Paulo Gurgel Carlos da Silva
Nas margens do rio Codiá, em terras de Thomé Callado Galvão, no século XVIII, surgiram as primeiras casas do povoado de Humaitá. Esse topônimo é de origem indígena e seu significado é: hu = negro + ma = agora + itá = pedra = a pedra agora é negra. Em 1900, a estação ferroviária foi aberta com esse nome no município que fora criado em 1896, por desmembramento do município de Maria Pereira, atual Mombaça. Posteriormente, a cidade e a estação passaram a ser designadas de Senador Pompeu, em homenagem ao Senador da República Tomaz Pompeu de Souza Brasil (1818 - 1877), um dos idealizadores da E. F. Baturité.http://www.estacoesferroviarias.com.br/ce_crato/senador.htm
http://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/senador-pompeu/historico
http://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/pedra-branca/historico
Crédito da imagem: Consuelo Lima, Fckr
Elda Gurgel CoelhoNasceu em 11 de setembro de 1930, no município de Senador Pompeu-CE, tendo sido a segunda filha do casal Paulo Pimenta Coêlho e Almerinda Gurgel Valente.
O seu pai, Paulo, era natural de Pedra Branca-CE e havia nascido em 11 de maio de 1906, sendo o segundo filho de Francisco Coêlho e Clotilde Pimenta, modestos agricultores, e era irmão de João, Manuel, José, Atalia, Cinda e Maria José. Aos 14 anos, Paulo sofreu um ataque de febre reumática que o deixou com sequelas cardíacas e a saúde geral debilitada. Depois desse episódio, a família dele decidiu mudar-se de Pedra Branca para Senador Pompeu. E, para ajudar no sustento da família, Paulo empregou-se como balconista na loja Humaitá, do Sr. Sá, então o maior empório dessa cidade do Sertão Central.
Almerinda, sua mãe, nasceu em Maranguape-CE, em 29 de agosto de 1897, sendo filha de José Gurgel do Amaral (o José Tristão, como era conhecido) e de Maria Gurgel Valente, ambos primos e oriundos de Aracati. O Sr. José Tristão era fornecedor de dormentes para a Estrada de Ferro, em construção, que avançava para a região sul do Ceará, o que o obrigava a seguir o mesmo trajeto, ao tempo em que os filhos do casal foram nascendo durante o percurso. Com uma pausa em Senador Pompeu, onde José Tristão adquiriu o Sítio Catolé, uma gleba privilegiada em termos de fertilidade do solo, e converteu-se em agricultor. Aí se fixando, o casal completou e criou sua crescente prole: Francisco (1892), Antônio (1894), Claucídia (1896), Almerinda (1897), José (1900), Olímpia (1904) e Raimundinho (1906).
Foi em Senador Pompeu que Paulo conheceu Almerinda. Diferenças de idade (Paulo tinha apenas 21 anos e Almerinda, 30 anos), cor (ele era moreno e ela, de tez muito alva) e situação financeira das duas famílias foram sobrepujadas pelo amor daquele jovem pobre pela bela moça de posses maiores e mais velha do que ele. Contrariando a vontade dos pais, principalmente da mãe da nubente, o consórcio dos enamorados ocorreu em 19 de novembro de 1927, providenciado pela tia materna da noiva, D. Alzira.
Em 1930, Paulo foi trabalhar na Lundgren Tecidos, representando as Casas Pernambucanas em várias cidades da região. Contudo, a sua função de caixeiro-viajante o obrigava a longas ausências da família, em fatigantes viagens por locais inóspitos, que aportavam risco adicional à sua vulnerável condição física. Convidado por seu irmão José Pimenta para se estabelecer em Morada Nova-CE, a fim de substituí-lo na administração de uma farmácia, Paulo transferiu-se para esta cidade.
Em 1932, para assumir o cargo de escriturário na Siqueira Gurgel, emprego oferecido pelo cunhado José Gurgel Valente, um dos proprietários da fábrica de Otávio Bonfim, ele veio morar em Fortaleza. Trabalhando durante o dia na Siqueira Gurgel e, à noite, cumprindo o ofício voluntário de porteiro do Cine Familiar, de propriedade dos frades franciscanos do Convento N. Sra. das Dores, Paulo viu sua família crescer para seis filhos. Elda acompanhou os pais e os irmãos nessas sucessivas mudanças de empregos e residências.
No dia 17 de fevereiro de 1946, aos 39 anos, Paulo morre de causas naturais. Para criar os filhos deixados na orfandade (Elza, Elda, Elma, Edson, Edmar e Espedito), Almerinda contaria com a ajuda do seu prestativo irmão José Gurgel.
Cronologia
(período 1897 – 1947)
1897: Almerinda nasce em Maranguape (29 de agosto).
1906: Paulo nasce em Pedra Branca (11 de maio).
1920: Paulo muda-se para Senador Pompeu. Trabalha na loja Humaitá para ajudar no sustento da família. 1927: Paulo e Almerinda casam-se (19 de novembro).
1930: Elda nasce em Senador Pompeu (11 de setembro). Paulo trabalha na Lundgren Tecidos (Casas Pernambucanas), em seguida numa farmácia em Morada Nova e tem curta permanência em Pacatuba.
1932: A família Gurgel Coelho muda-se para Fortaleza. Paulo trabalha na Siqueira Gurgel.
1946: Elda conhece Luiz. Ensina na Alfabetização no Instituto Padre Anchieta, de propriedade do futuro esposo.
1947: Paulo morre (8 de fevereiro).
1947: Luiz e Elda casam-se (14 de agosto).
Fonte
SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Otávio Bonfim, das Dores e dos Amores: sob o olhar de uma família. Fortaleza: EdUECE, 2008. (p. 18-22) ISBN 978-85-7826-007-1
Nenhum comentário:
Postar um comentário