CARLOS ALBERTO STUDART GOMES

por Regina Stella Vieira Studart Gomes
Nascido na cidade de Fortaleza, no dia 23 de setembro de 1917, filho de Godofredo Messias Philomeno Gomes e Maria (Balila) Studart Gomes, (1) Carlos Alberto Studart Gomes (fez seus estudos primários com Dona Corina Monteiro e o seu curso secundário no Colégio Castelo Branco, em Fortaleza.
Aos 17 anos, inspirado na admiração pelo médico da família – Dr. Adalberto Studart – seguiu para Salvador, Bahia, a fim de cursar a Faculdade de Medicina. (2) Por motivo de saúde, (3) transferiu-se para Belo Horizonte, onde concluiu a graduação médica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em dezembro de 1942. Foi interno do Hospital da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e oficial (2º. tenente) do Corpo de Saúde da Polícia Militar mineira.
Em 1943, ingressou no SEMTA (Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia). (4) Retornando a Fortaleza, foi admitido como médico tisiologista do IPEC (Instituto de Previdência do Estado do Ceará). Nessa época, fez curso de pós-graduação no Sanatório Imaculada Conceição, da UFMG, sob a orientação do Prof. Mário Pires. No mesmo ano, casou-se com Regina Stella, filha de Guiomar Costa Lima Vieira e do Des. Pontes Vieira, e de cujo consórcio teve sete filhos. (5)
Em 1944, foi indicado pelo então presidente do IPEC, Dr. Mozart Catunda, para dirigir o Sanatório de Messejana, cargo que ocupou até a data de sua aposentadoria (1983). Nos 39 anos em que esteve à frente da instituição, (6) Carlos Alberto Studart Gomes (foto) transformou o pequeno sanatório de 20 leitos em um modelar hospital, com 200 leitos, para o tratamento e o diagnóstico das doenças torácicas .
(1) Descendente em linha direta de John William Studart, que deu início à família Studart no Ceará.
(2) Na Bahia, hospedou-se na pensão de Dona Dolores, juntamente com outros cearenses.Não podendo custear as despesas de casa e comida, procurou o pensionato mantido pelo Padre Torran para auxiliar os alunos pobres de curso superior.
(3) Adoeceu de tuberculose, curando-se no Sanatório Valois Souto, de Corrêas - RJ.
(4) Teve problemas com a superintendência do órgão por discordar do péssimo tratamento que era dado aos "soldados da borracha".
(5) João Carlos, Jorge Alberto (Beto), Thais Helena, Arnoldo,Sarah Rosita, Vera Lúcia e Flávio.
(6) Excluídos alguns meses em 1964, quando esteve arbitrariamente preso na 10ª. RM.
Títulos relevantes do currículo
Membro efetivo do Centro Médico Cearense, do qual foi presidente no ano de 1963.
De 1965 a 1968, foi presidente do Centro de Estudos Prof. Manuel de Abreu, do Hospital de Messejana.
Em 1969, foi convidado pela Direção Geral do INPS para estruturar e pôr em funcionamento o Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Em 1982, foi eleito membro titular da Academia Cearense de Medicina, ocupando a Cadeira cujo patrono é o Dr. Lineu de Queiroz Jucá.
Foi membro de diversas associações médicas, dentre as quais se destacam : Associação Internacional contra a Tuberculose, Sociedade Brasileira de Tisiologia, American College of Chest Physicians, American Trudeau Society, Sociedade Cearense de Patologia Respiratória, Sociedade Cearense de Radiologia  e muitas outras.
Apresentou em congressos e publicou em revistas numerosos trabalhos científicos na especialidade.
Autor do livro Sanatório de Messejana (1933–1983) – uma história a ser contada, publicado em 1998.
Fonte
O presente texto, escrito pela Sra.Regina Stella, viúva do Dr. Carlos Studart, e os respectivos aditamentos encontram-se no livro acima citado. PGCS
QUESTIONÁRIO-ENTREVISTA
29/09/2013 - Atualizando...
Amigo Paulo,
Muito obrigado por lembrar-se do papai, homem que também me inspirou, mostrando-me que o trabalho e o respeito às pessoas eram fundamentais para o crescimento e a consolidação de nossos propósitos.
Grande abraço e um bom domingo.
BETO STUDART

30 ANOS DE MEDICINA - O REENCONTRO DA TURMA 83.2 DA UFC

Acontecerá no Vila Galé, em Cumbuco, durante o período de 22 a 24 de novembro, o reencontro dos 30 anos de formados dos médicos da Turma de 1983.2 da Universidade Federal do Ceará.
A programação para o evento vem sendo cuidadosamente organizada pela colega Aglaís Gonçalves, assessorada pela empresa Sucessos Eventos (leia-se Cássia Lago).
Elba Maria Macedo Gurgel é uma das presenças confirmadas.

NO TEMPO DO QUARADOR

Antigamente, as roupas sujas eram molhadas, ensaboadas, esfregadas e expostas ao sol para branquear. Utilizando-se de uma expressão da época: para quarar. (1) Depois, elas eram sovadas, enxaguadas e colocadas no varal (não deste tipo) para que o sol e o vento se encarregassem de enxugá-las. Por fim, iam as roupas ao ferro de passar a brasa para o gran finale de todo o processo.
Caso se tratasse de uma roupa branca, de festa, ficava também algum tempo imersa numa solução de anil, o que conferia à roupa uma tonalidade levemente azulada.
O local em que as roupas eram quaradas era chamado de quaradouro. Comumente, um pedaço de chão cimentado no quintal, algum mato rasteiro ou grandes pedras à beira de um riacho.
Em nossa casa, na Justiniano de Serpa, a tampa de uma cacimba no quintal fazia as vezes do quarador.
O que mudou: hoje é o tempo do "lava, não quara, veste, dispara", como disse o blogueiro. (2) Por isso, quarar e quarador são termos fadados ao olvido (esquecimento). O blogueiro inclusive calcula que o verbo quarar só dure uns dez ou quinze anos mais. O tempo necessário para ser substituído por "vanishizar" ou "vanishizar com 02", sendo este uma subespécie daquele.
Afora a poesia e a música, o que mais poderá evitar que essas duas palavras se transformem em arcaísmos?

Saindo pro trabalho de manhã
o avô vestia o sol do quarador
tecido em goiabeiras, sabiás,
cigarras, vira-latas e um amor.
E o amor ia ao portão pra dar adeus
de pano na cabeça, espanador...
Os netos... o quintal... Vila Isabel...
Todo o Brasil era sol, quarador.
Hoje, acordei depois do meio-dia,
chovia, passei mal no elevador,
ouvi na rua as garras do Metrô.
O avô morreu.
Mudou Vila Isabel ou mudei eu?
Brasil!
Tá em falta o honesto sol do quarador.

