PINDORAMA

Assim os índios chamavam essas terras quando Cabral chegou. Segundo Theodoro Sampaio, autor dos livros "História da Fundação da Cidade da Bahia" e o "Tupy na Geografia Nacional", obras que, ainda hoje, são referências bibliográficas importantes em ciências humanas, o termo "Pindorama" é da língua tupi, podendo ser traduzido como o país das palmeiras. Essa denominação continuou sendo usada pelos nativos, por muito tempo. Provavelmente, designava apenas parte do litoral do Nordeste.
"Pindorama",  de Belchior
Antônio Carlos Belchior (26/10/1946 - 30/04/2017) entrou para a Faculdade de Medicina da UFC em 1968. Conheci-o pessoalmente, não na Faculdade de Medicina, mas na casa de um amigo em comum, o engenheiro Francisco Osterne Brandão. Depois disso, nos encontramos em outras oportunidades: no Bar do Anísio, em minha casa no bairro Otávio Bonfim, (por ocasião de meu aniversário de 21 anos), de onde saímos para esticar a noite no "Pombo Cheio", levando conosco o Claudio (do Violão) e o Miguel (da Flauta).
Em 1972, quando morava no Rio de Janeiro, deparei-me com uma placa na fachada de um teatro em Botafogo com o nome BELCHIOR, em letras garrafais. À noite, fui rever o amigo que começava a fazer sucesso no Sul Maravilha. O teatro era pequeno, tinha poucos espectadores. Dentre as canções apresentadas, Belchior cantou uma de fossa (que não era dele). Ao terminá-la, alguém deu uma forte descarga em um vaso sanitário dos bastidores. Era tudo combinado para que o público risse.
Entabulamos uma conversa inicialmente de camarim. Depois, atravessando o Aterro do Botafogo, fomos prossegui-la na Praia do Botafogo, sob um luar com jeito de Paquetá. Belchior, eu e uma terceira pessoa (salvo equívoco, o compositor Pretextato Melo).
Nos anos seguintes, assisti a shows do Belchior no Ceará. A última vez que nos vimos foi num restaurante que ficava próximo à Praça Portugal. Eu tinha chegado muito cedo, entornado algumas cervejas, e já me encontrava de retirada. Quando alguém me detém na calçada, abraçando-me. Era Belchior. Mudei de ideia e recomecei a beber. Passei da conta, dormi no carro e acordei com o sol me batendo no rosto. Simplesmente me esqueci de ir para casa depois de entrar no veículo.
Agora descubro um vídeo do "Domingo Espetacular" com a cantora cearense Lúcia Menezes, que foi amiga de Belchior, em que ela  apresenta trechos de canções do começo da carreira de Belchior: "Paralelas" (com seu início original), "Espacial" e "Rosa dos ventos", recuperada parcialmente em "Depois das seis" (Quando a fábrica apitou / E o trabalho terminou / Todo mudo se mandou / Sem desejos de voltar), as quais não são inéditas; além de "Cateretê", o frevo "Caravelle", uma canção sem título (Sou candidato a médico e doutor / Mas o que eu sei de fato / É samba, meu senhor) e "Pindorama" (Pindorama / Que panorama é o teu?), que são inéditas, acho.

