LACERDINHAS EM FORTALEZA

Na década de 1960, uma árvore muito comum nas ruas e avenidas de Fortaleza era o Ficus (F. benjamina). Frondosas, as árvores dessa espécie originária da Malásia proporcionavam uma boa sombra e, por conta disso, muitas vezes, eram referenciadas como paradas de ônibus.
Até que surgiram na cidade uns insetos, também exóticos e com marcante predileção pelos Ficus. Aqui apelidados de lacerdinhas, tais insetos parasitavam as árvores do gênero, enfezando-as e, com a progressão do parasitismo, conduzindo-as ao aniquilamento.
Os benjamins, que podem alcançar uma boa altura e cujas raízes são capazes de destruir muros e calçadas, definitivamente não eram páreo para os lacerdinhas.
Reproduzindo-se rapidamente, esses insetos logo se tornariam uma verdadeira praga na cidade.
Esses tisanópteros (da ordem Thysanoptera) são insetos bem pequenos (imagem), de cor escura na fase adulta. As folhas em que se abrigam e criam suas colônias, dobram-se, perdem o viço e ficam amarelas.
Nem bonsai de Ficus, como se pode ver na internet, está livre deles.
E... como caíam em grande quantidade sobre as pessoas! Nos olhos dos transeuntes, o simples roçar de um lacerdinha já causava ardor intenso e vermelhidão.
Até aqui ninguém me perguntou
Eles eram chamados de lacerdinhas em "homenagem" ao jornalista, líder ideológico da direita e notório golpista Carlos Lacerda.

POSSE DE ROBERTO MISICI NA ACM

Parabéns ao colega Dr. Roberto Misici (foto), médico proctologista e Vice-Consul Honorário da Itália no Ceará, por ter sido indicado para integrar a Academia Cearense de Medicina (ACM).
O ato da posse de Misici como ocupante da cadeira nº. 2 da ACM, patroneada pelo Dr. Moura Brasil, aconteceu na noite de 11 de abril, no Auditório Castello Branco da Reitoria da UFC, em sessão solene presidida pelo Dr. Pompeu Randal, atual presidente do sodalício.
A saudação de boas-vindas a este novo membro da ACM coube ao Acad.  Dr. Sérgio Gomes de Matos, o qual discorreu sobre os méritos do colega recém-empossado.
Foto: BLOG DA SOBRAMES
Memória
No dia 9 de outubro de 2013, Misici, que é também um amante da boa música, ministrou a palestra "ÓPERA: DOENÇA E MORTE" para os membros da ACM. Na ocasião, a médica pneumologista e historiadora Dra. Ana Margarida Arruda cobriu o evento para o seu blog Memórias.

ANIVERSÁRIO DE ANDREAS HEGER

Foi comemorado no último dia 5 o aniversário natalício de Andreas Heger. No estilo adesão, e tendo como cenário o restaurante Frederico, na Varjota, a festa foi organizada por Mirna, esposa de Andreas. Estiveram presentes ao evento diversos membros da família Gurgel Carlos, em Fortaleza, e o casal Thomas e Ana Mary que reside na Alemanha.
Mirna e Andreas no aniversário dele
Amanhã (13), Andreas e Mirna embarcam para uma temporada de férias em São Paulo. De lá retornam para Karlsruhe, Alemanha.

MUNDINHO PEQUENO

Eta, mundinho pequeno!
Em julho de 1975 sai de um emprego, onde tinha uma posição confortável, para outro, onde a única vantagem imediata era o aumento de salário. Foi o maior salto no escuro que dei em minha carreira profissional. Fui trabalhar na recém inaugurada Bolsa de Valores de Brasília. A instituição era tão pequena que, não demorou, foi incorporada pela Bolsa de Valores Minas-Espírito Santo, vindo a se tornar na Bolsa de Valores Minas-Espírito Santo-Brasília.
Lá, conheci uma baiana por quem me apaixonei. Mas, como falar isso para ela?
Apesar dos meus 25 anos, não tinha nenhuma experiência com namoros sérios. Gostava era de namoricos aqui e acolá, sem muito compromissos.
Devagarzinho as coisas foram acontecendo. Um almoço hoje, um sorvetinho no outro dia... E a vontade de ficarmos juntos foi aumentando.
Mas a coragem de falar sobre namoro não vinha de jeito nenhum.
Um belo fim de semana fomos para um barzinho. Confidenciei para um dos amigos que estava a fim de namorar uma colega de trabalho que, por sinal, estava ali na nossa mesa e se chamava Gerusa.
Na época, estava passando a novela "Gabriel, Cravo e Canela" e o par romântico era o Dr. Mundinho - interpretado pelo José Wilker - e a Gerusa, filha de um dos coronéis de Ilhéus. E eu usava um bigodinho esquisito, muito parecido com o do personagem da novela. Nosso amigo Ozéas, caiu matando. Entre uma gozação e outra, saiu-se com esta:
- Já sei, você está querendo ser o Mundinho da Gerusa?
- Verdade, respondi meio sem graça.
E ele, no mesmo dia, soltou a frase decisiva:
- Geeente, parece que aqui tem um "Mundinho" Gurgel doido para namorar a Gerusa Falcão!
Creio que ela já desconfiava das minhas ótimas intenções. Na segunda-feira seguinte, eu estava sentado em uma das salas da Bolsa de Valores, hora do almoço, a Gerusa passou por trás da poltrona, abaixou-se e tascou um dos beijos mais saborosos do Distrito Federal. E resolveu a situação de uma vez por todas. Começamos a namorar e, dois anos depois, nos casamos.
Creio que, cedo ou tarde, tudo iria acontecer normalmente, mas o grande incentivo mesmo veio do "Dr. Mundinho" e a sua Gerusa. Ou seja, 1975 foi um ano de grandes decisões. Foi o ano que mudou o rumo de nossas vidas. Para melhor. Felizmente.
"Felomenal", caro conterrâneo José Wilker. Muito obrigado.
Fernando Gurgel Filho
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TRAÇOS DA HISTÓRIA DE ANTÔNIA MARTINS PEDROSA (RESPECINA)

(Respecina)
Antônia Martins Pedrosa, in memoriam, conhecida desde tenra idade por Respecina, filha de Francisco Martins de Araújo e Maria Teófilo de Oliveira, era natural de Saboeiro-CE, Terra do Galo, onde nasceu em 5 de abril de 1920.
A denominação original do município era Fazenda Santa Cruz de Caracará, depois Caracará, Carcará e, desde 1859, Saboeiro, com localização na microrregião do Sertão de Inhamuns, mesorregião dos Sertões Cearenses (Página do IBGE).
Historicamente, quando a colonização chegou aos nossos sertões, a partir do século XVIII, o casal João Batista Vieira e Antônia de Oliveira e os seus sete filhos (seis mulheres e um homem) instalaram-se no atual município de Saboeiro, oriundos de Itamaracá-PE. Referido casal era descendente das famílias espanhola e portuguesa Sanches e Carvalho e espalhou sua prole por várias regiões do Ceará e Pernambuco. Uma das filhas, Ana, casou-se com o português José de Oliveira Bastos, passando a residir na fazenda Santa Cruz, chamada posteriormente Carcará, nas cercanias da hoje cidade Saboeiro. Ao casal bem-sucedido e de prole numerosa, juntaram-se moradores vindos de outras regiões e formou-se o Arraial de Santa Cruz de Caracará (Carcará). Daí surgiram os Carcarás de Saboeiro, constituídos de famílias tradicionais, de prestígio político na Província e em nível local e de destaque econômico em sua terra, como Fernandes Vieira, Braga, Oliveira, Bastos, Cândido, Santos, Batista, Teófilo e Cavalcante, dentre outras.
Respecina, do clã dos Carcarás, era uma pessoa de boa aparência, com destaque na juventude saboeirense. Em sua terra natal, cursou as séries iniciais do primeiro grau que, na época, era o máximo que o município podia oferecer. Aí, usufruiu dos divertimentos e encantos que a infância e adolescência ofereciam, bem como desfrutou dos passeios e banhos nos caldeirões e nas correntezas do rio Jaguaribe. Como católica praticante, participou do grupo coral da Matriz Nossa Senhora da Purificação, onde cantava os benditos sacros, com voz afinada, por ocasião das missas, novenas e outras cerimônias religiosas.
Em 1937, no auge da adolescência, Respecina deixou sua terra natal e foi morar na então Vila de Santa Catarina, hoje Catarina-CE, na época pertencente ao município de Saboeiro, atendendo convite do irmão comerciante Antônio Capistrano Martins, já radicado na localidade em tela, que lhe propôs empréstimo(s), e também às outras duas irmãs Rita Martins de Araújo e Josefa Martins de Araújo, referente(s) à(s) parte(s) da herança paterna que lhe(s) cabia(m), com o intuito de fortalecer sua organização comercial na Vila. A proposta foi prontamente aceita pelas três irmãs, com as devidas condicionantes. Em cumprimento, o irmão levou-as para a sua companhia, por alguns anos, e pagou-lhes as prestações nas datas acordadas. Posteriormente, as três irmãs casaram-se com pessoas da Vila / Distrito.
Logo ao chegar à nova localidade, conheceu José Pedrosa de Miranda (Zequinha Miranda), apessoado, jovem comerciante de destaque, dono de loja de tecidos, músico e pecuarista. Este ao vê-la pela primeira vez, dissera maravilhado a alguns populares: “chegou uma galega de Saboeiro”! A partir de então, começou o romance entre eles! E haja simpatia mútua, serenatas, o namoro e, enfim, o enlace matrimonial dos dois.
No dia 11 de janeiro de 1941, aconteceu o casamento entre eles, celebrado pelo Padre Sabino, da Paróquia de Saboeiro. Zequinha não resistiu aos encantos da bela “galega” e vice-versa! Os dois tiveram uma união de amor, fidelidade e alegria, em paixão recíproca, até o fim de suas vidas, gerando os nove (9) filhos Maria do Socorro Pedrosa Queiroz (aposentada), José Wellster Pedrosa Martins (funcionário público estadual aposentado), Landry Pedrosa Martins (jornalista aposentado de O Povo), Francisco Dermeval Pedrosa Martins (engenheiro de pesca e analista ambiental do IBAMA), Maria de Fátima Pedrosa Dantas (aposentada), Maria Gorete de Oliveira Pedrosa (aposentada), Maria José Martins Pedrosa (Técnica em Recursos Humanos), Rita Pedrosa Martins de Miranda Moreira (pedagoga) e Maria Verônica Pedrosa Fernandes (enfermeira), aos quais amou muito, deu-lhes bons exemplos e com responsabilidade encaminhou-os nos estudos e para a vida, transformando-os em bons cidadãos. Para completar a árvore genealógica do núcleo familiar, nasceram vinte e seis (26) netos, vinte (20) bisnetos e uma (1) tataraneta.
