"Até hoje não sei a origem da palavra bizu. Sei que tem um fonema 'z' tão forte e óbvio que só pode ser escrito com 'z'. Mas, claro poderia ser escrito com 's'. E que é uma palavra discreta, sutil, segredeira. Vários dicionários consultados não a registram. Não está no Aurélio nem no Houaiss. E eu me pergunto: onde andaria? Os estudantes também se perguntam, às vésperas de cada prova: onde andaria?
Houve quem me dissesse que é termo onomatopaico, que quereria significar os sonidos do voo de um besouro. O som que traz uma notícia alvissareira. Não fiquei satisfeito. Andei em busca do étimo em outros dicionários, com baldados esforços. A única palavra que encontrei símile foi a que designa calouro em francês: bizut ou bizuth, que, a propósito dá origem também ao termo francês para trote.
Conhecida ou desconhecida a sua origem, o bizu corre, o bizu escorre, o bizu flui. Mais filosoficamente, o bizu permeia, o bizu pervaga. Pervaga o cérebro dos estudantes. Permeia o curso médico.
Trocando em miúdos, todavia, bizu (bisu?) é a dica, é a deixa que o professor deixou propositada ou involuntariamente escapar sobre a questão que vai cair na prova. Mas não é só isso. O termo tem seus mistérios."
Mestre Dalgimar,
Esse étimo que relaciona o "bizu" ao sonido de um bezouro achei ótimo. Num átimo, lembrei-me de que, ao escrever "O bizu do Sarja", eu dei acolhida a uma certa especulação sobre o assunto. Aqui segue a dita:Étienne Bézout (Nemours, 31 de março de 1730 — Avon, 27 de setembro de 1783) foi um matemático francês. Em 1758 Bézout foi eleito adjunto em mecânica da Académie des Sciences. Dentre diversos outros trabalhos, escreveu "Théorie générale des équations algébriques", publicado em Paris, em 1779. Seu livro didático se tornou referência a ponto de os professores da época usarem a expressão "vou dar explicação como o Bézout". A expressão foi transformada, aos poucos, em "vou dar o Bézout". Especialmente em escolas militares (Bezout era também o autor de "Cours de mathématiques à l'usage des Gardes du Pavillon et de la Marine", uma obra de quatro volumes que apareceu em 1764-67), onde logo se tornou comum usar o termo "bizu".
Quando a Família Real veio para o Brasil, trouxe, em sua comitiva, diversos professores de Coimbra. Esses docentes foram colocados na Real Academia Militar.
As aulas de Matemática eram o terror dos alunos, até descobrirem que os mestres usavam, como base das aulas e provas, um livro de um autor francês chamado Etienne Bezout.
Assim, corria pelos alunos a informação de que ter o livro do Bezout era fundamental para ter sucesso na matéria. Ter o Bezout era o diferencial e todos queriam o Bezout, que passava de mão em mão.
Essa é a origem (provável) do termo "bizu".
Paulo Gurgel