TIRA-GOSTO DE JIA NO DOZINHO

por Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Maus tempos aqueles, por volta de 1975: vida cara, a Universidade Federal do Ceará pagava pouco, família grande, tudo conspirava para o salário dos funcionários, incluindo o dos docentes, findar na primeira quinzena do mês.
O "Dozinho" era um boteco famoso por seus tira-gostos, principalmente o de jia. Para o Prof. Capelo, tudo ficava em "casa", pois ele era o chefe do ranário do Departamento de Fisiologia e Farmacologia.
Só que o Dozinho não tinha capital de giro para aguentar tantas despesas "penduradas", ou "postas no prego", visto que o grupo bebedor, composto por professores, monitores e servidores, era bem comilão. Como o pagamento da universidade demorava muito, haveria de surgir um meio para honrar os débitos da "caninha" contraídos por alguns funcionários do Departamento.
Naquele período, alguns equipamentos do Departamento eram terceirizados e sempre havia bons trocados, principalmente oriundos da xerocopiadora, sob a custódia da secretária. Desse modo, o Prof. Capelo assinava "vales" para a secretária, pegando uns cobres, religiosamente cobertos com o próximo salário, e assim o bar do Dozinho ficava habilitado para outras rodadas sociais devotadas a Baco, com o clássico tira-gosto de jia, não procedente do ranário da UFC, evidentemente.
Com mudança da chefia do Departamento, a terceirização foi desfeita e, como consequência, coibido o escambo, o que causou a redução da frequência ao nada ecológico boteco.
Fonte: SILVA, M.G.C. da. Tira-gosto de jia no Dozinho. In: SOBRAMES – CEARÁ. Semeando cultura. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2016. 320p. p.234.
* Publicado, originalmente, In: SILVA, M.G.C. da. Contando Causos: de médicos e de mestres. Fortaleza: Expressão, 2011.112p. p.75-80.
Saiba mais sobre o DOZINHO DA JIA.

CAMINHANDO E APRENDENDO - 19

O PROJETO ARVORISMO NO COCÓ
Voltou a funcionar, a partir de 6 de novembro, o Arvorismo no Cocó. Parado desde dezembro de 2013, época em que o contrato entre a empresa responsável pelo espaço e o Governo do Estado do Ceará foi encerrado, o programa agora começou a funcionar aos sábados, das 8 às 12 horas e das 14 às 17 horas, e aos domingos, das 8 às 12 horas.
O arvorismo consiste na travessia de um percurso suspenso entre plataformas construídas nas copas das árvores, com a utilização de equipamentos de segurança.
"Para tanto, os frequentadores contarão com uma estrutura física de parque de aventura e ação, incluindo equipamentos como tirolesa de 88 m, ponte de tambor de 19 m com 17 tambores de ferro, ponte indígena de 40 m, ponte de pneus com 25 pneus, ponte de três cordas de 24 m, falsa baiana de 35 m, teia de 21 m, ponte de troncos de 55 m, ponte de tocos com 36 m, rapel de 10 m e muro de escalada."
Bruno Mota, Diário do Nordeste, edição de 19/12/2014
Foto José Leomar
FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO E TERMO DE CONHECIMENTO DE RISCO
Saber dos riscos decorrentes da prática da atividade como cortes, escoriações, contusões etc.
Gozar de boa saúde e informar, por escrito, de qualquer condição médica adversa bem como do uso de medicamentos.
Ter todas as dúvidas sobre os riscos, procedimento e segurança esclarecidos.
Ter ciência de que qualquer ato, contrário às orientações recebidas, pode causar danos à integridade física do praticante, de outras pessoas e do meio-ambiente, pelo qual assume a responsabilidade integralmente.
Ter conhecimento das normas e regras internas estabelecidas para a utilização do circuito de arvorismo do Parque do Cocó.

¡HASTA LUEGO, COMPAÑEROS!”

"Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar." (trecho de letra e música de Paulinho da Viola)
Parece que foi ontem. No dia 09.05.1979, garotão de 21 anos, recém-formado em Ciências Econômicas, fazendo o caminho inverso dos migrantes, saí da Metrópole (Fortaleza) para a cidadezinha do interior (Senador Pompeu), situada no Sertão Central do Ceará, em plena região do semi-árido, achando que iria só passar uma chuva, com o pensamento focado em seguir carreira acadêmica... fazer mestrado, doutorado, especialização etc. Saí do conforto do lar e do aconchego da matriarca direto para a República dos Bancários...
Ah, antes que esqueça: fui presidente da república (dos bancários de Senador Pompeu) e fui logo introduzido no ambiente bancário. Era bem remunerado e "carne nova" na praça, sendo, portanto, bastante assediado pelas"cocotas" do lugar.
Após 2 anos e meio, consegui transferência para Fortaleza, precisamente, o CESEC Castelão, e passados poucos anos, contraí núpcias com D. Elsa e, com 3 anos de casados, já era detentor de uma boa prole: Lia, Marina e Diana, estas 2 últimas, assim como eu, são gêmeas univitelinas. Como ninguém é de ferro e a grana já era curta, a carreira de reprodutor foi encerrada com as 3 meninas.
"O Tempo é senhor da razão", já dizia o filósofo e, como quem chega do nada, o Banco foi se instalando tal qual posseiro em minha vida e, com o passar dos anos, com muita dedicação pessoal e apoio dos colegas, fui galgando novas posições e acumulando funções na empresa, até que em março de 2001, fui nomeado analista no NUSEG Fortaleza, e abracei a causa da Segurança. Pode se dizer que eu labutava com prazer. Não tinha hora nem tempo para bater "perna" na jurisdição. Era comum passar metade dos dias do mês, fazendo vistorias, realizando palestras, interagindo com a vasta legião de funcionários espalhados neste mundão de meu Deus. As estradas eram minhas confidentes em longos trajetos solitários.... mas como eu gostava.
A partir de meados de 2005, como um sonho, entrei nos quadros da Educadoria, inicialmente, ministrava o curso AILD - Análise de Indícios de Lavagem de Dinheiro e, logo a seguir, o SPA - Segurança de Pessoas e Ambientes. Passei a ser, modéstia à parte, um dos educadores mais requisitados. O Brasil era meu limite, assim sendo, ministrei nestes 11 anos, aproximadamente 65 cursos. Creio que eu tenha sido, como na fábula de Betinho, o passarinho que tenha levado algumas gotinhas de água para debelar o incêndio na floresta.
"Mas é chegada a hora de escrever, cantar (e partir) talvez as derradeiras noites de luar" parodiando o poeta Gilberto Gil (música Lunik 9), como num turbilhão, fomos (os Reropianos) tragados pela onda inexorável das mudanças e da nova ordem administrativa que grassa no segmento bancário, que é a Centralização, que implica em redução e extinção da grande maioria dos Órgãos Regionais - em absoluto, não sou reacionário, até acho que as empresas tem que adequar à realidade e aos fatos econômicos. De pronto, assumi o compromisso de ser o comandante batavo que é o último a abandonar o navio nas intempéries.
Hoje(09.12.2016), após 40 anos e 2 meses, dos quais 37 anos e 7 meses no Banco do Brasil, sinto um homem realizado, por ter cumprido tão longeva jornada com decência, sempre pautando pelos princípios éticos, acreditando que tenha contribuído, mesmo que só um pouquinho, pelo engrandecimento do Banco e rogo que as novas gerações, que estão cada vez mais assumindo as rédeas/comando tenham discernimento e zelo por esta Casa, que vem sendo construída e lapidada há 208 anos.
Aos velhos companheiros de lutas e labores, é sempre bom lembrar a máxima de Saint-Exupéry, em "O Pequeno Príncipe": "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", coloco-me, antecipadamente, à disposição e destaco que a minha casa é a sua guarida, e na esperança de que logo logo nos encontraremos nas sendas da vida.
Quanto a mim, o velho contador de "causos" o que o futuro aguarda? Bem, ainda não parei para refletir, ou como diz o jargão popular: "A ficha não caiu". Talvez faça alguma especialização nas áreas de Humanas e Sociais (Ciências Políticas, Relações Socioambientais, Geografia, História etc), ou talvez me inscreva em um "cursinho" para exame da OAB, ou até mesmo me envolva de forma mais intensa em ações de voluntariado na minha Paróquia... A verdade é que eu ainda estou "encantado" e este rio continua a passar.
Luciano Gurgel Carlos da Silva

A FAMÍLIA MEDEIROS COMARU EM OTÁVIO BONFIM

Tempos atrás, aqui no Linha do Tempo, escrevi uma nota sobre Ana Maria Comaru. Fui contemporâneo de Ana Maria na Faculdade de Medicina da UFC. Ela graduou-se em 1970, e eu, em 1971. Durante os anos acadêmicos, fomos passageiros diários dos ônibus da Linha Granja Paraíso entre Otávio Bonfim, onde morávamos, e Rodolfo Teófilo, o bairro da Faculdade.
Ficamos amigos. Ana Maria especializou-se em endocrinologia, foi morar nos Estados Unidos, onde conheceu o Dr. Victor Schally. Casou-se com ele e acompanhava-o em suas pesquisas, que foram relevantes, pois Dr. Schally foi um dos agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina em 1977.
As vindas do casal a Fortaleza eram sempre um assunto muito noticiado em nossa cidade. E Ana Maria morreu ainda jovem, quando muito tinha ainda a oferecer à comunidade científica com suas pesquisas.
Os Medeiros Comarus de Otávio Bonfim moravam na Vila Ferroviária, a dois quarteirões de minha casa. Não sei se me recordo de todos. Dentre os irmãos de Ana Maria (1943-2004), lembro-me destes: Cleomir, (1941-1960), Claudemir (1942-2015), Clodomir Filho, Jeremias (1945-1983), Pedro Ewerton, Fernando Antônio, Marcelino e Heraclides.
O Jeremias, com quem tive maior convivência, numa ocasião foi a minha casa. E, por conta do seu nome, foi alvo de uma brincadeira da parte de uma criada irreverente. Bem-humorado, ele levou a brincadeira na esportiva. Jeremias chegou a fazer papel de galã na teledramaturgia da TV Ceará e faleceu muito jovem.
O patriarca da família era Clodomir Cavalcante Comaru, o Seu Comaru (1911), filho espiritual do Comendador Ananias Arruda e esposo de Delmira Sales de Medeiros, a dona Mirinha (1916-1995). Era um tipo sisudo, que imprimia respeito e tinha conhecimentos sobre muitos assuntos.
Certa feita, em sua casa, ríamos de uma história que falava de um tal chá de "pepaconha", quando ele imediatamente corrigiu a todos nós: "o nome correto dessa substância é... ipecacuanha".
Outro ensinamento do Seu Comaru – que eu jamais esqueci – me veio na área da música. Estava eu aprendendo a tocar violão (de ouvido), e queixei-me a ele acerca da dificuldade que eu vinha encontrando para reconhecer o tom de uma canção. Foi quando Seu Comaru me passou o macete: Sabe-se o tom em que uma música está sendo tocada pela nota em que ela termina.
Isso me trouxe um novo ânimo ao meu aprendizado.
Ana Comaru-Schally
COMARU-SCHALLY Ana Maria Comaru-Schally, M.D., F.A.C.P. in Boston MA on the 5th of September 2004. Beloved wife, companion, collaborator and best friend of Dr. Andrew Victor Schally, proud daughter of Clodomir Cavalcante Comaru and the late Delmira "Mirinha" Sales de Medeiros (Comaru). She is survived by 5 brothers Claudemir de Medeiros Comaru, Clodomir Comaru Filho, Pedro Ewerton de Medeiros Comaru, Fernando Antonio de Medeiros Comaru and Marcelino de Medeiros Comaru and one sister Heraclides Comaru Lemos. She passed away unexpectedly, yet peacefully at Brigham and Women's Hospital in Boston on the 5th of September 2004 following surgery for thyroid cancer. Dr. Ana Comaru-Schally was a clinical professor of medicine at Tulane University School of Medicine, Director of the Hutchinson Endocrine Clinic at Louisiana Medical Center, as well as a consultant in endocrinology at VA Medical Center. She was an endocrinologist of the highest reputation, author of numerous medical articles and her expertise in endocrinology was widely admired. Her presence and kindness will be forever remembered by her family, colleagues, peers, patients and countless wonderful friends. Thank you to all, near and far, who have shown Dr. A.V. Schally and the Comaru family so much love and support during this sad and difficult period. She will be interred in Fortaleza, Brazil near her mother's remains. Friends and associates are invited to attend a memorial service to be held at the auditorium of Tulane University School of Medicine, 1430 Tulane Avenue on Tuesday, September 21, 2004 at 12 noon. Please no flowers nor donations.
http://boards.ancestry.co.uk/topics.obits/12442/mb.ashx