SEMENTE





Carlos Augusto Viana
jornalista e escritor
membro da Academia Cearense de Letras





À beira da noite caminhavas
caminhavas
como quem simplesmente
entrega o corpo ao vento.

Nesta cidade
as ruas têm o tecido dos rios
onde caravelas voam
como também voavam os teus cabelos.

E não importava conhecer
os segredos das horas fugidias;
e não importava recolher
as flébeis fibras do tempo;
- apenas importava
conservar o momento
em que nuvem
eras a paisagem e passageira.

================================================================

MINHA HISTÓRIA
Agora, Carlos Augusto Viana, o editor do "DN - Cultura", me liga a cobrar (epa!) uma maior regularidade nas colaborações. E pede que eu saia do meu habitual estilo condensado, uma vez que me garante um bom espaço gráfico, coisa de mão-cheia. Sei não. Se, por um lado, prestigiando-me o autor de "Primavera Empalhada" me deixa em estado de graça, por outro, me põe um peso enorme sobre os ombros. O peso do empreendimento difícil. É que a vaca sagrada, donde tiro o leite (condensado) do humor, tem lá suas imprevisibilidades. Às vezes, estou no melhor da ordenha e a danada recolhe as tetas. E isto para não falar do pior. Quando ela escoceia o balde, derramando tudo.
O CADERNO DN - CULTURA
No período de 1987 a 89, fui colaborador do DN - CULTURA, o caderno de cultura do Diário do Nordeste. Foram dois anos em que, aos domingos (em semanas alternadas), eu tive a satisfação de ver meus contos, crônicas, poemas e "picles" serem publicados nesse meio de comunicação.
Graças à atenção que o jornalista Carlos Augusto Viana dispensava a meus escritos.
Após revisados, eles serão aqui postados (no Preblog). Aos poucos, né?!

=================================================================

CARTA A CARLOS AUGUSTO VIANA
Fortaleza, 5 de julho de 1991
Inicialmente, felicito-o pela nova ocupação jornalística no "DN", redator interino da coluna "É...". A garantia para o leitorado de que dias risíveis virão. Sempre que chegarmos à última página do "Caderno 3" e... olhem lá, olhem lá. Você, intimorato a brandir, na língua que Gabeira chorou e crepusculou no exílio, a coceguenta pena da galhofa. E essa pena, ao que se diz por aí arrancada de uma avestruz (que tem aversão à realidade), como faz um bem danado. Transcende a Sunab, o ombudsman, o Muro das Lamentações, o divã do psicanalista e até o confessionário do Senhor Bispo.
Em frente, pois. Que atrás vem poeira e zoeira vem.
Viana, como amigo é pr'essas coisas e loisas, tomei a liberdade de lhe enviar uma matéria de ajuda. São 10 pensamentos inéditos intitulados: 10 pensamentos inéditos. Que sonham em cair de preto na alvura de seu jornal. E há outros que depois seguirão...
Um abraço com validade infinita, ou quase. Do:::
Paulo Gurgel

Nenhum comentário: