AS CAATINGAS

Nilo Bernardes (*)
DE TAL MODO é variada a paisagem vegetal característica do interior do Nordeste brasileiro que seria preferível referir-se a ela no plural. Dificilmente poderíamos dar uma descrição simples e completa do que comumente chamamos de caatinga sertaneja. Ela é muito vasta, abrangendo estados inteiros ou grande parte de outros. Está submetida, na verdade, a condições pluviométricas distintas e o solo que a recobre apresenta diferenças sensíveis decorrentes da constituição geológica. Euclides da Cunha, ao descrever o cenário áspero em que se desenrolou a grande tragédia sertaneja, reportando-se à área relativamente pequena em que o conhecera, no norte da Bahia, já preferia o emprego da expressão caatinga no plural.
Embora o vocábulo português sertão tenha estado ligado desde os primórdios do povoamento a todas aquelas regiões ainda não povoadas ou ainda mal ocupadas do país, mesmo as que têm ostentado densas selvas tropicais pluviosas, a natureza hostil do interior do Nordeste, dificultando a fixação humana, gerando uma ocupação rarefeita de lento e penoso adensamento, moldando o isolamento das comunidades que só mesmo a era do caminhão veio romper, consagrou o nome do sertão para todo aquele imenso território coberto pelas caatingas. Curioso é que os habitantes das pequenas áreas insuladas dentro das caatingas ou das faixas de caatingas periféricas, melhor beneficiadas pela umidade e mais compactamente povoadas, somente designam sertão aos grandes espaços de solo mais ingrato, onde os animais pastam à solta, os cultivos são mais raros e a população menos numerosa. É como se houvesse uma extraterritorialidade, favorecida pela natureza, que aí se mostra menos ingrata do que em derredor.
A região das caatingas abrange, praticamente, toda a área dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte; quase todo o sudeste do estado do Piauí; a maior parte do este dos estados da Paraíba, de Pernambuco, das Alagoas e de Sergipe; a maior parte de todo o interior da Bahia e até mesmo uma apreciável porção do extremo norte do estado de Minas Gerais. São mais de 800 mil km2 de extensão, significando que uma décima parte do território brasileiro é coberto pelas caatingas. Ao norte, elas chegam até a faixa praiana e a oeste e ao sul entram em contato com a região dos campos cerrados, características das nossas regiões centrais. Do lado oriental, porém, seus limites nem sempre são muito nítidos e elas se mesclam com as espécies vegetais de florestas mais secas em uma larga tira de transição para a mata higrófila atlântica. Na Paraíba, em Pernambuco e Alagoas essa transição se faz em uma região muito típica, o chamado Agreste, onde em certas partes já se sente bem, na paisagem, a aparência das caatingas.
Para ler o estudo completo: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40141999000200004.
(*) Nilo Bernardes (1922-1991), geógrafo. Foi pesquisador do IBGE, professor da PUC-RJ e lecionou na UFF-RJ.
Caatingas - bico de pena de Percy Lau (1940)
Site de interesse: www.acaatinga.org.br
A Associação Caatinga foi criada em Fortaleza CE, em outubro de 1998, com o apoio do Fundo para Conservação da Caatinga, estabelecido por Samuel Johnson para a proteção da carnaúba. É uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos, reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e cadastrada no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA).

O CHIQUINHO DA CADEIA NA VIDA DO COMPOSITOR LAURO MAIA

No Rio de Janeiro, o companheiro mais íntimo de farras de Lauro Maia era o Chiquinho da Cadeia. O cearense Chiquinho tinha esse apelido por ser porteiro de uma cadeia pública. Apesar de muito amigo de Lauro, era considerado pela família do compositor como uma pessoa perniciosa, pois quando se reuniam, promoviam dias e noites de bebedeiras.
Em 1945, Lauro Maia empregou-se na firma Irmãos Vitale, [1] editora de músicas e revendedora de artigos musicais. Na loja da editora, Lauro tocava ao piano as músicas escritas nas partituras ali editadas, como forma de divulgação ao público que, entusiasmado com a execução do pianista, comprava imediatamente as cópias das músicas. Ao voltar para casa nem todo mundo conseguia reproduzir as músicas ao piano com a mesma beleza da execução de Lauro Maia.
Certa vez, um dos irmãos Vitale solicitou com urgência um retrato de Lauro Maia. Era comum a editora colocar as fotos dos compositores nas partituras, porém Lauro não dispunha de alguma foto. Mas a solução estava por perto: Chiquinho, que era muito parecido com Lauro (até no bigode que cultivava). Diz o seresteiro Otávio Santiago que a edição saiu com uma foto do Chiquinho como se fosse do Lauro.
Um dia, Chiquinho chegou para o Dr. Joacy Teixeira, médico, irmão de Humberto Teixeira, e mostrando-lhe uma amostra de escarro com sangue pediu-lhe que fizesse um exame, pois queria saber se estava com tuberculose. Após o exame, o médico concluiu que Chiquinho estava com tuberculose e propôs levá-lo para tirar uma chapa de Raio-X.
Chiquinho, porém, terminou por confessar que o escarro não era dele e sim de Lauro Maia, que escondera durante dois anos a doença. Na época, o tratamento da tuberculose já existia embora fosse muito precário.
Batida a chapa do verdadeiro paciente, constatou-se que os pulmões de Lauro Maia já se encontravam muito comprometidos. e ele foi internado no Hospital Santa Maria, em Jacarepaguá. Ironicamente um dos maiores êxitos do conjunto Vocalistas Tropicais, naquele ano, foi uma marcha intitulada Jacarepaguá. [2]
No dia 5 de janeiro de 1950, a menos de dois meses após a data de seu 36º aniversário e por coincidência o dia do 35º aniversário de Humberto Teixeira, às 20 horas e meia, Lauro Maia faleceu, deixando viúva Djanira Teixeira Maia e, órfãos, os filhos Eva Maria Teixeira Maia, com 6 anos e Lauro Maia Filho, com 5 anos.
O enterro aconteceu no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Em março de 1955, os restos mortais de Lauro Maia Teles foram transportados para Fortaleza, onde repousam, no túmulo da família, no Cemitério São João Batista.
[1] Fundada em São Paulo, em 1923, a Editora Irmãos Vitale se mantém nestes mais de 90 anos como uma grande parceira de alguns dos maiores nomes da nossa história musical. Em seu acervo figuram mais de 25 mil músicas, de um total de 9 mil autores ou herdeiros. Criada pelos irmãos Emílio, Vicente, Affonso, José e João Vitale, hoje ela é administrada pela segunda geração da família, pelos também irmãos Fernando, Sérgio e Luiz, tanto na matriz, em São Paulo, como na filial, no Rio de Janeiro, existente há mais de 60 anos.
http://edicoes.vitale.com.br/
[2] Composta por Paquito, Romeu Gentil e Marino Pinto, baseada na melodia de "El Cumbanchero", rumba de Rafael Hernández.
https://youtu.be/qE4KVDH_5ok
Fontes
"O balanceio de Lauro Maia", por Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez). Ceará, 1991 (edição do Autor)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000012.pdf
"Lauro Maia - Um poeta que também é rua", por José Maria Chaves. Blog Sobrames Nacional
http://sobramesnacional2017.blogspot.com/2017/02/lauro-maia-um-poeta-que-tambem-e-rua.html
Vídeo "PERFIL: Lauro Maia" produzido pelo Núcleo de Documentários da TV Assembleia Ceará.
https://youtu.be/s_ljbn5lFMI

Vídeo "OS CEARENSES (14) - Lauro Maia", Fundação Demócrito Rocha, postado em 11/12/2016.
https://youtu.be/P1oZTj1kKe0

Curiosidade - A marcha "Boneca", de Lauro Maia, tem letra de Turbay Barreira, ex-presidente do Centro Médico Cearense.

TIA LOURDES

 A respeito da morte de uma sindicalista identificada como Tia Lourdes, a Diretoria Colegiada do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sinprece) esclarece a seus filiados que a pessoa falecida (cujo nome foi divulgado na página pessoal de um servidor público federal) NÃO se trata de Lourdes Negreiros.
Lourdes Negreiros, servidora do Ministério da Saúde, a Tia Lourdes, está viva e com saúde e, ao tomar conhecimento do episódio, disse que viverá ainda por muitos anos, bem como continuará a luta em defesa dos trabalhadores. Tia Lourdes é peça emblemática do movimento sindical – uma referência em todo o Brasil. Aos 87 anos, Tia Lourdes é filiada ao Sinprece e ainda participa ativamente das ações do sindicato.

ÉRICO E ALINE NA EUROPA

Érico de Macedo Gurgel, funcionário do BNB em Fortaleza, e sua esposa Aline embarcam hoje (4) em voo da Air France para a Europa. Em sua temporada de férias no continente europeu, com duração prevista para duas semanas, o casal circulará pelas seguintes capitais: Paris, Londres e Amsterdam.
Fotos da viagem:
Paris, 05/11/2018
Londres, 10/11/2018
Amsterdam, 15/11/2018

FORTALEZA EM TRÊS MOMENTOS


"A Fortaleza, única defesa de toda aquela Capitania, não é mais que um monte de areia... A Villa chamada de Fortaleza não merece nem o nome de aldeia." (Capitão-mor do Ceará Grande, João Baptista de Azevedo, em 1783).

"O Ceará [Fortaleza] não tem esse ar triste e sonolento de muitas cidades brasileiras. Sente-se, aqui, movimento, vida e prosperidade". (Louis Agassiz, autor de "A Journey in Brazil", em 1866).

"Fortaleza dá uma impressão magnífica. Vista no conjunto é a mais linda cidade do norte. É uma cidade nova, parecendo que acabou de ser construída." (Domingos Laurito e Nelson Silveira Martins, em "Terra do Brasil", de 1942).

Do frontispício de Fortaleza Antiga