A ESTÁTUA DE FARIAS BRITO NA PRAÇA DE OTÁVIO BONFIM

Com a presença de autoridades, intelectuais e povo em geral, realizou-se à tarde de ontem (há 50 anos) a solenidade de inauguração da estátua de Farias |Brito, na presença de Otávio Bonfim. O acontecimento veio encerrar as festividades do centenário do consagrado filósofo cearense, que comemorou em fins do último ano. Na foto, vê-se o professor Moacir Teixeira de Aguiar, quando proferia discurso alusivo ao acontecimento. A estátua foi mandada esculpir pelo Governo do Estado, sendo o autor da obra o artista Leal Veloso.
Foto da inauguração da estátua de Farias Brito, na praça do Otávio Bonfim, em notícia publicada no Jornal O POVO, em 30/01/1963.

VENDEDORES DE PORTA EM PORTA

Imagem: Blog Genealogia e História
No provinciano bairro de Otávio Bonfim, da mui provinciana cidade de Fortaleza, convivemos durante décadas com os vendedores de porta em porta.
Havia os que faziam suas vendas a pé como o vendedor de miúdos de boi. Lembro-me de um deles, com um caixote à cabeça, a bater com um bastão nas laterais do caixote em que levava os miúdos, enquanto ia anunciando: "óia o figo!". E do vendedor de "chegadinha", sempre muito festejado pela criançada.
A "chegadinha" (que ainda existe) é como uma casquinha de sorvete, da qual difere por não ter o aspecto cônico. É fina, arredondada e levemente encurvada. Em seu transporte, o vendedor (foto) utilizava-se de um baú cilíndrico, feito de flandres ou alumínio, e preso nas costas por uma correia - como se fora uma mochila. Por ficar com as mãos livres, o vendedor aproveitava para ir tocando um triângulo, a forma de anunciar o seu produto.
Descrevendo os vendedores ambulantes em Natal, o historiador Ormuz Simonetti diz que essa guloseima é apelidada de "cavaco chinês" pela população de lá.
Já o leiteiro e o verdureiro, outros vendedores ambulantes da provinciana Fortaleza, precisavam de montarias para transportar os seus produtos.
Como também o "botador de água" que, no dorso de um jumento, trazia para as nossas casas a água boa (e não tratada) do Parque Araxá. Diz-se inclusive que o nome desse bairro de Fortaleza evoca a cidade de Araxá, em Minas Gerais, até hoje mundialmente conhecida pela excelência de suas estâncias minerais.
Com a verticalização da cidade, dificultando o contato com a freguesia, esses vendedores foram desaparecendo ou sendo banidos para bairros mais afastados.
Dias atrás, vi um vendedor de "chegadinha" pelas ruas do Cocó. Ele não sabe que me motivou a escrever essas linhas.
Comentários
Que bom ter um amigo que resgata personagens da nossa história! Tudo isso vivenciei em Piracuruca-Pi.
Um abraço.
Maria Tereza de Melo Cerqueira
Que saudades sinto desse tempo!
Quando eu pulava o muro (das fornicações) para assistir a filmes "impróprios", ou melhor, "proibidos até os quatorze anos" no cine Familiar.
Tio Edmar
Very nice, Dr Paulo. I also remember the "vendedores de porta" and your blog reminded me of the ones selling " miúdos de boi". Generally speaking they walked with a square wooden box on their heads and they used a little stick to hit on the sides as they called their product. Also very popular in my neighborhood the "peixeiros". I am pretty sure that you remember them as well. Similar traders, sometimes with different products, can be found in the Middle Eastern Countries.
Regards.
Hugo Lopes de Mendonça Junior - Florida, USA
Olá, Paulo. Você descreve com tanta fidelidade que nos transporta aos anos 60, 70 em Otávio Bonfim. Esses vendedores ambulantes ainda resistem à modernidade com seus hábitos provincianos. No restaurante da Casa José de Alencar tinha um com seu triângulo que chamava a atenção dos fregueses. Na praça de Otávio Bonfim havia um negro bem alto, o qual se dizia ex-taifeiro da Marinha, que tinha uma pequena banca de vender cachorros-quentes. Preparava-os na frente do freguês, tirando os temperos de umas latas de Leite Ninho. Eram uma delícia, jamais os esqueci. Hoje, minha filha Lívia, com 4 anos, vive outra realidade: são os McDonald's, Habbib's, Bebelus, Bob's etc.
Wilson Botelho Ramos
Em minha infância, vivida no bairro José Bonifácio, convivi com variados (diversificados) vendedores de porta em porta. Desde o "Panelada e figo gordo"e o "Chegadinha", já citados, até o vendedor de cabides de madeira para roupas, gritando " Cruzeta, tá na hora" etc... Do seu bairro, guardo grandes e saudosas recordações do "Montese", do Frei Teodoro, no qual (com Coringa, Renato, Fujita e muitos outros) joguei. Não sei se você alcançou esse pessoal (ou, esse time).
José Maria Chaves

MARTIM E IRACEMA

Em 20 de janeiro de 1612, o soldado português Martim Soares Moreno fundou o Forte de São Sebastião na Barra do Ceará, no lado direito do estuário do rio Ceará. O forte foi construído naquele lugar para defender a costa do Brasil contra os piratas franceses.
Nascido em 1586, em Portugal, e trazido ao Brasil por seu tio, o sargento-mor Diogo Moreno, antes de vir ao Ceará o jovem soldado tinha prestado serviços no Forte dos Reis Magos, no Rio Grande do Norte. E, nas expedições de que participou, acompanhando o fidalgo Pero Coelho de Sousa, Martim já havia adquirido um bom conhecimento da língua tupi-guarani.
O escritor José de Alencar encontrou a explicação para a relação do militar português com os índios e para sua maneira de lutar com eles em sua paixão por uma índia, filha dos tabajaras da Serra de Ibiapaba, de nome Iracema. O amor e a morte da "virgem dos lábios de mel" foram tão bem descritos que todos acreditam na sua realidade histórica.
Sem dúvida, Iracema é a criação mais poética do escritor cearense. O próprio Alencar criou este nome indígena, Iracema, em que Afrânio Peixoto, em 1923, descobriu um anagrama para "America". A relação, no entanto, não passou de coincidência, pois nos seus cadernos de anotações Alencar vacilava entre "Aracema" e "Iracema".
Fonte: historiadora Ingrid Schwanborn

MENTIRAS

Nestes dias me apareceu uma mancha branca na unha do dedo médio (vulgo "maior de todos") da mão direita. Inicialmente pequena, mas já interrompendo a coloração normal da unha, que é rósea. Cheguei a pensar que se tratava de uma mancha de giz ou coisa parecida, mas ela não é removível. É algo que acontece na matriz da unha, provavelmente.
Lembrei-me, então, de meus tempos de menino, quando essas manchas me eram frequentes. Acontecendo, por vezes, simultaneamente em várias unhas, para adiante desaparecerem.
Os mais experientes diziam que elas eram causadas pelas mentiras que nós meninos contávamos.
A medicina hodierna, que nunca vai aceitar a hipótese da mentira, encontra-se meio confusa para explicar a verdadeira etiologia de tais manchas. Deficiência de cálcio? de zinco? de selênio? de proteínas? Trauma? Contato com água quente? Alergia?
O termo médico que define esta condição é leuconíquia. A hipótese mais plausível é de que resulte de microtraumas que acontecem na base da unha, formando pequenas bolsas de ar que são essas manchas brancas.
Desaparecem? 
Sim. E a experiência que eu tenho no assunto me autoriza a dizer como será. Com o crescimento da unha, a mancha vai migrar para a zona a ser cortada pela tesourinha.

© Paulo Gurgel
Comentários
Usaram o e-mail para comentar: Ormuz Simonetti (historiador), José Maria Chaves (médico) e Beto Studart (empresário). V. caixa de comentários da postagem.

NATÁLIA CONCLUI GRADUAÇÃO

Natália de Macedo Gurgel Soares concluiu o seu curso de Direito.
Esta foto foi tirada, ontem à noite (04/01), momentos antes de sua colação de grau na Universidade de Fortaleza.
Presentes na solenidade: o esposo Rodrigo, seus sogros Henrique e Eveline, o irmão Érico, sua mãe Elba e eu, pai de Natália, que lavrei a presente nota.
Em julho do ano passado, ainda como estudante de Direito, Natália foi aprovada na OAB - CE.
Mensagens
Parabéns, Natália. Que tenhas muito sucesso.
Tio Edmar
Parabéns, Natália. Tenho certeza de que você será uma excelente profissional.
Maristane Macedo