O DIRETÓRIO ACADÊMICO XII DE MAIO

Em uma casa na Rua Alexandre Baraúna, bem perto do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), no bairro Rodolfo Teófilo, funcionava o Diretório Acadêmico XII de Maio (print screen do vídeo Faculdade de Medicina - 75 anos!). Era o local em que os acadêmicos da Faculdade de Medicina, nas décadas de 1960 e 70, se reuniam com finalidades sociais, esportivas, culturais e políticas.
Em 12 de maio de 1948, foi quando o Prof. Alfredo Monteiro, Diretor da Faculdade Nacional de Medicina, proferiu a aula de sapiência, ao ensejo da instalação da Faculdade de Medicina, então mantida pelo Instituto de Ensino Médico. E a lembrança dessa data deu o nome ao Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFC.
Tendo sido aluno da Faculdade de Medicina, de 1966 a 1971, o período em que também frequentei o Diretório Acadêmico, por ora não disponho de informações consistentes sobre por quanto tempo mais esta entidade continuou a existir. Uma página no Facebook de um Centro Acadêmico XII de Maio (v. logo CA), a entidade que atualmente representa os estudantes de Medicina da UFC, leva-me a concluir que o Centro tenha sucedido ao Diretório.
O Diretório mantinha um curso pré-vestibular (cursinho) dos mais acreditados em Fortaleza. Todos os seus professores eram alunos dos anos mais adiantados da Faculdade de Medicina. Em 1965, quando fui aluno deste cursinho, lecionavam nele o Valter Justa, o Dalgimar Menezes, o Sombra e o Martinho, entre outros. As aulas eram dadas em salas temporariamente ociosas da Faculdade, e acredito que o Diretório Acadêmico auferia uma boa renda com o funcionamento do seu cursinho.
Em 1966, o meu colega Paulo Cid, que passara a dirigir o curso pré-vestibular, convidou-me a substituir o professor de Química do cursinho, o que fiz durante um mês.
No artigo "Os 'cursinhos' pré-vestibulares do nosso tempo" (texto inédito?), ao se reportar sobre o caso do cursinho da Medicina, o médico e escritor Marcelo Gurgel comenta: 
"Ao que parece, o êxito dos primeiros tempos, exemplificado pelo ‘cursinho’ da Medicina da década de 1960, mantido pelo então Diretório Acadêmico XII de Maio, já não foi mais colhido na década de 1970, porque boa vontade e dedicação não eram suficientes para superar as carências de recursos materiais que enfrentavam." 
No Diretório Acadêmico XII de Maio havia jogos de salão (xadrez, dominó e tênis de mesa) e uma vitrola com uma coleção de discos de vinil. Geraldo Vandré, Chico Buarque, Edu Lobo e Sérgio Ricardo eram os compositores/cantores dos "bolachões" mais requisitados. Em raras ocasiões, acontecia uma festa regada a bebidas alcoólicas (cerveja e rum), de padrão bem comportado em comparação com o que é visto numa rave de hoje.
Um rapaz de nome Gerôncio era quem cuidava da casa. Ele tocava um violão meio "quadrado", aplicando vigorosas batidas em suas cordas de aço.
O psiquiatra Josué de Castro, em artigo (link inativo) no Diário do Nordeste, escreveu que o Diretório Acadêmico realizava magníficos congressos nos Clubes Náutico e Líbano, promovendo uma extraordinária integração dos estudantes e professores com a sociedade.

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