BELÉM E SOURE

Período: 12 a 15/11/20 (a 17/11/20 para Elba)
12/11, quinta-feira
Chegamos ao Val de Cans, o aeroporto de Belém, à primeira hora de hoje. Após algumas horas de dormida no apartamento de Rodrigo e Natália, no Umarizal, fomos despertados para o café da manhã. Na mesa: um bolo de aniversário e uma placa de "Mamys Poderosa", providenciados por Natália, indicava que Elba estava a mudar de idade.
Saímos para comprar passagens no Terminal Hidroviário para a ilha do Marajó, que visitaríamos no dia seguinte.
Por causa das eleições previstas para domingo, as passagens já estavam quase esgotadas. Compramos bilhetes de ida para Soure pela Expresso Campeão 5 e de volta para Belém pela Expresso Golfinho 1.
Localizado em frente ao Terminal, soube que fora inaugurado, em 13 de agosto, o Parque Urbano Belém Porto Futuro. Com um lago central, fonte luminosa, passarelas, ciclovia, playground, equipamentos de ginástica e um grande estacionamento, o parque é o novo espaço para práticas esportivas, culturais e de lazer da capital paraense. Neste espaço urbano, fiz uma longa caminhada e, quando a sede apertou, parei num de seus boxes para beber uma água de coco.
Em seguida, retornei para o apartamento de Umarizal pela Av. Visconde de Souza Franco (onde fica o Boulevard Shopping), Av. Boaventura da Silva e, por fim, pela Travessa 14 de Março.
Mais tarde, saí para dar uma volta nos arredores. No supermercado Nazaré, comprei umas mangas da variedade bacuri, castanhas do Pará e duas caixas de Linea (um adoçante à base de sucralose) que estava numa promoção.
À noite, fomos jantar peixes da amazônia na Casa do Saulo. Um restaurante há um ano instalado na turística Casa das Onze Janelas, um prédio erguido no século 18 às margens da baía do Guajará. Tinha música ao vivo, e Rodrigo me chamou a atenção para um dispositivo eletrônico de que o cantor se utilizava para produzir segunda e terceira vozes.
[http://www.teclacenter.com.br/blog/segunda-voz/]
13/11, sexta-feira
Embarcamos no Expresso Campeão para o passeio em Soure. Depois de atravessar a baía de Marajó, houve uma rápida parada da lancha na Vila do Caldeirão, em Salvaterra, que fica do outro lado do rio Paracauari. Esta viagem fluvial durou cerca de duas horas e meia com a embarcação encontrando-se lotada.

No trapiche de Soure
Na cidade de destino nos hospedamos na Suítes Soure, recomendada por Natália. E almoçamos filé de búfalo no Patu-Anu, um pequeno restaurante próximo da pousada.
Por falar em búfalo, vi alguns desses animais pela cidade, soltos ou então puxando carroça. As fazendas de búfalos juntamente com as praias são as grandes atrações dos municípios da ilha de Marajó.
Não encontramos uma agência de turismo receptivo que pudesse nos atender. Andando (em geral pelo centro), ou no táxi do Sr. Clérisson, que tomamos em três oportunidades, foi como fizemos o nosso turismo cultural..
A cidade é fácil de percorrer pois suas ruas e travessias são designadas por números.
Elba comprou queijo e doce de leite numa casa desses produtos. O próprio vendedor alertou que estavam mais caros por estar na entressafra do leite.
E fomos jantar no Solar do Bola (indicado pelo setor de turismo da prefeitura), no bairro Matinha, a 2 km da pousada. Um prato de camarões pequenos preparados com creme de pupunha e sucos de mangaba. Tudo muito saboroso, com bom atendimento e os preços justos.
14/11, sábado
Às 5 horas, estávamos no trapiche de Soure. O dia ainda não começara a clarear. Enquanto aguardávamos o horário de partida da lancha Golfinho, consumimos nosso desjejum em um quiosque local: café com tapiocas.
A Golfinho, além de mais moderna, espaçosa e confortável, é também mais rápida. Fez a viagem em que voltamos a Belém em menos de duas horas. Pena que tenha desperdiçado o tempo economizado com as dificuldades que encontrou para atracar no Terminal Hidroviário.
Hoje foi um dia monótono. Fiz uma caminhada pelas ruas de Umarizal e Nazaré, o que nem chegou a ser uma novidade.
Natália, aproveitando a nossa presença em Belém, antecipou a comemoração dos seis meses de vida de nosso neto Renan. Uma festa ao estilo petit comité em que estavam presentes uma criança, quatro adultos e um cão de nome Leon.

Festa para o Renan
Findo o evento, sentei-me ao sofá da sala para assistir a um jogo entre Fortaleza e São Paulo. Com o placar final de 3 x 2 em favor do time paulista, para o desgrado de Rodrigo que é fã declarado do Fortaleza e do Remo.
15/12, domingo
O primeiro turno das eleições municipais. Como aconteceu a muita gente no país, não consegui usar o E-título para justificar minha ausência na seção em que voto em Fortaleza. Tive que me deslocar até uma seção eleitoral que funcionava na rua José Malcher, onde preenchi um formulário de justificação.
(O Brasil faz parte do "seleto grupo" de países em que o voto é obrigatório.)
Almoço no Armazém 2 - Boulevard da Gastronomia da Estação das Docas em que saboreamos pratos diversos no Tio Armênio. O projeto Música no Ar está igual como o vimos em 2013. Havia alguém tocando e cantando MPB, mas o palco (que deveria ser uma atração à parte) continuava sem deslizar acima do público.
Às 18 horas, embarquei em meu voo de volta para Fortaleza. Elba permaneceu na capital paraense para retornar no dia 17. E, no Pinto Martins, tive que enfrentar uma longa espera até conseguir ser atendido pelo Uber.
Conclusivamente, hoje não foi um bom dia para os usuários de aplicativos.

ILHA DE MARAJÓ

É uma ilha costeira situada na Área de Proteção Ambiental do arquipélago de Marajó, no estado do Pará, Brasil. A ilha de Marajó está separada do continente pelo delta do Amazonas, pelo complexo estuário do rio Pará e pela baía do Marajó.
Com uma área de aproximadamente 40 mil km², é a maior ilha costeira do Brasil e,  por ser banhada tanto por águas fluviais quanto por oceânicas, é também a maior ilha fluviomarítima do mundo. 
A mesorregião geográfica do Marajó, além do arquipélago, abrange alguns municípios do entorno que somam cerca de 104 mil km2.
Clima equatorial com temperatura média anual de 26ºC. A precipitação anual é sempre maior que 2.000 mm. As estações são inexistentes ou pouco acentuadas. A amplitude térmica é muito fraca e os dias têm a mesma duração das noites. A umidade relativa do ar é alta (+ de 80%).
A ilha propriamente dita possui 12 municípios: Santa Cruz do Arari, Afuá, Anajás, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, São Sebastião da Boa Vista e Soure, que formam as Microrregiões do Arari e do Furo de Breves. Já a microrregião de Portel (+ 4 municípios) é formada em boa parte por territórios no continente.
Soure (25 mil habitantes), Salvaterra (17 mil habitantes) e Cachoeira do Arari (20 mil habitantes) são os principais municípios da parte oriental da ilha (mais perto de Belém). Na parte ocidental de Marajó, é Breves, sendo o município mais populoso (100 mil habitantes), que disputa o status de "capital". No entanto, Soure é o coração turístico da ilha.
Marajó é o lugar do maior rebanho de búfalos do Brasil, com cerca de 600 mil cabeças. Toda a carne, leite e derivados consumidos na região vêm deles. Outros destaques são suas belas praias, seus recursos arqueológicos e a arte marajoara, considerada a mais antiga arte cerâmica do Brasil e uma das mais antigas das Américas. E a economia da ilha também se apoia na pesca, extração de madeira, açaí e borracha, além de um ainda incipiente turismo.
O período mais recomendado para visitar Marajó é entre julho e dezembro, quando chove menos, os rios estão mais baixos e as praias surgem na paisagem. E a forma mais comum de visitar a região é utilizando-se de embarcações (navio, lancha rápida ou balsa) embora existam pequenos aviões para esta finalidade.
  • Barco rápido (Expresso Golfinho da Master Motors, por exemplo), que sai do Terminal Hidroviário de Belém (THB), ao lado da Estação das Docas, de segunda a sábado, às 8h15, com retorno às 5h30 (do dia seguinte). É confortável, tem ar condicionado e faz a travessia da baía de Marajó com destino a Salvaterra / Soure em duas horas. Em Soure, você pode pegar um táxi, mototáxi ou contratar uma agência de turismo receptivo local. Para ir a Cachoeira do Arari, há também uma linha de lancha rápida no THB, de segunda a sábado, às 12h30, e aos domingos e feriados, às 9h00, que chega a esta cidade pelo rio Arari. Tempo de viagem: duas horas e meia. Estando em Cachoeira do Arari, você pode ir para Salvaterra pela rodovia PA-154. Distância: 71 km, tendo que fazer uma travessia fluvial (200 m) por balsa.
  • Balsa para veículos, que sai do Terminal Hidroviário de Icoaraci a 20 km do centro de Belém . A viagem leva 3 horas, de Icoaraci até o porto de Camará, em Salvaterra. A partir do porto de Camará, você pode usar um ônibus, van ou táxi (caso você não esteja em carro próprio ou alugado) para ir até o centro de Salvaterra (25 km). 

