AURORA. O município, o trem e as estações ferroviárias

O município
Não se sabe ao certo o local onde Aurora se originou. O historiador Vicente Landim de Macêdo relaciona dúvidas e controvérsias a respeito. 
Teria sido próximo a uma capela construída por Benedito José dos Santos, um escravo alforriado vindo da Bahia? Ou será que Aurora se iniciou em torno de outra capela, dedicada ao Menino Deus (até hoje o padroeiro do município), construída em 1823 na Fazenda Logradouro, pelo Cel. Francisco Xavier de Souza, para atender ao pedido de sua mulher?
Ou será, ainda, que Aurora, antigamente chamada "Venda", iniciou-se no local hoje denominado "Aurora Velha". Havia ali uma taberna, ponto obrigatório de quantos vindos dos sertões centrais destinavam-se ao Crato. E essa taberna originou o povoado e, depois, a vila e a cidade. Então, quando se tornou município, pela Lei n.º 2407, de 10 de novembro de 1883, recebeu o nome de Aurora, uma denominação que se prendeu, talvez, ao fato de a proprietária da primeira venda existente na localidade chamar-se Aurora.
Como exprime o poeta Serra Azul:
"É a terra de meu berço essa que (embora
Tivesse o nome mercantil de Venda),
Tem-se hoje o nome fúlgido de Aurora."
É conhecida, também, a versão de que a cidade de Aurora recebeu essa desnominação por sugestão do jornalista Paulo Nogueira às autoridades estaduais, após ter presenciado o nascer do sol sobre o rio Salgado.
Criado pela Lei 2.047, de 10 de novembro de 1883 o município de Aurora é detentor de um dos mais ricos e significativos passados históricos da região sul caririense. É a terra natal de figuras notáveis e emblemáticas como a célebre matriarca Marica Macedo, o poeta Serra Azul, o pintor Aldemir Martins, o cantor Alcymar Monteiro, o literato Hermenegildo de Sá Cavalcante, os jornalistas Newton (Lúcio Brasileiro) e Neno Cavalcante, o escultor Nego Simplício e a própria Dona Aurora, a quem o município deve o topônimo.
O trem
A Linha Sul da Rede de Viação Cearense surgiu com a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro trecho em 1872, a partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes. Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada com a E. F. de Sobral para criar a Rede de Viação Cearense (RVC), que foi arrendada à South American Railways. Em 1915, a RVC passou à administração federal, e a linha chegou a seu ponto mais distante em 1926, quando atingiu a cidade do Crato. Em 1957, passou a ser uma das subsidiárias formadoras da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e, em 1975, foi absorvida operacionalmente por esta. Em 1996, foi arrendada com a malha ferroviária do Nordeste para a Cia. Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens de passageiros percorreram a linha Sul até o dia 16 de novembro de 1989, quando finalmente foram desativados.
As estações ferroviárias
No início da década de 1920, Aurora se notabilizou pela construção de sua estação ferroviária, cuja inauguração se deu em 7 de setembro de 1920 (foto). 
O município passou então a ter a primeira e mais importante estação ferroviária da região, uma vez que as estações do seu distrito de Ingazeiras (1922), de Missão Velha (1925), de Juazeiro (1926), do cratense distrito de Muriti (n/d) e do Crato (1926) só vieram a ser concluídas anos depois. Por conta de ser um entroncamento da RVC, Aurora acolhia os viajantes de parte da Paraíba e do Cariri cearense, que vinham pernoitar na cidade à espera do trem para a capital. A estação ainda está de pé, em uso pela Prefeitura de Aurora e tem recebido obras de restauro. 
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/aurora.pdf
http://aurora.ce.gov.br/omunicipio.php
http://www.estacoesferroviarias.com.br/ce_crato/aurora.htm. Atualização 19/02/2018
"MARICA MACEDO. A brava sertaneja de Aurora", por Vicente Landim de Macêdo. Brasília: Petry Gráfica e Editora Ltda. 1998. 266p.
A postar: "ESTAÇÃO D'AURORA. Uma saudade que não passa", coletânea organizada por José Cícero

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