MAIS UMA VEZ NÃO MORRI

por Geraldo Bezerra (*)
Fortaleza, 14 de agosto de 2013, 14,55 horas, Hospital Otoclínica
Outra vez, a Maldita quis, tentou bravamente, levar-me. Testou-me, porém, com a graça de Deus e da Irmã Dulce – que tomei para minha madrinha, mesmo sem saber se ela aceitou – eu, mais uma vez, fui reprovado no teste de morrer.
Em várias outras ocasiões, a Inimiga quis brincar de me matar, mas nos exames que fiz para morrer, não passei em nenhum. Se fosse como fazer vestibular para Medicina ou Letras, este GB tinha se lascado da primeira vez, mas morrer ainda não aprendi, com a graça de Deus.
A primeira vez em que não morri foi de AVC isquêmico. Bicho bruto, aquele. Uma dor de cabeça de estourar miolos me atacou e eu conheci que era a Megera a me visitar. Fiquei meio no desespero, mas dei ainda umas últimas instruções à esposa e filhos, que me acataram as ideias e assim fui salvo no Instituto Dr. José Frota. Fosse um desses GBs metidos a besta, talvez tivesse conseguido morrer em hospital de luxo, mas no Frotão, emergência é emergência mesmo e, pela primeira vez, não passei no teste de morrer. Não me arrependo, podem crer.
Depois de mais de uma semana, esse amigo de vocês estava outra vez no conforto do seu lar, um pouco vivente, um pouco sobrevivente. Tinha mais duas semanas para ficar deitado e fui pensando na vida. Concluí que morrer é fácil demais. Eu é que fui um morredor incompetente. Bem, já que o contrário de morrer é viver, decidi viver bem feliz. Garanti, palavra de GB, que no primeiro dia em que pudesse sair de casa, ia diretinho comprar um relógio de algibeira, aqueles com correntinha, dos tempos que não voltam mais. Era um sonho de consumo nunca realizado. Nunca, até o dia em que pisei calçada de rua. Com a firme decisão de um homem que passou pela morte e não morreu, fui direto ao comércio principal da cidade e comprei um bonito relógio como eu queria. Pronto, já não morreria sem ser proprietário de um relógio de algibeira. Hoje, olho o bichão ali na minha gaveta, não para me inteirar das horas, mas para namorar o troféu que conquistei por não ter sabido morrer.
A segunda vez em que não morri, estava em Senador Pompeu, casa dos filhos Michelle e George. Amanheci dizendo besteiras, conversa de doido e Michelle entrou em pânico porque presenciara o primeiro episódio. Enfiaram o candidato a defunto no automóvel da família e “voaram” para Fortaleza. E vinham numa velocidade tão desesperada que a Inimiga não teve pernas para acompanhá-los. Também pudera! O carro novo e a Danada cortando cabeças desde o episódio Caim e Abel, não é?
Levaram-me para o Frotão e depois HGF. Outra semana internado, mais uma vez, reprovado no vestibular de falecer.
O terceiro momento de não morrer, foi numa festa de Réveillon. Era o final do ano e quase coincide com o final deste GB. Saí de casa para o plantão das treze horas do HGF. Retornaria ao lar depois das dezenove e iria curtir a entrada do ano com a família. Retornei, sim, mas no dia 16 de janeiro. Saí de casa quase bom. Um certo mal-estar que não haveria de impedir um GB deste de tirar seis horas de sala de parto. Pois sim! Fui retirar uns trocados no caixa do banco, já no hospital e, segundo Dulce, uma auxiliar de enfermagem que colaborava conosco no serviço de botar meninos no mundo, viu-me cai-não-cai, agarrado com o caixa eletrônico. De imediato, colocou-me na cadeira de rodas e arrastou-me para o socorro. Fui salvo e olha o nome da ajuda, Dulce, o mesmo da madrinha que tenho no Céu, Irmã Dulce. Passei a noite em condições que não recomendo. Na manhã seguinte, a família me transferiu para um hospital particular, onde poderiam me assistir na vida e na morte, conforme fosse a vontade de Deus.
Durante duas semanas, a peleja do GB contra a morte conheceu existência, promoveu lágrimas, risos, esperanças, desesperos, exigiu rezas, simpatias... Mais uma vez, não passei no teste e recusei morrer. Venci a tal peleja e aqui estou contando a história.
