PARACURU É MUITO MAIS QUE O AZUL DE ZANZIBAR

Nos velhos tempos, meu Carnaval durava só um dia. Hoje nem isso.
Pois que seja para matar a saudade de um dia de Carnaval em que estive no Ronco do Mar, em Paracuru: a canção Zanzibar.
Neste vídeo, Fausto Nilo canta esta inesquecível canção, que ele compôs com Armandinho, acompanhado por dois amigos meus: o pianista e médico Antonio José e o violonista Nonato Luiz.
Feliz constelação.

SÁBADO EM PARAIPABA E PARACURU

Havia um convite pendente de Luciano para que o acompanhasse num passeio em Paraipaba e Paracuru. Aos sábados, este meu irmão tem como rotina levar uma de suas filhas, a médica ginecologista Marina, a estas duas cidades onde ela realiza atendimentos. No dia 21, com o nosso irmão petroleiro (Germano, que é gêmeo de Luciano) incorporado ao grupo, o passeio finalmente aconteceu.
Partindo bem cedo de Fortaleza, acessamos a CE-085, também conhecida como Via Estruturante, e passamos por Garrote (distrito de Caucaia), Pecém (distrito de São Gonçalo do Amarante), área rural de Paracuru até chegarmos a Paraipaba, onde Luciano parou o veículo para Marina comprar um queijo defumado no "Vaca na Rede". A partir desse estabelecimento, pegamos outra rodovia, a CE-162, pela qual chegamos à sede de Paraipaba.
Vimos muitos coqueirais pelo caminho. Luciano comentou que Paracuru e Paraipaba eram os principais fornecedores de cocos para as barracas de praias de Fortaleza.
Após deixarmos Marina numa UBS em Paraipaba, fomos a um quiosque na praça principal da cidade para um desjejum à base de caldo de carne, tapiocas om queijo e café. Conhecida por ser um lugar aconchegante e propício ao descanso, Paraipaba costuma receber um bom número de visitantes que aproveitam para conhecer suas belezas naturais. Dentre elas, estão as praias de Capim Açu e da Lagoinha e a Lagoa das Almécegas.
Pela rota de Camboas, demos uma passada na praia de Capim Açu. Praia deserta, naquela manhã de sábado de uma alta temporada. Conversamos com um nativo que vigiava um casebre para que o madeirame não continuasse sendo surrupiado por ladrões. Quanto à Lagoa das Almécegas, não foi consenso do grupo ir conhecê-la apesar dos encantos descritos.
Com seus restaurantes, bares, pousadas e hotéis (em número de quatro, segundo o irmão cicerone) é Lagoinha a praia mais procurada de Paraipaba.  Uma obra em seu calçadão, recém executada pelo governo do Estado do Ceará, tornou-a ainda mais visitada. Nossa horas seguintes foram passadas no restaurante Lajedo, que tem a opção de servir na praia. O atendimento é bom, os preços são justos e a casa prioriza a MPB. Almoçamos pargo frito, com baião de dois e macaxeiras.
Por volta das 13 horas, fomos com Luciano buscar a filha em Paraipaba.
Luciano, Paulo e Germano. Caminhando contra o sol
Nas tardes de sábado, minha sobrinha dá consultas em uma clínica popular no centro de Paracuru, na qual fomos deixá-la. Com a temperatura em ascensão, interrompemos a caminhada para refrescar a boca com sorvetes.
Paracuru é o município que deu origem a Paraipaba. Numa comparação entre eles, tem-se uma melhor impressão do município-mãe, e aqui vai uma curiosidade. Dos vinte municípios cearenses banhados pelo Oceano Atlântico, só dois apresentam a sede no litoral: Fortaleza e Paracuru. Camocim, quase. Camocim tem sua avenida Beira-Mar, mas esta fica na foz do Rio Coreaú.
Dentre as praias de Paracuru, destaco a Ronco do Mar e a Quebra Mar.
Pequena e movimentada, a Praia do Ronco do Mar fica na sede de Paracuru e conta com um bom número de barracas para atender aos banhistas. Suas ondas são boas para o surfe, o que a torna muito procurada pelos surfistas inclusive para a realização de campeonatos. Já a Praia Quebra Mar é o ponto de encontro dos praticantes do kitesurf. Nela está localizada a barraca Quebramar, que oferece a estrutura necessária para o aprendizado e a prática deste tipo de esporte. Esta barraca foi o cenário de nossa conversa ao entardecer plenamente regada a água de coco.
http://www.portalparacuru.com.br/praias_paracuru.html

9.ª EDIÇÃO DO DICIONARIO DE GÍRIA, DE JB SERRA E GURGEL

Foto: DN
A 9.ª edição do Dicionário de Gíria contem 34.268 verbetes contra 33.000, da 8.ª edição,  de todos os estados brasileiros, além de 1.171 gírias de Portugal, do passado e do presente, 247 de Angola e 211 de Moçambique, com gírias de todas as tribos ou grupos, sendo a maioria do Rio de Janeiro com 2.613. Pela 1.ª vez, o prof. JB Serra e Gurgel (foto) incluiu gírias das redes sociais, muitas em inglês, ressaltando que desde 1912, quando se publicou o primeiro Dicionário de Gíria, do Brasil – Gíria dos Gatunos Cariocas, de Elysio de Carvalho, foram incorporadas gírias de argentinos, italianos e espanhóis.
Há muita discussão sobre efeitos das gírias das redes sociais língua portuguesa, mas o prof. JB Serra e Gurgel descarta que produzam efeitos nefastos sobre a língua. O que está acontecendo é outra coisa, afirmou: "cada vez mais os brasileiros leem menos e isto contribui para redução do seu equipamento linguístico. Este processo está se agravando dia a dia e nada, rigorosamente nada, é feito pelos que teriam obrigação de defender a língua portuguesa, seja no Brasil ou em Portugal. As redes sociais tendem a simplificar, a racionalizar e a efetivar uma intensa transplantação cultural. Há muito tempo que observamos esta transmigração que, com as redes sociais, foi intensificada levando alguns especialistas a inferir que teremos uma degradação da língua no curto prazo".
A língua portuguesa continua muito rica, seja a viva ou a morta, com um patrimônio de mais de 500 mil verbetes. Os Dicionários da língua viva beiram os 250 mil verbetes.
A gíria, neste processo, atua como modismo linguístico, gerando novas palavras que vão se incorporando à língua falada e, mais tarde, à língua escrita. O modismo agrupa as expressões usadas por grupos fechados ou abertos. No Brasil, é muito densa as contribuições do regionalismo, que segue forte, vindo a seguir os modismos dos grupos abertos – malandros, sambistas, grafiteiros, surfistas, punkeiros, rappers, funkeiros etc e, nos nossos dias, os modismos das redes sociais, os universais em inglês, e as reduções, contrações e aglutinações etc.
O Dicionário tem 2.613 verbetes do Rio de Janeiro, 656 do Ceará, 403 de São Paulo, 252 do Distrito Federal, 206 de Minas Gerais, 206 da Bahia, 191 do Amazonas, 110 de Paraná, 109 do Pará, 103 de Goiás, 55 do Maranhão, 46 de Rondônia, 39 de Pernambuco, 37 do Espirito Santo, 32 da Paraíba, Roraima 7 , Amapá, 5 de Alagoas e 5 do Acre. Há ressaltar que muitas das expressões do Ceará são comuns no Nordeste
Entre os verbetes mais fortes estão os relativos a mulheres – 1645; mulheres bonitas – 125; mulheres feias – 122; malandros – 1.265; mané – 156; vagabundo – 222; dinheiro - 755; futebol – 556; corrupção – 1.201; propina – 44; corrupto – 84; ladrão – 194; corno – 479; chifre – 132; marido traído – 184; homens – 422;, morro – 148; policias – 177; bandidos – 163; prisão – 29; traidor – 25; delator – 66; bêbado – 263; bebum - 40; sogra – 28; safado – 71; cheques – 169; funk – 222; rapper – 91; surfista 82; redes sociais – 185 e homossexual – 329.
O prof. JB Serra e Gurgel revela que "o politicamente correto" não influi no processo de dicionarização, que está bem acima de contexto restrito, com viés de censura. No tempo da Inquisição, em Portugal, um sem número de expressões foram banidas da língua portuguesa e viraram as "Infermidades" ou enfermidades da língua. “O politicamente correto está neste mesmo plano de censura, processo inaceitável para quem trabalha com linguística, patrimônio imaterial de povos e nações. Não é sem razão que o Dicionário contém muitas expressões "pesadas e palavrões ou, como se diz em Portugal, muitos calões".
JB Serra e Gurgel nasceu em Acopiara/CE, estudou no Crato, no Seminário, e em Fortaleza, no Colégio Lourenço Filho e no Liceu, foi para o Rio de Janeiro e graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em Fortaleza, fez jornalismo na Gazeta de Notícias, em O Estado e na Radio Dragão do Mar. No Rio, trabalhou na Ultima Hora, na sucursal do Diário de São Paulo, com Ibrahim Sued em O Globo e na TV Globo. Trabalhou no IBC, na EMBRATUR e no INSS antes de entrar para o Ministério da Previdência e Assistência Social. Em Brasília, foi professor de Comunicação da UNB e assessor de 15 ministros de Estado e trabalhou com dois Presidentes da República no Palácio do Planalto. Começou a elaborar o Dicionário de Gíria em 1990 e não parou mais.
Serviço
O Dicionário, com 820 paginas, pode ser adquirido por e-mail:
serraegurgel@gmail.com ou gurgel@cruiser.com.br
Custo R$ 75,00 com frete incluso, informando por e-mail depósito ou transferência e endereço do comprador.

DICIONÁRIO DE GÍRIA. LANÇAMENTO DA 9ª EDIÇÃO

Local: Livraria da Travessa
Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 572 - Ipanema, Rio de Janeiro - RJ, 22410-002
Dia e horário: 19 de julho, às 19 horas
Telefone: (21) 3205-9002

RODOLFO TEÓFILO, UM SANTO DE CASA

Rodolfo Teófilo nasceu em Salvador, em 6 de maio de 1853, e faleceu em Fortaleza, em 2 de julho de 1932.
Misto de cientista, escritor, industrial e divulgador científico, Rodolfo Teófilo veio para o Ceará com apenas 15 dias de idade. Cedo ficou órfão, tendo de trabalhar como caixeiro para sobreviver.
Rodolfo Teófilo formou-se em Farmácia pela Faculdade de Medicina da Bahia. Depois de retornar ao Ceará, empreendeu uma batalha pessoal contra a varíola, lutando contra o medo da vacina, sem recursos, em tempo de seca, fome, da migração em massa e das péssimas condições de higiene no Estado. Em 1862, a cólera vitimou quase um terço dos seis mil habitantes de Maranguape – cidade nas cercanias de Fortaleza. Em 1878, a varíola mataria um quinto da população da capital cearense.
Rodolfo Teófilo combateu praticamente sozinho a varíola em Fortaleza, no final do século XIX e início do século XX. Sem apoio do poder público, montado em seu cavalo, cuidou sozinho da vacinação em massa pelos bairros pobres de Fortaleza durante os três primeiros anos do século XX. Só em 1902 vacinou 1940 pessoas, não sendo registrado nenhum caso de varíola na capital cearense naquele ano.
Obstinado ainda encontrou tempo para escrever 28 livros, aderir à causa abolicionista e participar da Padaria Espiritual – espécie de agremiação literária que, pelo comportamento irreverente de seus membros, antecipa o modernismo no Brasil. Como se não bastasse, foi o inventor da cajuína – não só do produto, como também do nome.
Texto: Os Cientistas na Terra da Luz, SEARA DA CIÊNCIA
http://www.searadaciencia.ufc.br/imortais/imortaismap.html
http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com.br/2017/12/cearense-por-opcao.html
https://gurgel-carlos.blogspot.com.br/2018/04/casa-de-rodolfo-teofilo-na-pajucara.html
Imagem: Rodolfo Teófilo, um dos 22 cientistas do mural do cartunista Valber
Vídeo: RODOLFO TEÓFILO
Primeiro volume da coleção "Santo de Casa", produzida pela Seara da Ciência, órgão de divulgação científica da Universidade Federal do Ceará. Neste vídeo, o legado de Rodolfo Teófilo é apresentado por Lira Neto, jornalista, escritor e seu biógrafo.

Ver também: Documentário "Rodolpho Teóphilo - O legado de um pioneiro"
https://youtu.be/es1ps-xz1lg

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - 70 ANOS DE FUNDAÇÃO

Prof.ª Valéria Goes Ferreira Pinheiro
Diretora da Faculdade de Medicina da UFC
Nos idos de 1930, a sociedade cearense iniciou movimento liderado pelo Dr. Jurandir Picanço para dotar o estado de uma Faculdade de Medicina e assim melhorar a saúde de nossa gente, sonho finalmente realizado em 12 de maio de 1948 com a conferência proferida pelo prof. Alfredo Alberto Monteiro, então diretor da Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro). Depois, por iniciativa do governo federal, a Faculdade de Medicina (FAMED) passou a compor em dezembro de 1954, juntamente  com a Faculdade de Direito, a Escola de Agronomia e as Faculdades de Farmácia e de Odontologia, a recém criada "Universidade do Ceará". [...]
Tendo funcionado inicialmente num casarão vizinho ao Theatro José de Alencar, a FAMED se instalou definitivamente em 1957 no Porangabussu, onde foi construído o Hospital das Clínicas e, depois, a Maternidade Escola Assis Chateaubriand. O Complexo Universitário Walter Cantídio é hoje no Ceará o principal polo de formação médica especializada ao nível de residência médica, onde um total de 264 residentes recebem treinamento e prestam assistência médica à população em 46 áreas distintas.
Nas imediações da FAMED, situam-se o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), o HEMOCE e o Hospital São José de Doenças Infecciosas, com as quais mantém ampla interação acadêmica.
Com imenso orgulho, registramos ter formado, ao longo desses 70 anos, mais de 8.100 médicos, 1.558 mestres e 478 doutores que têm contribuído de forma notável na melhoria da saúde e no desenvolvimento científico do Ceará.
(extraído do Jornal do CREMEC, n.º 128, de março/abril de 2018)

ANA MARIA DANTAS DO AMARAL, MÉDICA PNEUMOLOGISTA

Foto: blog MEMÓRIAS
Lendo o blog MEMÓRIAS, de Ana Margarida Rosemberg, só agora tomei conhecimento da partida (25 de maio) de Ana Maria Dantas do Amaral.
Formada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1975, e tendo a Pneumologia como especialidade, ela trabalhou na clínica privada e em importantes hospitais públicos do Estado do Ceará.
Com as amigas e colegas Valéria, Tânia, Nadja, Elizabeth e Ana Margarida, a inesquecível Ana Maria Dantas integrava, no Hospital de Maracanaú, "o grupo das seis na luta ferrenha para curar os pacientes tuberculosos".
Na década de 1990, quando a luta contra o tabagismo em nosso país estava se consolidando, a Ana Maria participou do Comitê Coordenador de Controle do Tabagismo no Brasil - Capítulo do Ceará e prosseguiu com essa luta por um Mundo sem Tabaco, até recentemente no Hospital de Messejana.
Ana era uma pessoa afetuosa, gentil e atenciosa com todos. Fomos companheiros de trabalho por muitos anos no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
Para explicitar a importância do seu legado, faço minhas estas palavras de Ana Margarida Rosemberg:
"O Ceará perdeu uma médica que deu com altruísmo o melhor de si para curar, aliviar as dores e consolar os pacientes; o Brasil perdeu uma guerreira na luta por uma sociedade mais igualitária e justa."
Descanse em paz, Ana Maria.
Linha do Tempo, 01/07/2018
(nota publicada anteriormente em 25/06/2018)