BIOBIBLIOGRAFIA

PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA – nasceu em Fortaleza–CE, no dia 6 de junho de 1948.
Filho de Luiz Carlos da Silva e Elda Gurgel e Silva.
Fez o Primário no Instituto Padre Anchieta, o Ginásio no Colégio Cearense do Sagrado Coração e o Científico no Colégio Batista Santos Dumont e no Liceu do Ceará.
Graduou-se em Medicina na Universidade Federal do Ceará.
Fez o Curso de Formação de Oficial Médico no Rio de Janeiro com Estágio no Pavilhão de Isolamento do Hospital Central do Exército e o Curso de Especialização em Tisiologia Clínica e Sanitária da Fiocruz. Possui o Registro de Qualificação de Especialista em Pneumologia.
É médico aposentado do Ministério da Saúde.
É membro fundador da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará e foi seu presidente no período de 1985-87.
Colaborou com "DN – Cultura", "Jornal do Leitor" de "O Povo", "Informativo A Ferragista", "Cooper News" e o "Jornal da Associação Médica Brasileira", entre outros.
Participou de 30 coletâneas literárias com crônicas, contos, poemas, biografias, memórias, causos e pensamentos. Possui produção científica inserida no Currículo Lattes, como autor de capítulos de livros (4), artigos publicados em revistas, pôsteres e anais de eventos e como revisor de manuais técnicos (3).
Em 2011, foi biografado em Portal de Memórias: Paulo Gurgel, um médico de letras, um livro organizado por Marcelo Gurgel Carlos da Silva. 200p. il. ISBN 978-85-901655-4-5.
Dentre as homenagens recebidas, constam: a comenda Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, do Hospital de Messejana; a placa da contribuição prestada à UTI Respiratória Prof. Mário Rigatto, do Hospital de Messejana; a placa da família Studart Gomes, em reconhecimento ao trabalho na construção do legado do Dr. Carlos Alberto; a de figurar na galeria dos presidentes do Centro de Estudos Prof. Manuel de Abreu (período 2003-07), do Hospital de Messejana; a de figurar na galeria dos diretores da Sobrames Ceará (período 1985-87); e o Diploma de Mérito Ético-Professional com que o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará reverencia os médicos com 50 anos de profissão sem qualquer sanção ética.
LIVROS como coautor
VerdeVersos* (1981); Encontram-se* (1983); MultiContos (1983); Temos um pouco* (1984); A Nova Literatura Brasileira (1984); Escritores Brasileiros (1985); Poetas do Brasil (1985); Criações* (1986); Sobre todas as coisas (1987); Letra de médico (1989); Efeitos Colaterais (1990); 1.º Concurso Nacional de Prosa e Poesia, da AMB (1991); Meditações (1991); Outras Criações (1992); Esmera(L)das (1993); Prescrições (1994); Antologia até agora (1996); Marcelo Gurgel em verso e anverso (2003); Dos canaviais aos tribunais: a vida de Luiz Carlos da Silva (2008); Otávio Bonfim, das dores e dos amores: sob o olhar de uma família (2008); Achado casual (2008); Ressonâncias literárias (2009); Receitas literárias (2010); Meia-volta, volver! (2013); Sessent'anos de caminhada: percurso e paradas obrigatórias de Marcelo Gurgel (2013); Ordinário, marche! (2015); Luiz, mais Luiz!* Centenário de nascimento de Luiz Carlos da Silva (2018); Ombro, arma! (2018); Poemas em prelúdio (2019); Fora de forma! (2020)
* também como organizador
LIVROS como apresentador/prefaciador
Prefácio de Em busca de poesia, de Dalgimar Menezes (1985); orelhas de A cor do fruto, de Fernando Novais (1986); orelha de Nossos momentos, de Wellington Alves (1988); orelhas de Otávio Bonfim, das dores e dos amores (2008); contracapa de Anos dourados em Otávio Bonfim, 2.ª edição, de Vicente Moraes (2017); prefácio e contracapa de Pontos de vista, de vários AA (2019); prefácio de Medicina, meu humor! Contando causos médicos, 2.ª edição, de Marcelo Gurgel (2022); orelha de Reencarnação da felicidade, de Edmilson Alves (no prelo).
OUTRAS PRODUÇÕES INTELECTUAIS
Em páginas próprias na internet: 
EntreMentes, desde 18/10/2006. End.: http://blogdopg.blogspot.com
Linha do Tempo, desde 09/10/2007. End.: http://gurgel-carlos.blogspot.com
Preblog, desde 22/11/2007. End.: http://preblog-pg.blogspot.com
Nova Acta, desde 05/02/2010. End.: http://airblog-pg.blogspot.com
Slideshows do PG, desde 13/04/2010. End.: http://slideshows-pg.blogspot.com
Em redes sociais e afins:
Twitter, desde 04/ 2009. http://twitter.com/EntreMentes
Quora, desde 11/2019. http://pt.quora.com/profile/Paulo-Gurgel-Carlos-da-Silva
Facebook, desde /11/2019. http://facebook.com/paulo.gurgel.54
Mastodon, desde 11/2022. http://mastodon.social/@dopaulosilva
Portal Luís Nassif, desde 04/2009. http://blogln.ning.com
Portal ELAM, desde 12/2021. http://elam.art.br/blog-do-paulo-gurgel
(para o Dicionário da Literatura Cearense; org.: Barros Alves)

PIRATA BAR

Criado em 1986 pelos sócios Júlio e Rodolphe Trindade, pai e filho, o Pirata Bar é um empreendimento cultural e turístico que incorpora, com ecletismo e irreverência, a festividade brasileira, tradições locais e a identidade cultural do Ceará.
A proposta, aliada à originalidade da casa, não demorou a chamar a atenção do público fortalezense, que elegeu o Pirata como um de seus locais preferidos no bairro boêmio da cidade, a Praia de Iracema. Em seu palco, apresentaram-se artistas como Leila Pinheiro, Belchior, Oswaldo Montenegro, Edson Cordeiro, Adriana Calcanhoto, Gonzaguinha e outros grandes nomes da música brasileira.
Numa das vezes a atração principal foi o "O Espírito da Coisa", e quão apreciada foi a performance daquele grupo de pop-rock da cidade do Rio de Janeiro. Em meados da década de 1980, "O Espírito da Coisa" seguia uma proposta musical semelhante à da banda Blitz, com canções leves e letras bem-humoradas.
A segunda-feira mais louca do mundo
Era 5 de janeiro de 1987. Uma senhora da sociedade local quis comemorar seu aniversário com as amigas no Pirata. Apesar de ser uma segunda-feira, Júlio Trindade abriu a casa com todo o staff e empolgação dos dias normais do Pirata.
Ao som de forró de LP, fita cassete e vitrola, o singelo aniversário – com direito a chapeuzinhos da Turma da Mônica e a presença de um casal de palhaços holandeses que estava pela Praia de Iracema – tomou ares de festa. No entanto, havia poucos homens entre os convidados. Não se tinha com quem dançar! Júlio Trindade não pensou duas vezes: chamou garçons, seguranças e até o cozinheiro para o salão e todos se fizeram pares de dança. Resultado? A noite foi um sucesso! Tanto que os convidados quiseram repetir o "aniversário" na semana seguinte. O encontro, com o tempo, foi batizado de Chá Dançante da 2ª-feira.
Em fevereiro do mesmo ano, a segunda-feira passou a contar com o forró pé-de-serra do sanfoneiro Azeitona e, em junho, para completar a festa, foi chamada uma segunda banda, a Alta Tensão. E assim, pouco a pouco, de boca-em-boca, se foi criando a tradição de ir ao Pirata Bar na segunda-feira. Com isso, a fama da casa correu o Brasil e o mundo, sendo notícia no jornal "The New York Times".
⟿ Fonte: http://www.pirata.com.br/
Em 2011, morreu em Fortaleza, Antônio Júlio de Jesus Trindade, vítima de câncer cerebral. Este português de Lisboa havia chegado ao Brasil em 1981, após ter estado em vários países (França, Estados Unidos e Canadá) e no Caribe. No Brasil, ele chegou pela Bahia, de onde veio ao Ceará em 1985, aqui criando o Pirata Bar em 1986.
⟿ Fonte: Nirez
Em 2019, seu 33.º ano de funcionamento, o Pirata Bar recebeu o título de Patrimônio Turístico de Fortaleza.
Endereço: Rua dos Tabajaras, 325 - Praia de Iracema. (85) 4011 6161
O que aconteceu com meu bar? Por Rodolphe Andrade (Rodolphe Andrade é presidente da Abrasel no Ceará).

CONGRAÇAMENTO ANUAL DA SOBRAMES - CE

*Reunião virtual pelo Google Meet*
Data: 14/12/2020 (segunda-feira), às 19h30
Pauta:
1- Abertura da reunião;
2- Posse dos novos sobramistas: Dr. Jotabê Fortaleza; Dr. Fernando Melo; Dr. Jonas Marinho - Dr Arruda Bastos realiza a saudação em nome da Sobrames - CE;
3- Dr. Jotabê Fortaleza fala representando os novos sobramistas;
4- Lançamento do livro: "Fora de Forma" - Apresentação: Dr. Sebastião Diógenes; agradecimento: Dr. Marcelo Gurgel;
5- Homenagem póstuma da Sobrames - CE ao sobramista Dr. Francisco Pessoa - Dra Ana Margarida Rosemberg;
6- Homenagem póstuma da Sobrames - CE ao capitão e escritor Francisco Nunes, músico voluntário dedicado do HHJ e do HRU e da Sobrames - CE;
7- Saudação de Natal e Ano-Novo - Dr. José Maria Chaves;
8- Palavra facultada;
9- Encerramento da reunião.

A FELICIDADE ESTÁ NO AR





Nesta segunda-feira (14), às 7h30, nasceu Benício Viana Gurgel, filho de Aline Pessoa Viana Gurgel e Érico de Macedo Gurgel.
É nosso terceiro neto.
Nascido no Hospital Cura d'Ars (Rede São Camilo), o bebê vem saudável ao mundo.
Nossas boas-vindas a você, Benício. Tenha a certeza de que já é alguém muito amado.

- Elba e Paulo, seus avós paternos



LANÇAMENTO DO LIVRO "SOPRO DE lUZ"

Durante a abertura do III Encontro de Academias Literárias do Ceará, no dia 20/11/2020, às 20h, no Espaço de Convivência da Unichristus, no Campus do Parque Ecológico do Cocó, em Fortaleza, ocorreu o lançamento da 37ª Antologia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará (Sobrames-CE).
Trata-se de uma série que foi começada em 1981 pelos sobramistas pioneiros: Paulo Gurgel e Emanuel de Carvalho. Todos os anos a Sobrames- CE lançava no mês de outubro, mês em que se comemora o dia do Médico (18/10), sua antologia. No entanto, em virtude da pandemia de Covid-19, o lançamento anteriormente agendado foi adiado para novembro (20/11).
O grande número de participantes tem sido um ponto forte dessa coletânea anual. Neste ano, o total de autores bateu o recorde, alcançando a marca de 70, dos quais 66 médicos. O título da Antologia, "Sopro de Luz", escolhido por meio de votação democrática durante uma das reuniões mensais da nossa entidade, foi uma proposta da sobramista Alcinet Rocha.
Marcelo Gurgel, ex-presidente da Sobrames-CE, como tem feito nos últimos anos, foi o organizador desta coletânea. Contou com a colaboração da seretária Orlânia Dutra e, como de praxe, a capa foi uma criação do cirurgião e artista plástico Isaac Furtado. E o prefácio foi escrito pela professora e escritora Lourdinha Barbosa, integrante da Academia cearense de Letras.
http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/11/lancamento-da-37-antologia-da.html
http://servicos.cbl.org.br/isbn/ 978-65-5556-077-0 (Origem: CBL) Expressão Gráfica e Editora Marcelo Gurgel Carlos da Silva, SOBRAMES/CE - Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - CE Literatura brasileira Físico Publicado em 2020
✞ É com grande pesar que aqui registro a notícia do falecimento, em 03/12/2020, do médico Francisco José Pessoa de Andrade Reis, um dos autores do livro "Sopro de luz". Nascido em Fortaleza, em 21 de julho de 1949, Francisco Pessoa era médico oftalmologista, com mais de quarenta anos de atuação nessa especialidade, ao tempo em que também se dedicou à vida literária como poeta, cordelista e cronista.

É HORA DE PARTIR

Prezados amigos:
O tempo passou célere, ainda mantenho vívido na memória o dia 11 de fevereiro de 1980, quando adentrei as instalações da NITROFERTIL (posteriormente, teve modificada sua razão social para FAFEN-BA), unidade fabril da Petrobras ubicada no Polo Petroquímico de Camaçari.
Nessa ocasião, era recém-formado em Engenharia Química, estava com 22 anos – no início da vida adulta. A admissão empregatícia no Sistema Petrobras coroava um sonho que começara aos 14 anos, quando decidira pela minha futura profissão, sendo viabilizado em Janeiro de 1979, quando estava em fase final da graduação em Engenharia Química na UFC, tendo sido aprovado em concurso do CENPEQ (Curso de Engenharia de Processamento Petroquímico), peguei o matulão e a arataca, embarquei no primeiro "pau-de-arara", rumo a Salvador, pois a Bahia centenária esperava este cabeça-chata que ousava um lugar ao sol. Concluí o CENPEQ em concomitância com a Eng. Química na UFBA. Pois bem, combati o bom combate, aceitei desafios, desenvolvi minhas potencialidades, cultivei boas amizades e constituí família que alicerçou meu desenvolvimento profissional. Parodiando o grande compositor mineiro, Milton Nascimento, assevero aos amigos que lá deixei, que os trago guardados no lado esquerdo do peito, dentro do coração, um preito de infinita saudade.
Minha vida laboral teve 2 fases distintas: a Baiana e a Cearense.
Permaneci na FAFEN-BA, por período de 22 anos e 6 meses. Nesta tive a oportunidade de assumir diversas funções e tarefas, passando pelos Setores de Otimização, Coordenação de Turno (3 vezes), Setor de Movimentação no Terminal Marítimo de Aratu, Setor de Ureia e Setor de Amônia. Nesta estada profícua na FAFEN-BA, julgaram-me merecedor para assunção de funções de confiança, exercendo-as por aproximadamente 12 anos. Também participei do Grupo que coordenou o REVAMP, ocorrido no ano de 2.000, nas Unidades de Amônia e Ureia.
Exerci a presidência da CIPA na gestão 1999/2000, adicionalmente participamos como instrutor em vários Cursos de Formação de Operadores.
Atendendo a pleito pessoal, em agosto de 2002, efetivou-se a minha transferência para a LUBNOR, no Ceará, retornando assim para a terra natal. Na LUBNOR, inseri-me inicialmente na Gerência de Otimização, atuando como Eng.° de Processamento, posteriormente assumi a função de Gerente deste órgão. Na sequência, exerci a função de Gerente da Produção e depois Gerente de SMS (até 31/08 do ano corrente). Resumindo, fiquei na LUBNOR por 18 anos e 4 meses, sendo em função de confiança por 12 anos e 3 meses.
No próximo dia 7 de dezembro (Dia do Tora, Tora, Tora), estarei me despedindo de uma longa, frutuosa e quase sempre harmoniosa ligação laboral e, porque não dizer, afetiva relação com inúmeros colaboradores da nossa Petrobras. Foram 40 anos, 9 meses e 26 dias de convivência ou 14.912 dias de contrato de trabalho! Ressaltamos que a Petrobras foi a única empresa com que mantive relação trabalhista, caracterizando quase um casamento monogâmico (rsrs), sendo aquinhoado com a conquista e o respeito de grandes amigos.
Por conta de uma sólida formação familiar, onde o trabalho, a ética, a honestidade e o aprendizado constituíam pilares para toda a vida. Tais valores foram e são chancelados pela nossa empresa, que nos franqueou a participação em inúmeros treinamentos, seminários, estágios e visitas técnicas, facilitando a nossa caminhada nestas 4 décadas de muita dedicação, veemência, entrega e companheirismo.
Humildemente, procurei trabalhar sempre em sinergia com os nossos colaboradores e parceiros, valorizando os esforços e resultados. Posso dizer que nunca “briguei com o despertador” e no final de cada jornada perpassava se o que realizara, agregara conhecimento e valor pessoal, coletivo e para a Companhia. Cremos que a missão foi cumprida.
E o futuro, o que nos aguarda ? Obviamente, há uma margem de incerteza, mas temos apenas uma convicção: a de que não podemos parar! A vida flui inexoravelmente, pretendemos retornar aos estudos e leituras. Sempre fomos apaixonado por grandes obras da Literatura e pelas disciplinas História, Geografia e Geopolítica. Quem sabe, reviver o aprendizado do idioma de Shakespeare. Quando a pandemia arrefecer, pretendemos percorrer caminhos e veredas do nosso vasto mundo (aguarde, mano Luciano). E, sobretudo, interagir mais com meus filhos e a família, curtir o 1.º neto que a minha querida filha Marta aguarda e faço votos que meu filho Tiago não demore para dar início à sua prole.
Germano e os filhos Marta e Tiago
É com enorme gratidão, o coração transbordando de emoção e inolvidável recordação que me despeço de cada um de vocês. Sejam pelas oportunidades, ensinamentos, companheirismo e conquistas. Almejando que prossigam nessa caminhada venturosa. Estarei sempre ansiando pelos reencontros.
Terei o máximo prazer em manter o "cordão umbilical" com vocês, através dos contatos:
- telefônico: (85) 99973-1400 / 99686-7350
- e-mail: gmmtcgb@hotmail.com
Estarei ao dispor de vocês !
NOT GOODBYE, SO LONG (Frase receptiva no Aeroporto de Salvador)
Germano Gurgel Carlos da Silva

BELÉM E SOURE

Período: 12 a 15/11/20 (a 17/11/20 para Elba)
12/11, quinta-feira
Chegamos ao Val de Cans, o aeroporto de Belém, à primeira hora de hoje. Após algumas horas de dormida no apartamento de Rodrigo e Natália, no Umarizal, fomos despertados para o café da manhã. Na mesa: um bolo de aniversário e uma placa de "Mamys Poderosa", providenciados por Natália, indicava que Elba estava a mudar de idade.
Saímos para comprar passagens no Terminal Hidroviário para a ilha do Marajó, que visitaríamos no dia seguinte.
Por causa das eleições previstas para domingo, as passagens já estavam quase esgotadas. Compramos bilhetes de ida para Soure pela Expresso Campeão 5 e de volta para Belém pela Expresso Golfinho 1.
Localizado em frente ao Terminal, soube que fora inaugurado, em 13 de agosto, o Parque Urbano Belém Porto Futuro. Com um lago central, fonte luminosa, passarelas, ciclovia, playground, equipamentos de ginástica e um grande estacionamento, o parque é o novo espaço para práticas esportivas, culturais e de lazer da capital paraense. Neste espaço urbano, fiz uma longa caminhada e, quando a sede apertou, parei num de seus boxes para beber uma água de coco.
Em seguida, retornei para o apartamento de Umarizal pela Av. Visconde de Souza Franco (onde fica o Boulevard Shopping), Av. Boaventura da Silva e, por fim, pela Travessa 14 de Março.
Mais tarde, saí para dar uma volta nos arredores. No supermercado Nazaré, comprei umas mangas da variedade bacuri, castanhas do Pará e duas caixas de Linea (um adoçante à base de sucralose) que estava numa promoção.
À noite, fomos jantar peixes da amazônia na Casa do Saulo. Um restaurante há um ano instalado na turística Casa das Onze Janelas, um prédio erguido no século 18 às margens da baía do Guajará. Tinha música ao vivo, e Rodrigo me chamou a atenção para um dispositivo eletrônico de que o cantor se utilizava para produzir segunda e terceira vozes.
[http://www.teclacenter.com.br/blog/segunda-voz/]
13/11, sexta-feira
Embarcamos no Expresso Campeão para o passeio em Soure. Depois de atravessar a baía de Marajó, houve uma rápida parada da lancha na Vila do Caldeirão, em Salvaterra, que fica do outro lado do rio Paracauari. Esta viagem fluvial durou cerca de duas horas e meia com a embarcação encontrando-se lotada.

No trapiche de Soure
Na cidade de destino nos hospedamos na Suítes Soure, recomendada por Natália. E almoçamos filé de búfalo no Patu-Anu, um pequeno restaurante próximo da pousada.
Por falar em búfalo, vi alguns desses animais pela cidade, soltos ou então puxando carroça. As fazendas de búfalos juntamente com as praias são as grandes atrações dos municípios da ilha de Marajó.
Não encontramos uma agência de turismo receptivo que pudesse nos atender. Andando (em geral pelo centro), ou no táxi do Sr. Clérisson, que tomamos em três oportunidades, foi como fizemos o nosso turismo cultural..
A cidade é fácil de percorrer pois suas ruas e travessias são designadas por números.
Elba comprou queijo e doce de leite numa casa desses produtos. O próprio vendedor alertou que estavam mais caros por estar na entressafra do leite.
E fomos jantar no Solar do Bola (indicado pelo setor de turismo da prefeitura), no bairro Matinha, a 2 km da pousada. Um prato de camarões pequenos preparados com creme de pupunha e sucos de mangaba. Tudo muito saboroso, com bom atendimento e os preços justos.
14/11, sábado
Às 5 horas, estávamos no trapiche de Soure. O dia ainda não começara a clarear. Enquanto aguardávamos o horário de partida da lancha Golfinho, consumimos nosso desjejum em um quiosque local: café com tapiocas.
A Golfinho, além de mais moderna, espaçosa e confortável, é também mais rápida. Fez a viagem em que voltamos a Belém em menos de duas horas. Pena que tenha desperdiçado o tempo economizado com as dificuldades que encontrou para atracar no Terminal Hidroviário.
Hoje foi um dia monótono. Fiz uma caminhada pelas ruas de Umarizal e Nazaré, o que nem chegou a ser uma novidade.
Natália, aproveitando a nossa presença em Belém, antecipou a comemoração dos seis meses de vida de nosso neto Renan. Uma festa ao estilo petit comité em que estavam presentes uma criança, quatro adultos e um cão de nome Leon.

Festa para o Renan
Findo o evento, sentei-me ao sofá da sala para assistir a um jogo entre Fortaleza e São Paulo. Com o placar final de 3 x 2 em favor do time paulista, para o desgrado de Rodrigo que é fã declarado do Fortaleza e do Remo.
15/12, domingo
O primeiro turno das eleições municipais. Como aconteceu a muita gente no país, não consegui usar o E-título para justificar minha ausência na seção em que voto em Fortaleza. Tive que me deslocar até uma seção eleitoral que funcionava na rua José Malcher, onde preenchi um formulário de justificação.
(O Brasil faz parte do "seleto grupo" de países em que o voto é obrigatório.)
Almoço no Armazém 2 - Boulevard da Gastronomia da Estação das Docas em que saboreamos pratos diversos no Tio Armênio. O projeto Música no Ar está igual como o vimos em 2013. Havia alguém tocando e cantando MPB, mas o palco (que deveria ser uma atração à parte) continuava sem deslizar acima do público.
Às 18 horas, embarquei em meu voo de volta para Fortaleza. Elba permaneceu na capital paraense para retornar no dia 17. E, no Pinto Martins, tive que enfrentar uma longa espera até conseguir ser atendido pelo Uber.
Conclusivamente, hoje não foi um bom dia para os usuários de aplicativos.

ILHA DE MARAJÓ

É uma ilha costeira situada na Área de Proteção Ambiental do arquipélago de Marajó, no estado do Pará, Brasil. A ilha de Marajó está separada do continente pelo delta do Amazonas, pelo complexo estuário do rio Pará e pela baía do Marajó.
Com uma área de aproximadamente 40 mil km², é a maior ilha costeira do Brasil e,  por ser banhada tanto por águas fluviais quanto por oceânicas, é também a maior ilha fluviomarítima do mundo. 
A mesorregião geográfica do Marajó, além do arquipélago, abrange alguns municípios do entorno que somam cerca de 104 mil km2.
Clima equatorial com temperatura média anual de 26ºC. A precipitação anual é sempre maior que 2.000 mm. As estações são inexistentes ou pouco acentuadas. A amplitude térmica é muito fraca e os dias têm a mesma duração das noites. A umidade relativa do ar é alta (+ de 80%).
A ilha propriamente dita possui 12 municípios: Santa Cruz do Arari, Afuá, Anajás, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, São Sebastião da Boa Vista e Soure, que formam as Microrregiões do Arari e do Furo de Breves. Já a microrregião de Portel (+ 4 municípios) é formada em boa parte por territórios no continente.
Soure (25 mil habitantes), Salvaterra (17 mil habitantes) e Cachoeira do Arari (20 mil habitantes) são os principais municípios da parte oriental da ilha (mais perto de Belém). Na parte ocidental de Marajó, é Breves, sendo o município mais populoso (100 mil habitantes), que disputa o status de "capital". No entanto, Soure é o coração turístico da ilha.
Marajó é o lugar do maior rebanho de búfalos do Brasil, com cerca de 600 mil cabeças. Toda a carne, leite e derivados consumidos na região vêm deles. Outros destaques são suas belas praias, seus recursos arqueológicos e a arte marajoara, considerada a mais antiga arte cerâmica do Brasil e uma das mais antigas das Américas. E a economia da ilha também se apoia na pesca, extração de madeira, açaí e borracha, além de um ainda incipiente turismo.
O período mais recomendado para visitar Marajó é entre julho e dezembro, quando chove menos, os rios estão mais baixos e as praias surgem na paisagem. E a forma mais comum de visitar a região é utilizando-se de embarcações (navio, lancha rápida ou balsa) embora existam pequenos aviões para esta finalidade.
  • Barco rápido (Expresso Golfinho da Master Motors, por exemplo), que sai do Terminal Hidroviário de Belém (THB), ao lado da Estação das Docas, de segunda a sábado, às 8h15, com retorno às 5h30 (do dia seguinte). É confortável, tem ar condicionado e faz a travessia da baía de Marajó com destino a Salvaterra / Soure em duas horas. Em Soure, você pode pegar um táxi, mototáxi ou contratar uma agência de turismo receptivo local. Para ir a Cachoeira do Arari, há também uma linha de lancha rápida no THB, de segunda a sábado, às 12h30, e aos domingos e feriados, às 9h00, que chega a esta cidade pelo rio Arari. Tempo de viagem: duas horas e meia. Estando em Cachoeira do Arari, você pode ir para Salvaterra pela rodovia PA-154. Distância: 71 km, tendo que fazer uma travessia fluvial (200 m) por balsa.
  • Balsa para veículos, que sai do Terminal Hidroviário de Icoaraci a 20 km do centro de Belém . A viagem leva 3 horas, de Icoaraci até o porto de Camará, em Salvaterra. A partir do porto de Camará, você pode usar um ônibus, van ou táxi (caso você não esteja em carro próprio ou alugado) para ir até o centro de Salvaterra (25 km). 

A REPRESSÃO TRAÇA O PERFIL DE JATAHY

Após o desfecho dos dias 31 de março e 1.º de abril de 1964, a polícia militar abriu inquérito para apurar e punir os "subversivos": os militantes dos movimentos sindicais e populares. De caráter investigativo, o IPM/1964 traçou o perfil das principais lideranças cearenses, para o caso de confirmação de denúncias de atividades de comunização nacional. Dentre esses perfis, encontra-se o do músico José Jatahy: 184.º Relatório Periódico de Informações, período de 15 de fevereiro a 11 de março, assinado pelo Cel. Tácito T. Oliveira, em 11/03/1964. Documento do Ministério da Guerra/ IV Exército/ 10ª Região Militar/ 23º Batalhão de Caçadores. Juntado no 1º volume, às folhas 232 e 234, do Inquérito Policial Militar de 1964.
JOSÉ JATAHY, brasileiro, casado, com 53 anos de idade, músico, filho de Carlos Jatahy e Benvinda Costa Jatahy, natural de Fortaleza, onde reside no Palace Hotel, quarto 212. Prestou depoimento às fls. 151. Nota-se sua participação direta no movimento de comunização do Nordeste (fls. 151, 153, 172). Introduziu o comunismo em seu sindicato, na tentativa de mudança do nosso regime, fls.87, 152, 244, 323. Como dirigente do Pacto Sindical, integrou a Frente de Mobilização Popular (fls. 93, 153) trabalhando para a comunização da região, conforme anexos 2A-24, 2A-36 e 2A-7. Já não mais músico brasileiro. Era músico comunista. Empregava sua profissão, arte relevante em motivação psicológica, no aliciamento comunista. Às fls. 54, vamos que, numa organização brasileira, como é o Sindicato dos Ferroviários, não foi o hino nacional brasileiro que ensaiou. Foi a Internacional Comunista. Era este hino que José Jatahy contava reger na pretensa vitória do comunismo em nossa terra. Daí ao hino russo, a distância é muito pequena. Apesar de músico, presidiu na qualidade de presidente do Pacto Sindical a reunião subversiva realizada no sindicato dos ferroviários (fls. 172). 120. Ainda na sede desse sindicato, no dia 5 de março de 1964, fez pregação subversiva, incitando a greves e movimento para derribada do poder constituído. Às fls. 345, constata-se a ousadia deste denunciado, chegando a ameaçar o Ministro da Educação de tomar medidas drásticas. É preciso notar a desvinculação profissional de José Jatahy em todos esses meios. O denunciado Jatahy é músico. Penetrava no meio estudantil, no Sindicato dos Ferroviários e em outros centros profissionais tão somente para estimular a baderna, para desmantelar a disciplina e criar ambiente mais favorável à comunização, à mudanças dos princípios constitucionais brasileiros.
Fontes:
http://anovademocracia.com.br/no-71/3157-o-canto-subversivo-de-jose-jatahy
http://blogdoeliomar.com.br/2010/11/08/fortaleza-ganhara-avenida-jose-jatahy/
http://www.somosvos.com.br/linha-de-trem-abandonada-e-transformada-em-parque-publico-em-fortaleza/

JOSÉ JATAHY (1910-1983)

Nesta terça, 10/11, o cantor, compositor e sindicalista José Jatahy, completaria 110 anos de idade se vivo estivesse. Nascido em Fortaleza, José Pattápio da Costa Jatahy, é nome de uma importante avenida na capital cearense.
Saiba mais um pouco sobre Jatahy:
Quando João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, a PRE-9, em 1934, José Jatahy, possuidor de potente voz, já era conhecido como o grande seresteiro de Fortaleza. A primeira rádio do Ceará formava pouco a pouco sua equipe de profissionais e o cantor boêmio foi o primeiro contratado por esta emissora e, durante algum tempo, seria sua grande atração.
Após ser escolhido o melhor cantor do Ceará, em um festival realizado em 1942 no Theatro José de Alencar, passou a ser distinguido com a fama de "o pioneiro do rádio" e "o maioral". Jatahy, entretanto, já era visto pelas oligarquias locais como um elemento de ideias perigosas, e isso era expresso pelo próprio João Dummar, que buscava, sem sucesso, um substituto que o suplantasse em talento.
José Jatahy foi parceiro de Luiz Gonzaga, que gravou "Eu vou pro Crato" e "Desse jeito, sim". Graças a seus dotes artísticos, coube-lhe também elaborar o Hino do Ceará Sporting Club, dos Ferroviários, do Pacto Sindical e a Canção da Juventude
Presidiu o Sindicato dos Músicos Cearenses e, acusado de pregação subversiva e incitação a greves, foi preso em 1964. No dizer de Fausto Arruda, Jatahy soube, como poucos, colocar o seu canto e a sua arte a serviço do proletariado.
Faleceu aos 73 anos de idade, em 1983.
http://anovademocracia.com.br/no-71/3157-o-canto-subversivo-de-jose-jatahyy
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Jatahy
http://cearasc.com/noticia/jose-jatahy-completaria-100-anos-nesta-quarta
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2020/01/parceiros-cearenses-de-luiz-gonzaga.html

Onde anda Diassis Martins?

DIALETO NORDESTINO

"É melhor escrever errado a coisa certa
do que escrever certo a coisa errada."

— Patativa do Assaré
Se você tem orgulho de ser nordestino, de nossa cultura e do rico dialeto que possuímos, divulgue este vídeo do poeta cordelista Braulio Bessa.

LIDO

Construído na Praia de Iracema em 1955, inicialmente apenas um galpão à beira-mar, o Lido foi um marco da gastronomia cearense. Com o nome inspirado no do famoso Le Lido, de Paris, o restaurante de Fortaleza logo ganhou a predileção do público. Sendo um dos motivos ir lá para degustar o saboroso "peixe à delícia" (filé de peixe envolto em bananas fitas, gratinado com molho branco), um dos itens do seu cardápio. [http://www.fortalezanobre.com.br/2010/08/restaurante-lido.html, onde pode ver o arquivo fotográfico de Joanna Dell'Eva]
Em 1984, fechou suas portas na Praia de Iracema e foi para a Beira-Mar, ao lado do Alfredo. No lugar de origem do restaurante surgiria o Edifício Lido.
Frequentei o Lido do primeiro endereço. Correspondendo ao período em que o cantor Vitor Portela, que eu conhecera no restaurante Nilu's, fazia suas imitações vocais do Miltinho, Cauby Peixoto, Martinho da Vila e do menino Michael Jackson.
Portela dizia ser filho do cantor Miltinho (sua melhor imitação), o que não passava de uma brincadeira. Ele costumava me anunciar ao microfone como médico "cardiologista", mesmo depois de já ter sido corrigido quanto à citação da especialidade. Numa noite, acompanhei-o em uma sequência de shows que ele deu por clubes suburbanos de Fortaleza. Seu empresário era o comunicador Irapuan Lima. No Vila União, recordo-me, assisti ao show do Vítor, sentado à "mesa da diretoria".
Certa vez, um grupo de pessoas chegou ao Lido. O grupo era numeroso, e houve necessidade de juntar várias mesas para atender a todos. Um dos recém-chegados era o ortopedista Mario Mamede, meu colega de turma na Faculdade de Medicina da UFC e que atuava na política cearense. Outros eram pessoas que eu conhecia de vista, principalmente do Estoril, outro reduto da boemia local.
Mário então me apresentou a um homem de trinta e tantos anos, de estatura mediana e com uma barba cerrada, bem preta - o centro das atenções. A conversa que tive com ele foi rápida, e desejei-lhe boas vindas. Ao retornar para a mesa que eu ocupava com Elba, Vítor Portela me procurou para perguntar quem era aquele homem.
(Ele gostava de anunciar a presença das pessoas no Lido.)
Disse-lhe:
- É o Lula.
- O Lula... do PT?
- Sim, ele mesmo.
Naquela noite de 1984, Luiz Inácio da Silva, cercado de companheiros e admiradores, tinha ido distrair-se no bom e velho Lido. Longe de imaginar a perseguição midiatico-judicial que, no futuro, promoveriam contra ele, "lawfare" é como se designa tecnicamente o expediente.
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As táticas do lawfare:
Manipulação do sistema legal, com aparência de legalidade, para fins políticos
Instauração de processos judiciais sem qualquer mérito
Abuso de direito, com o intuito de prejudicar a reputação de um adversário
Promoção de ações judiciais para desacreditar o oponente
Tentativa de influenciar opinião pública com utilização da lei para obter publicidade negativa
Judicialização da política: a lei como instrumento para conectar meios e fins políticos
Promoção de desilusão popular
Crítica àqueles que usam o direito internacional e os processos judiciais para fazer reivindicações contra o Estado
Utilização do direito como forma de constranger o adversário
Bloqueio e retaliação das tentativas dos adversários de fazer uso de procedimentos e normas legais disponíveis para defender seus direitos

ESTAÇÃO D'AURORA. Uma saudade que não passa

"Cedo ou tarde nem que seja apenas navegando no rio da memória, as pessoas retornam ao lugar onde nasceram." 
Hermenegildo de Sá Cavalcante

Esta obra foi publicada sob o patrocínio cultural da Prefeitura Municipal de Aurora, por intermédio de sua Secretaria de Cultura e Turismo, em comemoração ao Centenário da Estação Ferroviária de Aurora. É um tributo à memória de todos aqueles que, direta ou indiretamente, construiram a história desse importante monumento ferroviário da cidade.
Reunindo uma plêiade de trinta autores, "aurorenses e aurorados", o livro "ESTAÇÃO D'AURORA. Uma saudade que não passa" foi organizado e editado por José Cícero da Silva e João Borges da Silva.
É, nos dizeres do secretário de Cultura de Aurora, Prof. José Cícero:
"Um livro que nos chegou pelos trilhos, como encomenda, no antigo trem da estação de Aurora."
Tendo sido a data em que foi recebida esta encomenda gráfica: 7 de setembro de 2020. Um século depois de sua remessa, mas como valeu a espera!
Foto: Antonio Rodrigues, DN

AURORA. O município, o trem e as estações ferroviárias

O município
Não se sabe ao certo o local onde Aurora se originou. O historiador Vicente Landim de Macêdo relaciona dúvidas e controvérsias a respeito. 
Teria sido próximo a uma capela construída por Benedito José dos Santos, um escravo alforriado vindo da Bahia? Ou será que Aurora se iniciou em torno de outra capela, dedicada ao Menino Deus (até hoje o padroeiro do município), construída em 1823 na Fazenda Logradouro, pelo Cel. Francisco Xavier de Souza, para atender ao pedido de sua mulher?
Ou será, ainda, que Aurora, antigamente chamada "Venda", iniciou-se no local hoje denominado "Aurora Velha". Havia ali uma taberna, ponto obrigatório de quantos vindos dos sertões centrais destinavam-se ao Crato. E essa taberna originou o povoado e, depois, a vila e a cidade. Então, quando se tornou município, pela Lei n.º 2407, de 10 de novembro de 1883, recebeu o nome de Aurora, uma denominação que se prendeu, talvez, ao fato de a proprietária da primeira venda existente na localidade chamar-se Aurora.
Como exprime o poeta Serra Azul:
"É a terra de meu berço essa que (embora
Tivesse o nome mercantil de Venda),
Tem-se hoje o nome fúlgido de Aurora."
É conhecida, também, a versão de que a cidade de Aurora recebeu essa desnominação por sugestão do jornalista Paulo Nogueira às autoridades estaduais, após ter presenciado o nascer do sol sobre o rio Salgado.
Criado pela Lei 2.047, de 10 de novembro de 1883 o município de Aurora é detentor de um dos mais ricos e significativos passados históricos da região sul caririense. É a terra natal de figuras notáveis e emblemáticas como a célebre matriarca Marica Macedo, o poeta Serra Azul, o pintor Aldemir Martins, o cantor Alcymar Monteiro, o literato Hermenegildo de Sá Cavalcante, os jornalistas Newton (Lúcio Brasileiro) e Neno Cavalcante, o escultor Nego Simplício e a própria Dona Aurora, a quem o município deve o topônimo.
O trem
A Linha Sul da Rede de Viação Cearense surgiu com a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro trecho em 1872, a partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes. Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada com a E. F. de Sobral para criar a Rede de Viação Cearense (RVC), que foi arrendada à South American Railways. Em 1915, a RVC passou à administração federal, e a linha chegou a seu ponto mais distante em 1926, quando atingiu a cidade do Crato. Em 1957, passou a ser uma das subsidiárias formadoras da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e, em 1975, foi absorvida operacionalmente por esta. Em 1996, foi arrendada com a malha ferroviária do Nordeste para a Cia. Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens de passageiros percorreram a linha Sul até o dia 16 de novembro de 1989, quando finalmente foram desativados.
As estações ferroviárias
No início da década de 1920, Aurora se notabilizou pela construção de sua estação ferroviária, cuja inauguração se deu em 7 de setembro de 1920 (foto). 
O município passou então a ter a primeira e mais importante estação ferroviária da região, uma vez que as estações do seu distrito de Ingazeiras (1922), de Missão Velha (1925), de Juazeiro (1926), do cratense distrito de Muriti (n/d) e do Crato (1926) só vieram a ser concluídas anos depois. Por conta de ser um entroncamento da RVC, Aurora acolhia os viajantes de parte da Paraíba e do Cariri cearense, que vinham pernoitar na cidade à espera do trem para a capital. A estação ainda está de pé, em uso pela Prefeitura de Aurora e tem recebido obras de restauro. 
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/aurora.pdf
http://aurora.ce.gov.br/omunicipio.php
http://www.estacoesferroviarias.com.br/ce_crato/aurora.htm. Atualização 19/02/2018
"MARICA MACEDO. A brava sertaneja de Aurora", por Vicente Landim de Macêdo. Brasília: Petry Gráfica e Editora Ltda. 1998. 266p.
A postar: "ESTAÇÃO D'AURORA. Uma saudade que não passa", coletânea organizada por José Cícero

BATURITÉ, O MUNICÍPIO CEARENSE COM EXCLAVE

Baturité, no Ceará, é um dos oito municípios brasileiros que têm exclaves - isto é, que tem o território descontínuo. O exclave é essa parte inferior, que está geograficamente separada da porção principal do município.
Para mais informações, recomendo que assistam a este vídeo do Olavo Soares no Canal Exclave.