A REPRESSÃO TRAÇA O PERFIL DE JATAHY

Após o desfecho dos dias 31 de março e 1.º de abril de 1964, a polícia militar abriu inquérito para apurar e punir os "subversivos": os militantes dos movimentos sindicais e populares. De caráter investigativo, o IPM/1964 traçou o perfil das principais lideranças cearenses, para o caso de confirmação de denúncias de atividades de comunização nacional. Dentre esses perfis, encontra-se o do músico José Jatahy: 184.º Relatório Periódico de Informações, período de 15 de fevereiro a 11 de março, assinado pelo Cel. Tácito T. Oliveira, em 11/03/1964. Documento do Ministério da Guerra/ IV Exército/ 10ª Região Militar/ 23º Batalhão de Caçadores. Juntado no 1º volume, às folhas 232 e 234, do Inquérito Policial Militar de 1964.
JOSÉ JATAHY, brasileiro, casado, com 53 anos de idade, músico, filho de Carlos Jatahy e Benvinda Costa Jatahy, natural de Fortaleza, onde reside no Palace Hotel, quarto 212. Prestou depoimento às fls. 151. Nota-se sua participação direta no movimento de comunização do Nordeste (fls. 151, 153, 172). Introduziu o comunismo em seu sindicato, na tentativa de mudança do nosso regime, fls.87, 152, 244, 323. Como dirigente do Pacto Sindical, integrou a Frente de Mobilização Popular (fls. 93, 153) trabalhando para a comunização da região, conforme anexos 2A-24, 2A-36 e 2A-7. Já não mais músico brasileiro. Era músico comunista. Empregava sua profissão, arte relevante em motivação psicológica, no aliciamento comunista. Às fls. 54, vamos que, numa organização brasileira, como é o Sindicato dos Ferroviários, não foi o hino nacional brasileiro que ensaiou. Foi a Internacional Comunista. Era este hino que José Jatahy contava reger na pretensa vitória do comunismo em nossa terra. Daí ao hino russo, a distância é muito pequena. Apesar de músico, presidiu na qualidade de presidente do Pacto Sindical a reunião subversiva realizada no sindicato dos ferroviários (fls. 172). 120. Ainda na sede desse sindicato, no dia 5 de março de 1964, fez pregação subversiva, incitando a greves e movimento para derribada do poder constituído. Às fls. 345, constata-se a ousadia deste denunciado, chegando a ameaçar o Ministro da Educação de tomar medidas drásticas. É preciso notar a desvinculação profissional de José Jatahy em todos esses meios. O denunciado Jatahy é músico. Penetrava no meio estudantil, no Sindicato dos Ferroviários e em outros centros profissionais tão somente para estimular a baderna, para desmantelar a disciplina e criar ambiente mais favorável à comunização, à mudanças dos princípios constitucionais brasileiros.
Fontes:
http://anovademocracia.com.br/no-71/3157-o-canto-subversivo-de-jose-jatahy
http://blogdoeliomar.com.br/2010/11/08/fortaleza-ganhara-avenida-jose-jatahy/
http://www.somosvos.com.br/linha-de-trem-abandonada-e-transformada-em-parque-publico-em-fortaleza/

JOSÉ JATAHY (1910-1983)

Nesta terça, 10/11, o cantor, compositor e sindicalista José Jatahy, completaria 110 anos de idade se vivo estivesse. Nascido em Fortaleza, José Pattápio da Costa Jatahy, é nome de uma importante avenida na capital cearense.
Saiba mais um pouco sobre Jatahy:
Quando João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, a PRE-9, em 1934, José Jatahy, possuidor de potente voz, já era conhecido como o grande seresteiro de Fortaleza. A primeira rádio do Ceará formava pouco a pouco sua equipe de profissionais e o cantor boêmio foi o primeiro contratado por esta emissora e, durante algum tempo, seria sua grande atração.
Após ser escolhido o melhor cantor do Ceará, em um festival realizado em 1942 no Theatro José de Alencar, passou a ser distinguido com a fama de "o pioneiro do rádio" e "o maioral". Jatahy, entretanto, já era visto pelas oligarquias locais como um elemento de ideias perigosas, e isso era expresso pelo próprio João Dummar, que buscava, sem sucesso, um substituto que o suplantasse em talento.
José Jatahy foi parceiro de Luiz Gonzaga, que gravou "Eu vou pro Crato" e "Desse jeito, sim". Graças a seus dotes artísticos, coube-lhe também elaborar o Hino do Ceará Sporting Club, dos Ferroviários, do Pacto Sindical e a Canção da Juventude
Presidiu o Sindicato dos Músicos Cearenses e, acusado de pregação subversiva e incitação a greves, foi preso em 1964. No dizer de Fausto Arruda, Jatahy soube, como poucos, colocar o seu canto e a sua arte a serviço do proletariado.
Faleceu aos 73 anos de idade, em 1983.
http://anovademocracia.com.br/no-71/3157-o-canto-subversivo-de-jose-jatahyy
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Jatahy
http://cearasc.com/noticia/jose-jatahy-completaria-100-anos-nesta-quarta
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2020/01/parceiros-cearenses-de-luiz-gonzaga.html

Onde anda Diassis Martins?

DIALETO NORDESTINO

"É melhor escrever errado a coisa certa
do que escrever certo a coisa errada."

— Patativa do Assaré
Se você tem orgulho de ser nordestino, de nossa cultura e do rico dialeto que possuímos, divulgue este vídeo do poeta cordelista Braulio Bessa.

LIDO

Construído na Praia de Iracema em 1955, inicialmente apenas um galpão à beira-mar, o Lido foi um marco da gastronomia cearense. Com o nome inspirado no do famoso Le Lido, de Paris, o restaurante de Fortaleza logo ganhou a predileção do público. Sendo um dos motivos ir lá para degustar o saboroso "peixe à delícia" (filé de peixe envolto em bananas fitas, gratinado com molho branco), um dos itens do seu cardápio. [http://www.fortalezanobre.com.br/2010/08/restaurante-lido.html, onde pode ver o arquivo fotográfico de Joanna Dell'Eva]
Em 1984, fechou suas portas na Praia de Iracema e foi para a Beira-Mar, ao lado do Alfredo. No lugar de origem do restaurante surgiria o Edifício Lido.
Frequentei o Lido do primeiro endereço. Correspondendo ao período em que o cantor Vitor Portela, que eu conhecera no restaurante Nilu's, fazia suas imitações vocais do Miltinho, Cauby Peixoto, Martinho da Vila e do menino Michael Jackson.
Portela dizia ser filho do cantor Miltinho (sua melhor imitação), o que não passava de uma brincadeira. Ele costumava me anunciar ao microfone como médico "cardiologista", mesmo depois de já ter sido corrigido quanto à citação da especialidade. Numa noite, acompanhei-o em uma sequência de shows que ele deu por clubes suburbanos de Fortaleza. Seu empresário era o comunicador Irapuan Lima. No Vila União, recordo-me, assisti ao show do Vítor, sentado à "mesa da diretoria".
Certa vez, um grupo de pessoas chegou ao Lido. O grupo era numeroso, e houve necessidade de juntar várias mesas para atender a todos. Um dos recém-chegados era o ortopedista Mario Mamede, meu colega de turma na Faculdade de Medicina da UFC e que atuava na política cearense. Outros eram pessoas que eu conhecia de vista, principalmente do Estoril, outro reduto da boemia local.
Mário então me apresentou a um homem de trinta e tantos anos, de estatura mediana e com uma barba cerrada, bem preta - o centro das atenções. A conversa que tive com ele foi rápida, e desejei-lhe boas vindas. Ao retornar para a mesa que eu ocupava com Elba, Vítor Portela me procurou para perguntar quem era aquele homem.
(Ele gostava de anunciar a presença das pessoas no Lido.)
Disse-lhe:
- É o Lula.
- O Lula... do PT?
- Sim, ele mesmo.
Naquela noite de 1984, Luiz Inácio da Silva, cercado de companheiros e admiradores, tinha ido distrair-se no bom e velho Lido. Longe de imaginar a perseguição midiatico-judicial que, no futuro, promoveriam contra ele, "lawfare" é como se designa tecnicamente o expediente.
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As táticas do lawfare:
Manipulação do sistema legal, com aparência de legalidade, para fins políticos
Instauração de processos judiciais sem qualquer mérito
Abuso de direito, com o intuito de prejudicar a reputação de um adversário
Promoção de ações judiciais para desacreditar o oponente
Tentativa de influenciar opinião pública com utilização da lei para obter publicidade negativa
Judicialização da política: a lei como instrumento para conectar meios e fins políticos
Promoção de desilusão popular
Crítica àqueles que usam o direito internacional e os processos judiciais para fazer reivindicações contra o Estado
Utilização do direito como forma de constranger o adversário
Bloqueio e retaliação das tentativas dos adversários de fazer uso de procedimentos e normas legais disponíveis para defender seus direitos