Tio Edmar me enviou uma cópia do Contrato de Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada que ele, Edmar Gurgel Coêlho, celebrou com meu pai, Luiz Carlos da Silva, por ocasião da criação de uma sociedade, com sede em Fortaleza (à rua Justiniano de Serpa, 53, em Otávio Bonfim).
Com o capital social de Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros), integralizado no ato de assinatura do contrato, em 21 de julho de 1960, essa sociedade tinha como finalidade o comércio de bebidas, especialmente o engarrafamento e a distribuição de aguardente por atacado.
Em notas anteriores de "Linha do Tempo", [1] [2] [3] me reportei a essa atividade comercial de papai. Não durou muito tempo, tendo sido desfeita a sociedade quando Edmar passou a trabalhar no Banco do Brasil, na agência de Senador Pompeu, enquanto Luiz prosseguiu em suas funções de advogado e professor, das quais não havia sequer se afastado.
Meu pai, que jamais tomou qualquer bebida alcoólica, costumava justificar a natureza do empreendimento com a citação da passagem do Novo Testamento em que Jesus transformou a água em vinho na aldeia de Caná.
Trazida de Acarape/Redenção, antes de ser engarrafada a cachaça ficava algum tempo em tonéis, no depósito da Justiniano de Serpa, sendo odorizada com alfazema. E seu envasamento era concluído com a colocação das tampinhas (com a ajuda de uma maquininha) e dos rótulos da aguardente: "Uiscana" e "Esportiva". Rótulos bem simples, impressos numa gráfica de Fortaleza dispensados da arte da policromia.
Bibliografia/webgrafia
[1] Quanto ao imóvel alugado da Justiniano de Serpa, não foi logo devolvido à proprietária. Por algum tempo, Luiz, que era abstêmio, o utilizou como depósito de um negócio com aguardente. Lembro que adquiria o produto a granel de destilarias em Acarape, aonde costumava viajar por outro motivo, o de atender a sua clientela jurídica. Em Fortaleza, era a aguardente engarrafada e, com os nomes de "Uiscana" e "Esportiva", comercializada nos bares e mercearias desta cidade. Alguma vez, até acompanhei Tio Edmar, que era sócio dele no empreendimento, em suas peripécias de vendedor de destilados.
SILVA, P.G.C. da. Moradas e vizinhos. In: SILVA, M.G.C. da; ADEODATO, M.G.C. Dos canaviais aos tribunais: a vida de Luiz Carlos da Silva. Fortaleza: Edições UECE/Expressão, 2008. p.39-41.
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2007/10/moradas-e-vizinhos.html
[2] Posso dizer, com conhecimento de causa, que, na década de 1960, bares e restaurantes não existiam em Otávio Bonfim. O bairro tinha, quando muito, algumas mercearias como a do Seu Edmundo e a do Seu Júlio, onde bebedores contumazes encostavam-se nos balcões para dar suas bicadas.
(É possível que tenham apreciado a "Uiscana" e a "Esportiva", marcas de aguardentes engarrafadas por Luiz Carlos da Silva, pai deste escriba.)
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2013/06/o-pombo-cheio.html
[3] Houve ainda um período em que ele se dedicou ao comércio de aguardente. Luiz comprava em Acarape tonéis desta bebida para engarrafá-la em Fortaleza, sob os nomes de "Esportiva" e "Uiscana".
SILVA, P.G.C. da. RAÍZES: Redenção e Acarape. In: SILVA, M.G.C. da; SILVA, P.G.C. da (orgs.). Luiz, mais Luiz! Centenário de Nascimento de Luiz Carlos da Silva. Fortaleza: Edição do Autor, 2018. p.15-19.
https://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/02/raizes-de-luiz-redencao-e-acarape.html
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