O BIZU DO SARJA

1.
Étienne Bézout (Nemours, 31 de março de 1730 — Avon, 27 de setembro de 1783) foi um matemático francês.
Em 1758 Bézout foi eleito adjunto em mecânica da Académie des Sciences. Dentre diversos outros trabalhos, escreveu "Théorie générale des équations algébriques", publicado em Paris, em 1779. Seu livro didático se tornou referência a ponto de os professores da época usarem a expressão "vou dar explicação como o Bézout". A expressão foi transformada, aos poucos, em "vou dar o Bézout". Especialmente em escolas militares, é comum usar-se o termo "bizu", que tem exatamente essa origem.
2.
Quando a Família Real veio para o Brasil, trouxe, em sua comitiva, diversos professores de Coimbra. Esses docentes foram colocados na Real Academia Militar.
As aulas de Matemática eram o terror dos alunos, até descobrirem que os mestres usavam, como base das aulas e provas, um livro de um autor francês chamado Etienne Bezout.
Assim, corria pelos alunos a informação de que ter o livro do Bezout era fundamental para ter sucesso na matéria.
Ter o Bezout era o diferencial e todos queriam o Bezout, que passava de mão em mão.
Essa é a origem do termo "bizu".
3.
Lembro-me do sargento Valdenor. "Bizu" e "bizurar" eram gírias que andavam na boca do saudoso colega. Na boca e... nos gestos. Pois, ao pronunciar essas palavras, ele fazia o gesto de juntar três polpas digitais da mão direita, esperando que o colega viesse de lá com o mesmo gesto. Trocados os "cumprimentos", ele explodia numa sonora gargalhada.
Francisco Valdenor Barbosa, nosso colega de turma na Faculdade de Medicina, a quem também chamávamos  de "Sarja", certamente foi o tipo mais popular de nossa turma. Por vezes, soltava umas bravatas, porém estas não incomodavam. Ao contrário, nos divertiam. 
A par de suas obrigações de sargento no Colégio Militar de Fortaleza (CMF), ele fez o curso de graduação conosco, tendo-o concluído em 1971.
Em 1972, fez também o Curso de Formação de Oficial Médico (CFOM) da Escola de Saúde do Exército no Rio de Janeiro. Estagiou no Hospital Miguel Couto, no serviço de ortopedia do Dr. Lídio Toledo, médico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e que parecia gostar muito dele.
Dividimos, por alguns meses, um quitinete alugado no Edifício Corumbá, em Copacabana. Gostava de se olhar no espelho interno de um guarda-roupa do quitinete. Com ele, quase sempre de cuecas, túnica verde-oliva 4A e quépi. Nesses momentos, prometia em voz alta o enquadramento de um certo sargento do CMF quando voltasse a Fortaleza (mentira, nunca faria isso).
E terminava a narcísica sessão com uma caprichada continência. Que o espelho simultaneamente respondia.
Ao concluir o CFOM, recebeu a patente de 1.º Tenente Médico e seguiu para Brasília. Nossos contatos se tornaram raros a partir de então. 
Por essa foto que eu encontrei na internet, descobri que ele entrou para a Maçonaria.
Legenda:
  • Grão-Mestre Francisco Valdenor Barbosa
  • Grande Loja Maçônica do Distrito Federal
  • 20/08/1981 a 20/08/1984
Hoje o bom e velho "Sarja" deve estar trocando bizus no Céu.

CEARÁ, SAÍ FICANDO LÁ

Fernando Gurgel Filho
(para mim)
Em relação à publicação de: Canção do Exílio
Quando era diretor da Casa do Ceará em Brasília escrevi estes versos:
CEARÁ, SAÍ FICANDO LÁ
Quando vim do Ceará
Não trouxe nada de lá,
Só a saudade do mar,
Um coração que partia,
Futuro que não existia,
Vontade de voltar um dia.
Pessoas amadas se foram
Outras com amor vieram
E a ficar me obrigaram.
Muitas coisas esqueci,
Outras tantas eu perdi,
Mas de lá nunca saí.
Um amigo musicou: HINO DA CASA DO CEARÁ (2012)

PESAR POR ELENITA MARIA PINHEIRO DA FONSECA

Consto aqui, neste momento de saudade, o meu voto de pesar pela falecimento da Dra. ELENITA MARIA PINHEIRO DA FONSECA, cujo fato (16) se deu em consequência da Covid-19.
Médica formada pela Universidade Federal do Ceará, no ano de 1971 (na Turma Andreas Vesalius / Carlos Chagas, da qual faço parte), Elenita tinha como especialidade médica a Pneumologia.
Era anima e cuore do Coral da Unimed Fortaleza.
Em vídeo que foi postado pela Sobrames Ceará, o colega Dr. Elias Boutala Salomão dedicou-lhe as seguintes palavras:
"Bela, altiva e elegante. Bondosa como só ela sabia ser. De repente, resolveu usar suas asas para alçar um longo voo rumo ao Paraíso. Fico imaginando a festa que foi preparada para sua chegada.
Tu eras tão útil aqui na Terra, mas o Criador achou que precisava de uma ajudante do teu naipe. Ficamos órfãos de tua presença sempre marcante e festejada. Foste uma amiga ímpar, uma serva de gestos grandiosos.
Quantos, através de tua bondade e amor ao próximo, conseguiram o que desejavam com tanta ansiedade. Amiga, meiga e bondosa, filha exemplar, mãe batalhadora, médica sempre disponível, ajudando os necessitados em coisas quase impossíveis. Sofreste muito. Deus te tenha. Tu não serás esquecida. Deixaste a marca da bondade e do amor ao próximo."

Dra. Elenita e Dr. Elias

A GRATIDÃO DO CAJUEIRO

Rogaciano Leite
Mais de setenta anos marcam hoje a distância do dia em que uma garotinha humilde plantou com a sua "mão ingênua e mansa" uma exuberante castanha de caju nas areias cálidas de Aracati. Naquele gesto havia beleza e carinho, mas nunca, talvez, a esperança de que em futuro muito remoto aquela semente se transformasse em fronde acolhedora, com folhas cariciosas, gordos e saborosos frutos para premiar com a sua gratidão vegetal a mão frágil e pobrezinha que a plantara.
Diferente da ingrata amendoeira de Raul de Leoni, que "ergueu os ramos pelo muro em frente e foi frutificar na vizinhança", o cajueiro plantado pela então garotinha de Aracati, soube reservar todas as suas energias criadoras para fazer com que a hoje velhinha que o plantou recebesse do sr. Ministro da Agricultura um prêmio de dois mil e quinhentos cruzeiros pelo maior caju produzido naquela cidade, por ocasião da festa que o dinâmico deputado Ernesto Gurgel Valente organizou e dirigiu.
E a velhinha, que jamais em toda a sua vida houvesse pegado em tão "volumosa" importância, mandou, com esse dinheirinho, substituir por paredes mais sólidas e telhas de barro a palhoça que vinha ameaçando ruir sobre uma atormentada e esquecida existência de 70 anos.
E talvez a velhinha morra numa estação do ano em que o cajueiro agradecido possa cobrir de flores a mão que o plantou.
Quanta gente, neste mundo, precisaria ter a gratidão do cajueiro de Aracati.
Fonte: Gazeta de Notícias (CE), 11 de janeiro de 1957. Esta crônica foi lida e transcrita nos Anais da Assembléia Legislativa.
Via: http://www.facebook.com/centenariorogaciano.leite.1

MANIFESTO PELA CULTURA NORDESTINA

Por Prof. André Bastos Gurgel
Docente de Análise e Produção de Textos da Faculdade Rodolfo Teófilo
O brasileiro, principalmente o nordestino, é portador de uma doença grave, uma enfermidade que maltrata o intelecto. Trata-se do ‘complexo de vira-lata’! Embora não tenha sido catalogado como uma doença grave, o complexo de vira-lata é altamente contagioso, mas seu conceito e seus sintomas nunca foram descritos na literatura médica. Se o leitor quiser aprofundar-se no tema, deverá primeiramente consultar os escritos do célebre escritor Nelson Rodrigues, que assim o definiu:
“Por ‘complexo de vira-lata’ entendo eu a inferioridade em que o brasileirose coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”
Agora que o leitor já está familiarizado com o conceito, deve ter percebido que todos nós sofremos desta enfermidade, e que Nelson Rodrigues, melhor que qualquer médico famoso, descreveu o mal de que padecemos. Afinal, será que valorizamos a nossa cultura nordestina? Qual foi a última vez que lemos uma obra de cordel? Será que somos familiarizados com a riquíssima tradição, com o folclore do nosso estado e dos nossos vizinhos? Será que podemos afirmar que valorizamos nossa cultura só pelo fato de nos vestirmos de ‘caipira’ durante as festas juninas e comermos comidas típicas?
Há países que valorizam suas culturas, pois tem ciência do legado de seu povo. A França divulga sua cultura pela Aliança Francesa; a Itália, pelos Institutos de Cultura Italiana (ICI); a Alemanha e a Espanha, pelo Instituto Goethe e Instituto Cervantes, respectivamente. Até mesmo aqui no Brasil temos os ‘Centros de Tradições Gaúchas’ (CTGs). Agora faço uma pergunta: por que não existe aqui um bem montado centro de tradições nordestinas aqui no Nordeste? A resposta está no nosso complexo de vira-lata!
Pensando nisso, a Faculdade Rodolfo Teófilo (FRT) decidiu criar o Espaço Ariano Suassuna para a preservação e disseminação da nossa cultura. O Espaço foi assim batizado porque não há escritor que tenha expressado melhor a alma do nordestino do que o autor das obras ‘Auto da Compadecida’, ‘Farsa da Boa Preguiça’ e ‘Santa e a Porca’. Ariano Suassuna foi um homem sem igual, que amava sua cultura. Embora respeitasse muito a cultura de outros países, dizia, citando suas próprias palavras, que não trocava seu oxente pelo okay de ninguém.
Dentre as atividades do Espaço Ariano Suassuna teremos:
Teatro: Serão estudadas várias peças de autores nordestinos. No semestre passado, os alunos interpretaram o ‘Auto da Compadecida’. O áudio produzido na ocasião será doado à Sociedade de Assistência aos Cegos.
Literatura de cordel: os alunos lerão obras-primas da literatura de cordel, como por exemplo ‘As Façanhas de João Grilo’.
Literatura e poesia: os participantes aprenderão mais sobre nossos grandes poetas.Além do próprio Rodolfo Teófilo, também vamos estudar Clarice Lispector, Castro Alves, Ariano Suassuna etc. Durante os encontros, os alunos terão oportunidade de aprimorar a arte de declamar e falar em público.
Música: Será estudada a tradição musical do nosso povo, com ênfase em cantores como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Os alunos serão incentivados a estudar a música popular e folclórica. Também estudaremos as tradições musicais de outros estados nordestinos, incluindo o frevo e o coco.
Pesquisa científica: O ‘Espaço Ariano Suassuna’ também oferecerá subsídios ao aluno que quiser escrever ensaios e desenvolver pesquisas relevantes sobre o Nordeste.
Escrita criativa: Atenção especial será dada ao desenvolvimento de contos, romances e resenhas criativas.
Para participar desse projeto pioneiro, só há um pré-requisito: vontade de livrar-se do complexo de vira-lata e de aprender mais sobre nossa cultura. As aulas serão abertas ao público, podendo participar pessoas de todas as idades, quer sejam alunos da FRT ou não.
As palestras introdutórias ocorrerão remotamente nos dias 10/09/20, às 17h, e 12/09/20, às 14h30. Serão enviados os links para os interessados.
e-mail: andrebgurgel@gmail.com
telefone/whatsapp 99924 7878
site: http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/09/manifesto-pela-cultura-nordestina.html

