Uma personagem real da sociedade cearense (esposa do empresário Eduardo Gurgel?), em seu tempo muito citada pelo colunista Lúcio Brasileiro:
"Que eu conheça, único salão havido da sociedade cearense foi o da Chiquita Gurgel, na Rua (sic) Desembargador Moreira, entendendo-se como tal a senhora que mantém as portas sempre abertas para receber inclusive jornalistas, padres e intelectuais."
Encontro na dissertação de Iratuã Freitas Silva, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará em 2022, com o título de "A elite cearense: sob a óptica do colunista social Lúcio Brasileiro", a seguinte passagem:
A leitura de "Aldeota" (obra de Jáder de Carvalho, 1963) nos remete a uma história verídica, ocorrida na casa da senhora Chiquita Gurgel. Ela realizava diariamente em sua residência, no chique e ainda novo bairro. De acordo com Lopes (José Augusto Lopes, in "Colunistas e colunáveis, 1997), a senhora Gurgel foi a maior anfitriã do Ceará em todos os tempos, tanto pela quantidade de encontros, como pela qualidade dos eventos, todos voltados para rodas de música, saraus de poesia e apresentações teatrais.
A hostess convidava para essas reuniões pessoas de setores diversificados de nossa sociedade, tais como intelectuais, jornalistas, escritores, padres, estudantes, empresários, formando um mix de visitantes, com personalidades e perfis que contrastavam uns com os outros. Em um desses encontros estavam sendo recepcionados na casa de Chiquita os atores Walmor Chagas e Cacilda Becker, que se apresentavam em Fortaleza com peça teatral. No transcorrer do evento, Chiquita Gurgel resolveu declamar uma poesia com marcas bem dramáticas; quando a dama finalizou a apresentação, o empresário conhecido à época como “rei da cera”, começou a bater palmas efusivamente, proferindo algumas frases laudatórias, entre elas “eita poesia pai-d’égua”. Ouviu-se, então, o burburinho de risadas.
O fato narrado serve para fazer uma referência de como nossa sociedade foi formada. O senhor em questão, natural da cidade de Sobral, descendia de uma família com tradição no beneficiamento da cera de carnaúba, que fez fortuna com esse produto. Ele migrou para Fortaleza, onde instalou uma fábrica na Avenida Francisco Sá . De fato, o sobralense havia obtido êxito e sucesso no campo da economia, mas no campo da cultura, da arte, da etiqueta era um neófito.
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/63878/3/2022_dis_ifsilva.pdf p.105
http://acervo.fortaleza.ce.gov.br/download-file/documentById?id=77938e46-2f80-4191-86de-9f841d5b4850
Nenhum comentário:
Postar um comentário