IN ILLO TEMPORE

Naquele tempo, eu disse a meu botões: "Vou me candidatar a acólito da Igreja de Nossa Senhora das Dores".
No RH do templo, em Otávio Bonfim, levaram a sério minha pretensão e me deram para ler em casa uma espécie de "Manual do Acólito", que continha as orientações necessárias a um coroinha de primeira missa. Trazia o rito completo da missa celebrada em latim e asseguro-lhes que foi o meu primeiro contato com essa língua, tão cheia de palavras e construções incompreensíveis. Como, por exemplo, entender que tanto saecula quanto saeculorum podiam ser traduzidas por "séculos"? Dúvidas, dúvidas, dúvidas que só seriam solucionadas adiante com meus estudos de latim no Colégio Cearense.
Além do rito e do latinório, o acólito tinha de conhecer bem o nome das coisas sacras: missal, patena, turíbulo, cálice e, finis coronat opus, o sacrário.
Quanto ao esforço para me levantar de madrugada e, ainda sonolento, ir balançar o turíbulo na igreja, tinha lá suas compensações imediatas e tardias. Um desjejum de café com leite, servido numa grande caneca de ágata, acompanhado de pão (dos pobres?) com bastante manteiga e... um ingresso para assistir ao filme de sábado no Cine Familiar! Este último era o braço propositivo de um patrulhamento que Frei Teodoro fazia para que não frequentássemos o Cine Nazaré. Não que ele quisesse nocautear a concorrência, não, era somente para defender os bons costumes do bairro.
Naquele tempo, o sacerdote rezava a maior parte da missa de costas para os fiéis. No rito, havia o momento em que um dos acólitos transportava o pesado missal de um lado para outro do altar. Com o detalhe de ter que fazer uma rápida genuflexão pelo meio do caminho. Pois bem, numa missa das cinco, o missal desequilibrou-se de minhas mãos e rolou escadaria abaixo. Todo vexado, apanhei o livro santo para colocá-lo no canto do altar. Foi péssimo para Frei Oto, que levou um tempão para localizar o evangelho do dia desmarcado pela queda do missal.
Por vezes, aparecia no convento dos franciscanos frades um tal "Frei Cosquinha". Assim apelidado pelo costume de agarrar os meninos pelos corredores do convento. Não o prejulguem, era apenas pelo divertimento de lhes fazer cócegas.
Uma ocasião, tio Edson, que vinha se preparando para o concurso de um banco oficial, me veio com uma proposta indecente decente. Eu devia ir à igreja, expressamente para rezar um certo número de padres-nossos e aves-marias, intercalados com pedidos especiais em favor de sua aprovação no concurso. É que meu tio defendia a teoria de que as súplicas, quando partidas de um coração infantil, eram prioritárias para o Criador. Chamem isso de tráfico de influência, de atitude religiosamente incorreta, enfim, da forma como quiserem.
Quem era eu para contestar uma teoria que, além de defendida por um ex-seminarista, prometia aumentar o meu pé de meia como de fato aconteceu depois?
Caprichei. Naquele tempo a fé não costumava falhar. PGCS

O COMEÇO DO CINE FAMILIAR

Situado na "Praça de Otávio Bonfim", o Cine Familiar foi criado para a educação e o entretenimento das famílias católicas de Otávio Bonfim e dos bairros vizinhos.
Fundou-o o Frei Leopoldo "para fazer oposição e contrabalançar os malefícios decorrentes da apresentação de fitas a cargo do Cine Odeon, que funcionava em área defronte onde hoje se localiza a Delegacia do 3º Distrito Policial".
Frei Leopoldo também deixou registrado os propósitos que o levaram a criar o Cine Familiar:
“Em dezembro de 1935, resolvi construir, ao lado da Igreja, no parque dos meninos, um pavilhão aberto para nele ser ensinado o catecismo. Ao mesmo tempo adquiri um velho aparelho de cinema, fora de uso, e quase de graça, dando apenas um pequeno aparelho de projeção fixa em troca. Era minha intenção dar, de vez em quando, uma pequena sessão cinematográfica para os meninos do catecismo. Vendo grande interesse do povo e notando ao mesmo tempo que um cinema vizinho passava todas as fitas, mesmo as condenadas pela censura católica, resolvi dar sessões semanais. Consertei o aparelho, um tanto avariado, o melhor possível e comecei. O resultado foi satisfatório. Em dezembro de 1936, na ocasião da visitação canônica, combinei com o Rev. Pe. Provincial de que o dinheiro do cinema fosse aplicado à pobreza. O Sr. Miguel Rosendo daria dinheiro e mantimentos mediante vales despachados por mim e pelo Sr. José Alexandre, presidente dos vicentinos, entre pessoas idosas. No fim de cada mês resgataria esses vales com o dinheiro do cinema."

