RAZÕES PARA FESTEJAR

José Wilson, primo do meu falecido sogro Moacir Pinto, possui as qualidades essenciais a um cantor romântico. Ao interpretar as canções de seu vasto repertório, sabe com perfeição combinar a técnica, o carisma e a capacidade de se conectar com as emoções do  público
Na década de 1980, ele criou com a esposa Solange o seu "Piano Bar" no Maraponga Mart Moda, um shopping atacadista de moda (donos: Manoel Holanda e Mana), no qual se apresentava acompanhado pelo violonista Márcio Ramalho e por um tecladista (nome não lembrado).
Em outras oportunidades, ouvi-o cantar em sua residência na Maraponga, com a assistência do regional "Cordas Que Falam", e também nos encontros festivos da família Macedo em Fortaleza e em Morro Branco. 
Em 2011, ao adentrar os 70 anos, José Wilson gravou este CD (foto de capa) com 19 músicas.
... com 70 razões para festejar.

A MULA SEM CABEÇA DO CERCADO DO ZÉ PADRE

A Mula sem Cabeça (MSC) é uma lenda de origem ibérica (Portugal e Espanha) que foi trazida para a América Latina durante a colonização e se enraizou com mais força no Brasil, onde se tornou uma das figuras centrais do imaginário folclórico.
Resumo das características:
  • A maldição quase sempre está ligada a um relacionamento sexual ilícito de uma mulher com um padre.
  • Sua aparência é de uma mula que cospe fogo (pela boca, narinas ou no lugar da cabeça).
  • A transformação em mula acontece nas noites de quinta para sexta-feira.
  • Deverá vagar eternamente como uma assombração, punindo e aterrorizando os vivos.
Imagem: representação artística da MSC (Wiki)
Conta Fátima Garcia:
Eis que de uma hora para outra, sem mais nem porquê, começou a aparecer no Cercado do Zé Padre, aquela região no bairro Farias Brito que era Otávio Bonfim, por trás da Avenida Bezerra de Menezes, em frente da Igreja das Dores. Alguns historiadores relatam que foi naquele local que, em tempos passados, esteve instalado um campo de concentração para receber os retirantes da seca de 1930, aproveitando a proximidade do abarracamento com a antiga Estação do Matadouro.
A Mula sem Cabeça, prossegue Fátima Garcia, aparecia tarde da noite, percorria todo o cercado tocando o terror nos moradores, que não ousavam pôr os pés fora das casas depois que a noite caía. Vinha sempre em desabalada carreira, soltando fogo pelo pescoço, para iluminar seus desventurados caminhos. Contam ainda que a MSC foi uma vingança premeditada pelo Zé, um dos pioneiros do cercado, que agora via seu pedaço de chão sendo cobiçado e invadido por novos moradores. O Zé, que de padre não tinha nada, tinha uma amante, casada, que ele visitava em altas horas. E as oportunas aparições da mula mantinham os bisbilhoteiros trancados em casa.

TERAPIA DO ESQUEMA

CONVITE

Hoje, 22 de novembro (sábado), às 18 horas, Diana Cavalcante Gurgel Carlos, Hérica Tamyris Mauricio da Costa e Murelle Ribeiro Ferreira Bastos lançam na Livraria Leitura, do Iguatemi, em Fortaleza, o seu jogo terapêutico pela Sinopsys Editora.

O jogo Terapia do Esquema: Avaliação, Psicoeducação e Intervenção chega para somar na prática clínica, tornando o processo terapêutico mais ilustrativo e participativo.

Com este recurso, o psicólogo poderá:
✔️ Facilitar a psicoeducação e a conceitualização esquemática;
✔️ Conduzir sessões de forma mais visual e envolvente;
✔️ Utilizar cartões de enfrentamento e estratégias cognitivas que fortalecem o modo adulto saudável do paciente.

