A PRAÇA E O VENTO

Houve um tempo na mui leal e heróica cidade de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção em que os rapazes ficavam na Praça do Ferreira à espera do vento que levantava as saias das moças.

ANIVERSÁRIOS

Eu nunca tive uma boa memória para guardar os dias de aniversários das pessoas. A começar pela data do meu próprio aniversário, a qual somente a custo consegui gravá-la na memória. Recordo que meus pais, no dia certo do ano, promoviam uma festa em que eu recebia presentes e apagava as velas de um bolo confeitado, enquanto todos cantavam o "répi bírdei tuiú"... E assim, mediante o emprego desse recurso pedagógico, eles iam paulatinamente me incutindo a noção do tal dia. Que era meu, porém não exclusivamente.
Na quadra ginasiana, transcorrida no Colégio Cearense, descobri que o dividia com o Padre Champagnat. E, por martelão que eu fosse, a descoberta do fato deve ter sido um beato remédio para a memória. Porque aí parei de amnesiar a data.
Mas, começou a complicar quando a família foi crescendo, um monte de irmãos "pelaí" com datas a serem guardadas na memória... Afora pais, avós, tios e agregados cujas datas natalícias não podim ser por mim esquecidas, sob a pena de receber um bem dosado puxão de orelhas. Em virtude (bote virtude nisso!) de que eles jamais esqueciam a minha data magna. E, por conseguinte, cada um se fazia merecedor em sua "folhinha" dos... cumprimentos de estilo!... Mas deixe que o destaque ficava para a Tia Rita que, contrastando comigo, tinha uma memória prodigiosa para as datas em geral (de quando o abacateiro foi plantado no quintal, de quando a gata amarela teve os gatinhos etc.).
Muita vez, uma irmã havida como dileta se chegava a mim e o seguinte diálogo acontecia. Sabe que dia é hoje? sei lá, eu faço anos, ah é?... Uma rebordosa, ô meu irmão (que não é de sangue)! E eu, para não grilar com essas frequentes falh( )s da memória, fui ficando cínico no pior sentido da palavra. Embora com a cisma de que um caldo de cabeça de peixe, tomado na véspera, pudesse ajudar (mas, diabos, quando era a véspera?). Então, na prática, não ajudava. E, com outros assuntos prioritários para cuidar, lá ia eu esfalfar os meus neurônios! Pois deles, por sinal, muitíssimo já estava precisando para a decoreba escolar.
Um dia casei. E introduzi em minha vida uma mulher que tem quatro datas, a saber: o dia em que nos conhecemos, o dia em que nos casamos no civil, o dia em que nos conhecemos no religioso e, é claro, o aniversário dela! Tirando o casamento religioso, que aconteceu no Dia do Médico (ambos somos isso!), nenhum outro dia coincide com algo marcante do calendário oficial de eventos. E o conjunto dessas datas, com a exceção já apontada, vem a ser uma carga mnemônica excessiva para quem é desligado no assunto em questão.
E repare que eu não toquei no Dia dos Namorados que, lato sensu, não é apenas relativo aos seres que andam pelo mundo em requestos e galanteios. O dia consta que é também para ser comemorado pelos que já fizeram, ao pé do altar, a jura de semper fidelis. Apesar de que, para mim, a lembrança desta data não é jamais um problema. O comércio, através de todos os meios de comunicação existentes, encarrega-se de me avisar. Não esquecendo, porém, o comércio de espicaçar a fera consumista que me habita o imo profundo, ser humano que sou.
É verdade que um ramalhete de flores chegando pela manhã pode salvar o dia. Quando o dia é aniversário da mulher e o ramalhete, bem... é uma medida promocional de uma revendedora de automóveis! Mas, desde que o mimo consiga alertar o desligado que ela tem em casa, a tempo de o seu natalício ser devidamente festejado, tudo bem. O ruim é quando, por falta desse detalhe salvador, o desligado só se dá conta nos, digamos, rescaldos da data. Depois que ela, a cara-metade, lá com sua enorme razão, até já dardejou um "sabe que dia foi ontem?". E ele, a seguir, se lembrando de que a culpa foi da revendedora de automóveis...
Ah, mulher é interessante! Gosta de ter o aniversário lembrado, mas não da idade que está a fazer... E a minha cara-metade, não fugindo dessa regra, é apenas uma mulher do seu tempo.