O POETA CHICO

O médico sanitarista Francisco das Chagas Dias Monteiro, que faleceu no último dia 12, teve a sua sensibilidade de poeta repetidamente demonstrada nas antologias anuais da Sobrames Ceará. Foram 168 os poemas que Chico Passeata (como ele era também conhecido) publicou nessas antologias, conforme levantamento feito pelo sobramista Marcelo Gurgel.
Em homenagem ao Chico, republicamos um de seus poemas:
(sem título)
"no fundo da gaveta
me confundo
com ações
-------------talões de cheques
-----------------------------------escrituras
a quinta prestação de uma tumba
um retrato da família
dois bilhetes da amante
uma apólice de seguro já vencida

sou uma nota falsa
disfarçada
espreitando pela fechadura"

O PREFEITO HONÓRIO GURGEL

Honório José da Cunha Gurgel do Amaral nasceu em 14 de março de 1860 no Irajá, Rio de Janeiro. Foi o 10º prefeito da cidade, tendo governado o Rio de Janeiro entre 5 de maio de 1898 e 23 de maio de 1899. Em 1920, logo após o seu falecimento, o nome Honório Gurgel foi colocado num dos bairros da cidade.
O bairro Honório Gurgel, que pertence à região administrativa da Madureira, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, ocupa uma área territorial de 137 hectares na qual residem cerca de 25 mil habitantes.

Reprodução de um dos slides de OS PREFEITOS E SUAS RUAS
do pesquisador  Cau Barata

O BAIRRO FARIAS BRITO (OTÁVIO BONFIM) NO CENSO 2010

Segundo o último censo do IBGE, realizado em 2010, os números relativos ao bairro Farias Brito foram os seguintes:
População: 12.063 habitantes, o que representou 0,5% da população de Fortaleza, e sendo:
- homens: 5.400 (48,8%)
- mulheres: 6.663 (52,2%)
A densidade demográfica do bairro foi calculada em 12.631 habitantes/km2 (a de Fortaleza é 10.388 habitantes/km2).

JULHO DE 2011

  • Dia 10, no Buffet Golden Kids, comemorou-se o segundo aniversário de Rafael, filho de Melissa e Fernando. Uma comitiva de Campinas - SP deslocou-se a Fortaleza para participar da festa do Rafinha.
  • Na manhã do dia 16, no salão de festas do Edifício Maranello, situado na Av. Padre Antônio Tomás, 3535, em Fortaleza, a família Mont´Alverne recebeu grande número de parentes e amigos, para celebrar o centenário de Maria Aracy Mont´Alverne Adeodato. DETALHES DA FESTA NO BLOG DE MARCELO GURGEL
  • Meuris e o esposo Laerte comandaram, dia 17, no restaurante Piaf, a festa de aniversário da engenheira-agrônoma e advogada Magna Gurgel.
  • Dia 20, no Instituto do Ceará, Marcelo Gurgel proferiu para uma ampla e seleta audiência a palestra “RELEITURA DO CEARÁ, SEGUNDO ABELARDO MONTENEGRO”.
  • Aniversariantes de AGOSTO: (2) Érico, filho de Paulo e Elba; (15) Germano e Luciano Gurgel (irmãos gêmeos).