Neste vídeo, também dão seus depoimentos o médico patologista e professor emérito da UFC, Dalgimar Beserra de Menezes, irmão de Lúcia, e o cantor e compositor piauiense Jorge Mello, parceiro de Belchior em diversas canções.
http://www.cljornal.com.br/cultura/amiga-de-belchior-lucia-menezes-apresenta-ineditas-do-cantor/
http://www.itarget.com.br/clients/raimundofagner.com.br/festival_do_ceara1968.htm
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/da-pizza-preferida-de-belchior-a-atuacao-como-produtor-musical-veja-lembrancas-de-lucinha-menezes-1.3079457 (30/04/2021)
"Pindorama Brasil", de Toquinho
Originalmente lançado em 2005, o CD Mosaico revela a parceria entre Toquinho e o compositor Paulo Cesar Pinheiro. Parceria que fora ensaiada em várias situações, mas que só frutificou em função de um texto de Millôr Fernandes para o teatro, baseado nos quinhentos anos do descobrimento do Brasil. A peça chamava-se "Outros Quinhentos" e foi encenada em 2000, em São Paulo. Além das oito músicas que integraram a trilha da peça teatral, Toquinho e Paulo Cesar Pinheiro criaram mais quatro canções que completam as doze componentes do CD Mosaico, lançado em novembro de 2005. Sete anos depois, a Biscoito Fino resgata essa jóia rara da MPB.
http://youtu.be/92DHCdH_J6k

PORTEIRAS E CURRAIS. GRAN FINALE

CORRESPONDÊNCIA
7 de março de 2020 19:25
Caro Paulo
Boa noite.
Sou da familia Ramalho de Alarcon e Santiago, de Russas. Procurando informações sobre o livro "Porteiras e Currais" encontrei seu nome num artigo do "Linha do Tempo". Sabe de algum site que tenha o livro em PDF?
Sem mais para o momento,
Atenciosamente

Mauricio Jorge Ramalho
mjramalho600@gmail.com
mjramalho010@hotmail.com
8 de março de 2020 9:20
Olá, Maurício.
Tive alguns percalços com o "Porteiras e Currais", de Miguel Santiago Gurgel do Amaral.
Siga o fio:
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/01/porteiras-e-currais.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/05/uma-biblioteca-sem-porteiras.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2016/07/miguel-santiago-gurgel-do-amaral.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2017/12/a-busca-de-andre-garcia-por-livros-de.html
Gran finale: Porteiras e Currais (livro) - digitado. PDF (por André Garcia)
Um abraço.
Paulo Gurgel
8 de março de 2020 10:48
Caro Paulo,
Obrigado pela ajuda. Baixei o arquivo PDF.
Maurício Ramalho

TRÍPLICES FRONTEIRAS

Uma tríplice fronteira ou tripla fronteira é o lugar comum que une os limites territoriais e políticos de três países diferentes. Entre os 195 países do mundo geralmente reconhecidos, 134 têm pelo menos uma tripla fronteira. Os outros são países insulares (como o Japão), ou fazem fronteira com apenas um país (como Portugal), ou fazem fronteira com dois que não são adjacentes (como os Estados Unidos).
O Brasil, este país continental que divide as fronteiras com dez países, possui nove tríplices fronteiras:
🔼Brasil-Uruguai-Argentina
A Ilha Brasileira é uma pequena ilha fluvial localizada na foz do rio Quaraí (que desemboca no rio Uruguai), entre os municípios de Barra do Quaraí, no Brasil, Monte Caseros, na Argentina, e Bella Unión, no Uruguai.
Situada em região de tríplice fronteira, a ilha tem, aproximadamente, 2 quilômetros de extensão por 0,5 quilômetro de largura. Em 2009, foi atingida por um incêndio que consumiu quase metade de sua vegetação.
Entre 1964 e 2011, a Ilha Brasileira tinha apenas uma casa (que não foi atingida pelo incêndio) e um morador, um fazendeiro brasileiro chamado José Jorge Daniel, que faleceu em 2011. Pouco tempo antes de sua morte, o mesmo abandonou o local devido a seu estado de saúde, indo para a casa de uma filha em Uruguaiana - RS.
"Seu Zeca - o guardião da Ilha Brasileira", como era conhecido por todo o Estado do Rio Grande do Sul, foi o último habitante da ilha.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_Brasileira
http://blogdopg.blogspot.com/2020/01/ilha-brasileira.html
🔼Brasil-Argentina-Paraguai
O ponto de encontro destas três nações acontece entre os Rios Iguaçu e Paraná. Do lado argentino, Puerto Iguazu, que, segundo o Instituto Nacional de Estadística y Censos, contava com 82.227 habitantes em 2110. Do lado paraguaio, Ciudad del Este, Presidente Franco, Hernandárias e Minga Guazu, que formam uma região metropolitana com 563.851 habitantes. Do lado brasileiro, Foz do Iguaçu, que conta com 256.088 habitantes. Ao todo, a Tríplice Fronteira é habitada por mais de 902 mil pessoas. Mais de 82 mil pessoas circulam pela Ponte da Amizade (Brasil-Paraguai) e mais de 19 mil pessoas circulam pela Ponte Tancredo Neves (Argentina-Brasil), totalizando mais de 102 mil nos dois sentidos, diariamente. A maior parte destas pessoas trafegam nos mais de 39 mil veículos que cruzam as três fronteiras todos os dias. WIKI
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2014/03/brasilia-e-foz-de-iguacu.html
http://blogdopg.blogspot.com/2014/03/da-passagem-de-santos-dumont-por-foz-de.html
🔼Brasil-Paraguai-Bolívia
🔼Brasil-Bolívia-Peru
🔼Brasil-Peru-Colômbia
(Tabatinga-Isla Santa Rosa-Letícia)
Tabatinga-AM, que teve sua emancipação política de Benjamin Constant-AM, em 1981. Isla Santa Rosa, uma ilha aluvial com assentamento humano, que pertence ao departamento de Loreto-Peru. Letícia, a capital do departamento de Amazonas- Colômbia.
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2019/09/benjamin-constant-tabatinga-e-leticia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabatinga_(Amazonas)
http://es.wikipedia.org/wiki/Isla_Santa_Rosa_(Loreto)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leticia_(Col%C3%B4mbia)
🔼Brasil-Colômbia-Venezuela
🔼Brasil-Venezuela-Guiana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Roraima
🔼Brasil-Guiana-Suriname
🔼Brasil-Suriname-Guiana Francesa
http://www.irregular.com.br/cronicas/serie-triplice-fronteiras-o-brasil-encontra-a-franca-230

MULHER RENDEIRA

Mulher Rendeira é um xaxado (com origem do termo em "xaxar" ou arranhar). Um gênero de música e dança que traduz o ruído peculiar das alpercatas (alpargatas) no chão seco e pedregoso do sertão nordestino.
Em 1927, ao som desta cantiga, o bando de Virgulino Lampião atacou a cidade de Mossoró (RN). Mas sem vencer a resistência da polícia e do povo que reagiram juntos.
Apresento o tema em duas versões:
A mais conhecida, de 1953, interpretada por Alfredo Ricardo do Nascimento, o Zé do Norte, esta é a versão que faz parte da trilha sonora do filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto.
Olê, mulher rendeira
Olê, mulher rendá
Tu me ensina a fazer renda
Eu te ensino a namorar. (refrão)
http://youtu.be/GvcnD_QA5vY (arr. de Alfredo Ricardo Nascimento, o Zé do Norte)
Na trilha do filme "O cangaceiro", uma produção Vera Cruz de 1953, essa música (de origem folclórica, mas que dizem ser do próprio Lampião) é interpretada pelos Demônios da Garoa. Eles, por sinal, a gravaram na mesma época, junto com o cantor Homero Marques. "Mulher rendeira" teve inúmeras gravações e divulgação internacional por conta do filme. Entretanto, quem mais se beneficiou com o sucesso mundial da película foi sua distribuidora, a multinacional Columbia Pictures, e a Vera Cruz acabou falindo. (Fonte: musicólogo Samuel Machado Filho)
É provável que Lampião tenha-se inspirado em sua avó materna, a sra. Maria Jacosa Vieira Lopes, a Tia Jacosa, que era dedicada a fazer rendas.