PINTANDO COM AREIA

Comentário de Fernando Gurgel Filho à postagem A ARTE DA CICLOGRAVURA (A ARTE DAS GARRAFAS DE AREIAS COLORIDAS), do blog "Genealogia e História", e que está sendo reproduzido como nota em "Linha do Tempo", após a devida permissão do autor.

Em Goiás Velho, Goiás, conheci uma artista, Goiandira do Couto, que usa areia em suas pinturas. Segundo ela, apenas as tonalidades naturais (551 variações) da areia que recolhe na região.
A cidade vale uma visita. Ver as obras da artista vale várias. FGF

Fernando Gurgel Filho com a artista Goiandira

O INSTITUTO PADRE ANCHIETA

Fundado e dirigido por meu pai, Professor Luiz Carlos da Silva, existiu em Otávio Bonfim o Instituto Padre Anchieta. Nas décadas de 1950 e 60, era a única escola privada no bairro. E o imóvel em que funcionou, situado na Justiniano de Serpa, nº 53, não mais existe por ter sido recentemente demolido para o alargamento da rua.
Vicente de Moraes, em duas passagens de seu livro "Anos Dourados em Otávio Bonfim", dá destaque ao papel do Instituto e homenageia o seu fundador:

"Moravam em Otávio Bonfim famílias de mais alta tradição, bem estruturadas e organizadas, fortalecidas com a presença da igreja formando uma comunidade cristã sadia. A moral e o respeito, a educação e os bons costumes, a hierarquia e os direitos eram bases fundamentais adotadas por nossos pais, constituindo um lar unificado. Os jovens, rapazes e moças, a partir do catecismo, cruzada e guarda de honra, muito devem à igreja, especialmente ao Frei Teodoro, a quem somos eternamente agradecidos. As escolas também tinham uma participação ativa junto à família. Presto uma homenagem justa ao Instituto Padre Anchieta, na pessoa de seu diretor, o professor Luiz Carlos da Silva, carinhosamente Seu Silva. Todos que estudaram no Instituto Padre Anchieta, além de uma boa formação, com certeza fizeram um ótimo primário e conseguiram brilhantemente chegar ao sucesso. No ensino, o Seu Silva se apresentava como um verdadeiro substituto dos familiares de seus alunos. A ele, o nosso reconhecimento."
Páginas 30-31. Capítulo III - "O centro do bairro".

"INSTITUTO PADRE ANCHIETA: o Instituto Padre Anchieta era dirigido por Seu Silva. Tinha como professores seus irmãos Zé Carlos, Rita e Eugênia. A austeridade e a disciplina credenciavam nossa escola, que contribuiu moral e civicamente para a formação dos jovens que lá estudaram. a abnegação e a seriedade adotadas pela família Silva tranquilizavam as famílias do bairro. Faço questão de homenagear o Dr. Luiz Carlos da Silva, brilhante advogado trabalhista e uma enciclopédia ambulante em conhecimentos gerais."
Páginas 226-229. Capítulo XVI - "As ruas e as famílias do bairro".

MORAES, VICENTE de Paula Falcão. Anos Dourados em Otávio Bonfim: À Memória de Frei Teodoro. Fortaleza, IURIS, 1998.

MAIO DE 2011

  • A psicanalista Sônia Lobo reuniu em seu apartamento, na noite do 13, um grupo de colegas médicos formados pela UFC em 1971. Presentes: José Roosevelt e esposa, Ana Maria Lira, Francisco Colares e esposa, Jucionou Coelho, Roberto Misici e esposa, e Paulo Gurgel. Na pauta do encontro, a troca de ideias sobre a programação da festa do 40º ano de formatura da Turma Andreas Vesalius.
  • No Centro Cultural Oboé, dia 19, Marcelo Gurgel realizou a noite de autógrafos de seu 60º livro: “Embates & Combates: por boas e intrigantes causas”. O autor e o livro lançado foram apresentados pelo escritor e membro da Academia Cearense de Letras, Prof. José Maria Barros Pinho.
  • Aniversariantes de JUNHO: (3) Larissa, filha de Fernando e Márcia; (6) Paulo Gurgel e Natália, filha de Paulo e Elba; (25) Elza Gurgel; (30) Germana, filha de Sérgio e Solange.