O mucunzá ou mugunzá é uma iguaria doce feita de grãos de milho-branco, cozidos em um caldo contendo leite de coco ou de vaca, açúcar, canela em pó, cravo-da-índia etc.
O prato faz parte da culinária nordestina, onde é apreciado durante todo o ano, diferentemente de outras iguarias de milho, que são comidas predominantemente no período junino.
Etimologicamente, a palavra mucunzá é de origem africana e provém do quimbundo mu'kunza, que em português se traduz por «milho cozido». Em Angola, o mu'kunza é um alimento ritualístico servido em velórios.
No Sudeste do Brasil, o mucunzá é chamado de canjica. E a canjica propriamente dita (do Nordeste do Brasil), de curau.
Em minha casa, fazia-se amiúde uma versão simplificada do mucunzá – com milho, leite de vaca e açúcar. E, não poucas vezes, era o prato principal do jantar da família. Ah, como eu detestava a tal pièce de résistance!
Tampouco mudei de opinião quando experimentei a versão salgada do mucunzá. Ela existe em nossa cozinha regional e leva todos os ingredientes de uma feijoada.
O mucunzá só saiu mesmo do meu conceito de prato sensaborão quando eu provei da versão que dona Lili prepara.
Proprietária de um quiosque na Praça de Santa Luzia, em Baturité, Lili abre o ponto ao entardecer para atender a numerosa freguesia do seu mucunzá.
O prato vem fumegando. Seus ingredientes são facilmente identificáveis: milho, fava branca, chuchu ou batata, carne cozida, alho, cheiro verde e pimenta, muita pimenta do reino ralada. É esta que confere ao prato um sabor meio picante. A carne cozida, aliás, não é transferida para meu prato. Fica (a meu pedido) na panela de pressão da dona Lili, dando gosto ao cozido.
Lili traz de casa o mucunzá já pronto naquela panela de pressão. No quiosque, reaquece-o por algum tempo em fogo baixo.
Uma vez lhe perguntei:
– Lili, quando o mucunzá acaba você vai buscar mais?
– Não, meu doutor. Atendo o freguês amanhã.
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