ESTIRÃO DO EQUADOR

Havia a presença de um oficial médico em cada pelotão de fronteira no Solimões. Quando um destes pelotões (eram quatro), por qualquer razão, ficava sem o seu esculápio, cabia ao Hospital de Guarnição de Tabatinga (HGuT), sediado em Benjamin Constant, indicar o profissional substituto.
Tínhamos uma escala no hospital para atender essas necessidades. Em geral, designava-se um médico R2 para assistir o pelotão por um tempo mínimo de 15 dias.
Ao passar a direção do HGuT para o Dr. Cunha, um major médico transferido de Belém, daí em diante fui incluído na escala. Em pouco tempo, lá estava eu em Estirão do Equador.
Situado à margem direita do Javari, num trecho em que o rio é um retão, o pelotão não tinha sequer um aldeamento civil ao redor. Eram as instalações militares, a selva, o rio e, do outro lado, o Peru. Comandava o efetivo militar local um primeiro-tenente de infantaria.
Ao sermos apresentados, ele e eu sabíamos das nossas posições na hierarquia militar. No confronto, eu era mais antigo, e antiguidade é posto, como se diz na caserna. Não era à toa que existia o Almanaque do Exército para dirimir eventuais impasses.
Após me informar sobre a hora da formatura matinal, o comandante do pelotão me indagou se eu pretendia comparecer. Respondi que não. Ficasse ele dispensado de apresentar-me a tropa em forma nas alvoradas. Eu  sairia do café diretamente do alojamento para a enfermaria do pelotão, onde estaria à disposição dos militares que alegassem doenças.
A enfermaria, o refeitório e o alojamento constituíram o meu espaço em Estirão do Equador naqueles 15 dias. Felizmente, todas as portas e janelas das citadas instalações eram teladas, além disso eu passava o Repelex no corpo. O que aprendi ser necessário, pois os insetos hematófagos não davam trégua. Naquelas bandas, o pium (de hábitos diurnos) passava o serviço para o carapanã (de costumes noturnos). (1)
O rancho, meu Deus, era à base de enlatados. O que acontecia com menor frequência em Benjamin Constant, onde aparecia um tambaqui fresco no almoço e, à noite, podíamos ir comer um churrasco no restaurante do Magalhães. Isso para não falar como as cozinheiras do hospital sabiam disfarçar a origem industrial de um fiambre.
Aproveitei o período no Estirão para realizar uma arrumação completa dos medicamentos nas prateleiras da enfermaria. A fim de facilitar a dispensação a quem me procurasse no consultório, o que quase não aconteceu.
Chumbo miúdo
De volta a Benjamin Constant, tive uma reunião difícil com o diretor do hospital. Ele tomara 
conhecimento da existência de um grande estoque de "Pulmocilin" na farmácia hospitalar. E sugeria que eu, na qualidade de médico pneumologista, não só prescrevesse o produto como também encorajasse o corpo clínico a fazer o mesmo. Fiz ponderações a respeito.
No ano anterior, o grande (na cordialidade e no tamanho) Dr. Antônio Marques, meu chefe no Pavilhão de Isolamento do Hospital Central do Exército, casualmente elogiou as propriedades desse produto farmacêutico, chamando-o carinhosamente de "chumbo miúdo".
O que me levava a não aceitar o tal "Pulmocilin"? Sua composição e dosagens. Uma injeção continha duas penicilinas (G potássica + G procaína); estreptomicina; antígenos bacterianos polivalentes etc. etc. etc. De fato, fazia jus ao apelido.
Tempos depois, em 1996, "Pulmocilin" (2) teve o registro suspenso. Constou do parecer em seu desfavor: "As especialidades farmacêuticas para uso oral e parenteral de efeito sistêmico contendo associações numa só formulação de antimicrobianos entre si e/ou outras substâncias medicamentosas são cientificamente injustificáveis, devendo ser retiradas do comércio e proibida sua fabricação."
Ressalte-se que, à época em que isso aconteceu, "Pulmocilin" até vinha apresentando uma composição mais enxuta.

DOMINGAS ARÃO, TRONCO DOS AMARAL GURGEL

Como anteriormente mencionado, para a maioria, os que tivessem continuado a seguir ocultamente o judaísmo seriam denominados marranos enquanto que os que de fato tenham, ao longo das gerações, se tornado cristãos, devem ser chamados de cristãos-novos. Wolff (1991) emite a seguinte opinião sobre essa última categoria:
"Cristão-novo é uma expressão mais ampla abarcando os judaizantes e a grande massa de católicos praticantes, descendentes de israelitas".
O grande estudioso judeu e sua esposa Frieda Wolff, cercam-se de muito cuidado ao citar em seus livros aqueles elementos de origem judaica, preferindo sempre arrolar como cristão-novo apenas os que conseguem documentalmente registrar como judaizantes.
Instado a falar sobre genealogia judaica, proferiu palestra no Colégio Brasileiro de Genealogia em 20 de março de 1989, discutindo a origem judaica de algumas famílias do Rio de Janeiro. Dentre as pessoas ali apontadas, referiu-se a Domingas de Arão, tronco da família Gurgel do Amaral. Transcreveremos o que diz o eminente escritor:
"Enquanto o nome Arão indica uma ascendência israelita, encontramos na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Anais do Congresso de História do Segundo Reinado, Comissão de Genealogia e Heráldica, pág., 107 e 108, o artigo de Celso Maria de Melo Pupo, "O Visconde Anfitrião de Suas Majestades", com informes importantes a respeito do patronímico. De Arão e Daram seriam corruptelas do apelido de Aram, nome de uma família que teria adquirido propriedade situada em vale espanhol, na fronteira da França, região que tem o nome Aram, aportuguesado depois d´Aran, Daran, de Arão."
✅Domingas de Arão (do Amaral) casou-se com o francês Toussaint Gurgel em princípios do século XVII no Rio de Janeiro, mas interessa a genealogia nordestina, pois um dos ramos da família, fundada pelos acima nomeados, estabeleceu-se no Aracati e a partir dai, para Caraúbas no Rio Grande do Norte, com larga descendência, como registra Aldysio Gurgel do Amaral.
Mais modernamente, Marcelo Meira Amaral Bogaciovas, na Edição comemorativa do cinquentenário do Instituto Genealógico Brasileiro, também teceu considerações críticas a respeito das origens familiares dos Amaral Gurgel, perguntando qual seria a origem dos sobrenomes Amaral, que surge na família, ligado ao que tudo indica, a Domingas. Também por esse ramo é bom lembrar a possibilidade da origem semita dos Amaral Gurgel, como se lê em Baião (1973):
"Alli Lopes, mercador mourisco convertendo-se chamou-se João Dias, dizem que casou em Vizeu com uma judia estalajadeira na Praça, a que chamavam Maria ou Mor Afonso. Deles descendem muitos cavaleiros da beira do apelido de Loureiro e de Amaral..."
Sobre um ramo paraibano dessa família D´arão ou Daran, informa José Romero Araújo Cardoso, geógrafo e estudioso do cangaço, que na sua família sempre se soube descenderam de cristão-novos, e que o tronco seria o cristão-novo João Ignácio Cardoso D´arão que, acusado de práticas judaizantes, refugiou-se em Pombal, na Paraíba. Foi casado com Catarina Seixas e tiveram oito filhos, um deles se
chamava Aarão e outro Abel Ignácio Cardoso D´Aarão.
Uma filha tinha por sobrenomes Cardoso de Alencar e segundo informa aquele estudioso, seriam também da mesma linhagem do romancista José de Alencar.
Com respeito a essa família Alencar, é interessante verificar o esforço de alguns de seus membros para entroncá-la nos Alanos, via corruptela de Alencar (Leão,1971), quando mais próximo da verdade seja considerá-los cristão-novos, pois ostentam os apelidos Pereira e Rego, normalmente infamados. De qualquer maneira, sigo com a opinião de que faltam ainda provas da origem semita dessa família cearense.
FILGUEIRA, M.A. Os judeus foram nossos avós. Fundação Vingt-Un Rosado, Coleção Mossoroense, Série "C". Vol. 2011, p.113-116.

PRAÇA DO FERREIRA

A memória cearense está repleta de histórias da nossa irreverência. O cearense acompanhou as peripécias do bode Ioiô, animal que ganhou fama na década de 1920 por frequentar lugares públicos, beber cachaça, além de ter sido "candidato a vereador de Fortaleza". Vaiou o Sol, quando ele apareceu, tímido entre as nuvens, depois de alguns dias de chuva. E promoveu festivais de mentiras do dia 1.º de abril, para premiar, sob o "Cajueiro da Mentira", na Praça do Ferreira, o maior contador de lorotas do Ceará.
Uma "diversão" da rapaziada ociosa na Praça do Ferreira era ver a saia das moças levantada pelo vento que soprava na "Esquina do Pecado" (o cruzamento da rua Major Facundo com a Guilherme Rocha). O que também incitou o poeta e humorista Quintino Cunha a escrever:
"Você esbraveja o vento / por levantar sua saia.
Pior é o meu pensamento / que é doido que ela caia!"
A propósito desse vento danisco, o baiano Gordurinha (autor de "Súplica Cearense") compôs com Nelinho uma canção sobre o "ventinho bom lá da Praça do Ferreira". Lançada originalmento em setembro de 1961, pela Continental, no 78 rpm 17993-A, essa canção está em vídeo (com registros fotográficos da Praça do Ferreira em várias épocas).
Curiosidade
Numa nota publicada pelo jornal "O Povo", em 5 de setembro de 1956, o jornal faz um apelo à polícia para que coloque um freio na rapaziada que se diverte com o vento "removendo as vestimentas femininas".
Silaque (do inglês slack), um tipo de blusão que se assemelhava ao de safári.
Poderá também gostar de ver:
LEÃO DO SUL
A PRAÇA E O VENTO (slideshow)

MEMÓRIA. VIAGENS E PASSEIOS PELO SUL DO BRASIL

► PARANÁ
Curitiba e Paranaguá.
Verão de 1970
Excursão da Turma Andreas Vesalius da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
http://
Curitiba
19 a 22/05/1999
Curso: "Leitura Radiológica das Pneumoconioses"
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/05/curso-leitura-radiologica-das.html
Foz do Iguaçu, Ciudad del EstePuerto Iguazú (Tríplice Fronteira)
23 a 27/02/2014, c/ Elba
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/03/brasilia-e-foz-de-iguacu.html
► SANTA CATARINA
Florianópolis
22 a 24/05/99, após a conclusão do Curso em Curitiba.
Florianópolis e Balneário Camboriú
09 a 12/05, c/ Elba, Natália e família Soares
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/05/florianopolis-e-balneario-camboriu.html
► RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre
Verão de 1970
Excursão da Turma Andreas Vesalius da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
http://
Gramado e Canela (Serra Gaúcha)
13 a 15/05, c/ Elba
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/05/serra-gaucha.html

MAPEAMENTO GENÉTICO DO POVO CEARENSE

Se você pudesse apostar na origem do povo cearense, para qual região do mundo apontaria? Muitas pessoas diriam, sem dúvidas, que os principais ancestrais são indígenas - afinal, o próprio escritor José de Alencar descreveu o mito de fundação da identidade brasileira em "Iracema". Contudo, uma pesquisa inédita de mapeamento genético revelou que os ameríndios têm a segunda maior predominância na origem do cearense. Em primeiro, estão os genes dos nórdicos que habitaram o norte gelado da Europa.
Raízes nórdicas
A pesquisa "GPS-DNA Origins Ceará" analisou as amostras de saliva de 160 cearenses, de todas as regiões do Estado e de várias etnias, a fim de mapear os povos que formaram essa população. Um dos objetivos era responder à pergunta-chave dos estudos de Parsifal Barroso no livro "O Cearense", lançado em 1969. À época, o autor se valeu de documentos e outros registros para construir sua teoria, mas, 50 anos depois, a tecnologia permitiu uma análise mais profunda das hipóteses.
Luís Sérgio Santos, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador da pesquisa, explica que o resultado foi obtido a partir da metodologia GPS-DNA, criada pelo geneticista israelense-americano Eran Elhaik, consultor no estudo cearense. As amostras de saliva foram cruzadas com um banco de dados em laboratório, nos Estados Unidos, e permitiram a identificação de 28 grandes agrupamentos genéticos, chamados de "bolsões".
"A colonização do Brasil veio da Península Ibérica, mas a pesquisa, de certo modo, desconstrói essa tese. Ela mapeia até o ano 400, então é um tempo muito anterior à fundação de Portugal. Os resultados mostram que o branco europeu que colonizou o Brasil era escandinavo, viking, visigodo, e antes disso, alemão", explica o pesquisador, reforçando: "Por serem predadores, destruidores e impassíveis, (sic) eles deram um banho genético na Europa".
As regiões que tiveram mais força na identidade cearense foram o sul da França e a chamada Fenoscândia - que abrange Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca. Na segunda posição do ranking da maior influência genética, fica o ameríndio, que provém da Sibéria e entra no novo continente por meio do Estreito de Bering, ponte natural entre a Rússia e os Estados Unidos.
Raízes indígenas
Mas se o Ceará tem predominância de ancestrais europeus, por que não há tantos cabelos loiros e olhos mais claros? A resposta, conforme Luís Sérgio Santos, está na dominância de genes. "O nosso índio tem uma genética muito forte (sic). Ele 'dilui' o branco e cria o pardo. Esse gene ameríndio está em todos nós, em maior ou menor quantidade", garante.
O pesquisador acrescenta que os dados genéticos "só se sustentam" se tiverem amparo em levantamentos históricos para explicar os fluxos migratórios ao longo dos séculos. Por exemplo: o estudo mostra que, apesar da contribuição histórica na formação do brasileiro, o negro não teve tanta força no Ceará. As maiores influências são de bantos do Congo, na África subsaariana, e de outro povo que habitava a ilha de Madagascar. "Ele faz um fluxo interno no continente africano e acaba chegando por meio da escravidão".
Uma hipótese para a baixa influência do negro no Estado está na própria leitura de Parsifal Barroso. "O Ceará demorou muito a ser colonizado e é envolto por serras, o que o autor acha que retardou o processo de colonização. Além disso, nossa mão de obra era mais indígena. Quem cuidava da pecuária eram os índios, e praticamente não tinha agricultura por causa da seca", conta Luís Sérgio.
Extraído de: Origem do cearense: nórdicos superam índios e negros na genética, escrito por Nícolas Paulino e Alessandro Torres. "Diário do Nordeste". Publicado em 27/07/2020. Acessado em 27/07/2020

CANOA QUEBRADA

A composição musical entrou definitivamente na vida de Eugênio Leandro quando o poeta Rogaciano Leite Filho o convidou para musicar um poema dele para o Festival Universitário de 1979, na Faculdade de Direito.
Com a canção que resultou da parceria, "Canoa Quebrada" (pseudo vídeo), a dupla se classificou em quarto lugar.
Durante o Festival, Eugênio conheceu Stélio Valle, Caio Graco, Bernardo Neto, Ferreirinha,
César Barreto, Luis Sergio (Pato Rouco) e Cassundé.
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19469/1/2015_dis_aqsoares.pdf
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O MOFO DEU
O médico psiquiatra e escritor Airton Monte e o jornalista Rogaciano Leite Filho foram grandes amigos.
Certa vez, Airton perguntou ao amigo sobre o andamento de "Manteiga Rançosa", um livro que Rogaciano estaria a escrever. O Estoril fez silêncio para ouvir a resposta.
"Roga" sorriu. É que se tratava de uma referência brincalhona a um livro anterior dele, cujo título tinha sido "Pão Mofado".
(Nota apropriada a estes tempos em que o cloroquínico PR anda a queixar-se de "pulmão mofado".)

REMÉDIOS DA MAMÃE

O mais inesquecível dos remédios da farmacopeia de minha mãe tinha o nome FIAT. Umas gotas amargas que ela pingava em um copo com água antes de ministrar. Dizia que era para combater o linfatismo, esse "estado mórbido de natureza constitucional que se manifesta na infância e regride na puberdade".
O "linfatismo", assim como a "enfermidade gris", são entidades de existência duvidosa. Considero-as desse modo, com o lastro de quase meio século no exercício da medicina. Suspeitando inclusive de que o amargo medicamento tenha sido o responsável pelos periódicos formigamentos que, à época, costumava sentir na região lombar.
E, se ele continha mesmo iodo (o "I" de FIAT), então fica confirmado.
Havia também os vermífugos que Dona Elda anualmente administrava à filharada. Não recordo os nomes (dos vermífugos, bem entendido), mas certamente não estava entre eles o "Tetracloroetileno" do laboratório Lafi. Ah, este seria por mim facilmente lembrado, tal a enorme quantidade de "pérolas" que o opilado tinha que ingerir.
Numa certa época, alguns de nós fomos acometidos de umas pequeninas e pruriginosas lesões de pele. Mamãe reservou uma pia do banheiro só para realizar o tratamento coletivo. Encheu-a de água, e no líquido acumulado despejou um pozinho misterioso. Então, fizemos abluções com aquela solução azulada até ficarmos curados.
Hoje obsoleta, era a "Água de Alibour", uma solução canforada de sulfatos de zinco e cobre (II), então usada no combate de micoses da pele. As impingens, por vezes, ficavam sob a responsabilidade do portador. Aprendi que elas podiam ser exterminadas com tinta de caneta, contanto que eu fosse perseverante com as escarificações.
No início da década de 1960, com o surgimento da Aliança para o Progresso, um programa de ajuda do governo dos EUA para conter o avanço do comunismo na América Latina (dado início com a Revolução Cubana em 1959), toneladas de leite em pó foram doadas ao Brasil. 
Umas caixas dessa doação deram entrada no lar dos Gurgel Carlos, onde fomos compelidos a beber daquele desagradável leite. Felizmente, mamãe tornou-o algo palatável ao transformá-lo em doce.
O leite do FISI não perdia em desagrado para umas cápsulas de conteúdo oleoso que tínhamos também de engolir. Imagino que as cápsulas continham as vitaminas lipossolúveis que faltavam ao leite.
Em uso próprio, mamãe utilizava-se muito do Atroveran, um antiespasmódico à base da papaverina e que ainda hoje frequenta as prateleiras das farmácias. E de extratos hepáticos, a que se atribuíam múltiplas propriedades terapêuticas.
Mas, saibam vocês, qual era a opinião do Dr. Paula Pessoa. O eminente gastroenterologista restringia a prescrição do extrato hepático ao tratamento das diarreias do diabético. Em contraste com o uso "off label" do extrato por parte de mamãe.
P.S.
Fez-me falta a consultoria de Elsie Studart, autora de "No tempo da Panvermina", para que eu pudesse me alongar nestas recordações.

SEMENTE





Carlos Augusto Viana
jornalista e escritor
membro da Academia Cearense de Letras





À beira da noite caminhavas
caminhavas
como quem simplesmente
entrega o corpo ao vento.

Nesta cidade
as ruas têm o tecido dos rios
onde caravelas voam
como também voavam os teus cabelos.

E não importava conhecer
os segredos das horas fugidias;
e não importava recolher
as flébeis fibras do tempo;
- apenas importava
conservar o momento
em que nuvem
eras a paisagem e passageira.

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MINHA HISTÓRIA
Agora, Carlos Augusto Viana, o editor do "DN - Cultura", me liga a cobrar (epa!) uma maior regularidade nas colaborações. E pede que eu saia do meu habitual estilo condensado, uma vez que me garante um bom espaço gráfico, coisa de mão-cheia. Sei não. Se, por um lado, prestigiando-me o autor de "Primavera Empalhada" me deixa em estado de graça, por outro, me põe um peso enorme sobre os ombros. O peso do empreendimento difícil. É que a vaca sagrada, donde tiro o leite (condensado) do humor, tem lá suas imprevisibilidades. Às vezes, estou no melhor da ordenha e a danada recolhe as tetas. E isto para não falar do pior. Quando ela escoceia o balde, derramando tudo.
O CADERNO DN - CULTURA
No período de 1987 a 89, fui colaborador do DN - CULTURA, o caderno de cultura do Diário do Nordeste. Foram dois anos em que, aos domingos (em semanas alternadas), eu tive a satisfação de ver meus contos, crônicas, poemas e "picles" serem publicados nesse meio de comunicação.
Graças à atenção que o jornalista Carlos Augusto Viana dispensava a meus escritos.
Após revisados, eles serão aqui postados (no Preblog). Aos poucos, né?!