A quarta vez em que não morri, teria sido uma morte mais bonita. Iria chegar a Fortaleza no bagageiro de um avião, gente esperando com roupas pretas, óculos escuros nas caras, coisa bem pomposa. Pois aconteceu de encontrar-me em terras pernambucanas. Ensaiei morrer no Recife, mas, outra vez, Deus teve a generosidade de me considerar reprovado. Um bruto edema agudo de pulmão proporcionou-me mudar de cor, tornando-me roxo e me fez compreender o verdadeiro significado da expressão popular “mais ruim do que falta de fôlego”. Mas já cheguei ao pronto socorro deitando ordens médicas: e que me enfiassem na veia duas ampolas de Furosemida de 40 mg; e que metessem um tubo de oxigênio nas minhas ventas e corressem a chamar o plantonista. Acertei na conduta terapêutica; a mocinha errou ao medicar sem ordem médica oficial – eu me identifiquei como médico, mas não estava ali médico e sim paciente – porém, a soma do meu acerto e seu erro evitou que o GB conhecesse o Paraíso. Ainda sou um habitante deste planeta, graças a Deus.
Logo que saí da dispneia terrível, quando puxei o fôlego e vi que era, outra vez, um homem que respirava, agradeci a Deus não ter passado de mais um ensaio, ainda sem estreia prevista. Foi aí que uma doutora, muito jovem e competente, cometeu a incoerência de me anunciar transferido para a UTI. Quando ela falou UTI, sem saber, estava me dando alta hospitalar. Como eu não tinha morrido, tinha a obrigação de viver e fui viver, sim, fazer compras no Recife, andando entre feirantes. Dia seguinte, peguei um avião para Fortaleza e – aí, sim – fui ao cardiologista. Meu amigo, grande poeta, Sérgio Macedo, deu-me a notícia de que eu tinha tido era um enfarte. Mandou-me ao cateterismo e aí, de verdade, eu temi pela estreia de tantos ensaios de morte.
Foi tudo muito tranquilo e o Dr. Aluísio Cruz, meu dileto colega no curso de Italiano, garantiu-me que meu coração estava ainda capaz. E eu acrescento: capaz de amar tudo e tantos que me faz ir sendo reprovado nestas insistentes tentativas da Maldita. Mas eu tenho um Deus maior que a Morte e tinha a minha madrinha Irmã Dulce, capaz de me fazer sempre incapaz no ofício de morrer.
Depois de tantas tentativas da Megera, depois de tantas resistências minhas, pensei que a Maldita haveria de desistir. Passarem-se alguns tempos de calmaria. Dei de frequentar consultório do endocrinologista Dr. Iran Barros. Segui suas instruções, tomei os remédios, mas o demônio da Gula queria mesmo era fazer o gol contra. Não perdi peso.
Em abril de 2013, ouvindo mais uma vez os rogos da família pedindo-me cuidados comigo mesmo, resolvi atendê-los. Creio que os meus anseios, finalmente, entraram em sintonia com os seus. Comecei uma radical mudança no comportamento alimentar e passei a fazer caminhadas. Certo é que, em apenas quatro meses, encontrei-me no meu melhor estado, desde que deixei de ter saúde. Perdi quinze quilos, trouxe a glicemia de mais de 300 para menos de 120; a pressão arterial chegou aos louváveis dez por seis, índices somente atingidos quando eu corria atrás de bola; deixei de tomar metade dos medicamentos, isto por decisão do médico; estava caminhando três quilômetros por dia. Pensei que tinha, enfim, escapado. Qual o quê?
Na manhã do Dia dos Pais, talvez para ser maior o drama, eis que me surge, não se sabe de onde, a Violenta. E foi logo pulando na minha frente, como a dizer “É hoje!” Botou foi para acabar com os ensaios. Aquele seria o dia da estreia. Comecei a tremer, fiquei preto e “desliguei”. A família me levou, às carreiras, ao hospital mais próximo, pois escolher tem as horas.
Dei entrada quase morto, um bruto choque séptico, originado de uma pielonefrite que se fez septicemia. Enfiaram-me na UTI – e desta vez, não pude ser contra – e hoje, quarto dia da ocorrência, estou meio zonzo ainda, mas contando a história.
Já me considero um veterano na arte de brincar com a morte. De hoje em diante, eu vou é brigar e, se a Maldita der sopa, eu é que vou matá-la qualquer dia, com a graça de Deus e da minha madrinha Irmã Dulce.
(*) GB é médico obstetra, escritor e membro atuante da Sobrames - CE.

FOTOS DE ANTIGAS TURMAS DO COLÉGIO CEARENSE

Meu caro Paulo Gurgel,
Meu irmão, José Hamilton de Oliveira Bizarria, é leitor do seu Blog e viu algumas fotos do colégio Cearense e comentários sobre uma foto que enviei.
Ele também estudou no Colégio Cearense e guarda estas duas fotos que digitalizei e estou anexando-as, uma delas contendo a sua figura.
José Hamilton está marcado com um círculo, à caneta.
Penso que pode aproveitar e tentar identificar os colegas. O Hamilton ainda identifica muitos deles. Podem vocês até marcar um encontro, se for o caso. Ele retorna para Brasília na quarta-feira (14), mas me autorizou a lhe emprestar as fotos, se quiser fazer cópias de melhor qualidade.
Afrânio Bizarria
N. do E.
Para não reduzir a qualidade das fotos, já um tanto afetadas pelo tempo (afinal já se vão uns cinquenta anos), optei por publicá-las no Google Drive.
PG