A RENDA DE BILROS

A renda de bilros é feita sobre uma almofada cilíndrica de pano grosso, enchida com palha, serragem ou algodão, e coberta por um saco de tecido mais fino.
Essa almofada, cujas dimensões dependem do tamanho das peças a serem produzidas, repousa sobre um suporte de madeira, ajustável, de modo a ficar em uma altura apropriada ao trabalho da rendeira.
Nela, é colocado um cartão perfurado, o pique, com o esquema do desenho da renda. E, nos furos da zona do desenho, a rendeira espeta alfinetes (ou espinhos de mandacaru), que seguram os fios e são deslocados à medida que o trabalho progride.
Os fios são manejados por meio de pequenas peças de madeira torneada, os bilros. Uma das extremidades do bilro tem a forma de pera ou esfera. Na outra, é onde está enrolado o fio.
Os bilros são manejados aos pares pela rendeira que imprime um movimento rotativo e alternado a cada um, orientando-se pelos alfinetes.
O número de bilros utilizado no trabalho varia conforme a complexidade do desenho.
Em seu livro "A Praia da Pipa do tempo dos meus avós"(ISBN 978-85-908458-1-2), em que descreve personagens que se destacaram naquela região por suas peculiaridades, o historiador Ormuz Barbalho Simonetti fala de um tal Deda, cujo nome de batismo era José de Melo Andrade, o qual, tendo sofrido uma queda que o deixou com sequelas, passou a desenvolver habilidades domésticas. Dentre elas, aprendeu a fazer rendas de bilro. Era a única pessoa do sexo masculino que, naquelas redondezas, sabia manusear com maestria os bilros numa almofada.
Deixemos que o historiador conte o que um dia sucedeu a Deda:
(Deda) foi convidado por minha prima Veneide Barbalho, ainda muito jovem, para lhe ensinar a arte das rendas de bilros. Chegou ele, bem cedinho, na casa de tio Venício e, depois de acomodar sua almofada no alpendre, com voz sibilante, disparou com ares de professor: "Vamos iniciar pelos pontos mais fáceis! Com o tempo, vou lhe ensinando os outros que são mais difíceis". E, totalmente compenetrado na aula, prosseguiu: "Para fazer esse bico, usamos apenas quatro pares de bilro e, por ter esse formato redondinho, chama-se cu de pinto". Naquele instante fez-se silêncio total... Alguns segundos depois, tio Venício, pai da aluna, que, com óculos descansados na ponta do nariz, junto com alguns espectadores assistia atentamente a todas as explicações do mestre, arregalou os olhos e exclamou: "Para! Para! Para!... A aula está terminada! Minha filha não vai aprender rendas com esses nomes imorais. Se o primeiro já foi esse, imagine o que vem por aí..." E assim a aula foi finalizada, antes mesmo de ter começado.

(a aula que Deda não deu)

BOAS-VINDAS À NATÁLIA NA OAB-CE

Da mihi factum dabo tibi jus.
Dá-me o fato, dar-te-ei o direito.
Na manhã de ontem (20), a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Ceará, promoveu uma sessão solene no auditório da FIC para dar as boas-vindas a 74 novos advogados.
Dentre estes, à jovem Natália de Macedo Gurgel Soares, vista na fotografia (abaixo), no momento em que recebia das mãos do Dr. Valdetário Monteiro, presidente da OAB-CE, a carteira da Ordem .
Da esq. para a dir.: Elba, Natália, Valdetário Monteiro e Paulo

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE FRANCISCA CARLOS DA SILVA

Jornalista Márcia Gurgel
(em 15 de maio de 2013)
Menos de dois anos se passaram da ida de nossa tia Fransquinha para a casa do Pai, e já estamos celebrando o centenário de seu nascimento. Foram 98 anos de bondade, despreendimento e de amor ao próximo. A nossa Tatinha – era assim que nós, os seus sobrinhos, a chamávamos, seguindo o exemplo do Paulo, o mais velho entre dezenas de sobrinhos - semeou o bem na Terra e conquistou um lugar especial na Pátria Celestial.
Estamos hoje, aqui, reunidos na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, para agradecer a Deus a longa permanência dela entre nós. Nesta igreja pequenina, ela e suas irmãs Eugênia, Maria e Rita rezaram e ensinaram tantos e tantos outros, como catequistas e professoras que eram. Ajudaram a manter viva a fé do povo católico. Era na casa delas, na Rua Aprendizes Marinheiros um misto de escola e residência, que os livros da Paróquia eram guardados e sempre que alguém precisava do batistério para contrair núpcias, eram nossas tias que preparavam o documento. E confessando um segredinho: nós, mesmo crianças, disputávamos o direito de participar, seja anotando o nome do batizado, a data provável do batismo, dos pais e dos padrinhos, ou procurando o registro nos livros de batistério, tão grandes que nem podíamos com eles. Não raro, a pesquisa demandava horas porque os interessados mal informavam o próprio nome.
Ainda lembramos, com carinho e saudades, de quando se avizinhava a festa de primeira eucaristia das crianças da paróquia. A Tatinha, formada pela Escola Doméstica São Rafael e professora da Escola de Nutrição Agnes June Leight, comandava a feitura dos bolos, biscoitos e docinhos que seriam colocados nas sacolinhas dos neocomungandos, que iam para a Missa especial em jejum. No salão paroquial São Francisco de Assis, onde tia Rita lecionava, uma grande mesa era preparada para os familiares dos que haviam recebido a Eucaristia pela primeira vez. Tudo bancado pelas tias Carlos da Silva, que não esqueciam as rosas do altar, compradas no Jardim São José, no bairro de Otávio Bonfim. E com que alegria também ajudávamos na feitura das hóstias. Não sendo bentas, permitiam que ficássemos com as “aparas”. Com o mesmo empenho, tia Maria decorava a igreja para os casamentos que ela sequer conhecia os noivos.
Nossa querida Tatinha abriu mão de seu próprio casamento para cuidar dos irmãos mais novos em Fortaleza, enquanto os pais permaneciam no sítio em Acarape. Graças a ela, todos puderam estudar na capital. Depois, abrigou na mesma casa os sobrinhos, filhos do Walter, para que eles também estudassem em Fortaleza. A eles nós, os demais, nos reuníamos nas férias escolares, com direito a brincadeiras e até “curtir” juntos as doenças da primeira infância. Não tivemos Papai Noel, e sim, Titia Noel. Eram elas, Tatinha, Dadá (nome carinhoso da tia Maria) e tia Rita que não deixavam passar em branco as noites de 24 de dezembro. Todos ganhavam presentes. Eugênia, a nossa tia Niná, pouco tempo depois da morte de seu pai José Carlos da Silva, tornou-se religiosa e recebeu o nome de soror Margarida Maria, da ordem das irmãs visitandinas, observando a clausura em terras distantes de seu torrão.
Fransquinha, Maria e Rita uniram-se aos irmãos Luiz Carlos, Zezinho, Walter, Eugênia e aos pais José Carlos e Valdevina. E nós, que aqui ficamos, deles temos as melhores lembranças, de pessoas que só viveram para fazer o bem. Não havia no bairro quem não os conhecessem. Não havia na família quem não os amassem. Para a nossa tia, nascida no município de Pereiro, mas criada entre as terras do Sítio Pau Branco e depois no simpático bairro de Jacarecanga, deixamos aqui registrado um sentimento de gratidão eterna.
Paz e Bem.
De seus sobrinhos.

FELIPE BASTOS GURGEL É DESTAQUE NA CORNELL UNIVERSITY

Trabalho de Felipe Bastos Gurgel em bolhas de mercado é reconhecido pela Global Association of Risk Professionals
O engenheiro brasileiro Felipe Bastos Gurgel Silva teve, no ano de 2012, sua proposta de trabalho relacionada com bolhas em preços de ativos selecionada pela Global Association of Risk Professionals (GARP) como uma das cinco premiadas de seu Research Fellowship.
Instituições financeiras ou investidores que tomam posições em ativos de risco como ações, títulos, commodities, derivativos, dentre outros, estão sujeitos a riscos financeiros que devem ser devidamente gerenciados e controlados de forma a garantir que mesmo em situações adversas suas eventuais perdas financeiras estarão dentro de limites aceitáveis. Uma medida clássica desse risco incorrido é denominada Value-at-Risk (Valor em Risco, ou simplesmente VaR), cujo cálculo se baseia em propriedades estatísticas dos instrumentos financeiros em questão.
Felipe e seu orientador, Prof. Robert Jarrow
Felipe, engenheiro aeronáutico formado pelo renomado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e então aluno de mestrado da Cornell University, nos Estados Unidos, mostrou em 2012 que, na presença de bolhas de mercado, essa medida de risco (VaR) na sua forma mais usual, embora intuitivamente devesse “aumentar”, pode muitas vezes diminuir - o que indica a impraticabilidade de seu uso para mensurar efeitos de bolhas. Por outro lado, alterações conceituais nessa medida podem sim detectar tais efeitos indesejáveis.
Seu trabalho foi apresentado na sede da GARP em Jersey City e teve a orientação do prestigiado Professor Robert Jarrow da S C Johnson Graduate School of Management de Cornell - um dos pesquisadores mais renomados do mundo em theoretical asset pricing e coautor do modelo de juros HJM.
Em agosto de 2013, Felipe retomará seus estudos na Cornell University, como aluno de PhD da mesma Johnson School.
O link para a matéria oficial, em inglês, pode ser encontrado em: http://www.orie.cornell.edu/news/index.cfm?news_id=63657

RUA JUSTINIANO DE SERPA, 53

Não preciso mais "olhar a foto do catavento para ver a casa" (como a colega Auxiliadora, inspirada no livro "O Pequeno Príncipe", me sugeriu fazer).
Meu irmão Marcelo enviou-me uma foto, na qual se pode ver a fachada do imóvel que foi o berço da família Gurgel Carlos, em Otávio Bonfim. Santa Leseira! A fotografia estava o tempo todo em álbum sob a guarda de dona Elda, a matriarca da  família, e até fora publicada no livro "Dos canaviais aos tribunais" que contém a biografia de nosso pai.
Por ter sido também a sede do Instituto Padre Anchieta, estão na fotografia da casa: Luiz Carlos da Silva, o proprietário do instituto, tia Eugênia (Niná), que o auxiliava nas aulas, e o alunado da época em que foto foi tirada.