UMA NOITE NO VARANDÁ

No início de 1970, certa noite em Salvador rolou em nosso grupo a ideia de irmos ao Varandá. O restaurante, de acordo com informações que nos foram passadas, era um dos points da capital baiana. Ficava no centro histórico de Salvador, região em que estávamos hospedados, e contávamos com o ônibus de uma excursão para nos levar ao local.
O  Varandá estava situado numa íngreme ladeira, de onde se avistava a Baía de Todos os Santos.
No recinto, fomos saudados à entrada por alguns rapazes alegres, o que já antecipava o espírito da casa. Um dos excursionistas logo reconheceu o Joãozinho, um acadêmico de medicina que havia se transferido de Fortaleza para Salvador. 
Fui testemunha ocular de um problema que houve com ele numa das festas que costumavam ocorrer aos sábados no Diretório Acadêmico XII de Maio, em Fortaleza. Quando Joãozinho, após ser grosseiramente tratado por quem não aprovava suas inclinações sexuais, nocauteou o oponente jogando-lhe uma garrafa de cerveja na cabeça. Mas não sei se foi esse desentendimento o motivo que fez com ele deixasse Fortaleza.
Havia muita gente no Varandá, naquela noite. Numa de suas mesas, um violonista apresentava-se com  um repertório notadamente tropicalista. Entre os frequentadores do lugar, incluíam-se Gil, Caetano e Luiz Melodia (quando estavam na Bahia).
Cinquenta e cinco anos depois, veio-me a curiosidade de saber o destino da casa.
Então, revolvendo o Google, acabei encontrando umas informações interessantes:
O Varandá fazia parte de um circuito etílico intelectualizado que compreendia ainda os puteiros do Pelourinho, as lanchonetes e boates da Carlos Gomes e os bares e restaurantes da rua Chile, já quase desembocando na Praça Castro Alves.
Mas não reinava só: dividia as honras com o Tabaris. E havia também o Sandoval, um personagem da noite de Salvador que transitava entre os dois bares. Não tinha nas cercanias quem não o conhecesse. Depois de anos trabalhando no Tabaris, ele abriu o próprio bar, que era justamente o Varandá. Mas as duas casas não competiam. A noite começava no Tabaris e terminava lá no topo do Pau da Bandeira (leia-se: Varandá).
Em 1975, gravando uma das canções da novela "Gabriela", da TV Globo, Fafá de Belém despontou para o sucesso nacional . Seu passaporte para o que viria a ser uma longa carreira artística foi a canção "Filho da Bahia", um samba de roda no melhor estilo do Recôncavo Baiano, mas em certa medida muito parecido com o carimbó do seu estado natal.
Substituindo na referida gravação a cantora Maria Creuza, que estava operada de apendicite, "Filho da Bahia", de Walter Queiroz, foi o primeiro grande sucesso de Fafá de Belém. Toda dengosa, ela, aos 19 anos, remexia o generoso decote e soltava a voz, bem aguda e afinada: 
"Sei beber no Varandá. 
Foi Sandoval quem me ensinou. 
Ah, moreno."
O Varandá e Sandoval estariam, a partir de ali, imortalizados na música popular brasileira. Mas não no sentido físico da palavra.
De Sandoval, sabe-se que, guiado pela nova dinâmica da cidade, abriu um bar em Pituba onde passou a gozar de nova clientela. Numa tarde dos anos 1980, porém, ele teve um fim trágico. Ao ser atingido por uma roda que se soltou de um caminhão. Quanto ao Varandá, esse marco civilizatório da cidade para se falar de utopias, amores perdidos, porres homéricos e boemias em geral, no dia 23 de agosto de 2020, uma grande parte do casarão desabou (foto). E, quatro dias depois, a prefeitura autorizou a demolição completa dele, por que oferecia risco a quem transitava pelo local.

ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA

Ligando Petrópolis (RJ) a Juiz de Fora (MG), ela marcou o início da era moderna no transporte rodoviário brasileiro. 
Com o avanço da produção de café em Minas Gerais e no interior do Rio de Janeiro, o império precisava de rotas melhores para escoar a safra até o porto da capital. As estradas existentes eram precárias e as viagens demoravam dias. O transporte por mulas era caro e sujeito a perdas. Era preciso algo novo.
Na década de 1850, o Brasil vivia um momento de busca por modernização. E o imperador Dom Pedro II apoiava as iniciativas em infraestrutura e ciência.
Nesse contexto, foi que surgiu a ideia de uma estrada pavimentada entre duas regiões importantes para a economia do império: a serra fluminense e a Zona da Mata mineira. Com o apoio do imperador, o comendador Mariano Procópio conseguiu uma concessão, em 1852, para construir e e explorar uma rodovia por 50 anos. Então, fundou a Companhia União e Indústria em 1853. Era uma sociedade anônima, com ações compradas por grandes fazendeiros interessados na obra. A empresa teria o direito de cobrar pedágios para recuperar o investimento. O nome da estrada veio daí.
Os trabalhos tiveram início em 12 de abril de 1856, com a presença do Imperador Dom Pedro II e a Família Imperial, e a placa que registra o evento ainda pode ser vista no início da Avenida Barão do Rio Branco, em Petrópolis.
A técnica usada foi o macadame, criada pelo escocês John Adam. Consistia em colocar camadas de pedras britadas, compactadas por rolos pesados, formando um leito regular e resistente. Era a tecnologia mais moderna da época para a pavimentação.
Em 23 de junho de 1861, Dom Pedro II e representantes ilustres da Corte e da Companhia União Indústria percorreram em diligência os 144 quilômetros da primeira rodovia macadamizada brasileira, inaugurando a ligação entre Petrópolis e Juiz de Fora.
Notas
I) Aberta ao final do século XVIII, num dos chamados Caminhos do mar de São Paulo, ficou conhecida como Calçada de Lorena, em função das precárias condições do Caminho do Padre José de Anchieta. Deste modo, em 1790 iniciou-se uma nova via, calçada de pedras, por determinação do governador da capitania de São Paulo, Bernardo José Maria de Lorena. As obras ficaram a cargo do Brigadeiro João da Costa Ferreira, engenheiro da Real Academia Militar de Lisboa. Concluída em 1792, estendia-se por 50 km, reduzindo em cerca de 20% o percurso entre Santos e São Paulo de Piratininga. No Rio de Janeiro, a Estrada União e Indústria, foi construída pelo empresário Mariano Procópio e inaugurada em 1861 por D. Pedro II, ligando Juiz de Fora-MG a Petrópolis-RJ. No Brasil foi o macadame muito utilizado nas estradas que cortam o estado de Alagoas. Em Pomerode, no estado de Santa Catarina, o macadame ainda é largamente usado para pavimentar ruas mais distantes do centro.
II) Casa de Saúde Santa Mônica, Estrada União Indústria, 1193 - Roseiral CEP: 25720-062 - Petrópolis - RJ Tel: (24) 2242-6947 / 2242-6426 duducho@compuland.com.br
Casa de Saúde Santa Mônica, Rua Bispo Dom José Pereira Alves 235, Pereira RJ, 25685-140
http://www.ccs.saude.gov.br/saudemental/hospitaisriodejaneiro.php
III) A primeira rodovia pavimentada do Brasil, por Fabio Lucas Carvalho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_Uni%C3%A3o_e_Ind%C3%BAstria
http://www.acessa.com/cultura/arquivo/noticias/2013/04/04-mostra-conta-historia-da-rodovia-uniao-e-industria/
http://www.facebook.com/RevistaEstradas/photos/a-estrada-de-rodagem-uni%C3%A3o-e-ind%C3%BAstria-ligando-a-cidade-de-petr%C3%B3polis-rj-a-juiz-/6112786532065112/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Macadame
IV) União e Indústria ➤ Rodovia Pres. Juscelino Kubistschek ➤ BR 040

Trabalhei em Petrópolis, de 1973 a 1974, na Casa de Saúde Santa Mônica (CNES 2275600). Um hospital psiquiátrico de natureza privada, conveniado com a previdência social, cujo setor para pacientes femininos distava vários quilômetros do setor para pacientes masculinos. Ficava o setor das mulheres (além da administração geral do frenocômio e a sala de admissão dos pacientes) em uma colina do bairro Roseiral, na Estrada União Indústria, a caminho de Juiz de Fora; já o setor destinado aos homens, em outro bairro mais próximo do centro de Petrópolis.(...)
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2022/03/memoria-petropolis-e-teresopolis.html

PINGO DE FORTALEZA ENTREVISTA JOAQUIM CARTAXO

O Arte e Militância de 15/10/25 apresenta a história de vida e a arte de Joaquim Cartaxo.
Filho de pai paraibano de Cajazeiras- PB e funcionário do DNOCS (a mãe era de Cascavel), o escritor, desenhista, arquiteto e gestor, Joaquim Cartaxo, nasceu em Crateús, em 1954, e até seus 9 anos peregrinou com a família acompanhando o trabalho do pai por cidades do Ceará e Rio Grande Norte, quando fixou residência em Fortaleza.
Começou a desenhar e a escrever na adolescência nas escolas onde estudou e nos espaços culturais nas adjacências do bairro Otávio Bonfim, onde morou por muito tempo. 
Formou-se em arquitetura na UFC e posteriormente ingressou no âmbito da gestão pública, como assessor parlamentar e da prefeitura de Icapuí, e gestor na prefeitura de Fortaleza e do governo do estado do Ceará, quando exerceu o cargo de secretário das cidades e desde 2015 é diretor superintendente do SEBRAE-CE.
Vem publicando sistematicamente crônicas no Jornal O Povo, livros e outros textos em participações nas publicações da Confraria Mambembe.
O Programa Arte e Militância é um programa da TV PT Ceará (YouTube e Facebook) apresentado por Pingo de Fortaleza e vai ao ar todas as quartas, às 18h, ficando disponível para visualizações posteriores.