouco antes, o conferencista se trancava numa saleta ao lado do auditório com a finalidade de montar os slides no carrossel do projetor. Eles tinham de ser colocados na ordem e na posição exatas - sob pena de tumultuar a conferência.
Apesar dos rigorosos cuidados, era comum os slides engancharem-se no projetor e, na tentativa de soltá-los, serem danificados. Isso quando o calor da lâmpada do projetor por si só  já não causava um estrago maior.
No tempo que vivi na Amazônia, comprei uma máquina fotográfica e um projetor na Zona Franca. E dediquei-me a fazer slides daquela região em que o rio comanda a vida.
Quando o rolo fotográfico chegava ao fim, entregava-o a um peruano em Benjamin Constant que mandava revelar em Manaus. Duas semanas após, ele me entregava os slides acondicionados numa caixinha de papelão. Nessa ocasião, eu já tinha um novo rolo à espera de ser revelado, e a história retorna ao início do parágrafo.
Voltando a residir em Fortaleza, meus slides recreacionais deram lugar a slides científicos. Em 1989, necessitei de muitos deles para uma jornada sobre tuberculose que eu estava a organizar para a Secretaria da Saúde (SESA-CE). Eram slides que ilustrariam palestras minhas, e lembrei-me do Sr, Milton. Fui procurá-lo na Faculdade de Medicina e entreguei-lhe o material que seria convertido em diapositivos.
Próximo ao período da jornada, ele foi ao Hospital de Messejana com os slides prontos. Perguntou-me pelo cheque. É com a SESA, Sr. Milton, então, não é o Hospital que vai pagar, não, então, Dr. não vai ser possível eu lhe entregar os slides, qual é o problema, Sr. Mlton, é que o Hospital me paga logo e a SESA, não.
Paguei do meu bolso para receber os slides, e o Sr. Milton tinha razão. Levei tanto tempo para ser reembolsado, que eu já estava para desistir.
Hoje em dia, com um computador conectado à internet, a câmera de um telefone móvel e o onipresente Power Point, um slideshow é rapidamente concluído. Então, arquiva-se uma cópia no pen drive que o apresentador vai levar para o congresso. E os erros, assim que sejem detectados, são logo corrigidos com a ajuda do notebook.

MUNICÍPIOS CEARENSES COM CABO DE FRIGIDEIRA

Cabo de frigideira é um tipo de formação geográfica, que está presente em todo o mundo (países, estados e municípios) - - inclusive em quatro estados e muitos municípios brasileiros. Consiste de uma extensão territorial que se projeta de uma divisão administrativa para divisões administrativas vizinhas. 
É algo semelhante a uma península, só que rodeada de outros territórios e não de água. Lembra o cabo de uma panela ou frigideira, de onde deriva o nome.
Em inglês: panhandle (o caso de Oklahoma, por exemplo).
No Ceará: Tianguá, Granja (citadas por Olavo Soares no vídeo abaixo), Salitre, Mombaça, Acaraú ...

http://youtu.be/4aX8wGD7htg
http://www.nationalgeographic.com/travel/article/americas-panhandles-rated-oklahoma-florida

CABOCLOS D'ÁGUA

P - Em sua cidade natal (Acarape-CE), meu pai conheceu um cara que conseguia atravessar um rio, andando sobre o leito (não era uma travessia seca nem a vau, esclareço). Isto é possível?
~ Paulo Gurgel
Sergio Correa de Siqueira, atualmente fazendeiro e escritor em Ouro Preto-MG. (2010 - até o momento), respondeu no Quora:
R - Depende do rio. Em Cataguases havia um sujeito que atravessava o Pomba a pé, no leito. Tinha o apelido de "Caboclo d'Água". Atravessava sob a ponte bem ao lado da fazenda do meu tio, a Barão de Camargos:
(Felizmente, a horrenda estação da Votorantim na margem esquerda não existe mais).
Pois bem: a placa do DNER diz que a ponte tem 116 m. Mas temos a cabeça de ponte dos dois lados, e mais a água rasa das margens. Mesmo o rio sendo profundo (o esporte dos "radicais" da família, inclusive eu na juventude, era mergulhar do vão central), a parte funda correspondia no máximo a uns 50 m.
Um dia que o "Caboclo d'Água" fez esta gracinha de atravessar, eu, como bom estudante de engenharia, cronometrei. Apesar de ser um fato notável, ele passou longe dos recordes mundiais.
O de prender a respiração é de 24' 3", o de atravessar um curso d'água com um fôlego só 96 m em 3' 34''. Mas o recorde foi batido pelo croata Milos Milosic, atleta profissional, e numa piscina.
O "Caboclo d'Água" levou 2' 46'', nada mal para um capiau mineiro num leito irregular, e com corrente.

CORRESPONDÊNCIA COM KALLIANE

Kalliane Sibelli Amorim
16 de maio de 2021 15:37 para mim
Boa tarde, Sr. Paulo Gurgel.
Estava pesquisando informações acerca de meus antepassados e encontrei seu blog. Vi numa das postagens que o senhor possui um exemplar do livro "Na Trilha do Passado", de Aldysio Gurgel. Minha mãe tinha também um exemplar desse livro, porém emprestou a alguém da família que nunca mais devolveu, nem ela sabe mais a quem foi. Gostaria de lhe pedir o inestimável favor de me enviar uma cópia das páginas que contêm a genealogia de minha avó Eulira Gurgel de Amorim, que era filha de Celecina Gurgel do Amaral e João Mafaldo de Amorim, ambos casaram-se em 1910, na cidade de Martins-RN, porém Celecina morava com seus pais em Portalegre-RN. Seu pai chamava-se Antônio Rozendo. Eu me lembro de que, quando li esse livro, ele trazia os descendentes da família Gurgel até os da geração de minha avó materna. Meu interesse é pesquisar a ascendência de meu bisavô, João Mafaldo, e a descendência deles, que são meus tios-avós, todos criados na Fazenda Camponesa, em Umarizal-RN. Ficarei imensamente grata se o senhor puder me enviar uma cópia que mostre os dados genealógicos de minha família.
Aguardo retorno e deixo minhas saudações. Apesar de não ter Gurgel em meu nome, sinto-me como uma, afinal minha mãe ainda traz o sobrenome. Fraterno abraço!
Kalliane Sibelli de Amorim Oliveira
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Paulo Gurgel Carlos da Silva
16 de maio de 2021 18:04 para Kalliane
Prezada Kalliane Sibelli, boa noite.
Lucas de Araújo Gurgel digitalizou o "Genealogia da Família Gurgel - Na Trilha do Passado" e publicou-o no MEDIAFIRE.
Segue o LINK para leitura e download:
Caso não dê certo o acesso à versão eletrônica do livro, avise-me para que eu providencie uma cópia das páginas que contêm a genealogia de sua avó Eulira Gurgel de Amorim. Esta alternativa não me será possível antes de 25/05, pois não estou agora no Ceará.
Abraço!
Paulo Gurgel
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Kalliane Sibelli Amorim
17 de mai. de 2021 13:20 para mim
Prezado Sr. Paulo Gurgel,
Agradeço imensamente o envio do link com o arquivo em PDF do livro sobre a genealogia da família Gurgel. Gostaria de tirar uma dúvida com o senhor. Ângela do Amaral Gurgel, quarta filha do patriarca Toussaint Gurgel, teve um filho chamado Cláudio Gurgel do Amaal, que inclusive tem sua história de vida muito bem relatada na obra. Pelos registros, Cláudio casou-se com Ana Barbosa da Silva e teve com ela 4 filhos: Manoel, José, Teresa e Maria. Os relatos dizem que José, devido a uma inimizade política, teria assassinado seu opositor e, por isso, teria sido levado preso para Salvador onde foi executado em 1722. Narra-se que, por causa dessas perseguições políticas, a família teria saído do Rio de Janeiro em direção a Minas. De repente, a narrativa passa a mencionar o nome de Maria Gurgel do Amaral dizendo que ela se casou com um homem chamado Davi Lopes de Barros (menciona que este era um nome disfarçado), tendo gerado como filho João Lopes de Alencastro Gurgel.
Minha dúvida é se esse Davi Lopes de Barros se trata do próprio José Gurgel do Amaral, irmão de Maria. Já pesquisei sobre a ascendência desse Davi Lopes de Barros e nada encontrei, e o que reforça essa ideia é que na página 55 do livro, onde aparece a filogenia de Toussaint Gurgel, aparece justamente a figura de João Lopes de Alencastro Gurgel como descendente de José Gurgel do Amaral (pai) e Cláudio Gurgel do Amaral (avô). Como José era um fugitivo da política e da polícia na época, é plausível que tenha realmente mudado de nome para não ser identificado e também não se descarta a ideia de sua relação com a irmã, tendo em vista a continuidade do clã. Outro detalhe da história é que João Lopes de Alencastro dá a seu primeiro filho o nome de José Gurgel do Amaral, em homenagem ao próprio pai.
No livro, p. 55, aparece:
Patriarca - Toussaint Gurgel
Filha IV - Ângela do Amaral Gurgel
Neto - Cláudio Gurgel do Amaral
Bisneto - Alferes José Gurgel do Amaral
Trineto - João Lopes de Alencastro
Tetraneto - José Gurgel do Amaral
Quintaneto - José Gurgel do Amaral Filho - Patriarca do Aracati - CE
As indicações levam a crer que realmente a história se desenrolou assim. Por gentileza, se o senhor também compreende dessa forma e se tem alguma confirmação, me informe.
Desde já agradeço a atenção e a solicitude.
Fraterno abraço,
Kalliane Amorim.
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Paulo Gurgel Carlos da Silva 
27 de mai de 2021 22:58 para Kalliane 
Prezada Kalliane Sibelli, olá. 
Não acho plausível que DAVI LOPES DE BARROS (nome disfarçado), que acompanhou MARIA GURGEL DO AMARAL em sua vinda para Alagoas, tenha sido o irmão dela, pois este, o Alferes JOSÉ GURGEL DO AMARAL encontrava-se foragido desde 1716. No ano de 1718, o irmão foi descoberto e aprisionado e, em 1722, foi levado ao patíbulo em Salvador. 
Em NO FATÍDICO ANO DE 1716 transcrevi os fatos narrados por Aldysio Gurgel, às páginas 35-37 do livro "Na Trilha do Passado". 
É minha única fonte para este assunto.
Atenciosamente,
Paulo Gurgel