Quanto à segunda versão, a "autêntica", no dizer de Volta Seca, que foi cangaceiro do bando de Lampião, sabe-se que, em 1957, Volta Seca gravou um LP com oito músicas: "As cantigas de Lampião", com instrumentação do maestro Guio de Moraes. Em 2000, a InterCD relançou em CD o disco "As cantigas de Lampião", com narração do locutor Paulo Roberto. As composições levam a assinatura de Volta Seca, mesmo as clássicas "Mulher rendeira" e "Maria Bonita" (ler A poesia em estado puro), tidas como de domínio público.
Olê, mulher rendeira
Olê, mulher rendá
A pequena vai no bolso
A maior vai no emborná
Se chorar por mim não fica
Só se eu não puder levar.
O fuzil de Lampião
Tem cinco laços de fita
No lugar que ele habita
Não falta mulher bonita.
http://youtu.be/yxjWPUJmVvA (versão do Volta Seca)
Há também uma versão peruana de "Mulher Rendeira": "Mujer Hilandera", que muitos no Peru julgam erroneamente se tratar de uma canção local. Gravada por Juaneco y su Combo, no álbum Leyenda Amazónica, a música tem uma levada diferente (que lembra uma cumbia) e a seguinte letra:
Ole, mujer hilandera... ole, ole, ole
Ole, mujer hilandera... ole, ole, ole
Tú me enseñas a hacer hilo
Yo te enseño a enamorar.
O internauta Luís Alberto Espinoza Bazán tem a explicação para "Mulher Rendeira" haver ressurgido como "Mujer Hilandera" no Peru:
"La primera versión que conocimos de este tema, la trajeron los Indios Tabajaras del Brasil que visitaron Lima en 1954, y actuaron en Radio El Sol en Amplitud Modulada, presentados por los grandes locutores Gaston Guido, y Alberto Sorogastua Leiva. Los Tabajaras eran además de buenos cantantes, extraordinarios guitarristas, y hablaban muy bien el español e inglés. En 1955, el sello Rca Victor de New York los contrata y desde entonces se vuelven famosisimos."
Leitura complementar: A RENDA DE BILROS

GENEALOGIA CEARENSE; CATÁLOGO DE FONTES

Na Sessão Solene de 4 de março do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), em que foi comemorado o 133.º aniversário de fundação da entidade, aconteceu também o lançamento do livro "Genealogia Cearense: catálogo de fontes", de autoria do sócio Geová Lemos Cavalcante, uma obra minuciosa e de grande valia aos que se interessam pelos estudos genealógicos em nosso meio.
Meu irmão Marcelo, sócio efetivo do Instituto do Ceará e fonte desta notícia, passou-me a informação de que há duas entradas no catálogo relacionadas com a família Gurgel no Ceará.
SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da (org.). ADEODATO, Márcia Gurgel Carlos. Dos canaviais aos tribunais: a vida de Luiz Carlos da Silva. Fortaleza: Edições UECE / Expressão, 2008. 192p. ISBN: 978-85-7826-003-3
SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Refazendo o caminho: passado e presente de uma família. Fortaleza: Edição do Autor, 2012. 144p. ISBN: 978-85-901655-8-3
http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2020/03/comemoracao-dos-133-anos-do-instituto.html
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2018/04/livros-inclusive-ficcionais-que-fazem.html

PESAR PELO FALECIMENTO DE HERMES ROBERTO RADTKE

Faleceu na Otoclínica, hospital privado de Fortaleza, o médico radiologista Hermes Roberto Radtke, de 43 anos.
O médico (foto) encontrava-se internado desde a última segunda-feira, acometido de encefalite pelo novo coronavírus. Seu quadro clínico agravou-se muito rapidamente e, na tarde desta quinta-feira (02/04), ele veio a falecer.
Divulgou-se que ele não tinha comorbidades.
Dr. Hermes Roberto Radtke integrava o corpo clínico da Omnimagem RioMar Fortaleza (onde me atendeu com polidez e eficiência em novembro passado) e da Clínica Trajano Almeida.
Expressamos condolências e solidariedade a todos que o estimaram e partilham a dor de sua perda.