Em 1942, Respecina conseguiu a anuência do esposo e providenciou a vinda de sua mãe Maria, viúva há alguns anos, acompanhada da filha Maria Socorro de Oliveira Rodrigues, sua irmã mais nova, de Saboeiro para Catarina, para morar em sua casa, o que ocorreu durante dez anos, numa relação recíproca de apoio, ajuda, respeito, amizade e reconhecimento.
Em Catarina, além da missão dignificante de mãe, exercida com dedicação e amor, teve uma atuação por demais dinâmica e diretamente conjugada com seu esposo Zequinha que desenvolveu, em épocas distintas, atividades profissionais, em especial o comércio, de liderança comunitária e exercício político (vereador e vice-prefeito) e de tesouraria da Capela de São José (depois, da Matriz de São José), dentre outras funções, marcadamente entre as décadas de 1950 e 1960, contribuindo para o desenvolvimento social.
Como mulher determinada e de fibra carcará, apoiou e defendeu o esposo e os filhos, nas dificuldades e adversidades, com presença firme, intuição e atitudes. Desse modo, promoveu a cura do filho Dermeval, em infância, quando o levou três vezes a Fortaleza, batendo às portas dos médicos Alísio Mamede e, depois, Simões de Menezes. Por sua vez, para confirmar e consolidar sua vida religiosa, foi Membro do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus, na terra de São José, enquanto lá habitou.
Dessa maneira, foi referência respeitável na família e, em Catarina, deixou uma legião de compadres, comadres, amigos e admiradores e uma vasta folha de serviços prestados ao povo, juntamente com seu esposo, especialmente, às pessoas mais necessitadas, tendo se credenciado, assim, merecedora do carinho e reconhecimento de parte considerável da população.
No início de 1969, Respecina deixou Catarina e foi com familiares morar em Fortaleza, na rua Major Pedro Sampaio n.º 1211, no bairro Rodolfo Teófilo, em casa alugada pelo filho Landry, já residente nesta cidade, tendo como motivação a saúde fragilizada do esposo, que inclusive se encontrava em acentuado declínio financeiro na atividade comercial, e também com o fito de encaminhar os filhos mais jovens nos estudos e vida profissional. Para tanto, convenceu Zequinha a vender uma propriedade no Sítio Campos, no município de Tauá, fato que viabilizou a aquisição do referido imóvel, no mesmo ano.
Como grande perda sua, extensiva aos filhos, morreu Zequinha Miranda, seu esposo amado, no dia 23 de outubro de 1973, numa terça-feira, precisamente às 9 h e 40 min., aos sessenta (60) anos de idade, na Policlínica de Fortaleza, após um ano e oito meses de sofrimento. Ela, que quase sucumbiu, e os filhos Landry e Maria José presenciaram sua despedida, seu derradeiro suspiro.
Com a morte do esposo, continuou desempenhando o papel de matriarca da família, no decorrer dos anos de 1970 e de 1980, até próximo ao final da década de 1990, quando seu estado de saúde já se encontrava comprometido. Efetivamente, sua atuação foi decisiva para o sucesso profissional dos filhos e, por extensão, dos parentes que dela se aproximaram, na capital cearense.
Em 1978, realizou a venda da casa na rua Major Pedro Sampaio ao Instituto do Câncer do Ceará/ICC, atendendo prontamente o projeto de expansão desse Órgão, com a interveniência de Dr. Gonçalo Bolívar Sobreira Pimentel. Com a indenização do imóvel, comprou no mesmo bairro a casa na rua Tavares Iracema n.º 599, ponto de convergência da família até os dias atuais.
Para tristeza de seus filhos e familiares, a partir do mês de abril de 1997, seu estado de saúde foi progressivamente se agravando, numa maratona de sofrimento. Mesmo nessas circunstâncias, enfrentou a doença com determinação e resignação. Nessa época, disse corajosamente, em casa, aos filhos presentes que queria ser sepultada em Fortaleza.
No dia 8 de setembro do mesmo ano, em estado crítico, numa sala de atendimento de emergência do Hospital Antônio Prudente, despediu-se do filho Dermeval que, na ocasião, a confortou.
Em outra cena, no dia seguinte, Respecina veio conduzida na maca para outro ambiente do Hospital, onde se encontravam os filhos, a irmã Socorro e alguns familiares, e aí fez sua despedida (deve ter solicitado autorização para tal!), tentando dizer com pouquíssimo sucesso algo, referente à sua doença. Em ato contínuo, olhou firmemente para cada um dos presentes. E dali foi retirada para as últimas providências e preparativos de óbito.
Finalmente, no dia 9 de setembro de 1997, às 20 h e 30 min., morreu Antônia Martins Pedrosa, dona Respecina, estremecendo-se as estruturas emocionais dos filhos e parentes. Seu sepultamento, aconteceu em Fortaleza, conforme solicitara, no Cemitério Parque da Paz, no dia seguinte.
Fortaleza-CE, 5 de abril de 2014
(Um trabalho escrito pelo filho Dermeval.)