CHEGANDO AOS 73

06/06/2021. Almoço em família no Carbone, conhecida steak house de Fortaleza.
Fotografia: aniversariante, o neto Simplício (semioculto no carrinho de bebê), a nora Aline, o filho Érico, o neto Matheus e a esposa Elba.
Agradeço a todos que demonstraram carinho ligando-me ou enviando mensagens.
Minha filha Natália (também aniversariante do dia) comemorou seu natalício em Belém. Ao lado do esposo Rodrigo e de Renan, filho do casal, e com a presença de um grupo de amigas.

ALAMEDA DO PAU-BRASIL

Há cinco séculos, o Pau-Brasil faz parte da identidade da nação brasileira e, agora, também fará parte da identidade do Parque Estadual do Cocó. Neste sábado, 5 de junho, quando o mundo celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, será inaugurada a Alameda do Pau-Brasil, no Espaço Adahil Barreto, do Parque Estadual do Cocó. A solenidade acontece às 10h, fazendo parte da programação do Junho Ambiental 2021, promovido pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e contará com a presença do Secretário Artur Bruno.
O Pau-Brasil (Paubrasilia echinata) pode alcançar entre 10 e 15 metros de altura e possui tronco reto, com casca cor cinza-escuro. As folhas possuem coloração verde médio, brilhantes. As flores possuem quatro pétalas amarelas e uma menor vermelha, ambas muito aromáticas. Os frutos são vagens cobertas por longos e afiados espinhos e contém de uma a cinco sementes, de cor marrom.
Apesar de ser uma espécie nativa das florestas tropicais brasileiras, está na lista de árvores com risco de extinção e, por isso, é a única árvore no Brasil protegida por uma lei exclusiva, que considera ilegais a exploração e a exportação de sua madeira.
http://www.ceara.gov.br/2021/06/04/sema-inaugura-alameda-pau-brasil-no-espaco-adahil-barreto-do-parque-do-coco/

SALVATERRA E CACHOEIRA DO ARARI

21/05, sexta-feira - Viagem para Salvaterra e Cachoeira do Arari
Às 8h15, embarcamos (Rodrigo não foi conosco) numa lancha Expresso Golfinho para Salvaterra. A viagem durou 2 horas, e nosso desembarque se deu no trapiche do Caldeirão. Deste ponto até o centro de Salvaterra (a 3 km), utilizamo-nos de um microônibus. Em Salvaterra, contamos com o apoio do pessoal do Marajó Hostel, localizado na orla da sede do município. Natália aqueceu a comida de Renan, e almoçamos no restaurante da pousada: filé marajoara e empanado de filhote (um peixe de água doce da região amazônica).
Um táxi veio nos pegar às 12h45. O destino final desta excursão seria Cachoeira do Arari, a cidade em que Natália trabalha como investigadora da polícia civil.
Mas antes de partirmos tiramos algumas fotos. 
Paulo, Elba e nosso neto Renan em Salvaterra
Salvaterra era, desde 1901, distrito de Soure. Apenas em 1961 foi elevada à categoria de município, tendo atualmente a população de cerca de 24 mil habitantes. É uma das principais entradas para o Marajó, através do porto de Camará, localizado no extremo sul do município, na foz do rio Camará. É separada de Soure, outro importante município turístico do arquípélago do Marajó, pelo rio Paracauari.
 A distância entre Salvaterra e Cachoeira é de cerca de 70 km pela PA-154. Campos alagados com grandes arrozais e búfalos pastando dominam a paisagem local. Aos 30 km do percurso, a rodovia é interrompida pelo rio Camará, e há duas formas para prosseguir a viagem. Utilizando-se de uma balsa (que transporta carros e tem horário fixo) ou de rabetas (canoas que partem a qualquer hora). Pagamos a corrida do táxi e subimos numa rabeta para uma travessia de 3 minutos.
Na outra margem, esperava-nos Djalma, um colega de trabalho de Natália, que nos levou de carro até Cachoeira do Arari. Muito gentil, ele trafegou conosco pela cidade antes de nos deixar na Pousada Fazendas.
À noite, comemos uma pizza, o único prato do único restaurante aberto. E deitamos cedo, pois tínhamos que pegar, às 5h da manhã do dia seguinte, a  lancha Expresso Rei dos Reis.
Selfie em dia nublado. Ao fundo o Marco Histórico de Cachoeira do Arari
erigido por ocasião do sesquicentenário da cidade (1833 - 1983)
Arari é o nome do principal lago marajoara e de um dos mais importantes rios do Marajó, assim como faz parte do nome da cidade de Cachoeira do Arari localizada na sua beira esquerda, e de Santa Cruz do Arari que está na boca do lago.O nome do município teve origem de um declive existente no leito do Rio Arari, em frente ao local onde hoje está situada a cidade e que, no verão, provoca uma precipitação de água, como se fosse uma cachoeira. O município possui uma população estimada em 22 449 mil habitantes distribuídos em 3 100,261 km² de extensão territorial. O Município abriga o Museu do Marajó, fundado em 1972 pelo padre italiano naturalizado brasileiro Giovanni Gallo no galpão onde funcionava uma fábrica de óleo. Na cidade também viveu o escritor Dalcídio Jurandir a qual homenageou com o livro "Chove nos Campos de Cachoeira".
22/05, sábado - Retorno para Belém e  para Fortaleza
O dia ainda estava escuro quando Natália nos acompanhou até o trapiche. Ela ficaria em Cachoeira nos próximos seis dias por motivo de trabalho.  Aos poucos, enquanto a lancha da Expresso Rei dos Reis singrava o Rio Arari, a escuridão cedeu o lugar ao alvor, e era dia claro quando entramos na Baía do Marajó. Chegamos ao Terminal Hidroviário de Belém após 2h15 de viagem.
Café da manhã: no apartamento dos Macedo Soares no Umarizal.
Almoço no Roxy, que fica no Shopping Bosque Grão-Pará, escolhido por ficar próximo ao Aeroporto de Belém. Uma entrada de iscas de salmão com molho de mostarda com mel e um filé alto com arroz puxado a azeite com pedaços crocantes de pepperoni e batatas palhas foram comida suficiente para três pessoas.
O avião partiu (de Belém) e chegou (a Fortaleza) com pontualidade.
Lembrete dos anos em que fui a Belém: 1984, 2013, 2014, 2016, 2018, 2020 (3x), 2021.
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