Nas viagens a trabalho que faço de Fortaleza a Itapiúna tenho observado, nas últimas semanas, grande número de borboletas às margens das estradas. São pequenas borboletas amarelas que, com seus adejos incessantes, conferem à mataria uma beleza adicional.
Elas borboleteiam à frente do meu carro, mudando bruscamente de rumo ao pressentiram que podem bater nele. Quanto a mim, também faço a minha parte: dirigindo o carro a uma velocidade mais baixa. O que, infelizmente, não evita que algumas delas encontrem a morte certa no para-brisas do veículo.
É sempre uma tarefa triste, aquela que faço no fim de cada viagem. Quando vou remover do carro os frágeis corpos desses seres que enfeitam e alegram a natureza.
Em seu poema infantil "As Borboletas", Vinicius de Moraes, já consagrado pelo Rancho das Flores, usou a sua paleta de cores novamente. Desta vez para descrever essas, digamos assim, "flores com autopropulsão":
"Borboletas brancas / São alegres e francas.
Borboletas azuis / Gostam de muita luz.
As amarelinhas / São tão bonitinhas!
E as pretas, então / Oh, que escuridão!"
E, tocado (fisicamente inclusive) por uma delas, Rubem Braga escreveu "A Borboleta Amarela". Essa crônica, publicada em três pequenas partes de 30 linhas cada uma, em 1952, no Correio da Manhã, no Rio. deu também nome a um de seus livros, de 1955, em que Rubem Braga republicou esta e outras crônicas escritas para o jornal.
Leia a crônica dele na íntegra, aqui.
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