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CARTA A CARLOS AUGUSTO VIANA
Fortaleza, 5 de julho de 1991
Inicialmente, felicito-o pela nova ocupação jornalística no "DN", redator interino da coluna "É...". A garantia para o leitorado de que dias risíveis virão. Sempre que chegarmos à última página do "Caderno 3" e... olhem lá, olhem lá. Você, intimorato a brandir, na língua que Gabeira chorou e crepusculou no exílio, a coceguenta pena da galhofa. E essa pena, ao que se diz por aí arrancada de uma avestruz (que tem aversão à realidade), como faz um bem danado. Transcende a Sunab, o ombudsman, o Muro das Lamentações, o divã do psicanalista e até o confessionário do Senhor Bispo.
Em frente, pois. Que atrás vem poeira e zoeira vem.
Viana, como amigo é pr'essas coisas e loisas, tomei a liberdade de lhe enviar uma matéria de ajuda. São 10 pensamentos inéditos intitulados: 10 pensamentos inéditos. Que sonham em cair de preto na alvura de seu jornal. E há outros que depois seguirão...
Um abraço com validade infinita, ou quase. Do:::
Paulo Gurgel

PESAR PELO FALECIMENTO DE ZAÍRA MACEDO

Faleceu na manhã do domingo (12), aos 93 anos, de causas naturais, a Sr.ª ZAÍRA MACEDO PINTO, matriarca da família Macedo Soares no Ceará.
Nascida Zaíra Teixeira de Macêdo em 21 de abril de 1927, em Aurora-CE, era filha de Antonio Landim de Macêdo e Rosa Teixeira Leite. Em 6 de março de 1948, contraiu matrimônio com o Sr. Moacir Soares Pinto, [1] também natural de Aurora-CE, filho de Antonio Pinto e Josefa Soares.
Residiu por muitos anos com a filha Rosy Mary (Meirinha), em Fortaleza, de onde orientava os rumos de sua família enquanto a saúde o permitiu.
Com o agravamento de uma enfermidade, foi internada no Hospital São Carlos, local em que permaneceu até o último alento.
Do consórcio com Moacir, gerou uma descendência de 7 filhos (Antonio, Lúcia, Rosy Mary, Moacir Filho, Elba, Márcia e Denise), com 14 netos e 13 bisnetos. [2]
Seus restos mortais repousam no Jardim Metropolitano.
Foto: ▶️ Minha sogra Zaíra com a filha Elba e os netos Érico e Natália. Recordação de uma de nossas viagens por serras nordestinas.
Meu profundo pesar pela partida desta mulher admirável. Ao longo de sua vida, minha sogra Zaíra soube ser uma esposa dedicada, mãe prudencial e avó amorosa.
Deixa eternas saudades a todos nós.
[1] A BIOGRAFIA DE MOACIR SOARES PINTO
[2] A DESCENDÊNCIA DE MOACIR SOARES PINTO E ZAÍRA TEIXEIRA DE MACEDO
Mensagens:
Nossos pêsames, de Angelita e meus, ao Paulo e Elba e aos membros da Família Macedo pelo falecimento de D. Zaíra. Que Deus a acolha em Seus braços misericordiosos. ~ Marcelo Gurgel, por e-mail
Enquanto viveu você foi um exemplo de pessoa, deu amor, protegeu e construiu uma família linda. Agora que não está mais entre nós, toda a família sentirá muito sua falta, porém o que nos conforta é sabermos que você estará em paz ao lado de Deus e de nosso avô. Sentirei saudades eternas, querida vovó. ~ Érico Gurgel, no Face c/ + 11 comentários
Acrescentadas a esta seção de comentários + 7 mensagens de condolências enviadas a Elba pelo WhatsApp.

NETO EM TEMPOS DE PANDEMIA

20/05/2020 8:00
Nasce na Maternidade Saúde da Criança, em Belém-PA, Renan Macedo Soares, filho do casal Natália–Rodrigo e segundo neto deste avô escriba. O bebê pesou 3,4 kg, mediu 51 cm e pontuou 10 na contagem de Apgar.
22/05/2020
Natália recebe alta hospitalar e retorna para casa com Renan. Ela está bem, mas terá de enfrentar alguns dias de cuidados especiais (por ter se submetido a uma operação cesariana).
Nos últimos dois meses, tínhamos enfrentado uma série de dificuldades para estarmos em Belém, no período de nascimento do neto. A começar pelos voos que foram cancelados "para realizar ajustes na malha aérea" (nos termos do comunicado da Gol). Depois, pelos ônibus interestaduais que deixaram de rodar. Cogitamos então em fazer essa viagem no carro dos consogros Henrique e Eveline. Seria uma viagem de 1.500 quilômetros, com previsão de pernoites em Caxias-MA e Capanema-PA, e igual quilometragem para voltar. Mas encontraríamos pousadas e restaurantes abertos ao longo do percurso? E oficina mecânica para o caso de alguma avaria no veículo?
Além disso, havia o risco aumentado de sofrermos assaltos naquelas rodovias com pouca circulação de carros. E de sermos impedidos de prosseguirmos no itinerário pelas barreiras sanitárias nas cidades e divisas de Estados. Mas o golpe final em nossos planos de viagens por terra veio mesmo dos lockdowns decretados em Fortaleza e Belém.
Felizmente, o empresário Francisco Moacir Pinto Filho, irmão de Elba, nos franqueou o seu jato executivo para que pudéssemos ir conhecer o neto paraense.
Chegamos às onze. E fomos a Umarizal para abraçar Natália e conhecer Renan (em um quarto amorosamente arrumado). Conversamos, almoçamos, tiramos fotos e só regressamos depois que a habitual chuva de Belém à tarde havia passado.
Elba ficou na capital paraense com a nobre missão de ajudar nos cuidados com Natália e Renan.
Nenhuma descrição disponível.
20/06/2020
Natália e Rodrigo decoram o apartamento para comemorar à petit comité o 1.º mês de existência do Renan.
22/06/2020
Elba retorna a Fortaleza. Sua estada em Belém, que estava prevista prolongar-se até 2 de julho (o dia em que seriam reiniciados os voos diretos entre as duas cidades), teve de ser abreviada. Devido a um agravamento no estado de saúde de sua mãe, Dona Zaíra, que precisou ser internada no Hospital São Carlos, em Fortaleza. Para voltar de Belém, ela teve de voar a São Paulo, onde (após um layover de duas horas em Guarulhos) embarcou em outro avião para Fortaleza.. A viagem toda durou cerca de dez horas (em vez das duas horas de duração de um voos direto entre Belém e Fortaleza).
O esforço foi necessário. Afinal, com a situação em Belém sob controle, a sua presença se tornou indispensável em Fortaleza.

WILSON DA SILVA BÓIA, O POLÍMATA

Wilson da Silva Bóia nasceu no bairro da Glória, no Rio de Ja­neiro, então Distrito Federal, em 15 de junho de 1927. Após o curso primário em várias escolas, cursou o ginasial no Ex­ternato São José e o científico no Colégio Vera Cruz. Formou-se em Medicina em dezembro de 1950. Como orador da tur­ma, pronunciou na solenidade de formatura a oração "Ciência e Arte" em Medicina, mais tarde publicada em livro.
Durante o período acadêmico trabalhou como copy-writer de "A Exposição", escrevendo um programa diário para a Rádio Jornal do Brasil. Frequentou o Curso de Teatro da Prefeitura do Distrito Federal sob a direção de Renato Viana, par­ticipando como galã do elenco de teatro das rádios Tupi e Tamoio, da cadeia Emissoras Associadas. Publicou seu livro de estreia, "A Lira Selvagem", diplomando-se em seguida em Química Orgânica e Higiene Industrial. Como médico, ingressou nos quadros da Po­lícia Militar e, depois, já como oficial-médico do Exército, (1) exerceu as funções de chefe do Pavilhão de Clínica Médica do Hospital Central do Exército, subdiretor da Policlínica Central do Exército e diretor do Hospital Geral de Fortaleza.(2) No Ceará, escreveu para os jornais locais, fez conferências na Academia Cearense de Letras, na Casa de Juvenal Galeno e no Instituto Histórico. Lançou também três livros: "Antonio Sales e sua época", "Ao redor de Juvenal Galeno" e "Associações Literárias de Fortaleza". Em 1987, mudou-se para Curitiba. Logo ao chegar, viu-se premiado com o 1.º lugar no concurso Gralha Azul de Literatura, com "David, o Gigante". Em sequência, outros trabalhos seus foram contemplados pela Secretaria de Cultura, como "Rodrigo Júnior, o Poeta", "Alceu Chichorro, o Chargista", "Newton Sampaio, o Escritor" e "Plácido e Silva".
Pesquisador incansável, foi membro do Centro de Letras do Paraná, do Círculo de Es­tudos Bandeirantes, da Academia Brasileira de Médicos Escritores e do Instituto de História da Medicina do Paraná.
Escreveu ainda as crônicas que compõem o volume "Do Fundo do Baú", editado postu­mamente. Permanecem inéditos os perfis biográficos de Raul Gomes, Percival Charquetti, "Padre Cícero, ingênuo ou mistificador?", "Maupassant, um gênio atormentado", "Dicio­nário de Pseudônimos", "Cadilhe" e a "História da Academia Paranaense de Letras", na qual foi recebido pelo acadêmico Túlio Vargas, em sessão solene, no dia 16 de maio de 1994, para ser o primeiro ocupante da cadeira de n.º 26. (3)
Faleceu em Curitiba, em 11 de junho de 2005. (3)
Texto: Academia Paranaense de Letras. Cadeira 26 - 1.º Ocupante
http://academiaparanaensedeletras.com.br/cadeira-26/cadeira-26-1o-ocupante
Foto: Hospital Geral de Fortaleza (HGeF). Galeria de Ex-Diretores. http://www.hgef.eb.mil.br/
N. do E.
(1) Como oficial do Exército, Wilson serviu em Guaíra em 1955, passando depois por Ponta Grossa e Marialva, onde conheceu sua esposa Ana, e a eles nasceriam dois filhos: Wilson Roberto e Ana Lúcia. Esteve ainda em Juiz de Fora, Santos Dumont, Rio de Janeiro e, finalmente, a partir de 1977, em Fortaleza.
(2) Na capital cearense, chefiou o Serviço de Saúde da 10.ª Região Militar e, no período de 01/02/1978 a 06/01/1983, dirigiu o Hospital Geral de Fortaleza (HGeF).
(3) Curitiba o homenageou postumamente em Ganchinho, onde é nome de uma das ruas do bairro.