MÚSICA E BATE-PAPO COM JORGE MELLO

Jorge Mello nasceu em Piripiri, no Estado do Piauí. Aqui em Fortaleza, onde morou nas décadas de 60 e 70, logo veio a se destacar como músico, letrista e cantor. Foi também diretor musical de programas da televisão cearense, resultando deste período o seu entrosamento com o Pessoal do Ceará (Belchior, Fagner, Ednardo, Cirino e outros). Com o grupo, Jorge viajou canções, dividiu festivais e fincou pé no Sul Maravilha. A seguir, abraçou a carreira solo. Jorge Mello é maestro, arranjador e produtor musical. Como compositor e cantor já tem mais de uma centena de músicas gravadas. Dentre seus parceiros musicais, apontam-se: Belchior (o mais assíduo, com o qual já fez duas dezenas de canções), Vicente Barreto, Evaldo Gouveia, Tom Zé, Paulo Soledade, Ricardo Bezerra e outros. E também já fez trilha musical para teatro, cinema e peças publicitárias. Além disso, na profissão de advogado tornou-se um especialista em Direito Autoral. (Paulo Gurgel)

CHIQUITA GURGEL

Foi uma figura emblemática da sociedade fortalezense, conhecida por seu papel como socialite, mecenas e anfitriã de eventos culturais e beneficentes em Fortaleza ao longo do século XX. Nascida como Maria Francisca Gurgel do Amaral, ela pertencia a uma família tradicional do Ceará e se destacou por seu charme, elegância e envolvimento em causas sociais e artísticas.
Destaques de sua atuação:
1. Vida Social e Cultural:
Era uma das grandes damas da alta sociedade de Fortaleza, frequentando e promovendo saraus, exposições e festas que reuniam artistas, intelectuais e políticos. Tinha forte ligação com o meio artístico, apoiando nomes da música, literatura e artes plásticas cearenses. Em seu tempo, era muito citada pelo colunista Lúcio Brasileiro: "Que eu conheça, único salão havido da sociedade cearense foi o da Chiquita Gurgel, na Rua (sic) Desembargador Moreira, entendendo-se como tal a senhora que mantém as portas sempre abertas para receber inclusive jornalistas, padres e intelectuais."
2. Benemerência:
Engajou-se em obras assistenciais e filantrópicas, ajudando instituições de caridade e eventos beneficentes. Participava ativamente de campanhas sociais, especialmente as ligadas à Igreja Católica e a entidades como a Legião da Boa Vontade (LBV).
3. Família e Legado:
Era casada com Oswaldo Gurgel do Amaral, membro de uma família influente no Ceará. Sua casa era um ponto de encontro da elite cultural e política, e seu nome ainda é lembrado como símbolo de uma época de glamour e influência social em Fortaleza.
Encontro na dissertação de Iratuã Freitas Silva, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará em 2022, com o título de "A elite cearense: sob a óptica do colunista social Lúcio Brasileiro", a seguinte passagem:
A leitura de "Aldeota" (obra de Jáder de Carvalho, 1963) nos remete a uma história verídica, ocorrida na casa da senhora Chiquita Gurgel. Ela realizava diariamente em sua residência, no chique e ainda novo bairro. De acordo com Lopes (José Augusto Lopes, in "Colunistas e colunáveis, 1997), a senhora Gurgel foi a maior anfitriã do Ceará em todos os tempos, tanto pela quantidade de encontros, como pela qualidade dos eventos, todos voltados para rodas de música, saraus de poesia e apresentações teatrais.
A hostess convidava para essas reuniões pessoas de setores diversificados de nossa sociedade, tais como intelectuais, jornalistas, escritores, padres, estudantes, empresários, formando um mix de visitantes, com personalidades e perfis que contrastavam uns com os outros. Em um desses encontros estavam sendo recepcionados na casa de Chiquita os atores Walmor Chagas e Cacilda Becker, que se apresentavam em Fortaleza com peça teatral. No transcorrer do evento, Chiquita Gurgel resolveu declamar uma poesia com marcas bem dramáticas; quando a dama finalizou a apresentação, o empresário conhecido à época como “rei da cera”, começou a bater palmas efusivamente, proferindo algumas frases laudatórias, entre elas “eita poesia pai-d’égua”. Ouviu-se, então, o burburinho de risadas.
O fato narrado serve para fazer uma referência de como nossa sociedade foi formada. O senhor em questão, natural da cidade de Sobral, descendia de uma família com tradição no beneficiamento da cera de carnaúba, que fez fortuna com esse produto. Ele migrou para Fortaleza, onde instalou uma fábrica na Avenida Francisco Sá . De fato, o sobralense havia obtido êxito e sucesso no campo da economia, mas no campo da cultura, da arte, da etiqueta era um neófito.

PRAIA DE IRACEMA

"Adeus... adeus...
Só o nome ficou.
Adeus, Praia de Iracema
Praia dos Amores
Que o mar carregou."

(Luiz Assumpção)

No início do século XX, a Praia de Iracema era uma aldeia de pescadores denominada de Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá. 
Em decorrência da apropriação deste espaço por parte da elite econômica de Fortaleza, com a construção de seus bangalôs de frente para o mar (foto do Arquivo Nirez), a Praia do Peixe passou a ser reconhecida na cidade como um lugar encantador e bucólico, inclusive adquirindo o epíteto de Praia dos Amores. 
Além disso, foi também cenário para o início da prática do banho de mar como medida terapêutica e mesmo de contemplação e lazer para muitos fortalezenses. Essas transformações revelaram a necessidade da mudança do nome Praia do Peixe para outra denominaçao menos repulsiva. Neste sentido, a jornalista Adília de Albuquerque propôs a ideia de que fosse erguido na praia um monumento em homenagem à Iracema, a heroína do romance de José de Alencar.
Motivado pela imprensa, os moradores do bairro encaminharam ao então prefeito Godofredo Maciel um abaixo-assinado para oficializar a mudança, como pode ser visto neste relato da revista "Ceará Iustrado": "Solicitamos que mude a denominação imprópria e vulgar por que é conhecido aquelle encantador trecho de Fortaleza para a de Prais de Iracema". (rev. CI n.º 13, de 5 de outubro de 1924). 
Com a nova designação, as ruas ganharam nomes de etnias indígenas como Tabajaras, Pacajus, Arariús, Potiguaras, Cariris, Tremembés e Guanacés. 
Fonte:
BEZERRA, Roselane Gomes. O bairro Praia de Iracema entre o "adeus" e a "boemia": usos, apropriações e representações de um espaço urbano. 2008. https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6247/1/2008-TESE-RGBEZERRA.pdf

MEMÓRIA. UMA VIAGEM PELA BR-116

A BR-116 tem início em Fortaleza, no Ceará, e termina em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Ela passa por dez Estados, ligando cidades importantes como Fortaleza, Feira de Santana, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Com 4.486 km de extensão, é a maior rodovia totalmente pavimentada do Brasil,.
Em 1974, quando morava no então chamado Estado da Guanabara e trabalhava como médico no Hospital Central do Exército, fui transferido para Benjamin Constant, um município que fica na região do Alto Solimões (AM). 
Transferido por necessidade de serviço, nestas circunstâncias o militar nestas circunstâncias faz jus a passagens aéreas,  transporte de seus pertences, ajudas de custo e, depois de apresentar-se no novo local de trabalho, a alguns dias para se instalar.
Era solteiro, e decidi matar as saudades de Fortaleza quando estivesse em trânsito para a Amazônia.
Não era conveniente levar o fusca (que eu tinha adquirido seis meses atrás) para Benjamin Constant. Avisaram-me que em suas ruas (não pavimentadas) somente transitavam motocicletas. O município, com exceção do então distrito de Tabatinga, não era "car friendly"
Ao tentar vender o fusca, logo constatei que seria difícil vendê-lo por um preço justo. A sorte foi que meu pai, em Fortaleza, que estava pensando em comprar um carro do tipo, fez um lance irrecusável. Mas eu teria que fazer a entrega do veículo em domicílio.
Então, planejei uma viagem dirigindo o fusca até Fortaleza, onde passaria alguns dias com a família, para depois prosseguir de avião até Benjamim Constant.
A parte terrestre da viagem seria de cerca de 2.600 km pela BR-116. Com previsão de dormidas em Teófilo Otoni-MG e Feira de Santana-BA.
Também previ uma "parada técnica" em Petrópolis, na Casa de Saúde Santa Mônica, para me despedir dos funcionários do hospital, e na sequência ir a uma agência do Banco Real, onde me aguardava o pagamento dos últimos plantões.
Não é só na BR-3 que a gente morre. No trecho mineiro da BR-116, estive prestes a me envolver em uma colisão ao realizar uma ultrapassagem. Felizmente, um anônimo motorista (de um caminhão que vinha em sentido contrário) fez a manobra evitativa.
Em Teófilo Otoni, hospedei-me numa pousada e jantei num restaurante local.
No dia seguinte, após o café da manhã, continuei a viagem. Tendo como incômodo uma sonolência vespertina que os retões da BR-116 na Bahia encarregaram-se de acentuar. 
Conforme o planejado, jantei e dormi em Feira de Santana.
Acordei muito cedo para o terceiro dia da viagem. Sabendo que ainda teria que dirigir cerca de 1.065 km para chegar a Fortaleza. Era vencer o desafio da distância ou... ter de acrescentar umas horas a mais de viagem num hipotético quarto dia. 
O que não foi preciso. Cheguei a Fortaleza ainda no terceiro dia, às 22h30. 
Extremamente fatigado, quem disse que eu conseguiria dormir bem? Com todas aquelas placas de sinalização da BR-116 que continuavam a girar feito um carrossel em minha mente.

ENCONTROS NO FUXIKO

Em 23 de novembro de 2023, o médico Mario Mamede criou no WhatsApp o grupo ENCONTROS, destinado a dar suporte aos contatos entre os colegas da turma de médicos graduados em 1971 pela Universidade Federal do Ceará.
Eis um flagrante da nossa 1.ª reunião documentada no aplicativo. 
Data: 06/12/2023 (noite).
Local: Restaurante FUXIKO Beer, na Praça Martins Dourado.
Presentes: Mário Mamede (organizador), José Rocélio, Ercílio Guimarães, José Luna (com Zélia), Núbia Martins, Socorro Madeiro, Silvio Roberto (com Eliane) e Paulo Gurgel (com Elba).
Na ocasião, distribuí com os colegas os primeiros exemplares do meu livro recém-publicado, "Edição Êxtase".
Música ao vivo por Alê Ferreira.

P.S.
Em reuniões subsequentes, houve a presença de Francisco Colares (com Elen), Roberto Bruno e Clara (esposa de Mario). Com música ao vivo por Ciribah Soares.

Ultima reunião: 09/07/2025 (hoje)

ENGENHOCA PARQUE

Localizado na cidade de Aquiraz, na costa leste do litoral cearense, a 15 quilômetros de Fortaleza, o Engenhoca Parque é uma das referências no turismo cearense. 
Com mais de 40 atrações para todas as idades, este parque de aventuras desenvolve atividades que unem as diversões à natureza, em um cenário exuberante com um lago e seus 40.000 m² de verde. 
Funcionando de sexta a domingo e feriados, das 10 e meia às 17 horas, o Engenhoca conta ainda com o Moenda Restô, o restaurante do parque. 
O Engenhoca Parque é também sinônimo de tradição. Foi construído em um local histórico, sede de um antigo engenho da década de 1920, que fabricava a famosa aguardente "Colonial".Além disto, para preservar a história do ciclo da cana de açúcar no Ceará, a direção do parque criou em seu espaço o Museu do Engenho Colonial (Museu da Cachaça). Um museu equipado com relíquias do engenho, como peças de maquinaria, documentos e produtos que contam a história de sua época.
Elba e o neto Renan. 28/06/2025

DATAS IMPORTANTES NA HISTÓRIA DA CACHAÇA
1635. Com o aprimoramento da produção, passou a atrair consumidores e a ter importância econômica.
1649. Proibidas pela Coroa Portuguesa a produção e a comercialização da cachaça a fim de não competir com a bagaceira e o vinho, bebidas produzidas em Portugal.
1661. Em 13 de setembro, foram revogadas as proibições anteriores.
1756. Sobre a cachaça são criados vários impostos chamados de subsídios. Impostos voltados à obtenção de recursos para a reconstrução de Lisboa atingida pelo terremoto de 1º/11/1755.
1789. A cachaça se tornou um símbolo da resistência ao governo português.
1808. Quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, a cachaça já era um dos principais produtos da economia local.
1922. Durante a Semana da Arte Moderna, quando se buscou o retorno às raízes brasileiras, a cachaça voltou a ser considerada um símbolo da cultura nacional.
1923. No Sítio Colégio, em Aquiraz (CE), é fundada pelo patriarca Tibúrcio Targino a "Cachaça Colonial".
2001. Decreto Presidencial estabelece o marco legal para a cachaça, ao estabelecer que nenhum outro país tem permissão para produzir e comercializar aguardente de cana-de-açúcar como cachaça. Estse nome é reservado exclusivamente para bebidas originárias do Brasil.
2006. Criado no Rio de Janeiro o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC).